Você está na página 1de 58

HISTÓRIA DA MODA

BARROCO
SÉCULO XVII
BARROCO

Gian Lorenzo Bernini, Velázquez


O Êxtase de Santa Teresa, 1645. As meninas, 1656
O Barroco se divide em:

• Barroco Católico – altamente luxuoso e palaciano. Países como


Espanha, Portugal e França.
A França tem o domínio do traje Barroco. O desenvolvimento
político francês está ligado ao avanço do comércio, da produção, da
arte e da literatura apoiados pelo Rei.

• Barroco Protestante – Se caracteriza pela severidade e


puritanismo. Atinge a Holanda, a Inglaterra, a Alemanha e depois da
colonização, nos Estados Unidos da América.
O Protestante usa uma roupa mais severa, devido aos conceitos
morais mais rígidos. Como exemplo, destaque para o traje do
Puritanos.
Os Quatro Filósofos, Paul Rubens, 1615. Representados no quadro, da
esquerda para a direita, estão Rubens, seu irmão, o filólogo e humanista
Justus Lipsius e Jan Wowerius, amigo do pintor flamenco.
Luís XIII (1601 –1643)
No Reinado de Luís XIII (1610 -1643)
aparecem os mosqueteiros, sendo a
primeira roupa típica do Barroco Francês.
Características do traje masculino em Luís XIII

• O gibão de uma só cor perde alguns enchimentos. É abotoado na parte


superior, deixando o resto desabotoado e aparecendo a camisa. As
mangas ainda possuem fendas.
• Os calções prendem-se abaixo dos joelhos com complemento da meia ou
vão até os pés com laços ou rendas no acabamento.
• A gola da camisa é assentada com aplicações de renda.
• O manto (manteau) forrado de seda é preso em um dos ombros.
• Botas flexíveis em forma de funil com cano largo, muitas vezes virado,
sobre meias de seda colorida ou branca.
• Amplo chapéu enfeitado com plumas.
O gibão talhado com basque longa é
abotoado somente na parte de cima.
Mangas com fendas deixa à mostra
a manga da chemise.

Henry Rich, primeiro conde de


Holanda, Daniel Mytens, 1640.
O bigode e o cavanhaque

Gola caída com renda

Gibão de um só cor,
abotoado só em cima,
fendas nas mangas
Manto preso a um dos ombros

Chapéu com plumas

Calção com acabamento de renda

Botas com abas largas


Características do traje feminino em Luis XIII

• Conceito de négligé – negligência,


descuido estudado. A roupa tem
que parecer que a pessoa foi
surpreendida.
• Corpete decotado, amarrado na
frente com fitas de seda e a cintura
é marcada com a ponta sobre a
pelve.
• Saias duplas e amplas com pregas,
algumas vezes formando uma
pequena cauda. Já não tem
armação que é substituída por
várias anáguas.
• As mangas 3/4 bufantes
arrematadas com fitas.
• Lenço sobre o colo ou gola de linho,
tipo gola-xale. Ombros largos.
• Os cabelos são puxados para trás,
mas caindo fartos nas laterais com
cachos.
• Uso de pinta no rosto (moche),
recortado em seda preta ou renda e
aplicada sobre a maquiagem
branca.

Henrietta Maria, por Sir Anthony van Dyke,


cerca de 1633
JOALHERIA
A mulher usava cordão e bracelete de pérolas
apertados. Peças ricas de joalheria fixadas ao
traje, como fios de pérolas e broches fixados na
frente do corpete.

E pequenos espelhos suspensos por cordas ou


faixas atadas à linha da cintura.

Henrietta Maria, por Sir Anthony van Dyke,


cerca de 1636.
Nicholas Hilliard,
Miniatura de Anne da Dinamarca,
54 x 43 mm, 1610

O retrato de Hilliard da rainha Anne da Dinamarca


inserido num rico medalhão é uma das poucas
miniaturas na coleção do Museu Fitzwilliam
(Cambridge). A tampa esmaltada tem iniciais sob uma
coroa em diamantes. A peça era usada como
medalhão ou broche.
Nos anos 1630, quando o grande retratista Anthony
Van Dyck trabalhava na Inglaterra em grandes
retratos, as miniaturas permaneceram populares. O
próprio Van Dyck nunca trabalhou no meio, mas ele
exerceu uma influência forte em miniaturistas
contemporâneos, como John Hoskins, nesta pintura
dos três filhos de Charles I.

Hoskins,
Homem desconhecido,
Miniatura, 60 x 49 mm,
1659
No inicio do século dezessete, a relojoaria na França tinha conseguido um
alto nível de sofisticação; a qualidade da decoração gravada nos estojos
possivelmente foi melhor do que em qualquer outro lugar na Europa.
Comprimento: 7.87 cms
Largura: 6.2 cms
Espessura: 3.43 cms

Relógio com calendário e alarme por Jean


Vallier, Lyon, França, cerca de 1630.

Um dos centros mais importantes da arte e ofício da relojoaria foi Lyon. Entre os que
trabalham lá, Jean Vallier (morreu 1649) foi provavelmente um dos mais célebres.
Este relógio, com o seu design de estojo excepcional, a decoração finamente gravada, o
batimento, o calendário e o alarme, possivelmente representam o melhor que o dinheiro
podia comprar.

Prof. Flávio Bragança


Luís XIV (1638-1715)
Reinou na França de 1643 a 1715, a roupa
masculina, dessa época, é mais trabalhada
do que a feminina. Profusão de laços, fitas,
etc.
Luís XIV - O Auge Do Gosto Francês

• É o grande momento da França, o


apogeu do absolutismo político
• Ele foi o rei que mais concentrou
poderes e a Corte o terá como
senhor absoluto. Conhecido como
“O Rei Sol”.
• Luís XIV cria a Academia
Francesa, Escola de Belas Artes,
Escola de Arquitetura e Pintura, etc.
Claude Guy Hallé, Reparação feita a Luís XIV pelo doge de Gênova (detalhe), c.1685,
Musée National du Chateau, Versalhes.
• Eram feitas bonecas com modelos
franceses, chamadas “Poupées de
Mode”, “Piavole de Francia”, ou
“Pandora”, espalhadas por toda a
Europa
• Ele criou manufaturas de seda, lã e
rendas
• Surgem publicações dedicadas à moda, como o tratado técnico de
corte e combinação de peças do vestuário, Le Tailleur Sincère, de
Benoît Boullay, publicado em 1671 e, o Mercure Galant de Jean
Donneau Vizé, em edições de 1672, 1678 e 1682 (BOUCHER,
2010)
• Foi somente em 1655 que os alfaiates de roupas e os comerciantes
de gibões e sapatos, cujas diferentes categorias confeccionavam
peças diferentes de roupa, foram reunidos em corporação. A
incompatibilidade de atribuições levou os alfaiates para homens se
separarem dos alfaiates para mulheres, únicos habilitados a
confeccionar o guarda-roupas feminino. E apenas em 1667 as
costureiras, com o apoio de cliente influentes, conseguiram
autorização para constituir sua própria corporação. Seu trabalho
limitou-se então à confecção de roupas de baixo e do vestuário de
crianças com menos de 8 anos. (BOUCHER, 2010, p.228)
Características do traje masculino em Luis XIV

• Casaco comprido indo até o


joelho e escondendo o calção.
• Mangas com punhos largos.
• Concentração de efeitos
decorativos: laços e fitas, brilho
e rendas.
• Camisa de dentro composta por
uma gola que termina com um
grande laço de musselina ou de
renda chamado de plastrom
(antecessor da gravata).
• As perucas cacheadas e
compridas.
• Sapatos de salto colorido.

Nobres franceses.
•Os calções rhinegraves eram amplamente largos
com as pernas drapeadas e com aplicações de fitas
de cetim. Eram tão amplos que pareciam saias.
Foram introduzidos por um certo conde alemão
conhecido como “Rhinegrave” (Rhein: Reno; Graf:
conde).

Oficial da Guarda do Palácio.


• Perucas já eram usadas desde o reinado
de Luiz XIII, quando o rei em 1633 teve
uma doença que o fez perder os cabelos.
• Entretanto foi com Luis XIV que elas se
tornaram mais elaboradas. Após 1680, a
peruca ganha proporções monumentais,
compridas, cacheadas e altas acima da
testa. No final do século surge o hábito de
empoá-las.
• Eram feitas geralmente com crina ou fios
de cabelos importados.
Cavaleiros
Camponeses e guarda. Marechal francês e subalternos em 1704.
Características do traje feminino em Luis XIV

• Aparecerá o decote Bateau


(canoa). O decote irá se
pronunciar cada vez mais, até
aparecer o colo dos seios e depois
todo o ombro de fora
• O corpete vai se ajustando e
ficando endurecido ao longo do
reinado de Luís XIV.

Maria Teresa de Áustria, rainha consorte da


França, casou com Luís XIV em 1660.
• No início os cabelos são presos
deixando cair mechas na lateral;
depois usam o cabelo todo preso
para cima com fitas e
posteriormente com armação de
arame, chamando o penteado de
fontange.
Ilustração de Racinet.
• O uso de galões,
passamanarias, plumas, laços
e fitas para a roupa feminina e
também masculina.
• Começa a ser usado o perfume
forte, porque a roupa íntima só
era mudada quando estava
muito suja.
• Cerca de 1700, o vestido abre-se na
frente tendo enchimento no quadril. A
saia de baixo aparece e, por isso é toda
trabalhada.
•Começam a bordar a roupa com
pedrarias de vidro.
Traje de caça. Pierre Gobert, A duquesa da Borgonha, c.1709.
Retrato de Louis XIV e família, incluindo cão Papillon, de Nicolas de Largilliere,1710.

Da esquerda para a direita: a duquesa de Ventadour, governanta dos filhos do rei, está
com Luís XIV e seus herdeiros: o Delfim (vestido de menina); o seu avô, duque da
Bretanha; seu bisavô Luís XIV sentado, e o duque de Borgonha, seu pai. O filho mais
novo do Duque de Borgonha e bisneto do rei, após a morte de seu avô, seu pai e seu
irmão, foi o sucessor ao trono francês reinando como Luís XV.
JOALHERIA

Em 1663, o ourives da corte francesa,


Gilles Légaré, publicou algumas
gravuras de jóias com motivos florais.
Neste mesmo ano, houve em
Versalhes uma grande festa dada por
Luis XIV chamada a "Ilha Encantada"
onde o próprio rei da França apareceu
com brincos nas duas orelhas, eram
brincos de prata em forma de folha
com pedras preciosas executados
pelo próprio Gilles Legaré.

Joalheria francesa do século XVII,


Ilustração de Racinet.
Desenhos para gravação
de brincos girandole (luzes de fadas)
de Gilles Légaré, 1663
No fim do século XVII, sob
influência de artistas franceses, o
esmalte e o metal substituíram a
pintura e o velino como os
materiais preferenciais de
miniaturas. O retrato do Duque de
Rutland, feito pelo miniaturista
sueco Charles Boit, dá uma ideia
das cores mais brilhantes deste
processo.
O trabalho de David Bouquet resume as habilidades que os franceses levaram a
Londres:
O estojo compõe-se de uma caixa dourada
esmaltada em preto no qual é posto um
desenho floral espetacular. A tampa é uma
variedade impressionante de noventa e dois
diamantes numa folha metálica.

Relógio em estojo de ouro e esmaltado por


David Bouquet
Londres, Inglaterra, cerca de 1650
No interior, o disco é esmaltado com uma paisagem pintada dentro
de um anel de esmalte branco. O contra-esmalte por dentro da
tampa tem uma cena rural preta, pintada por cima de uma terra azul.
BARROCO PROTESTANTE

Vermeer, A Leiteira, Cerca de 1660. Antiga Prefeitura de Amsterdã, Projeto de Jakob Van
45.5 × 41 cm. Rijksmuseum Amsterdam. Campen, 1648
Oliver Cromwell (1599-1658), e sua mulher, Elizabeth
Bourchier Cromwell. Oliver Cromwell foi um militar e
político britânico, um dos líderes do movimento que
derrubou Carlos I e levou à instauração de uma
república puritana na Grã-Bretanha de 1649 à 1660.
• No início do século, algumas características do vestuário feminino
espanhol do Renascimento – corpete reto e vertugadin –
preservaram-se com mais nitidez na Holanda. Os homens ainda
usam o gibão espanhol, as meias mais curtas, depois os culotes
largos, e o chapéu de abas ou cilíndrico (BOUCHER, 2010).
Dirck van Santvoort, Dirck Jacobsz Bas e sua família, 1635, Rijksmuseum Amsterdam.
Barroco Protestante

• A silhueta característica vem da Holanda e possui uma linha severa


determinando um estilo austero.
• Tendência ao preto.
• Continuam usando o rufo.
• Severidade nos acessórios e enfeites.
• Simplicidade de linhas.
• Chapéu de copa alta.
• Cabelo femininos presos por toucas.

Rembrandt, A Ronda Noturna, 1642.


Detalhe.
Roelof Meulenaer, um agente dos correios de Amsterdã,
encomendou retratos de si e de sua esposa ao aluno de
Rembrandt, Ferdinand Bol, por volta de 1650.
Filmes
• O OUTRO LADO DA NOBREZA
é um filme de 1995 que conta a
vida de um recém formado
médico (Robert Downey Jr.) que
ao demonstrar talento é
convidado pelo rei Carlos II a
cuidar dos seus cães. Marivel fica
íntimo do rei que lhe pede para se
casar com uma de suas amantes,
mas não deveria se apaixonar por
ela, porque ela pertenceria ao rei.
Filmes
• As Bruxas de Salém (The
Crucible, no original) é um filme
de 1996, baseado na peça de
mesmo nome de Arthur Miller
sobre os fatos históricos
envolvendo o julgamento das
Bruxas de Salém. Miller
também escreveu o roteiro do
filme que traz no elenco Daniel
Day-Lewis e Winona Ryder.
Filmes
• Em MOÇA COM BRINCO DE
PÉROLA, Scarlett Johansson
interpreta Griet, uma jovem
camponesa que, por conta de
dificuldades financeiras pelas
quais passa sua família, é levada
a trabalhar na casa do pintor
holandês Vermeer (Colin Firth).
Aos poucos Vermeer começa a
prestar a atenção na jovem, e
passa a treiná-la no preparo das
tintas.
BARROCO NA MODA
CONTEMPORÂNEA

Madonna veste Christian Lacroix, foto de Steven Klein para


W Magazine, 2004.
Christian Lacroix, primavera/verão 1991. Christian Lacroix, inverno 1992/93.
Christian Dior, Alta Costura, por John Galliano, inverno 1998.
Dior, Outono/inverno 2004/05

John Galliano celebrou o 60º aniversário da Dior e seus dez anos como diretor
artístico da maison com um desfile de luxuosos vestidos no Palácio de Versalhes
em 2007.
Dior, alta-costura, primavera/verão 2009.
Detalhes da última e incompleta coleção de Alexander McQueen, inverno 2010.
Vivienne Westwood, inverno 2012.
Referências:
BOUCHER, François. História do Vestuário no Ocidente. São Paulo: Cosac Naify, 2010.
KÖHLER, Carl. História do vestuário. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
LAVER, James. A roupa e a moda. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
LEVENTON, Melissa (org.) Historia ilustrada do vestuário: um estudo da indumentária, do Egito antigo
ao final do século XIX. (ilustrações dos mestres Auguste Racinet e Friedrich Hottenroth). São
Paulo: Editora Publifolha editora, 2009.
NERY, Marie Louise. A evolução da indumentária: subsídios para a visão de figurinos. Rio de Janeiro:
SENAC, 2003.

Prof. Flávio Bragança

Você também pode gostar