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histlÍrico": conhecer. anal isar. buscar so- municação verbal.

São arti~_
11Içôes. viv'enciar a experiência com seus Sem cair nas fonnas maniqueístas do
mentários escrit~1
alunos "e'ipeciais" do :1'? ano primário. certo e errado, do hom e do mau uso da
o período de 19 11 1
tentando transformar aquela realidade. língua (afinnações preconceituosas dos
fãncia, jogos. m11lll
na medida de 'illas possibilidades e dentro defensores da linguagem culta e do status
jovens e educaç'...:J..
de seus limites. a sala de aula. quo) e na também maniqueísta substitui-
apresentação 00 !fi
No 'ieu relato. 'iimple'i. agradável de ler ção do culto pelo popular (o "dialeto cul-
ta lucídez o sig:nil
e emocionante. muita'i vezes. Eglê come- to é menos comunicativo" o "popular é
benjaminiano. qu3I
ça por apre'ientar uma análise de papel da mais rico"). Eglê mostra que é possível
tudes da razão dllll
escola nos dias atuais. descreve o clima fazer uma desmistificação da linguagem e
fascinantes mistm
de 'iua c/asse. expõe suas crianças. seus dos mecanismos e valores sociais que a
dadinhos de chu!1ll
obietivos e. didaticamente. todo o pro- - determinam. O melhor testemunho disto
parque de diveM
ce'iSo de trabalho. que desenvolveu. as • talvez sejam as afinnações de mães dos
bola e contos de ti
redaçôes. como as corrigiu. que exercÍ- alunos: "Essa língua que nóis fala nun é
coleções de se~
cios utilizou. que resultados obteve. onde assim errada. nóis num precisa tê vergo-
provas. radicai5 11
teve êxito e onde falhou. Permeando um nha dela" ou "e eu agradeço pela sinhora
luta de classes e ....
trahalho técnico. ressalta o trabalho afe- tê feito ele escrevê as coisa que eu num
lores espiritlJaÍ';. pi
tivo. o trabalho de ajudar a devolver à- sabia que ele pudia escrevê. Acho que
ais de produção e I
quelas crianças a auto-estima e a auto- nem ele mesmo sabia".
cial." "
valorização que. por uma série de moti- Vale a pena ler E as crianças eram
O livro se ini..'ia
vos. elas haviam percJido e queé essencial difíceis. Mesmo que você encontre nele
gos (p. 17 a 4~1 ...
ao hom desempenho escolar. uma porção de coisas que já utilizou em
tar enquanto penslI
A preocupaçiio central de todo o tra- suas aulas de Português. não o desvalo-
tos entre 1913 e 191
halho é a linguagem utilizada pelas crian- rize: pelo contrário some à sua experiên-
pouco mais de \"ÍI
ças e a sua capacidade de expressar-se cia a apresentada por Eglê e reflita sobre
denunciam a sóbdI
através da utilização da linguagem consi- o que esta realmente tem de novo. uma
ropêia de sua fOi
derada "culta". a linguagem padrão que é postura educacional que alia afetividade.
questionamem~ j
a da escola e a das classes sociais domi- conhecimentos teóricos e pr{\ticos e
adulto e sua e'PC
nantes. Como fazer a criança. que fala e consciência política.
Religião; a vida de
e'icreve servindo-se do seu dialeto da co- P.S. O livro era originariamente uma te-
te com os valores
munidade. regional ou de sua classe so- se de mestrado. Mais um mérito:
sociedade. A habi
cial. apoderar-se aos poucos do dialeto prova que tese não precisa ser
questões, mas dei
considerado culto sem bloquear sua ex- chata. complicada e somente para para fomentar a li
pressividade e inventidade e sem desva- iniciados!. quando afirma: ~
lorizar a si prúprio e a sua forma de co- Tãnia Maria Piacentini tionar sua vida ~
vada encontrará
mentos. LibertaJ1
desfigurada. re~
BENJAMIN. Walter. A criança, o brinquedo e a educação. Trad. te". (p. 41l.
Marcos Vinicius Mazzari. Sao Paulo, Summus, 1984, 120 p. Nos demais.
:10 e 40 anos. ~
o livro ti traduzido do original em lín- organizado por Fa'lny Abramovich. não nosos. onde com
gua alemã. lançado em 1%9. e chega até sem tempo de resgatar e preservar os ver- ser profêtica. ':01
nlÍs. através da colecão "Novas Buscas dadeiros valores da infãncia e da juven- visão revoluci...'fI.i
em Educaçüo". da Summus Editorial. tude. pida de mjstif~4
sua relação C0~ j

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io verbal.
São artigos. resenhas. notas e co­ dade: Para ele. muito mais próximo da
~ nas fonnas maniqueístas do
mentários escritos por Benjamin. durante criança que o pedagogo bem intenciona­
modo, do hom e do mau uso da
o período de 1913 e 193~. relativos à in­ do. estão o artista. o colecionador e o
lfinnações preconceituosas dos
fância. jogos. brinquedos. livros infantis. mago.
~ da linguagem culta e do status
jovens e educação. Vilcon Pereira. na sua O brinquedo e o brincar são encarados
l também maniqueísta substitui­
apresentação do livro. sintetiza com mui­ enquanto movimento de I,ibertaçelo da
lJIto pelo popular (o "dialeto cul­
ta lucidez o significado do pensamento criança. na medida em que possibilitam à
os comunicativo" o "popular é
benjaminiano. quando diz: ..... as vicissi­ criança "re"-inventar seu mundo. "As
1)"1. Eglê mostra que é possível

la desmistificação da linguagem e
tudes da razão dialética às voltas com os crianças fazem a história a partir do lixo
anismos e valores sociais que a fascinantes mistérios evocados pelos sol­ da história. É o que as aproxima dos inú­
1aJIl. O melhor testemunho disto dadinhos de chumbo e bonecas de pano. teis. dos inadaptados e dos marginaliza­
~jam as afirmações de mães dos parque de diversões e cartilhas. jogos de dos." Nos faz ainda vi,~ar pelo mundo
"Essa língua que nóis fala nun é bola e contos de fadas. lições de moral e dos blinquedos. sua história cll!tural des­
Tada. nóis num precisa tê vergo­ coleções de selos. Instigantes campos de de o seu surgimento na Rússia e Alema­
I" ou "e eu agradeço pela sinhora
provas. radicais desafios à doutrina da nha. "legitimas gênios do brinquedo por
ele escrevê as coisa que eu num luta de classes e da determinação dos va­ estabelecerem uma relação viva entre o
lIe ele pudia escrevê. Acho que
lores espirituais pelas condições materi­ brinquedo e a vida". Benjamin afirma que
mesmo sabia". ais de produção e reprodução da vida so­ os brinquedos mio dão testemunho de uma
a pena ler E as crianças eram ciaL .. " vida autônoma e especial: são. isso sim. um
'. !-Iesmo que você encontre nele O livro se inicia com uma série de arti­ diálogo simbólico entre ela e o povo. De­
n;ão de coisas que já utilizou em gos (p. 17 a 42). mostrando o seu despe r­ nuncia a passagem do hrinquedo artesa·
tis de Português. não o desvalo­ tarenquanto pensador apaixonado. escri­ nal e sua crescente industrialização. evi­
lo contrário some à sua experiên­ tos entre 1913 e 1915. Já nessa época. com denciando seu afastamento da criança e
resentada por Eglê e reflita sobre pouco mais de vinte anos. suas análises da sua família. repercutindo no vínculo
qa realmente tem de novo. uma
denunciam a sólida tradição filosófica eu­ pais-filhos.
educacional que alia afetividade. ropéia de sua formação. desvelada nos Num terceiro conjunto de artigos abor­
mentos teóricos e práticos e questionamentos sobre a Moral: Relação da a literatura infantil. fazendo uma anã­
ncia política. adulto e sua experiência com o jovem à lise sobre a importância desta na vida
Ili\TO era originariamente uma te­
Religião; a vida de Estudante em contras­ emocional e cultural da criança. mostran­
te com os valores impostos e vigentes na do profundo domínio sobre a capacidade
'ie de mestrado. Mais um mérito:
sociedade. A habilidade de não fechar as simbólica da criança e do papel da psica­
PlUva que tese não precisa ser
questões. mas de dar novas contribuições n:l!ise dos contos de t~ldas. recentemente
chata. complicada e somente para
para fomentar a discussão traz sua marca levantadas por Bruno Bettelheim. Res­
iniciados! .
quando afirma: 'Todo aquele que ques­ gata também a relação escrita-desenho:
Tânia Maria Piacentini
tionar sua vida com a exigência mais ele­ "Frente ao seI: livro Ilustrado a cr-iança
vada encontrará .seus próprios manda­ coloca em prútica a arte dos taoistas con­
mentos. Libertará o futuro de sua forma sumados: vence a parede ilusória da su­
desfigurada. reconhecendo-o no presen­ perfície e. esgueirando-se entre tapetes e
roo e a educação. Trad.
te". (p.41l. bastidol'es colol·idos. penetra em um
do. Summus, 1984, 120 p. Nos demais artigos, escritos'já entre palco onde o conto de fadas vive (p. 55)
30 e 40 anos. apresenta momentos lumi­ Aceita sem romantismos o mundo helo e
do por Fa'lny Abramovich. não nosos. onde com uma paixão que chega a cruel dos contos de fadas. onde a omissão
)O ée resgatar e preservar os ver­ ser profética. consegue concretizar uma do mal. do .'agressivo" . com a desculpa
\alores da infância e da juven- visão revolucionária(enquanto real e des­ de modernizú-Io. tendência de certos
pida de mistificações) sobre a criança e educadbres. levaria ú ruptura com essa
sua relação com os adultos e com a socie­ forma de cultu"a e com a própria criança.

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("Ulll" pan" de fund" de tud" " livro. li, ru consi,te na tentaliva de Walter quer iniciativa gO\enI
oot<t-"-tl' lIn1~l rrcl1l'lIr~\f,';;lo corn aPedago- Benjamin no, fazer ver que o verdadeiro de equipar essas C\.....
~i~l. (:he-g:andll ~\ tl"~II;lr dela mais e"ipeci- esra,u a 'er re,rituido ir criança ê o de las capazes de int~
fil':ln1cntc. no . . drl l!!,)'., . -ll ma Pedagogia r""ihilitú-Ia "iver o múgico. o lúdico. o prendizagem da I~
COllluni'la" (r, W!) c "Programa de um 'llCia! e" rulüic". através dm, brinquedos Como extensão:> de'
trahalho Infantil prnktari<l (p, ~,'(Enten­ li, rn'. tealrn. "u seja ,eu, "reais instruo lônias criaram "l.Ja5o j
lk que a fun,'lu d" educação é a luta de mento' de trahalho··. Significa devolver que assegura\'a a rreIl
classe,. mas denuncia;l "necessidade de 'I'" educadores a ,el1'iihilidade de perce· costumes e trad;"~
comrletar a e\po,i,ã,) rulÍtica com a heI' a concreticidade da infãncia sem der· Os filhos de<-te<-l
nr,,,i,,-,u Iílllsútica. através da elahora- "am'lmentus de,necessúrio,. rara poder receber nas escoU<. I
,ão de todo, '" pressupostos rara uma atuarem junto <I ela de maneira verdade;· rentes das tradiç.:;e.; li
antrop"h'gia dialt.'ticll·materialista da ,'a mente "evuiucionúria, se coadunavam c",,", til
criança rrnletúria (r, 91). Suas suge'lõe, () e'til" de Benj<lmin é limpido e poê- da nacionalidade tv-ZI
n", Ie, alll a renelir e rerensar a re!:.l,ão ticu, arai\unanle e in'tigador, Em ,uma. ria va as prerrogat" Z!I
entre ;\ Il<",a rr,üica enquanto educado- 11111 l'''11\ ite ir h,)a leitura, perial de 182~,
rc"i L' ~l teoria. Ma..; II grande mérito de"ite Assim. as prirne!-3l!ll
Ana Beatriz Cerizara as artes eram en.. i.....
mesmo para as eri.<nC
Com a falta de c..~
-""---- ~_ _~ ~ . . . . .~ prio governo esta:- e
proliferaram. deiUlll
alienadas do ~ ...' ..
tória bem como da ....
A preocupacão !!!l-"'I
la com a nacionaliZ3IC
por parte do gO\eMIII
em 1919 com a cria.;;il
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Graças às coonicl
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Santa Catarina lTlOflI
cacional capaz de .:01
tivos nas :lreas de l
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lulos. No primeifl'<.'l
as colônias ale~ 1
o litoral e o planallO.1
financeiro do go\enl
bem como estimulo
núcleos às comul!ldI
sim essa indiferença)
permitiu a amplía.;ãa
qüentemente a c..-.
mento destas Cok.'>n

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