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O capítulo promete distinguir as normas entre princípios e regras.

Ambas fazem um
juízo sobre o dever-ser, seja para permitir ou para proibir algo.

Aí ele começa analisar os critérios de diferenciação entre regras e princípios

O critério mais famoso é o da generalidade. Segundo essa, se classifica a primeira


norma como princípio e a segunda como regra. principios tem grau de generalidade
alto enquanto a regra tem o grau de generalidade mais baixo. Ou seja, uma norma
cria e a outra se desenvolve a partir dela. É o que acontece com a Constituição e
os dispositivos infra legais

O problema quando se diferencia dessa forma, classificatória, são os critérios de


avaliação. Geralmente se usa divisão universalidade/individualidade e
generalidade/especialidade. Quando esses critérios se misturam por exemplo: Ser
universal geral ou ser individual geral ou se ser universal especial ou individual
especial

Aí os critérios começam a perder força na distinção

Um princípio pode ser universal geral mas também universal especial, etc (atenção
para as obs da pag 88

Então é isso aí seria uma tese de que os princípios e regras não se dividem por
classificação

Segundo a tese acredita que a diferença é somente de grau. Os que defendem essa
tese acreditam que o critério que diferencia definitivamente regra de princípio é o
critério da generalidade

E a terceira Proponho a diferença qualitativa e aí entra a ideia de princípios como


mandamentos de otimização

Nos princípios como mandamentos de otimização a ideia é que os princípios são


sempre normas que ordenam que algo seja realizado na maior medida possível dentro
das possibilidades jurídicas e fáticas existentes. Na parte de possibilidades
jurídicas os princípios podem sem colidir com as regras. Já em regras elas são
sempre satisfeitas ou não; então tem uma ideia de precisão, ou é aquilo ou não é.

A regra determina se, do ponto de vista jurídico, um fato é possível ou não


(faticamente é possível, mas é permito/proibido?)

A regra determina se, do ponto de vista jurídico, um fato é possível ou não


(faticamente é possível, mas é permito/proibido?)

Uma coisa que a gente sabe bem desse autor É que nos diferencia princípios e regras
pela forma como cada um se choca. As regras entram em conflito: se a regra 1 trata
do mesmo que a regra 2, mas as ideias batem de frente, uma invalida a outra.

A não ser que exista como cláusula de exceção

Por exemplo, é proibido sair da sala antes do meio dia, mas se o alarme de incêndio
tocar deve se sair imediatamente

E os princípios colidem.. Eles até podem se opor, enquanto me proíbe o outro


permitir. Mais a existência de um não declara como inválido o outro

E os princípios colidem.. Eles até podem se opor, enquanto um proibir, o outro


permitir. Mas a existência de um não declara como inválido o outro*
Portanto a colisão entre princípios são resolvidos pela avaliação do peso de cada
um, e não pela validade

A palavra chave na colisão de princípios é “sopesamento“

Lei de colisão:
As condições sob as quais um princípio tem precedência em face de outro constituem
o suporte fático de uma regra que expressa a conseqüência jurídica do princípio que
tem precedência.

Se o princípio P1 tem precedência em face do princípio P2 sob as condições C: (P1


*P* P2) C, e se do princípio P1, sob as condições C, decorre a consequência
jurídica R, então, vale uma regra que tem C como suporte fático e R como
conseqüência jurídica: C >>> R.

P1 direito à vida/integridade fisica


P2 operacionalidade do direito
P relação de precedência (qual precede/qual supera o outro)
C Condição/caso concreta que nos faz analisar essa precedência. Logo, C é o
pressuposto fático de uma regra.

Analisando em um caso concreto (etapas):


SITUAÇÃO: O jornal balanço geral quer mostrar, em uma reportagem,o rosto de
indivíduos acusados de determinado crime.
Um destes individuos, que por questões de direito material e processual, não ficou
preso, entende que essa exposição ameaçaria sua ressocialização.

consideramos
P1 Direito de preservação da imagem
P2 Liberdade de informação

A finalidade é decidir qual interesse deve ceder, de acordo com a configuração


típica do caso e suas circunstâncias especiais. Ou seja, não pode o julgador ter
uma *precedência geral (generalista)*

Consideramos que o julgador, após verificar que há uma colisão de princípios


(primeira etapa de analise), entende que prevalece uma precedência geral (segunda
etapa de analise): a "informação atual dos atos criminosos (C1)"

(P2 *P* P1) C1

Decisão (terceira etapa):


verifica Exceções do caso concreto.
Considerando que ocultar o rosto dos autores não impede a informação do crime, que
coloca em risco a ressocialização do autor (C2), a proteção da imagem (P1) tem
precedência sobre a liberdade de informar (P2), o que significa, no caso, a
proibição da exposição de imagem do individuo.

(P1 *P* P2) C2

C2 é composto por "possibilidade de informar sem expor o autor, risco à


ressocialização"

Agora C2 (pressuposto fático) gera uma R(uma consequência jurídica)

*Diferença de caráter "prima facie" das regras e princípios

Princípios não possuem um mandamento definitivo. Os princípios apresentam razões


que podem ser afastadas por razões antagônicas (sopesamento). Pr. não dispõem de
extensão do seu conteúdo frente a possibilidades fáticas e colisão com outros
princípios.
Já com regras é diferente. As regras exigem que seja feito exatamente aquilo que
ordenam. Elas determinam a extensão (limite) do seu conteudo no ambito das
possibilidades fáticas e juridicas.

Assim, se entenderia que os principios tem caráter prima facie e as regras carater
definitivo (ideal de Dworkin). Porém, pode a regra ter caráter prima facie, quando
se estabelece uma cláusula de exceção (que é introduzida em virtude de princípios).

As regras para as quais uma tal proibição não é aplicável (cláusula de exceção)
perdem seu caráter definitivo estrito.

Aprendemos que o princípio cede lugar a outro principio, quando este tem um peso
maior que aquele.

Quando se trata de regra, somente isso não basta. é necessário que seja superado,
além do princípio que deu origem a regra, aquele princípio que estabelece que as
regras criadas por autoridades legitimadas devem ser seguidas e não devem ser
relativizadas (como se fosse um choque com princípios materiais e princípios
formais).

(BUGUEI MUITO NESSA LEITURA DE CARÁTER PRIMA FACIE DE REGRAS E PRINCÍPIOS)

*Regras e princípios como razões

O princípios são sempre de razões prima facie (sempre levam em conta uma carga
argumentativa pra definir os pesos)
As regras (se não houver exceções) tem razões definitivas.

Mas para quê regras e princípios são razões?

Pode ser razões para ações 1* ou razões para normas 2*.

2* Razões para normas universais (gerais-abstratas) ou normas individuais (juízos


concretos de dever-ser)

Considerando que os princípios são razões para regras:

Os princípios são sempre razões prima facie. As decisões sobre direito direitos
pressupõem a identificação de direitos definitivos. Então, para o princípio
alcançar a aplicação em um caso concreto (um direito definitivo) é preciso passar
por uma relação de preferencia. A relação de preferencia é o que define regra.
Portanto, sempre que um príncipio for razão decisiva para um juízo concreto, um
dever-ser, esse princípio é fundamento de uma regra.

*generalidade e princípios
Os princípios são gerais pois ainda não se relacionam com o mundo fático e
normativo. Isso se alcança com um sistema diferenciado de regras.

*Amplitude do conceito de principio


Principios podem se referir tanto a direitos individuais como a interesses
coletivos.

Quando um princípio representa interesses coletivos significa que ele satifaz


critérios que vão além da validade ou da satisfação de direitos individuais.

A máxima da proporcionalidade e a teoria dos principios tem uma relação intima. A


máxima da proporcionalidade se divide em 3 outras máximas: adequação, necessidade
(mandamento do meio menos gravoso e proporcionalidade em sentido estrito (exigencia
de sopesamento).

A máxima da proporcionalidade é verificada pelos critérios da adequação do meio


utilizado para a persecução do fim, necessidade desse meio utilizado e a aplicação
estrito senso da proporcionalidade, isto é, da ponderação. Assim, quando se estiver
diante de uma colisão entre direitos fundamentais, primeiramente, para solucioná-la
utiliza-se da adequação do meio, posteriormente, utiliza-se a necessidade desse
meio, e em seguida, se ainda não solucionada a colisão, a ponderação.

ADEQUAÇÃO - Significa utilizar-se do meio mais adequado para a persecução do fim


desejado. Adequado no sentido de que seria o meio que conseguisse promover o fim
almejado, não infringindo tanto o outro princípio como outros meios poderiam vir a
infringir.

NECESSIDADE - Significa que não há outro meio menos restritivo com um custo menor.

PROPOCIONALIDADE SENTIDO ESTRITO (PONDERAÇÃO) - na eventualidade de o embate não


ter sido solucionado pelos critérios anteriores, coloca as conseqüências jurídicas
dos princípios ainda em colisão numa balança (metáfora do peso), a fim de precisar
qual delas é racionalmente mais importante naquele caso concreto.

As garantias estabelecidas diretamente pelas disposições de direitos fundamentais


devem ser comPreendidas como Princípios. Regras surgem da fixação de relações de
precedência como resultados de sopesamentos. Como em modelo desse tipo as regras
são inteiramente dependentes dos princípios, pode ele ser definido como um "modelo
puro de princípios".

Teoria de Eike von hippel que considera normas de direitos fundamentos como normas
de princípios. Elas indicam que nas relações sociais e na solução de conflitos,
deve ser conferido um peso especial a interesses de liberdade (crença, opinião,
profissão, propriedade...)

*modelo de regras e principios

Ao nivel dos principios pertencem todos os principios que sejam relevantes para
decisões no ambito dos direitos fundamentais. Considera-se este relevante quando é
utilizado a favor ou contra o ambito dos direitos fundamentais.

LENIO STRECK - VERDADE E CONSENSO

Análise das críticas de Habermas, Apel e Gadamer.


Críticas principais iniciais: teoria crítica e hermenêutica. Habermas defendia a
fusão entre filosofia e ciências; enxergava unidade entre filosofia, empiria e
experiência, diferente de Gadamer e Apel, que identificavam uma distinção
metodológica clara.
Gadamer acreditava que a metodologia das ciencias humanas não se encaixavam na
hermeneutica.

A concepção habermasiana de filosofia e linguagem filosofica não pode aceitar a


revolução kantiana nem a transformação hermeneutica, e só de modo muito reduzido a
virada linguistica. Por isso, também não pode se aproximar da fenomenologia
hermeneutica de heidegger, nem da hermeneutica filosofica de Gadamer, nem da
linguagem da autocontradiçao performatica de Apel. Disso também resulta a distancia
entre a hermeneutica juridica e o procedimentalismo.

O ponto alto da crítica é a utilização tendenciosa de contextos paradigmaticos para


sustentar seu discurso.
De início, registra-se que o campo jurídico, por mais que tenha elementos comuns em
sua origem, varia em sua formação conforme a experiência do juiz, do legislador,
dos eruditos de cada espaço.

"A historia magistra vitae"; A história é maestra.

No direito inglês preponderava expiências concretas. No direito francês, destaque


para o movimento codificador, graças às experiências revolucionarias. Na Alemanha
se preserva o direito comum, com debates sobre codificação.

Crítica ao modelo jurídico brasileiro: aparente mistura de todos,uma forma difusa e


acrítica. Ele exemplifica com inspiração fortemente alemã no Código Civil de 1916,
mas com comentários e doutrinas de origem italiana/francesa.

Checar art. 97 CF e sumula 10

A crítica do neoconstitucionalismo, de inicio, é que nos remete a jurisprudencia da


valoração de alexy.
Apesar de importante para elevar a força da constituição, esse movimento trouxe um
uso pouco reflexivo da jurisprudencia dos valores e a ponderação. A ideia era
implementar, pós regimes autoritários, um constitucionalismo dirigente que
efetivasse a democracia. Na verdade, depois de mais de 20 anos, da leitura do
livro, e mais de 30, o que se provocou foi uma corrupção desse texto
constitucional, com mandamentos vazios e insegurança jurídica decorrentes dessa
sobrecarga na ponderação de valores. Nas palavras dele, acreditou-se ser a
jurisdição responsável pela incorporação dos "verdadeiros valores" que definem o
direito justo; aqui ele menciona o instrumentalismo processual, em detrimento do
direito material.
Em resumo, o neoconstitucionalismo foi adotado no Brasil com a ideia de uma ruptura
com o antigo método denominado de paleojuspositivismo, mas que ainda utiliza uma
escola superada de direito livre, jurisprudencia dos interesses e jurisprudencia
dos valores. Esse é um ponto de crítica muito forte que ele pretende apontar: o
neoconstitucionalismo não é uma superação do paleojuspositivismo (o exegetismo), do
velho positivismo, mas os neoconstitucionalistas acham que é.
A crítica, portanto, reside na forma de lidar com um direito "Novo" com o
protagismo judicial que tende a ser uma loteria, pois cada jurista tende a se
motivar por seus ideais, suas ideologias e suas escolas de formação.
Essa postura vai de encontro a ideia de constituição normativa e de integridade da
jurisdição.
O neoconstitucionalismo não necesseriamente marca um novo consticucionalismo. Na
verdade é um processo de continuidade com novas conquistas depois das grandes
guerras.
No plano da teoria do Estado, com destaque para o Estado Democrático de Direito e
no plano da teoria do Direito, com a onipresença da constituição ao inves da
supremacia das leis, com a normatividade dos principios e a reformulação da teoria
da interpretação, a qual ele mesmo considera como uma blindagem às
discricionariedades e ativismos.

Sobre a relação entre discricionariedade e arbritariedade, o autor liga um alerta


para a hipotese de inderteminação do direito, momento em que a razão é substituida
pela vontade. A razão que representa a racionalidade da lei em detrimento da
vontade do juiz. A crítica que ele traz às escolas apontadas: direito livre,
jurisprudencia dos intereses, normativismo kelseniano, positivismo moderado de hart
e a corrente argumentativista liderada por alexy é esse espaço vão que permite ao
interprete/juiz revelar a sua vontade, através da discricionariedade.
O que ele coloca como ponto muito crítico também é que esse ativismo judicial, em
nome de implementar e concretizar direitos fundamentais costuma ser muito vibrado,
celebrado. É quase como uma ideia de espetacularização dos atos.
A discricionariedade é um poder arbritário delegado em favor do juiz para preencher
espaços que ele chama de zona de penumbra do modelo de regras. A vontade e nem
mesmo o conhecimento do interprete fundamenta atribuições arbritárias.
O que se coloca nessa discussão é, portanto, o grau de liberdade do aplicador
versus a legislação construida sob a egide da constituição.

À luz de uma hermenêutica constitucional superadora das diversas posturas


positivistas, esse espaço discricional é preenchido pela tematização dos princípios
constitucionais,
que nada mais fazem do que resgatar o mundo prático esquecido pelo fatalismo das
posturas teóricas positivistas.

CAPITULO 11
A filosofia no direito é a que propõe discutir sobre a indeterminabilidade do
direito. Não é possivel determinar todas as hipoteses de aplicação para o direito,
o que fazer a partir disso? A ponderação é de fato o melhor caminho para resolver
esse problema? ele propõe a reflexão.

O que Lenio se propõe a fazer é mostrar que na interpretação do Estado Democrático


de Direito não se admite discrionariedade e arbritariedade que os atuais metodos
acabam por induzir.

Ele se coloca distinto da teoria de Habermas. Para Habermas, a resposta correta é a


adequação do discurso de aplicação à norma previamente validada. Logo, a resposta
correta sempre depende do procedimento (procedimentalismo). A resposta correta
depende não da qualidade dos argumentos mas da estrutura do processo argumentativo.
Logo, ele se afasta do conteudo, das questões subjetivas. Por isso, Lenio considera
impossivel se alcançar a resposta correta dessa forma.

Mas e quando dois juizes seguem todos os requisitos procedimentais: adequabilidade,


exigencia de coerencia/racionalidade dos argumentos, respeito ao codigo binario do
direito, integridade dworkiana ante decisões passadas e consequencias futuras,
moralidade, respeito a movimentação das partes. se mesmo assim sai duas respostas
discrepantes? esse é o problema de uma analise meramente procedimentalista.
O proprio Habermas admite que a argumentação é o único meio disponível para se
certificar da verdade, porque não há outra maneira de examinar pretensões de
verdade tornadas problemáticas.
Segundo a posição de Günther, referida e ratificada por
Habermas, ao final as éticas deontológicas supõem somente que o ponto de vista
moral permanece sendo idêntico, porém tanto nossa compreensão dessa intuição como
as interpretações que damos às regras moralmente válidas ao aplicá-las a casos
imprevisíveis estão sujeitas à variação.

a possibilidade de múltiplas respostas é resultado da cisão entre interpretação e


aplicação. Ou seja, se a resposta de determinado caso se dá a partir de uma
adequação de uma situação concreta a um discurso de validade e se este se constrói
a partir de “condições quase ideais”, depois
de esgotadas “todas as razões disponíveis a favor e contra essa proposição” e assim
ficar “estabelecida a aceitabilidade dela”, a questão que se coloca é: como antever
as possibilidades de aplicação, se o discurso de fundamentação é prévio e as
situações de discussão são “quase ideais”?
Daí a minha insistência, fundado na leitura que faço da hermenêutica filosófica: é
impossível cindir a fundamentação da aplicação, porque na aplicação já está
presente a fundamentação.
Ação comunicativa refere-se a uma teoria desenvolvida por Jürgen Habermas -
filósofo e sociólogo alemão. Trata-se de uma análise teórica e epistêmica da
racionalidade como sistema operante da sociedade. Habermas contrapõe-se à ideia de
que a razão instrumental constitua a própria racionalização da sociedade ou o único
padrão de racionalização possível, e introduz o conceito de razão comunicativa.
Partindo da perspectiva de que nós seres humanos fazemos coisas com as palavras e
que a linguagem constitui uma importante ferramenta de transformação, Habermas
argumenta que, por meio da ação comunicativa, podemos transformar os aspectos
objetivos, subjetivos e sociais do mundo. Seu objetivo é propor uma alternativa
racional à razão instrumental como fundamento da modernidade a partir de uma
ampliação e refinamento da própria ideia de razão. Isso o diferencia dos principais
frankfurtianos da primeira geração, Adorno e Horkheimer, os quais procuraram
alternativas fora do âmbito da racionalidade, a exemplo da arte e do amor. Habermas
também cria uma dicotomia entre a ação estratégica e a ação comunicativa. Habermas
propõe a ação comunicativa como forma de fazer com que todos os envolvidos em uma
deliberação passem a buscar o consenso em torno de uma solução que beneficie a
todos igualmente.

Razão instrumental é um termo usado por Max Horkheimer no contexto de sua teoria
crítica, para designar o estado em que os processos racionais são plenamente
operacionalizados (Escola de Frankfurt). À razão instrumental, Horkheimer opõe a
razão crítica. A razão instrumental nasce quando o sujeito do conhecimento toma a
decisão de que conhecer é dominar e controlar a Natureza e os seres humanos. A
razão ocidental, caracterizada pela sua elaboração dos meios para obtenção dos
fins, se hipertrofia em sua função de tratamentos dos meios, e não na reflexão
objetiva dos fins.

11.2. Da possibilidade à necessidade de respostas corretas. A importância de


compreender a diferença (e não cisão) entre
texto e norma. As razões pelas quais entender sem aplicação
não é um entender

Entre texto e sentido do texto há, portanto, uma diferença. Negar essa diferença
implica negar a temporalidade, porque os sentidos são temporais. A diferença (que é
ontológica)
entre texto e norma (sentido enunciativo do texto, ou seja, o modo como o podemos
descrever fenomenologicamente) ocorre na incidência do tempo.

Nos pressupostos aqui tratados, texto


e norma não são coisas separadas (cindidas estruturalmente). Texto e norma são
diferentes em face da diferença ontológica – e esta é talvez a diferença
fundamental entre o que sustento e outras concepções hermenêuticas –, porque o
texto só será compreendido na sua norma, e a norma só será compreendida a partir do
seu texto. E não há textos
“sem coisas”.

Os sentidos são atribuíveis a partir da faticidade em que


está inserido o intérprete e respeitando os conteúdos de base do texto, que devem
nos dizer algo.

O texto diz (sempre) respeito a algo. Objetos só existem – no sentido de existência


– quando trazidos à tona por palavras. O “fato” só será “fato jurídico” se assim
se quiser tratar do problema. A assertiva “a norma dá sentido ao texto” significa
que o texto só existe – no sentido de sua existência – “normado” (significado).

Não podemos falar de textos – e, portanto, de coisas que são significadas por
textos – que ainda não tenham recebido nossa significação. Quando olhamos um texto,
este já nos aparecerá significado (é, pois, a norma).

Essa significação será sempre applicatio, que ocorrerá em dada situação, concreta
ou imaginada.Seja qual for o modo
como forem compreendidos, sua compreensão parte da compreensão do mundo, e não o
mundo é compreendido em analogia com textos.

Assim, o texto da Constituição só pode ser entendido a partir de sua aplicação.


Entender sem aplicação não é um entender. A applicatio é a norma(tização) do texto
constitucional. A Constituição será, assim, o resultado de sua interpretação
(portanto, de sua compreensão como Constituição), que tem o seu acontecimento
(Ereignis)
no ato aplicativo, concreto, produto da intersubjetividade dos juristas, que emerge
da complexidade das relações sociais.

Percepção da constituição como constituição (pg 341)

Por isso, o texto não está à disposição do intérprete, porque ele é produto dessa
correlação de forças que se dá não mais em um esquema sujeito-objeto, mas, sim, a
partir do círculo hermenêutico, que atravessa o dualismo metafísico (objetivista e
subjetivista).

a Constituição, muito embora fundamento stricto sensu de validade do sistema


jurídico, não pode ser considerada uma “categoria fundante”, ou uma premissa maior,
de que se possa
(simplesmente) deduzir sentidos. Ora, não se funda um ente em outro. Como já
explicitado,coisas não são deduzíveis de coisas. Por isso a noção de
cooriginariedade, de copertença.
Assim como não se procede subsuntivamente quando se interpreta (e, portanto,se
aplica) um texto normativo em relação a uma situação fática, também quando se
interpreta um texto com base na Constituição, não ocorre esse processo
subsuntivo/dedutivo.

O sentido do texto se dá a partir do modo de ser-no-mundo


no qual está inserido o intérprete. Não se percebe o texto primeiro como “ser-
objeto”. Há um mundo circundante no qual acontece essa manifestação. Ao vislumbrar
o texto, já há um ter-prévio, um ver-prévio e um pré-conceito acerca da
Constituição.

11.3. A resposta correta (nem a única nem a melhor) e a concreta relação jurídica.
A diferença entre respostas conteudísticas (verdadeiras hermeneuticamente) e
respostas procedurais

“Constituição” deve ser entendida nos moldes do Estado Democrático de Direito e de


tudo o que a tradição a partir do segundo pós-guerra vem nos legando. Isso implica
afirmar sempre o conteúdo ético assumido pelo texto constitucional no plano desse
paradigma. Por isso, o Estado Democrático
de Direito é um plus normativo e qualitativo, sustentado em dois pilares: a
democracia e o resgate das promessas incumpridas da modernidade (concretização dos
direitos fundamentais sociais)

A verdade não é vista como um “problema teórico”, pela simples razão de que a
hermenêutica não separa “teoria e prática”. Porque entendo a hermenêutica
(jurídica) como integridade e antimetafísica, em face da applicatio, é possível
dizer que a verdade passa a ter um sentido prático, uma vez que possui referências
no modo prático de ser-no-mundo, na faticidade, em que, por isso mesmo, não se pode
dizer “qualquer coisa sobre qualquer coisa”.

diante da especificidade do direito, em que cada texto jurídico deve estar


conformado a um outro que lhe é
superior (a Constituição), uma interpretação será constitucional (portanto,
correta) e outra, inconstitucional (portanto, incorreta).
Hermeneuticamente, é possível falar em verdades a partir daquilo que Gadamer
denomina pré-juízos verdadeiros (legítimos, autênticos), dos quais o intérprete se
apropria.

Se em Gadamer essa questão está ligada à tradição e sua apropriação, no direito


(Estado Democrático de Direito) essa tradição deve ser entendida como uma
consolidação de um modelo de constitucionalismo que transforma ou sustenta as
transformações das sociedades contemporâneas.

A autenticidade da interpretação exsurgirá da possibilidade de o jurista/


intérprete apropriar-se do que foi compreendido. A apropriação do compreendido
passa a ser a sua condição de poder fazer uma interpretação que supere o conteúdo
reprodutor/reprodutivo e objetivante (que é a parte inautentica do Direito).

Como consequência, falar a partir da pré-compreensão e dos pré-juízos (tradição)


implica assumir que não há a primeira palavra nem grau zero de significação; isso
implica igualmente entender que nos movemos em um mundo em que a
linguagem é condição de possibilidade, e não algo à nossa disposição.

as coisas (entes) só existem uma vez significadas e que nos compreendemos a partir
de textos que significam coisas, e não por deduções feitas a partir de conceitos
(universalidades), das quais “extrairíamos a singularidade”.

É preciso compreender, pois, que a interpretação do texto


exsurgirá a partir desse lugar originário (que sempre se renova), produto da
antecipação de sentido (estrutura prévia de sentido), porque, como assinala Stein,
não há conhecimento de objetos no mundo sem que tenhamos uma relação significativa
com o mundo que nos envolve e nos carrega.

A Constituição é um ente disponível porque o jurista desde sempre se compreende


(autêntica ou inautenticamente) na Constituição (portanto, essa discussão não se
afasta do paradigma do Estado Democrático de Direito). Como ente disponível, ela
faz parte do modo da existência, na medida em que o jurista/intérprete opera com
ela sempre.

Uma baixa interpretação da constituição representa uma baixa aplicação pelos


juristas e demais profissionais do direito.

Isso significa poder afirmar que o próprio sentido de validade de um texto jurídico
tem esse sentido prévio advindo da pré-compreensão que o intérprete tem da
Constituição.

a verdade hermenêutica terá um sentido ontológico, resultante da diferença


ontológica, em que ser e ente
não estão cindidos (subjetivismo) nem colados (objetivismo).
Portanto, o “conceito” de verdade está ligado à possibilidade de elaborar juízos
autênticos (legítimos), que dependerão de nossa pré-compreensão.

(DWORKIN) é possível distinguir boas e más decisões e que, quaisquer que sejam seus
pontos de vista sobre a justiça e a equidade, os juízes também devem aceitar uma
restrição
independente e superior, que decorre da integridade, nas decisões que tomam.

Segundo o direito como integridade, as proposições jurídicas são verdadeiras se


constam, ou se derivam, dos princípios de
justiça, equidade e devido processo legal que oferecem a melhor interpretação
construtiva da prática jurídica da comunidade.
a resposta correta aqui trabalhada é a resposta hermeneuticamente correta. Essa
resposta vem da possibilidade de nos apropriarmos de pré-juízos autênticos e, dessa
maneira, distingui-los dos pré-juízos inautênticos (a tradição será esse “vetor” de
sentido).

Exatamente por superar o modelo interpretativo baseado na determinação abstrata dos


significados dos textos jurídicos – que proporcionariam, por isso, múltiplas
respostas (soluções) – e por superar os modelos procedimentais (em que apenas
importa a relação de proposições assertóricas) é que a hermenêutica trata da
realização concreta do direito.

É o caso concreto que será o locus desse acontecer do sentido. A resposta (correta)
será a explicitação das condições de possibilidade do compreendido (da apropriação
e da filtragem dos pré-juízos forjados na tradição).

11.4. De como a resposta correta ultrapassa a “analítica da


proposição”. Para além da descrição “rasa” do objeto. “A”
resposta correta: nem a única nem a melhor entre muitas

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