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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA

CRIMINAL DA COMARCA ____

JOSÉ ALVES, brasileiro, solteiro, profissão…., portador da cédula de identidade n°


…., inscrito no CPF/MF sob o n° ...., residente e domiciliado na rua…. por intermédio de suas
advogadas que esta subscrevem, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,
requerer o pedido de RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE c/c
LIBERDADE PROVISÓRIA, com fulcro no artigo 5°, incisos LXV e LXVI da
Constituição Federal, bem como nos artigos 310, incisos I e III e 321 do Código de Processo
Penal, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

I - DOS FATOS

No dia 10/03/2020 o requerente foi preso em flagrante, por supostamente ter


cometido o crime de trânsito previsto no artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II,
do Decreto 6.488/2008.

Neste dia, o requerente, na condução de seu automóvel, passou por uma longa
estrada que tangencia sua propriedade rural. Após percorrer cerca de dois quilômetros na
estrada absolutamente deserta, José Alves foi surpreendido por uma equipe da Polícia Militar,
que estava no local realizando buscas, a fim de localizar um outro indivíduo que estava
foragido do presídio próximo à localidade.

Logo, foi abordado pelos policiais militares que o compeliram de forma INCISIVA a
realizar um teste de alcoolemia em aparelho de ar alveolar, mais conhecido como teste do
bafômetro. Tendo sido realizado o teste, foi constatado que José Alves tinha concentração de
álcool de um miligrama por litro de ar expelido pelos pulmões, razão pela qual os policiais o
conduziram à Unidade de Polícia Judiciária, onde foi lavrado Auto de Prisão em Flagrante,
sendo-lhe negado no referido auto de prisão em flagrante o direito de entrevistar-se com seus
advogados ou com seus familiares.
Atualmente, o acusado encontra-se recolhido junto à DP …, em virtude da prisão
supramencionada, sendo que seus familiares não conseguem vê-lo ou manter qualquer
comunicação com o requerente. Além disso, o delegado não comunicou o fato ao juízo
competente, tampouco à Defensoria Pública.

II -DO DIREITO

a) Da ilegalidade da prisão em flagrante e possibilidade do relaxamento da prisão

Como dito anteriormente, o requerente foi preso em flagrante e conduzido para a


Unidade de Polícia Judiciária por, supostamente, ter cometido o crime de trânsito previsto no
artigo 306 da Lei 9.503/1997, c/c artigo 2º, inciso II, do Decreto 6.488/2008. Após, tendo sido
lavrado o auto de prisão em flagrante, a autoridade competente deveria ter comunicado
imediatamente o juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Além
disso, o preso deveria ter sido informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer
calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. V.Exa, nada disso foi
cumprido pela autoridade policial, razão pela qual, a prisão deve ser relaxada de pronto.

Importante mencionar que tal direito está expressamente previsto nos artigos 5º,
incisos LXII e LXIII da Constituição Federal e 306, parágrafo 1º do Código de Processo
Penal, in verbis:
Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão
comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério
Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada.
§ 1o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será
encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso
o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a
Defensoria Pública.

Ou seja, em até 24 horas deveria ter sido encaminhado ao juiz competente o auto de
prisão em flagrante, bem como deveria ter sido encaminhada a cópia do auto à Defensoria
Pública, pois houve a negação ao direito do preso de entrevistar-se com seus advogados.

Portanto, considerando que até o presente momento não houve o cumprimento de


nenhuma das regras previstas no ordenamento jurídico, bem como pela violação de diversos
direitos do requerente, é notório que o caso é de relaxamento da prisão em flagrante, com
fundamento no artigo 5º, inciso LXV da Constituição Federal, que determina à autoridade
judiciária o relaxamento da prisão quando esta for ilegal e estiver e desconformidade com a
legislação brasileira.
b) Da impossibilidade de decretação da prisão preventiva:

Cabe esclarecer que a prisão preventiva não poderia ser decretada, pois a suposta
infração cometida pelo requerente não incide nos requisitos previstos no artigo 313, do
Código de Processo Penal, o que configura novamente a ilegalidade da prisão.

Uma vez verificado que estão ausentes os requisitos do artigo acima citado, a
liberdade provisória é a medida que deverá ser imposta ao requerente, conforme determina o
artigo 321, do Código de Processo Penal.

“Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da


prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória,
impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319
deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código.”

O cabimento da liberdade provisória acarretará, no máximo, a incidência do


pagamento de fiança pelo requerente, dado que a pena privativa de liberdade prevista para a
infração não supera quatro anos, sendo que essa imposição poderá ser proferida pela
autoridade policial, o que não ocorreu no caso.

III - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) Relaxamento da prisão, visto que não foram cumpridas nenhuma das determinações
legais, previstas nos artigos 5º, incisos LXII e LXIII da Constituição Federal e 306,
parágrafo 1º do Código de Processo Penal , o que enseja a ilegalidade da prisão;

b) Que seja deferida a liberdade provisória sem fiança ao requerente, com a expedição do
devido alvará de soltura;

c) Não havendo a possibilidade do deferimento do pedido acima, postula também a


concessão da liberdade provisória com a medida cautelar prevista no artigo 319,
inciso VIII, do Código de Processo Penal, dado que a prisão é a última ratio a ser
seguida pelo julgador.

Nestes termos pede deferimento.


São Paulo, 24 de março de 2021.

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