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Conforme a lei brasileira, o fato de Markus e Renate terem fixado domicílio em São
Paulo, no Brasil, não produz efeitos automáticos perante o nosso ordenamento jurídico. A lei
6.015 de 31 de Dezembro de 1973 dispõe sobre os registros públicos e outras providências e
em seu artigo 32 determina que o casamento de brasileiros em país estrangeiro serão
considerados autênticos pelo assento transladado nos cartórios de 1º Ofício do domicílio do
registrado ou no 1º Ofício do Distrito Federal, quando o domicílio for conhecido, vejamos:
Art. 1.554. Subsiste o casamento celebrado por aquele que, sem possuir a
competência exigida na lei, exercer publicamente as funções de juiz de
casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil.
Outra questão válida a ser comentada é que o casamento estrangeiro terá validade e
produzirá seus efeitos não só pelo registro, mas é importante que este tenha sido realizado em
observância às formalidades legais no país em que foi celebrado, neste caso, deverá estar em
conformidade com a lei italiana. Além disso, é imprescindível que também esteja em
conformidade com a lei brasileira, de forma que o casamento legal não ofenda a ordem
pública pátria. Este é o entendimento da autora do livro Manual de direito das famílias, Maria
Berenice que diz:
Assim, o casamento de Markus e Renate não produzirá seus efeitos pela fixação de
domicílio no Brasil, mas sim pelo cumprimento de todo o procedimento de registro do
matrimônio.
1
(DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias; 4ª ed. São Paulo; Editora Revista dos
Tribunais; 2016; página 1183)
2- Com a morte de Renate na Alemanha, como ocorrerá a sucessão dos bens deixados no
Brasil? Quem serão os herdeiros de Renate? Explique informando o quinhão (valor)
para cada herdeiro.
Em primeiro momento é necessário definir de qual forma ocorre a sucessão dos bens
em caso de falecimento de estrangeiro com bens móveis e imóveis no Brasil, bem como nos
casos em que há filhos e cônjuge brasileiro. O primeiro dispositivo que merece destaque é o
artigo 5º, inciso XXXI da Constituição Federal, que define a sucessão de bens de estrangeiros
situados no país. A regra estabelece que neste caso a sucessão será regulada pela lei brasileira
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros.2
Assim, temos primeiramente que a lei brasileira regulará a sucessão dos bens situados
no Brasil por Renate. Tal resolução também é bem exposta pelo parágrafo 1º e 2º do artigo 10
da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), in verbis:
Art. 10 - A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a
situação dos bens.
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela
lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem
os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de
cujus.
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para
suceder. (grifou-se)
2
Art. 5º, inciso XXXI da CF - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei
brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do "de cujus"
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil,
ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha
domicílio fora do território nacional;(grifou-se)
Não restando dúvidas acerca da aplicabilidade da lei brasileira na sucessão dos bens de
Renate, vale salientar que os herdeiros necessários da falecida serão: Markus, Paula e Andres.
Em relação aos filhos não cabem questionamentos quanto ao direito de participação na
sucessão em pauta, por força do art. 1.845 do Código Civil3 que determina quem são os
herdeiros necessários da de cujus.
3
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. - Código Civil
de 2002
4
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: I - aos descendentes, em concorrência
com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal,
ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão
parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares; (grifou-se)
5
"O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os
descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens
ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido
possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os
bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes".
de concorrer com os herdeiros de classes anteriores (CC 1.829 I e II)"
(DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias; 4ª ed. São Paulo;
Editora Revista dos Tribunais; 2016; página 291).
Então, sendo Markus herdeiro necessário, terá direito a receber seu quinhão que será
determinado conforme o regime de bens adotado pelo casal, isto é, o regime de separação
convencional de bens. Desta feita, os valores serão divididos igualmente entre os herdeiros
sobreviventes.
Quanto aos bens a serem repartidos, temos: o lote localizado em Brotas e uma casa
situada no bairro Jardins, em São Paulo. Vale frisar que o apartamento em Higienópolis, que é
fruto de herança da mãe de Markus, avaliado em R$ 1.500.000,00, não entrará na divisão,
uma vez que foi adquirido por herança, o imóvel está apenas no nome de Markus e o bem não
se comunica. Dessa forma elucida o artigo 1.668 do Código Civil, in verbis:
A princípio, Markus contribuiu com R$ 20.000,00 (vinte mil reais) (6,66%) para a
compra da propriedade.
Ao que tange à parte de Renate que será destinada à Markus, pode-se dizer que o
herdeiro terá direito a mais 31,11% da propriedade, que equivale a R$ 93.333,33 (noventa e
três mil trezentos e trinta e três reais e trinta e três centavos).
A princípio, Markus contribuiu com R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) (50%) para
a compra da propriedade.
Ao que tange à parte de Renate que será destinada à Markus, pode-se dizer que o
herdeiro terá direito a mais 16,66% da propriedade, que equivale a R$ 166.666,66 (cento e
sessenta e seis mil seiscentos e sessenta e seis reais e sessenta e seis centavos).
II.Caberá à Paula:
III.Caberá ao Andres:
Ao que tange à parte de Renate que será destinada à Andres, pode-se dizer que o
herdeiro terá direito a 16,66% da propriedade, que equivale a R$ 166.666,66 (cento e sessenta
e seis mil seiscentos e sessenta e seis reais e sessenta e seis centavos).
ANEXO I - INFOGRÁFICO DA PARTILHA