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1° Módulo: Introdução
A CRIAÇÃO DO SUS
Viana e Dal Poz (1988) ainda destacam que vários problemas se colocaram para
a operacionalização do SUS, como o financiamento das ações de saúde, a
definição clara de funções para os três entes governamentais, as formas de
articulação público/privado no novo modo de organização dos serviços e a
resistência do antigo modelo assistencial baseado na doença e em ações
curativas individuais. Tais problemas ocorreram num contexto de incertezas na
política econômica, repercutindo na redução de gastos com a saúde, e de
mudanças no padrão demográfico com a conseqüente alteração no perfil
epidemiológico relacionado ao aumento da população adulta e de terceira
idade, o que exige ações de maiores custos (op. cit.). Conforme Viana e Dal Poz
(1988, p.16), a reforma incremental ou reforma da reforma é definida como “um
conjunto de modificações no desenho e operação da política”. Assim, no caso
do sistema de saúde brasileiro, o Programa Saúde da Família (PSF) se constitui
em uma estratégia de reforma incremental, tendo em vista que o mesmo
aponta para mudanças importantes na forma de remuneração das ações de
saúde, nas formas de organização dos serviços e nas práticas assistenciais no
plano local e na descentralização. Cabe destacar que, a partir da criação do SUS,
o Ministério da Saúde lança normas que regulamentam o funcionamento do
sistema de saúde chamadas Normas Operacionais Básicas (NOB). A primeira,
lançada em 1991 (NOB 91) provocou recentralização na política, alterando o
curso da descentralização. A NOB 93 incentivou um processo gradual e flexível
de descentralização. Já a NOB 96 é marcada pela implementação acelerada de
dois programas criados no início da década. Trata-se do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), criado em 1991 e do Programa Saúde da Família
(PSF), criado em 1994 (VIANA, 2000). A história do PSF tem início quando o
Ministério da Saúde formula o PACS. A partir daí, começou-se a enfocar não o
indivíduo, mas a família como unidade de ação programática de saúde. Mas as
práticas envolvendo agentes comunitários de saúde já vinham acontecendo
antes, de forma isolada, em diversas regiões do país como nos estados do
Paraná, Mato Grosso do Sul e Ceará. Viana e Dal Poz (1988, p.18) sustentam
que:
Pode-se afirmar, então, que o PACS é um antecessor do PSF, pois uma das
variáveis importantes que o primeiro introduziu e que se relaciona diretamente
com o segundo é que pela primeira vez há um enfoque na família e não no
indivíduo, dentro das práticas de saúde.