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1. Introdução
Podemos ver que, nos dias de hoje, existe uma supervalorização do ter em detrimento do
ser. É como se a aparência falasse mais do que a essência. O valor das coisas que se tem passou
a ser maior do que o que realmente importa. O exterior ficou mais em evidência do que o
interior. O culto a beleza saiu das entrelinhas e ganhou peso, força e as pessoas falam sobre isso
abertamente. As academias e os consultórios de cirurgiões plásticos estão abarrotados de gente
em busca pela perfeição e pelo corpo ideal, que se tornou um deus para aqueles que procuram
a felicidade naquilo que é estético e aparente.
O mundo de hoje está desproporcionalmente superficial, desde os relacionamentos a nossa
própria alimentação, decorrente talvez, do alto grau de consumo, ou até mesmo do próprio
avanço tecnológico que nos proporciona ter tudo o que queremos à distância de um clique.
Segundo Assumpção (2004), quando essas questões unem-se a uma visão de homem (de si
mesmo) e de mundo (das pessoas a minha volta), onde a aparência tem uma importância cada
vez maior, acabam-se por acentuar os transtornos alimentares.
O fato de deixarem de comer, ou de comer e vomitar, ou de lançarem mão de algum outro método
compensatório lhes proporcionará o que estão em busca, especialmente antes de terem consciência do
problema. As principais descrições de nossas entrevistas apontam o transtorno alimentar e/ou aspectos
ligados diretamente a eles como algo ruim, que faz mal, difícil, obsessivo, horrível, complicado, chato,
um pesadelo (p.54).
A anorexia nervosa é um transtorno alimentar que tem por característica a perda de peso
intensa e de forma intencional. A dieta é muito rígida, onde no início é eliminado o carboidrato
e os alimentos “engordantes”, podendo chegar a prática de jejum. A atividade física de forma
demasiada também é um marco nesse transtorno, onde o objetivo é queimar calorias e perder
peso numa busca desenfreada pela magreza.
Ferreira (1993), afirma que Anorexia significa redução ou perda do apetite, por um lado; e
falta de apetite, por outro, porém, não é o termo mais adequado, uma vez que não há perda real
do apetite, pelo menos no início da doença. Desta forma, o termo
alemão pubertaetsmagersucht é mais adequado, pois significa "busca da magreza por
adolescentes” (Cordás, 2004).
Cordás (2004) explica que geralmente o quadro se inicia após a presença de um fator
estressante, por exemplo, algum comentário sobre o peso, o rompimento de relacionamento, ou
perda de ente querido. O quadro vai evoluindo e complicações clínicas podem surgir, tais como:
anemia, alterações endócrinas, infertilidade, osteoporose, problemas cardíacos, hipotermia,
pele seca, perda de cabelo, entre outras.
Sobre a classificação da Anorexia Nervosa, Appolinário & Claudino (2000) destacam:
A anorexia nervosa é classificada em dois tipos: restritivo e purgativo. No tipo restritivo, a pessoa não
apresenta comportamento de comer compulsivamente ou de purgação regularmente, apresentando
apenas comportamentos restritivos, associados à dieta. Já no tipo purgativo, ocorrem regularmente
episódios de comer compulsivamente ou de purgação como vômitos auto-induzidos, além de uso
inapropriado de laxantes e diuréticos (p. 30).
O vômito auto-induzido ocorre em cerca de 90% dos casos, sendo portanto o principal método
compensatório utilizado. O efeito imediato provocado pelo vômito é o alívio do desconforto físico
secundário à hiperalimentação e principalmente a redução do medo de ganhar peso. A sua frequência é
variável, podendo ser de um até 10 ou mais episódios por dia, nos casos mais graves. No começo, a
paciente necessita de manobras para induzir o vômito, como a introdução do dedo ou algum objeto na
garganta. Algumas bulímicas mais graves, com vários episódios de vômitos por dia, podem apresentar
até ulcerações no dorso da mão pela uso da mesma para induzir a emese, o que se chama de sinal de
Russell. Com a evolução do transtorno, a paciente aprende a vomitar sem necessitar mais de estimulação
mecânica.
Abreu & Cangelli (2004), reforçam que pacientes com Bulimia Nervosa apresentam baixa
autoestima, ansiedade, pensamento do tipo "tudo ou nada", perfeccionismo, incapacidade de
encontrar formas de prazer e satisfação na vida, exigência elevada e incapacidade de "ser feliz".
Além dos aspectos de personalidade mencionados, as pessoas que apresentam o diagnóstico de
Bulimia Nervosa também costumam apresentar transtorno de personalidade borderline,
indicando padrões de impulsividade e instabilidade emocional que se refletem nos
relacionamentos e na imagem de si mesmo. Também é possível notar as dificuldades para lidar
com o abandono, podendo acarretar em comportamento suicida ou de automutilação,
instabilidade do humor, descontrole emocional e explosões de raiva, tristeza, ciúmes intenso,
teimosia e insatisfação pessoal (Rosa & Santos, 2011).
4. Considerações finais
5. Referências
Abreu, N., & Cangelli, R. C., Filho. (2004). Anorexia nervosa e bulimia nervosa: abordagem
cognitivo-construtivista de psicoterapia. Revista de Psiquiatria Clínica, 31, 177-183.
Dunker, Karin L. L. & Philippi, Sonia T. (2004). Sintomas de anorexia em adolescentes de São
Paulo e propostas de prevenção. In Philippi, Sonia T. & Alvarenga, Marle. Transtornos
alimentares: uma visão nutricional. Barueri: Manole.
Philippi, Sonia T. (1999). Pirâmide alimentar adaptada: guia para a escolha dos alimentos.
Revista de Nutrição, Campinas, v.12, n. 1.
Philippi, Sonia T. & Avarenga, Marle. (2004). Transtornos Alimentares: uma visão nutricional.
Baruiri: Manole.