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Entrevista - Burle Marx
Entrevista - Burle Marx
re vista trim e stra l Página principal | Entrev istados | Números | Como participar ISSN 2175-6708
Introdução
Formação: Berlim
Formação: Brasil
Burle Ma rx tra ba lha ndo e m seu a teliê dura nte a e ntre vista em 1992.
Arte e natureza Foto Ana R osa de O liveira
Comparado com a arquitetura o jardim moderno está livre de ser visto como um estilo
que toma do cubismo o gosto pelos corpos puros e da tecnologia a idéia de
racionalidade associada à produção e à máquina. Nesse sentido, o estudo do
paisagismo como forma de atualização dos critérios de construção da forma que a
vanguarda inaugurou é um bom propósito para percorrer os caminhos da modernidade
autêntica.
Nesse contexto a obra paisagística de Burle Marx evidencia uma tensão histórica. Ele
acreditava que era insuficiente seguir baseando a construção formal do jardim na
legalidade genérica que dava a tradição clássica ou a natureza.
Ele também acreditava que podia aportar algo novo. E, à maneira de um pintor de
naturezas mortas que quisesse pintar diferente, deve ter se perguntado muitas vezes:
de que modo pinto outra coisa que não seja natureza?
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A importância fundamental de Roberto Burle Marx reside nesse fato. De que ele, pela
sua dedicação continuada ao projeto, acabou contribuindo para a extensão da forma
moderna a âmbitos nos quais a presença da natureza poderia supor uma barreira
insuperável à ação de uma ordenação abstrata. Assim a legalidade da sua obra é
dada pela sua vontade de forma. Nesse sentido seu jardim não expressa sua época,
nem seu contexto mas os antecipa e transcende; pois ser abstrato quer dizer ser
universal.
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Introdução
Ja rdins fronta is do Ca ssino da Pa m pulha , Be lo Horizonte MG (1942-
43), foto Ana R osa 1996
Formação: Berlim
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Introdução
Ja rdim Fazenda Va rge m Gra nde - Are ia s-SP, 1979, foto Ana R osa 2000
Formação: Berlim
Como você sabe até hoje eu não sou botânico, mas eu me interesso por
botânica aplicada. Para tanto é necessário o convívio. Eu nunca perco a
ocasião de estar com botânicos, ou de ouvir uma boa música, ler um
poema e mesmo falando dos que já desapareceram. Por exemplo, quando
eu penso num Dom Quixote, que coisa impressionante! Eu tinha um amigo
alemão que dizia; se conhecermos a Ilíada, a Eneida, o Dom Quixote, a
Divina Comédia e o Fausto de Goethe, teremos uma idéia geral da
literatura européia.
RBM: O grande professor que tive foi o Leo Putz. O mais esclarecido, com
maior cultura. O Portinari tinha uma habilidade manual muito grande. Depois
de trabalhar em Pernambuco, voltei ao Rio e tive aulas com Portinari. Tinha
outros como Celso Antônio, que de pintura pouco conhecia, mas pensava
que sabia. Eu me subordinava muito à disciplina. Disciplina ajuda muitas
vezes a chegar a um resultado. Se tivesse que começar hoje, faria de
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outro modo. Mas de muitos erros tiramos nossas conclusões. O problema é
daqueles que têm medo de errar.
RBM: Eu tive sorte porque Lúcio Costa morava na mesma rua que a minha
família. Eu o conheço desde os 9 anos. Se hoje tenho 82 e ele tem 90
anos... Isso lhe mostra o que o convívio com pessoas que conhecem...
Uma lição de arquitetura do Lúcio é uma lição de mestre.
Dizer que nós não nos influenciamos por uma gravura de Picasso, sim que
nos influenciamos, e eu não tenho medo de influências. Se começamos a
analisar uma obra de Picasso, podemos ver que ele teve influência de toda
a pintura, claro que ele foi um gênio que soube absorver e soube dar como
uma pintura dele. Aliás ele dizia algo muito bonito: "é preferível copiar a
obra dos outros que a si mesmo". Ele foi um gênio que teve uma
capacidade inventiva louca e uma habilidade que conseguia esconder em
parte. Quando eu vejo os desenhos para Ovídio e as suas gravuras, são
para mim um colosso, um colosso! Ele sabia desde a gravura sutil até um
Guernica, que tem uma violência danada. Ele soube tirar partido do claro e
escuro. Evidentemente, ele é um homem que teve um passado. Um
passado é um Goya, um Velázquez, um El Greco. Toda aquela pintura
espanhola com aquela força incrível. Quando eu vejo um Goya eu levo um
susto, porque ele sabia de tudo. Além de Ter uma imaginação fenomenal
tinha uma técnica e eu acho que sem técnica não se chega a nenhum
resultado. Da mesma foram ocorre com o jardim...
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Introdução
Ja rdim Fazenda Va rge m Gra nde - Are ia s-SP, 1979, foto Ana R osa 2000
Formação: Berlim
Formação: Brasil Ana Rosa de Oliveira: Na fase inicial da sua pintura observa-se uma
composição baseada na figura e nos objetos pousados.
Arte e natureza Roberto Burle Marx: Eu fiz academia, recebi a medalha de ouro, pode-se
dizer que tive uma formação acadêmica. Posteriormente, o convívio com
Leo Putz, que foi contratado por Lúcio Costa, que falava de um Gauguin e
Obras importantes
dos pintores alemães acabou me influenciando. Fui expulso da aula de
pintura porque comecei a falar de Gauguin e o professor (Brasse) pensou
Créditos que eu estivesse pervertendo os alunos.
ARO: Mas mesmo assim o Sr. valorizava os elementos regionais e isso não
era uma particularidade do academicismo.
RBM: Abstração é uma maneira de dizer. A gente vai até um certo ponto.
Por exemplo, se seu estou olhando uma cor é porque ela existe, de modo
que não é abstrata. São tantas coisas que nos induzem.
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acredito que é muito importante conhecer o que foi feito antes de nós...
RBM: Era necessário romper com aquela idéia de copiar aquilo que
estávamos vendo. Embora saber copiar o que está diante de nós seja
também importante, pois é uma observação que se faz, referente a um
ritmo, uma cor, uma cor local, é muito importante.
ARO: Alguns críticos dizem que o Sr. pinta a trama do mundo vegetal, o
Sr. concorda?
ARO: Representar os vegetais, é esse sentido que a crítica quer dar, o Sr.
concorda que este seja seu objetivo?
RBM: Entram forma, cor, ritmo, princípios comuns a todas as artes. Ora é
a construção, que é básica para tudo. Quem não sabe construir não sabe
fazer arte.
RBM: Baseado em saber que uma pintura deve ter uma dominante e uma
dominada ou em que uma pintura onde domine o escuro ou o claro são
diferentes. Não podem haver dois crescendos iguais. Um é o crescendo
mais importante. Isso se vê, por exemplo, ao analisar a estrutura de um
L'après-midi d'un faune de Debussy, com uma clareza, uma simplicidade,
aparentemente uma peça pequena, mas que é ao mesmo tempo um
monumento. Às vezes certos pintores ou certos músicos produzem,
produzem e não dizem nada.
ARO: Existe, por parte dos críticos que analisam seu trabalho, uma
tendência em dizer que os seus jardins são pinturas. O Sr. inicialmente
afirma-o e posteriormente discorda. Por quê?
RBM: É uma grande besteira confundir meus jardins com pintura. Cada
modalidade artística tem uma maneira própria de ser expressada. Por
exemplo, a cor na pintura, é uma coisa muito mais definida que no jardim.
No jardim, a cor é definida pela hora do dia, pela luz. Um quadro no escuro
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é diferente de um quadro com iluminação permanente.
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Ana Rosa de Oliveira: O Sr. poderia mencionar alguns dos seus projetos
Formação: Berlim paisagísticos que considera importantes?
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