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O trabalho utiliza a escala proposta por Wang e Juslin, onde as práticas foram

avaliadas de 1,65 a 5,00. Definiu-se materiais de mesma amplitude a partir das categorias:
“nível baixíssimo”, “nível baixo”, “nível moderado”, “nível alto” e “nível altíssimo”.

Os estudantes puderam perceber que as empresas colombianas têm um nível de


comprometimento moderado com as práticas de responsabilidade social da corporação (RSC).
Entretanto, há uma diferença dependendo da dimensão analisada.

A dimensão referente às ações das teve seu melhor resultado foi em “Proteger a
imagem da empresa na sociedade”, enquanto a pior nota foi em “Usar os recursos dos
acionistas de forma eficiente” e “Honestidade com os acionistas e/ou diretores”.

Quanto à parte do grupo de interesse, as notas foram medianas como um todo.

Na parte dos clientes, os estudantes perceberam que as empresas têm um maior


comprometimento em “Manter a ética com os consumidores” e “Oferecer produtos de
qualidade”. A pior nota foi em “Oferecer produtos e/ou serviços a um preço justo”.

As empresas colombianas possuem um nível médio de comprometimento com a


esfera de direitos humanos, o que inclui o respeito a religião e alinhamentos políticos.
Entretanto, houve uma única prática onde as companhias foram consideradas de nível baixo,
“Contribuir para a integração de pessoas vulneráveis na sociedade”.

Os estudantes perceberam um nível moderado de comprometimento com os


fornecedores, também. Suas menores notas foram nas práticas que incluíam o encorajamento
ao comércio local.

Na esfera legal, só foi possível perceber baixo nível de comprometimento com a


prática “Adotar as regulamentações internacionais quanto às atividades econômicas quando
não houver uma regulação específica no país”. Todas as outras receberam uma nota de
comprometimento moderado.

No tocante aos empregados, a maioria das práticas de RSC receberam uma nota de
baixo comprometimento. Todas são relacionadas a dignidade do colaborador e sua vida dentro
e fora do trabalho. Os estudantes puderam perceber que as empresas não oferecem condições
de trabalho atrativas para seus funcionários.

A dimensão social não fica atrás, onde sete dos doze requisitos avaliados foram
classificados como baixo comprometimento. As práticas com menor nota foram “Dedicar
parte do orçamento para doações”, “Auxiliar na resolução de problemas sociais” e “Financiar,
promover e colaborar com atividades culturais.”

Das oito práticas avaliadas na esfera ética, cinco receberam uma nota de baixo
comprometimento, e as outras tiveram notas similares.

Não houve nenhuma diferença entre os gêneros quanto aos requisitos analisados.
Também não houve diferenças significativas entre os grupos analisados quanto ao seu nível
acadêmico. Quanto à experiência de trabalho, diferenças notáveis foram percebidas.
Estudantes que já haviam trabalhado antes possuíram melhor nível de comprometimento com
as práticas de RSC. E, no tocante ao empreendedorismo (objetivo de começar seu próprio
negócio, trabalhar em empresas grandes, etc), os futuros empresários foram avaliados com um
baixo nível de comprometimento com as empresas colombianas em 8 das 10 dimensões
avaliadas. Estes estudantes perceberam que as companhias na Colombia possuem um baixo
comprometimento com a ética, com a sociedade, com os empregados e com o meio ambiente.

Foi possível perceber um maior comprometimento das empresas com a esfera dos
acionistas. Os resultados do estudo são similares ao que se encontra em países em
desenvolvimento, e pode ser um sinal de outros países com as mesmas características. É
também importante mencionar que os resultados na dimensão ambiental podem ser um
reflexo no aumento nos níveis de poluição nas principais cidades colombianas. Seu aumento
foi expressivo o suficiente para a criação de medidas restritivas visando a redução dessas
emissões, ou seja, os problemas ambientais têm afetado a vida dos cidadãos na Colombia,
tornando-os vulneráveis à esta situação.

Os estudantes também notaram o baixo comprometimento com a ética e com a


sociedade. É possível que os escândalos de larga escala nos anos recentes tenham reforçado a
ideia de que conseguir riquezas com os negócios seja mais importante que qualquer outra
esfera analisada. No tocante à esfera social, os resultados indicam que o comprometimento
baixo foi notado em práticas filantrópicas.

No geral, as empresas Colombianas são comprometidas com os aspectos tradicionais


dos negócios. Entretanto, elas não cumprem os requisitos necessários para serem consideradas
companhias responsáveis. Este é um sinal do ceticismo da nova geração de estudantes em
relação as corporações colombianas, o que pode afetar a atratividade delas para futuros
empregados. Empresas responsáveis possuem uma larga vantagem quanto a contratação de
colaboradores, uma vez que alguns autores indicam que o comprometimento com as práticas
de RSC é um fator atrativo para os jovens.

A ausência de uma diferença entre gêneros aos olhos dos estudantes pode ser
explicada através de seus valores culturais e campo de atuação. Um outro campo interessante
é quanto ao desejo de empreender, ou trabalhar em empresas como administrador. Estudantes
que assim o querem adotaram uma posição mais crítica em suas observações em relação aos
que querem seguir outras carreiras.

Considerando a experiência profissional, o estudo indica que em todas as dimensões,


estudantes que já trabalharam deram notas mais altas do que quem nunca trabalhou. Isso pode
indicar duas coisas: primeiro, a imersão dessas pessoas nos negócios os deixou insensíveis
para as questões de RSC; ou, estes estudantes têm uma melhor percepção para avaliar as
empresas graças a sua experiência.

A pesquisa evidenciou que o nível acadêmico tem pouco ou nenhum impacto nas
percepções de RSC dos estudantes. Alguns artigos indicam que, conforme o aluno avança no
curso de engenharia, sua preocupação com ética e impactos sociais diminui. Como o ensino
de engenharia tem sido voltado mais para a prática e para a técnica, a complexidade do
conceito de RSC pode estar dificultando a sensibilização para suas práticas de pessoas que
estão acostumadas com problemas técnicas.

É importante que as universidades se esforcem para melhorar essa percepção dos


estudantes, tomando ações que façam com que eles vejam a importância da ética e entendam
que ela é inerente a engenharia.

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