Você está na página 1de 2

Lokie e Sylvie | Narcisismo ou amor próprio?

Todas as séries da Marvel no Disney+, até agora, tem acertado em cheio em algo
que os quadrinhos da casa das ideias já faz muito bem, mostrar heróis e vilões em
ângulos diferentes, o escalador de paredes que precisa pagar as contas e terminar
os estudos, o homem mais inteligente do mundo tem que balancear bem sua vida
heroica com sua super família ou o maquiavélico vilão que une magia e tecnologia
para pode resgatar o amor da sua vida das mãos de um demônio extra planar, por
mais incríveis que sejam essas pessoas eles têm problemas cotidianos, amores e
desprazeres, em Loki, não é diferente, pois temos um deus tentando saber seu
lugar no mundo e entender o por que que toma as decisões que toma, assim como
eu e você.

Loki sem dúvidas é o personagem mais múltiplo do panteão do UCM, príncipe de


Asgard, herdeiro dos gigantes de gelo, irmão adotivo do Thor, de vilão para
anti-herói, nos últimos 10 anos vimos esse personagem amadurecer e crescer em
popularidade como poucos, muito pelo trabalho primoroso e o carisma de Tom
Hiddleston e a forma como o personagem foi escrito, mas nada se compara a como
estamos vendo ele em sua série, suas nuances estão a cada episódio mais visíveis,
mostrando o caos que define o “ser Loki”, e por mais contraditório que pareça,
busca uma identidade única.

Assim como Wandavision falou de viver as perdas e o luto, Falcão e Soldado


invernal falou sobre legado e luta racial, Loki vem falar sobre autoconhecimento e
amor próprio, esse é o subtexto que dá o esqueleto de toda a trama, desde o
primeiro episódio o deus da trapaça vê toda sua jornada e onde cada decisão o
levou, a partir disso uma sequência de tentativas de auto afirmação, com direito a
manipulações de pessoas e situações para conseguir uma posição favorável de
poder, batem em uma densa parede colocada pela TVA, o seu destino está traçado
na linha sagrada, ser o Loki significa sempre perder, essa é sua função no mundo, e
a única possibilidade que existe naquele momento é enfrentar sua variante, um
espelho de outra realidade que reflete, de várias formas diferentes, o seu próprio eu,
basta se livrar disso que o filho de Laufey terá outra chance de ser quem é, mas,
assim como na vida real, um encontro consigo mesmo sempre vai te modificar.

Quando Loki conhece Sylvie, ela representa apenas um meio para um fim, uma
forma de livrar a própria pele, mas como em toda sessão de terapia, o confronto
com as decisões que tomamos e as que poderíamos ter escolhido nos tornam
pessoas diferentes,o tratamento de choque com o deus da trapaça é tão intenso,
que vemos algo, em um primeiro olhar, muito narcisista acontecer, Loki,
aparentemente, se sente atraído a admirar suas próprias qualidades em sua
variante.
Muitos youtubers falaram sobre isso e replicaram a frase de Mobius, dizendo sobre
o quão pedante era aquilo e como só um personagem como aquele poderia se
envolver em uma relação romântica e doentia consigo mesmo, mas olhe do
seguinte ângulo, quando ele fala sobre a quantidade de guardas que ele merece ou
sobre ser a melhor versão multiversal, vemos o ser que se distorce e exagera sobre
si mesmo, que foi capaz de invadir um planeta apenas para mostrar que poderia ser
um governante como seu pai adotivo, que diga-se de passagem fez coisas muito
parecidas ao lado de Hela, tudo por medo de ser esquecido e ser a sombra do
irmão herói e herdeiro de Asgard, mas o próprio diz a Sylvie, não apenas com
palavras, o quanto ela é uma sobrevivente, forte, o quanto conseguiu sozinha quase
acabar com a AVT e o quanto era incrível, naquele momento ele consegue ver suas
reais qualidades e entender que sem os exageros, soberba e sede de poder, possui
qualidades que o fazem aquela variante ser única e em contrapartida o fazem único
também.

Tudo pode ser um grande plano do Loki para sair melhor do que entrou? Sim, afinal
estamos falando de alguém que tem a alcunha de ser a representação máxima da
trapaça, mas em uma sociedade onde as pessoas cada vez menos para dentro,
redes sociais mostram vidas cada vez mais plásticas, boas atitudes são vistas como
ruins e o autoconhecimento é deixado de lado por muita gente, é bom ver, mais uma
vez, um arco de mudança para uma versão melhor, que por muitos seria visto como
alguém sem futuro algum, afinal para amar aos outros é preciso se amar em
primeiro lugar.

Você também pode gostar