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DICAS PARA A PROVA DO ITA

Cada logaritmo deve existir separadamente, o que implica em duas


A MATEMÁTICA NO ITA situações:
⎧ 1 π π
O vestibular de Matemática do ITA é, provavelmente, um dos mais ⎪⎪sen x < − 2 ⇒ − 2 < x < − 6
justos do país. Isso se deve ao fato dessa prova ser 4sen x − 1 > 0 ⇒ ⎨
2

reconhecidamente a mais abrangente possível: raramente algum ⎪ sen x > 1 ⇒ π < x < π
tópico do Ensino Médio não é cobrado. ⎪⎩ 2 6 2
Isso, para o candidato, traz vantagens e desvantagens. Vantagens no 4 − sec 2 x > 0 ⇒ −2 < sec x < 2 ⇒ como cos x > 0 , temos apenas que
sentido de que existem várias questões de assuntos conhecidos e
desvantagens no sentido de que podem existir temas que o aluno não 1 π π
0 < sec x < 2 ⇒ cos x > ⇒ − < x < .
domine. Porém, até nisso se faz justiça: não é possível contar apenas 2 3 3
com a sorte, uma vez que a prova é bem variada e abrangente. Aplicando finalmente as propriedades dos logaritmos, temos:
E, além de uma prova bem diversificada, uma marca interessante é a ⎛ 4sen2 x − 1 ⎞
presença de vários temas numa única questão (cossenos com logcos x (4sen2 x − 1) − logcos x (4 − sec 2 x ) = logcos x ⎜ ⎟>2
⎝ 4 − sec x ⎠
2
logaritmos, progressões com circunferências, etc.), sempre com o
intuito de aumentar o nível de dificuldade, favorecendo o candidato Lembrando que no domínio considerado temos para a base do
que tem o domínio de diversos temas. logaritmo: 0 < cos x < 1 . Logo, ao aplicarmos a definição de logaritmo,
Mas não é só o conhecimento que é fundamental. A prova não mede temos que inverter a desigualdade (pois a base é menor que 1).
apenas o quanto o candidato sabe, mas sim como o candidato Assim:
lida com o que sabe. Ao longo dos anos, várias questões são tais ⎛ 4 sen2 x − 1 ⎞ 4 sen2 x − 1
que a aplicação de fórmulas é praticamente inviável, o que força o logcos x ⎜ ⎟ > 2 ⇔ < cos2 x
⎝ 4 − sec x ⎠ 4 − sec 2 x
2
candidato a ter algo a mais. Não adianta apenas conhecer milhares de
fórmulas. Um bom raciocínio é peça fundamental nesse vestibular. 4 sen2 x − 1 4sen2 x − 1 − cos2 x(4 − sec 2 x )
Assim, o que se espera dos candidatos é conhecimento razoável − cos2 x < 0 ⇒ <0
4 − sec x
2
4 − sec 2 x
aliado com bom raciocínio.
Considerando apenas o numerador da fração, temos:
Neste material temos uma análise do vestibular de Matemática do
ITA. Procuraremos ajudá-lo a melhorar o seu desempenho com 1
4 sen2 x − 1 − cos2 x(4 − sec 2 x ) = 4 sen2 x − 4cos2 x − 1 + cos2 x.
algumas dicas que serão de grande valia na hora da prova. cos2 x
= −(4cos2 x − 4 sen2 x ) − 1 + 1 = − cos 2 x .
Bons estudos!
Assim, a desigualdade fica:
UMA QUESTÃO INTERESSANTE
− cos2 x cos2 x
<0⇒ >0
O exercício a seguir, retirado do vestibular de 2005, ilustra um fato 4 − sec 2 x 4 − sec 2 x
interessante da prova do ITA: normalmente, existem dois ou mais
Por uma das condições de existência ( 0 < sec x < 2 ) , é obrigatório
modos para se resolver um exercício. Destes, um é razoavelmente
rápido, enquanto o outro é mais trabalhoso. que 4 − sec 2 x > 0 (denominador positivo). Logo, para resolvermos a
Exemplo: (ITA 2005) Sobre o número x = 7 − 4 3 + 3 é correto inequação, basta que tenhamos para o numerador
π π
afirmar: cos2x > 0 ⇒ − < x < .
a) x ∈]0;2[ 4 4
d) x 2 é irracional
π π
b) x é racional e) x ∈]2;3[ Considerando todos os intervalos, chegamos em − < x < − ou
4 6
c) 2 x é irracional
π π
<x< .
Resolução: (Alternativa B) 6 4
Num primeiro instante, é fácil “chutar” que x provavelmente é A seguir, forneceremos algumas ferramentas que podem ajudá-lo na
irracional. Mas, isso não nos serve de muita coisa, afinal não prova, a respeito destes dois assuntos.
conseguimos encontrar nenhuma resposta que nos satisfaça apenas
chutando. FORMULÁRIO DE TRIGONOMETRIA
Uma primeira tentativa de resolução poderia ser a seguinte:
Fórmulas básicas
x = 7 − 4 3 + 3 ⇒ ( x − 3)2 = 7 − 4 3 sen2 x + cos2 x = 1 tg2 x + 1 = sec 2 x cotg2 x + 1 = cosec 2 x
x − 2 x 3 + 3 = 7 − 4 3 ⇒ x − x.2 3 − 4 − 4 3 = 0
2 2
1 sen x
Essa tentativa nos leva a uma equação do segundo grau não muito sec x = tg x =
cos x cos x
agradável, que exigirá um tempo razoável só pra terminar as contas.
Este caminho com certeza nos levará a uma resposta correta, mas a 1 cos x 1
cosec x = cotg x = =
questão não é essa. Será que não existe outro modo, menos sen x sen x tg x
trabalhoso, para se resolver esse exercício? A resposta é sim.
Soma e subtração de arcos
Observe que 7 − 4 3 = 22 − 2.2. 3 + ( 3)2 = (2 − 3)2 .
sen(a + b ) = sen a.cos b + sen b.cos a tg a + tg b
tg(a + b ) =
Assim: x = 7 − 4 3 − 3 = 2 − 3 + 3 ⇒ x = 2 sen(a − b ) = sen a.cos b − sen b.cos a 1 − tg a.tg b
cos(a + b ) = cos a.cos b − sen a.sen b tg a − tg b
MISTURANDO TEMAS DIFERENTES tg(a − b ) =
cos(a − b ) = cos a.cos b + sen a.sen b 1 + tg a.tg b
A prova de Matemática do ITA também é famosa por sua grande
capacidade de “misturar” conceitos distintos. Como exemplo, temos a Arco duplo
seguinte questão, retirada do vestibular de 2006 (se você sentir cos2 x = cos2 x − sen2 x sen2 x = 2.sen x.cos x
dificuldades, revise os tópicos, que abordados na questão):
cos2x = 2.cos2 x − 1 2.tg x
tg2 x =
Exemplo: (ITA 2006) Determine para quais valores de x ∈ (-π/2,π/2) cos2 x = 1 − 2sen2 x 1 − tg2 x
vale a desigualdade logcosx(4sen2x - 1) - logcosx(4 - sec2x) > 2.
Resolução: Arco triplo
Temos aqui a presença de trigonometria e logaritmos. Tanto um sen3 x = 3 sen x − 4 sen3 x cos3 x = 4cos3 x − 3cos x
quanto o outro são fundamentais para a resolução desse exercício. A
partir da condição de existência da base, temos: Arco metade
⎛ −π π ⎞ −π π ⎛x⎞ 1 − cos x ⎛x⎞ 1 + cos x ⎛x⎞ 1 − cos x
cos x > 0 e cos x ≠ 1 ⇒ x ≠ 0 e x ∈ ⎜ ; ⎟ ⇒ < x < 0 ou 0 < x < sen ⎜ ⎟ = ± cos ⎜ ⎟ = ± tg ⎜ ⎟ = ±
⎝ 2 2⎠ 2 2 ⎝2⎠ 2 ⎝2⎠ 2 ⎝2⎠ 1 + cos x

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DICAS PARA A PROVA DO ITA

Transformação de soma em produto LOGARITMOS


sen( p + q ) + sen( p − q ) = 2.senp.cos q
Definição de logaritmo:
p+q p−q
sen p + sen q = 2.sen cos ⎧base > 0 e base ≠ 1
2 2 logbase x = a ⇔ basea = x , onde ⎨
p−q p+q ⎩x > 0
sen p − sen q = 2.sen cos
2 2
Resumo das propriedades:
p+q p−q
cos p + cos q = 2.cos cos 1) logb ( xy ) = logb x + logb y
2 2
2) logb ( x / y ) = logb x − logb y
p+q p−q
cos p − cos q = −2.sen sen
2 2 n
3) logbm x n = .logb x
sen( p + q ) m
tg p + tg q =
cos p.cos q logc x
4) logb x = (mudança de base)
sen( p − q ) logc b
tg p − tg q =
cos p.cos q
Desigualdades envolvendo logaritmos
FUNÇÕES TRIGONOMÉTRICAS INVERSAS Base > 1 ⇒ logbase x > logbase y ⇔ x > y (crescente)
As funções trigonométricas inversas são um tema muito incidente nos 0 < Base < 1 ⇒ logbase x > logbase y ⇔ x < y (decrescente)
vestibulares do ITA. Só nos últimos anos, tivemos questões desse tipo
nas provas de 2004, 2005, 2008 e 2010. A seguir temos uma tabela
PROPRIEDADES DOS DETERMINANTES
com as principais funções inversas:
Função: Domínio: Imagem: Um tópico bastante frequente na prova de Matemática do ITA é
⎡ π π⎤ Determinantes. Vamos relembrar suas propriedades, a partir de
f ( x ) = arcsen ( x ) [ −1; 1] ⎢− 2 ; 2 ⎥ algumas definições:
⎣ ⎦
f ( x ) = arccos ( x ) [ −1; 1] [0; π] Menor complementar: chamamos de menor complementar relativo a
um elemento aij de uma matriz M, quadrada e de ordem n>1, o
⎤ π π⎡
f ( x ) = arctg ( x ) ]−∞; ∞[ ⎥− 2 ; 2 ⎢ determinante Dij, de ordem n - 1, associado à matriz obtida de M
⎦ ⎣ quando suprimimos a linha i e a coluna j que passam por aij.
Obs: f ( x ) = arcsen ( x ) e f ( x ) = arctg ( x ) são estritamente crescentes Cofator ou complemento algébrico: número relacionado com cada
elemento aij de uma matriz quadrada de ordem n dado por
enquanto f ( x ) = arccos ( x ) é estritamente decrescente. Aij = (-1)i+j .Dij.
Perceba que para existir a inversa, a função original tinha que ser Teorema de Laplace: O determinante de uma matriz M, de ordem
bijetora, portanto a imagem das funções inversas são restritas ao n≥2, é a soma dos produtos de todos os termos de uma fila qualquer
domínio da função original. O aluno deve ser atento para não cometer (linha ou coluna) pelos respectivos cofatores.
erros nisso, pois, por exemplo: Cálculo do determinante para ordens 1 e 2
⎛ ⎛ 7 π ⎞ ⎞ π 7π A = (a ) ⇒ det( A) = a = a
arccos ⎜ cos ⎜ ⎟ ⎟ = ≠ .
⎝ ⎝ 4 ⎠⎠ 4 4 ⎛a c ⎞
A=⎜ ⎟ ⇒ det( A) = ad − bc
Mas a restrição na composição inversa não existe, pois temos: ⎝b d ⎠
cos ( arccos ( x ) ) = x
Bastando apenas que x seja do domínio da função inversa. Propriedades
Ao se resolver um problema de Funções Trigonométricas Inversas, o 1) Somente as matrizes quadradas possuem determinantes.
mais indicado é passar a uma função trigonométrica normal, o 2) det(A) = det(At).
exemplo a seguir ilustra bem isso: 3) O determinante de uma matriz que tem todos os elementos de uma
Exemplo: (ITA 2008) fila iguais a zero, é nulo.
⎡ π π⎤ 4) Se trocarmos de posição duas filas paralelas de um determinante,
Sendo ⎢ − ; ⎥ o contradomínio da função arcoseno e [0; π] o ele muda de sinal.
⎣ 2 2⎦ 5) O determinante que tem duas filas paralelas iguais ou proporcionais
contradomínio da função arcocosseno, assinale o valor de: é nulo.
⎛ 3 4⎞ 6) det(A-1) = 1/det A.
cos ⎜ arcsen + arccos ⎟
⎝ 5 5⎠ 7) (Teorema de Binet) det(A.B) = det A.det B
Resolução: 8) Se uma fila da matriz for multiplicada por uma constante k, então o
determinante da nova matriz será igual ao da matriz original
3 4 multiplicado por k.
Seja arcsen = α ⇒ sen 2α + cos2 α = 1 ⇒ cos α = ± .
5 5 9) Se A é uma matriz quadrada de ordem n e k é real então det(k.A) =
⎡ π π⎤ kn. det A
O contradomínio da função arcsen é ⎢ − , ⎥ . 10) (Teorema de Jacobi) Se somarmos à uma fila uma combinação
⎣ 2 2⎦
linear de outra fila paralela, o valor do determinante permanece
3 ⎛ π⎤ 4 inalterado.
Como senα = > 0 , temos que α ∈ ⎜ 0, ⎥ ⇒ cos α = .
5 ⎝ 2⎦ 5
Existência da matriz inversa: uma matriz A só possui inversa se, e
4
Seja arccos = β . Temos que o contradomínio da função arccos é somente se, tem determinante não-nulo.
5 Existe outra propriedade dos determinantes, que será trabalhada na
[0, π] . seguinte questão, também retirada do vestibular do ITA de 2006.
4 ⎛ π⎞ Exemplo: (ITA 2006):
Como cos β = > 0 ⇒ β ∈ ⎜ 0, ⎟
5 ⎝ 2⎠ ⎡a b c ⎤ ⎡ −2a −2b −2c ⎤
Os dois ângulos estão no mesmo quadrante e, portanto são iguais Se det ⎢⎢ p q r ⎥⎥ = -1 então o valor do det ⎢⎢ 2p + x 2q + y 2r + z ⎥⎥ é
( α = β ) . Assim: ⎢⎣ x y z ⎥⎦ ⎢⎣ 3 x 3y 3z ⎥⎦
16 9 7 igual a
cos( α + β) = cos2α = cos2 α − sen2 α = − = .
25 25 25 a) 0 b) 4 c) 8 d) 12 e) 16

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Resolução: (Alternativa D) VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA


Inicialmente, como -2 multiplica a primeira linha e 3 multiplica a Em alguns problemas geométricos, é interessante partir para novas
segunda, podemos retirar esses números do determinante: abordagens. A resolução de problemas de Geometria com o auxílio de
⎡ −2a −2b −2c ⎤ ⎡ a b c ⎤ vetores fornece, em algumas situações, soluções extremamente
det ⎢⎢2 p + x 2q + y 2r + z ⎥⎥ = −6.det ⎢⎢2 p + x 2q + y 2r + z ⎥⎥
elegantes e, em alguns casos, muito rápidas.
⎢⎣ 3 x 3y 3z ⎥⎦ ⎢⎣ x y z ⎥⎦ Vamos agora comentar duas das propriedades mais importantes a
Aqui, utilizaremos a seguinte propriedade: respeito dos vetores, que são o produto escalar e o produto vetorial.
⎛ a d g ⎞ ⎛a d g ⎞ ⎛a d g⎞
⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎜ ⎟ Produto Escalar: Dados dois vetores u = ( x1, y1, z1 ) e v = ( x2 , y 2 , z2 )
A = ⎜ b + x e + y h + z ⎟ ⇒ det A = det ⎜ b e h ⎟ + det ⎜ x y z⎟
⎜ c f i ⎟⎠ ⎜c f i ⎟ ⎜c f i ⎟⎠ em 3
, o produto escalar entre eles é definido por:
⎝ ⎝ ⎠ ⎝
Aplicando a propriedade: u ⋅ v = x1 ⋅ x2 + y1 ⋅ y 2 + z1 ⋅ z2
⎡ a b c ⎤ ⎡a b c⎤ ⎡a b c⎤
Vamos deduzir uma relação muito útil entre o produto escalar e o
det ⎢2 p + x 2q + y 2r + z ⎥ = det ⎢2 p 2q 2r ⎥ + det ⎢⎢ x
⎢ ⎥ ⎢ ⎥ y z ⎥⎥
ângulo entre os dois vetores. Considerando que dois vetores não
⎣⎢ x y z ⎦⎥ ⎣⎢ x y z ⎦⎥ ⎣⎢ x y z ⎥⎦ colineares sempre determinam um plano, podemos fazer essa análise
O último determinante tem duas linhas iguais, enquanto o primeiro a partir de uma abordagem geométrica em 2 , embora ela seja válida
tem a segunda linha multiplicada por 2. Assim: para vetores em 3 :
⎡ a b c ⎤ ⎡a b c ⎤
y
det ⎢⎢2 p + x 2q + y 2r + z ⎥⎥ = 2.det ⎢⎢ p q r ⎥⎥ + 0 = −2 .
⎢⎣ x y z ⎥⎦ ⎢⎣ x y z ⎥⎦
Q (x2, y2)
Substituindo, temos:
⎡ −2a −2b −2c ⎤
v
det ⎢⎢2 p + x 2q + y 2r + z ⎥⎥ = −6.( −2) = 12 . P (x1, y1)
⎢⎣ 3 x 3y 3z ⎥⎦ θ u
O x

DETERMINANTE DE VANDERMONDE
O Determinante de Vandermonde é um conhecido método de calcular
determinantes onde se tem em todas as linhas ou todas as colunas da
Aplicando a lei dos cossenos no triângulo OPQ:
matriz uma Progressão Geométrica. Seu valor é dado por:
QP 2 = OP 2 + OQ 2 − 2 ⋅ OP ⋅ OQ ⋅ cos θ ⇒
1 a1 a12 a1n −1 ( x1 − x2 )2 + ( y1 − y 2 )2 = ( x12 + y12 ) + ( x22 + y 22 ) − 2⋅ | u | ⋅ | v | ⋅ cos θ ⇒
1 a2 a22 a2n −1 x1 ⋅ x2 + y1 ⋅ y 2 = | u | ⋅ | v | ⋅ cos θ ⇒ u ⋅ v = | u | ⋅ | v | ⋅ cos θ
1 a3 a32 a3n −1 = ( a1 − a2 )( a1 − a3 ) ... ( a2 − a3 ) ... ( an −1 − an )
Em particular, se u e v são vetores não nulos perpendiculares entre
1 an an2 ann −1
si, temos que θ = 90° ⇒ cos θ = 0 ⇒ u ⋅ v = 0 .
= ∏ ( ai − a j )
i<j
Produto vetorial: Dados dois vetores u = ( x1, y1, z1 ) e v = ( x2 , y 2 , z2 )
Exemplo: (ITA 2003) 3
Sejam a , b , c e d números reais não-nulos. Exprima o valor do em , o produto vetorial entre eles é dado pelo determinante:
determinante da matriz:
⎡ bcd 1 a a2 ⎤ i j k
y z1 z x1 x y1
⎢ ⎥ u ∧ v = x1 y1 z1 = 1 ⋅i + 1 ⋅j+ 1 ⋅k
⎢ acd 1 b b2 ⎥ y2 z2 z2 x2 x2 y2
⎢abd 1 c c2 ⎥ x2 y2 z2
⎢ ⎥
⎣⎢ abc 1 d d 2 ⎦⎥
Na forma de um produto de números reais. O produto vetorial resulta, para cada par de vetores u e v , num
outro vetor u ∧ v , que é perpendicular ao plano determinado por
Resolução: esses dois vetores. Seu módulo é dado por:
Multiplicando a primeira linha por a , a segunda por b , a terceira por
| u ∧ v | = | u | ⋅ | v | ⋅ sen θ
c e a quarta por d (e então dividindo o determinante por abcd para
não alterar seu valor):
Esse módulo representa, geometricamente, a área do paralelogramo
bcd 1 a a 2 abcd a a 2 a3 1 a a2 a3
determinado pelos vetores u e v :
acd 1 b b 2 1 abcd b b 2 b3 abcd 1 b b 2 b3
2
= ⋅ = ⋅
abd 1 c c abcd abcd c c 2 c 3 abcd 1 c c 2 c 3
abc 1 d d 2 abdc d d 2 d 3 1 d d2 d3
v
h = | v | ⋅ sen θ
E o determinante acima é o Determinante de Vandermonde, então:
θ
bcd 1 a a2 1 a a2 a3
u
acd 1 b b2 1 b b2 b3
= = Observe que, se um dos vetores u ou v for nulo, ou se eles forem
abd 1 c c2 1 c c2 c3 colineares, o produto vetorial será o vetor nulo.
abc 1 d d2 1 d d2 d3
Com base nesses produtos, conseguimos outro exemplo de aplicação
= ( a − b )( a − c )( a − d )( b − c )( b − d )( c − d ) . da teoria de vetores, que é o produto misto, no qual utilizamos
simultaneamente o produto escalar e o produto vetorial.

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Produto Misto: Sejam u = ( x1, y1, z1 ) , v = ( x2 , y 2 , z2 ) e w = ( x3 , y 3 , z3 ) y


três vetores em 3 , tomados nessa ordem. O produto misto desses
vetores é dado por: C 1+ 3
[u,v ,w ] = u ⋅ (v ∧ w )
2 B
A partir dos produtos anteriores, temos:
y z z x2 x y2
[u,v ,w ] = u ⋅ (v ∧ w ) = x1 ⋅ y 2 z2 + y1 ⋅ z2 x3
+ z1 ⋅ 2
x3 y3
.
3 3 3

Segue que:
2 x
x1 y1 z1 1− 3 A
[u,v ,w ] = x2 y2 z2
x3 y3 z3 Observe que é incoerente apresentar os vértices do tetraedro, uma
figura tridimensional, através de apenas duas coordenadas. Vamos
Vamos determinar um significado geométrico para o produto misto assumir uma identificação do plano cartesiano (esboçado acima) com
dos vetores u , v e w . Considere a figura a seguir: o plano z = 0 de um sistema de coordenadas tridimensional, de eixos
x, y e z. Assim, os três vértices apresentados seriam adequadamente
descritos por A = (0,0,0) , B = (2,2,0) e C = (1 − 3,1 + 3,0) .
v ∧w
A aresta do tetraedro é dada por:
= AB = (2 − 0)2 + (2 − 0)2 + (0 − 0)2 = 2 2
A
A'
D
C
h u
θ w
C

O v B A
G
A partir do produto escalar, temos: M
[u,v ,w ] = | u ⋅ (v ∧ w ) | = | u | ⋅ | v ∧ w | ⋅ | cos θ |
B
Pela figura, note que a altura h do paralelepípedo, relativa à base
formada pelos vetores v e w , é h = | u | ⋅ | cos θ | . Como | v ∧ w |
A altura do triângulo equilátero ABC será:
representa a área do paralelogramo de lados OB e OC , segue que o 3 2 2 3
CM = = = 6
módulo do produto misto [u,v ,w ] representa o volume do 2 2
paralelepípedo determinado pelos vetores u , v e w .
Sendo G o baricentro do triângulo ABC, correspondente à projeção do
vértice V no plano da base ABC, temos:
Como consequência imediata, também podemos calcular o volume do
tetraedro OABC. Para tanto, observe que a área do triângulo OBC é 2 2
CG = CM = 6
metade da área do paralelogramo de lados OB e OC . Como essa 3 3
área é dada pelo módulo do produto vetorial | v ∧ w | , temos:
Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo retângulo DGC,
1 determinamos a altura DG relativa à base ABC:
SOBC = ⋅|v ∧w |
2 ⎛2 6⎞
2

( ) 4
2
(DG )2 + (CG )2 = (DC )2 ⇒ (DG )2 + ⎜ = 2 2 ⇒ DG =
⎜ 3 ⎟⎟ 3
Além disso, a altura do tetraedro, relativa a essa base OBC, será a ⎝ ⎠
mesma altura h considerada para o paralelepípedo. Assim:
1 1 ⎛1 ⎞ O volume do tetraedro será dado por:
VOABC = ⋅ SOBC ⋅ h = ⋅ ⎜ ⋅ | v ∧ w | ⎟ ⋅ | u | ⋅ | cos θ | ⇒
3 3 ⎝2 ⎠ 1 1 (2 2)2 3 4 8
VABCD = ⋅ SABC ⋅ DG = ⋅ ⋅ ⇒ VABCD =
1 3 3 4 3 3
VOABC = ⋅ [u,v ,w ]
6
Vamos agora analisar o mesmo problema por um ponto de vista
Exemplo: (ITA 2005) Em relação a um sistema de eixos cartesiano vetorial:
ortogonal no plano, três vértices de um tetraedro regular são dados
2ª Resolução: Seguindo o mesmo desenho da 1ª resolução, seja
por A = (0,0) , B = (2,2) e C = (1 − 3,1 + 3) .
D = ( xD , y D , zD ) o vértice do tetraedro fora do plano determinado pelo
O volume do tetraedro é
triângulo ABC, com altura (cota) zD > 0 (escolhemos por simplicidade
8 3 3 5 3
a) . b) 3 . c) . d) . e) 8 . o ponto de altura positiva, embora exista uma segunda solução com
3 2 2
zD < 0 , totalmente análoga a esta). Como sua projeção sobre o plano
1ª Resolução: (Alternativa A) do triângulo ABC é exatamente o baricentro G, sua abscissa xD e sua
Desenhando a figura no plano cartesiano de acordo com os pontos ordenada y D são dadas por:
dados, temos:

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DICAS PARA A PROVA DO ITA

⎧ x A + xB + xC 0 + 2 + (1 − 3 ) 3 De acordo com o enunciado, a área da superfície lateral é o dobro da


⎪ xD = xG = = = 1− área da base:
⎪ 3 3 3
⎨ w ⋅ SM
⎪ y A + y B + y C 0 + 2 + (1 + 3) 3 × 4 = 2 ⋅ w 2 ⇒ SM = w
⎪⎩ y D = y G = 3
=
3
= 1+
3
2

Sendo h a altura da pirâmide, no triângulo ΔSOM , retângulo em O,


Para determinar sua altura zD , lembrando que o tetraedro é regular: aplicamos o teorema de Pitágoras:
AB = AD ⎛w ⎞
2
w 3
2 2
h2 + ⎜ ⎟ = w 2 ⇒ h =
⎛ 3 ⎞ ⎛ 3 ⎞ ⎝2⎠ 2
(2 − 0)2 + (2 − 0)2 + (0 − 0)2 = ⎜ 1 − − 0 ⎟ + ⎜1 + − 0 ⎟ + ( zD − 0)2
⎜ 3 ⎟ ⎜ 3 ⎟
⎝ ⎠ ⎝ ⎠
⎛ w 3⎞
4 4 3 Assim, temos as coordenadas de S = ( 0,0, h ) = ⎜ 0,0, ⎟ , de modo
zD 2 = ⇒ zD = (lembrando que tomamos zD > 0 ) ⎜ 2 ⎟⎠
3 3 ⎝
que as coordenas de P e Q, pontos médios dos segmentos SC e
Colocando o ponto A = (0,0,0) como origem de três vetores u , v e SD , respectivamente, são dadas por:
w , que representam as três arestas do tetraedro, suas componentes
S +C ⎛ w w w 3 ⎞ S + D ⎛w w w 3 ⎞
serão iguais a: P= = ⎜ − ,− , ⎟⎟ e Q = = ⎜ ,− ,
⎜ 4 4 4 ⎟⎟
.
2 ⎜
⎧ ⎝ 4 4 4 ⎠ 2 ⎝ ⎠

⎪u = AB = B − A = (2,2,0)
⎪ Os vetores DP e AQ , por sua vez, serão dados por:
⎨v = AC = C − A = (1 − 3,1 + 3,0)
⎪ ⎧ ⎛ w w w 3 ⎞ ⎛ w w ⎞ ⎛ 3w w w 3 ⎞
⎪w = AD = D − A = ⎛⎜ 1 − 3 ,1 + 3 , 4 3 ⎞⎟ ⎪DP = P − D = ⎜⎜ − , − , ⎟⎟ − ⎜ , − ,0 ⎟ = ⎜⎜ − , , ⎟⎟
⎪ ⎜ 3 3 3 ⎟⎠ ⎪ ⎝ 4 4 4 ⎠ ⎝2 2 ⎠ ⎝ 4 4 4 ⎠
⎩ ⎝ ⎨
⎪ ⎛ w w w 3 ⎞ ⎛ w w ⎞ ⎛ w 3w w 3 ⎞
Desse modo, segue que o volume do tetraedro é dado por: ⎪ AQ = Q − A = ⎜⎜ 4 , − 4 , 4 ⎟⎟ − ⎜ 2 , 2 ,0 ⎟ = ⎜⎜ − 4 , − 4 , 4 ⎟⎟
⎩ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠ ⎝ ⎠
2 2 0
Finalmente, lembramos que o produto interno u ⋅ v entre dois vetores
1 1
VABCD = ⋅ [ u, v , w ] = ⋅ | 1 − 3 1+ 3 0 | u e v se relaciona com o ângulo θ entre esses vetores por:
6 6
u ⋅v
3 3 4 3 u ⋅ v = | u | ⋅ | v | ⋅ cos θ ⇒ cos θ =
1− 1+ |u |⋅|v |
3 3 3

VABCD =
1 4 3 ⎡

6 3 ⎣
( ⎦) (
⋅ 1 + 3 − 1 − 3 ⎤ ⇒ VABCD =
8
3
) Assim, calculando cada termo separadamente:
2
⎛ 3w ⎞ ⎛ w ⎞ w ⎛ 3w ⎞ w 3 w 3 3w
DP ⋅ AQ = ⎜ − ⎟⋅⎜− ⎟ + ⋅⎜− ⎟+ ⋅ =
O próximo exemplo ilustra como a introdução dos vetores pode ⎝ 4 ⎠ ⎝ 4⎠ 4 ⎝ 4 ⎠ 4 4 16
simplificar a resolução de um exercício que, se resolvido apenas com 2
⎛ 3w ⎞ ⎛ w ⎞ ⎛ w 3 ⎞
2 2
ferramentas de Geometria Espacial pura, poderia se tornar muito w 13
DP = ⎜ − ⎟ ⎜ ⎟ +⎜
+ ⎟ =
trabalhoso. ⎝ 4 ⎠ ⎝ 4 ⎠ ⎜⎝ 4 ⎟⎠ 4
Exemplo: (IME 2010) A área da superfície lateral de uma pirâmide 2
⎛ w ⎞ ⎛ 3w ⎞ ⎛ w 3 ⎞
2 2
w 13
quadrangular regular SABCD é duas vezes maior do que a área de AQ = ⎜ − ⎟ + ⎜ − ⎟ +⎜ ⎟⎟ =
⎝ 4 ⎠ ⎝ 4 ⎠ ⎝ ⎜ 4 4
sua base ABCD. Nas faces SAD e SDC traçam-se as medianas AQ e ⎠
DP. Calcule o ângulo entre estas medianas. Substituindo:
3w 2
Resolução: Estabelecendo um sistema de coordenadas DP ⋅ AQ 16 3 ⎛ 3 ⎞
tridimensionais, como indicado na figura a seguir, e chamando o lado cos θ = = = ⇒ θ = arccos ⎜ ⎟
do quadrado da base da pirâmide de w, temos: DP ⋅ AQ w 13 w 13 13 ⎝ 13 ⎠

z 4 4

S CÔNICAS

ELIPSE
Dados dois pontos F1 e F2 distantes 2c. Uma elipse de focos em F1 e
F2 é o conjunto dos pontos P(x,y) cuja soma das distâncias a F1 e F2 é
constante e igual a 2a, com 2a > 2c.
y
y a 2 = b2 + c 2
B1 ( b,0 )
P Q
c
e= <1
a a a
B A x
A1 ( −a,0 ) F1 ( −c,0 ) O F2 ( c,0 ) A 2 ( a,0 )
O
M x

C D B2 ( −b,0 )

As coordenadas dos vértices da base quadrada são: O: centro B1B2: eixo menor (2b)
F1, F2: focos F1F2: distância focal (2c)
⎛w w ⎞ ⎛ w w ⎞ ⎛ w w ⎞ ⎛w w ⎞ A1, A2, B1, B2: vértices e: excentricidade
A = ⎜ , ,0 ⎟ , B = ⎜ − , ,0 ⎟ , C = ⎜ − , − ,0 ⎟ e D = ⎜ , − ,0 ⎟ .
⎝2 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 2 2 ⎠ ⎝2 2 ⎠ A1A2: eixo maior (2a)
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DICAS PARA A PROVA DO ITA

Equações reduzidas – centro em (x0, y0) Interpretação de uma equação do 2o grau


( x − x0 )
2
( y − y0 )
2 Dada a eq. Geral do 2o grau:
• A1A2 // Ox: 2
+ =1 Ax2 + 2Bxy + Cy2 + 2Dx + 2Ey + F = 0
a b2 é sempre possível eliminar o seu termo retângulo (2Bxy) através
( y − y0 ) ( x − x0 )
2 2
de um rotação de eixos de um ângulo θ tal que
• A1A2 // Ou: 2
+ 2
=1 A=CÆθ=π/4 A ≠ C Æ tg 2θ = 2B/(A – C)
a b
HIPÉRBOLE é possível também identificar a cônica através de sua equação
Dados dois pontos F1 e F2 distantes 2c. Uma hipérbole de focos em F1 pelo determinante:
e F2 é o conjunto dos pontos P(x,y) cujo módulo da diferença das
distâncias a F1 e F2 é constante e igual a 2a, com 2a < 2c.

y (i) Se , então a equação representa uma parábola.


c 2 = a2 + b2
(ii) Se , então a equação representa uma elipse.
B1 ( b,0 ) c
e = >1 (iii) Se , então a equação representa uma hipérbole.
a
Obs: A identificação não indica se a cônica é degenerada ou
A1 ( −a,0 ) O A 2 ( a,0 ) x
não, para isso é necessária a rotação de eixos.
F1 ( −c,0 ) F2 ( c,0 )
Em 2006 tivemos 2 questões de cônicas, uma delas discursiva.
c
B2 ( −b,0 ) Confira!

Exemplo (ITA 2006):


O: centro A1A2: eixo real (2a) Sabendo que 9y2-16x2-144y+224x-352=0 é a equação de uma
F1, F2: focos B1B2: eixo imaginário ou conjugado (2b) hipérbole, calcule sua distância focal.
A1, A2: vértices F1F2: distância focal (2c)
e: excentricidade Completando os quadrados na equação acima, temos:
9( y 2 − 16 y + 64) − 576 − 16.( x 2 − 14 x + 49) + 784 − 352 = 0
Equações reduzidas – centro em (x0, y0)
( y − 8)2 ( x − 7)2
( x − x0 ) ( y − y0 )
2 2
9( y − 8)2 − 16.( x − 7)2 = 144 ⇒ − =1
• A1A2 // Ox: − =1 16 9
a2 b2
Logo, a equação reduzida da hipérbole é:
( y − y0 ) ( x − x0 )
2 2

• A1A2 // Ou: − =1 ( y − 8)2 ( x − 7)2 ⎧a = 4


a2 b2 − = 1⇒ ⎨
⎩b = 3
2 2
4 3
PARÁBOLA A partir das relações notáveis da hipérbole, temos:
Dados um ponto F e uma reta d (F∉d). Uma parábola é o conjunto c 2 = a 2 + b 2 = 16 + 9 = 25 ⇒ c = 5
dos pontos P(x,y) equidistantes de F e d. Assim, a distância focal é 2c = 10.
d y
NÚMEROS COMPLEXOS E GEOMETRIA ANALÍTICA
V ' V = VF = p
2
e⊥d Uma das aplicações mais interessantes dessa mistura de temas que
pode ocorrer em uma questão do vestibular do ITA é usar conceitos
V' V F ( p 2,0 ) x de Geometria Analítica para resolver uma questão de Números
(−p 2,0 ) e Complexos. Sabendo que todo número complexo pode ser
representado por um ponto do plano cartesiano (Plano de Argand-
Gauss), desenvolvemos algumas ideias.

F: foco V: vértice V’F: p – parâmetro e: eixo de simetria


A partir da forma algébrica z = x + y ⋅ i do número complexo, temos:
Equações reduzidas – centro em (x0, y0) (I) a identificação de cada número complexo z = x + y ⋅ i com o ponto
• e // Ox: ( y − y 0 ) = 4 p ( x − x0 )
2
P = ( x, y ) do plano cartesiano, dito afixo de z;

e // Ou: ( x − x0 ) = 4 p ( y − y 0 )
2

(II) Sendo O a origem do plano cartesiano, definimos OP = x 2 + y 2
RECONHECIMENTO DE UMA CÔNICA como o módulo | z | do número complexo z = x + y ⋅ i ;
Dada uma equação do 2o grau redutível à forma
( x-x0 )
2
( y-y0 )
2 (III) Se z = x + y ⋅ i , z ∈ e z0 = a + b ⋅ i é um número complexo
+ =1
k1 k2 qualquer, temos: z − z0 = ( x + i ⋅ y ) − (a + b ⋅ i ) = ( x − a )2 + ( y − b )2 ,
k1 = k 2 Circunferência que é a distância entre dois pontos da Geometria Analítica;

k1>0, k2>0 e k1>k2 Elipse de eixo maior horizontal (IV) De (III), temos que:

k1>0, k2>0 e k1<k2 Elipse de eixo maior vertical • z − z0 = R é uma circunferência de centro z0 e raio R;
k1>0 e k2<0 Hipérbole de eixo real horizontal • z − z1 + z − z2 = 2k é uma elipse de focos z1 e z2 , e eixo
k1<0 e k2>0 Hipérbole de eixo real vertical maior de comprimento 2k , para k > 0 ;
• z − z1 − z − z2 = 2k é uma hipérbole de focos z1 e z2 , e
Rotação de eixos eixo transverso de comprimento 2k , para k > 0 .
As coordenadas de um ponto P(x,y) após a rotação de eixos de
(V) Com relação ao argumento de z, temos que arg( z ) = θ é uma
um ângulo θ são dadas por (x’,y’) tais que
x = x’.cosθ - y’.senθ y = x’.senθ + y’.cosθ semirreta iniciada na origem, e arg( z − z0 ) = θ é uma semirreta com
início em z0 .

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(VI) No Plano de Argand-Gauss, cada complexo pode ser associado a Substituindo x na primeira fórmula, temos:
(ou representar) um vetor, ou seja, z = x + iy ≡ ( x, y ) . Ao se multiplicar i 2θ2 i 3 θ3 i 4 θ4 i 5θ5 i 6θ6
ei θ = 1 + i θ + + + + + ...
um vetor nos complexos por um complexo de módulo unitário e 2! 3! 4! 5! 6!
argumento α , estamos rotacionando nosso vetor em α radianos no
θ2 θ3 θ4 θ5 θ 6
sentido anti-horário, pois ei θ = 1 + i θ − −i + +i − ...
2! 3! 4! 5! 6!
ρ ( cos θ + i sen θ ) ⋅ ( cos α + i sen α ) = ρ ( cos ( θ + α ) + i sen ( θ + α ) ) .
Observe que cada termo de potência ímpar está multiplicado por i, de
modo que podemos colocar a unidade imaginária em evidência:
Exemplo: (ITA 2000) Seja z0 o número complexo 1 + i . Sendo S o ⎛ θ2 θ 4 θ6 ⎞ ⎛ θ3 θ5 ⎞
ei θ = ⎜1 − + − + ... ⎟ + i ⎜ θ − + ... ⎟
conjunto solução no plano complexo de | z − z0 | = | z + z0 | = 2 , então o ⎝ 2! 4! 6! ⎠ ⎝ 3! 5! ⎠
produto dos elementos de S é igual a cos θ sen θ

a) 4(1 − i ) b) 2(1 + i ) c) 2(i − 1) d) −2i e) 2i Assim, temos então que e = cos θ + i .senθ , a conhecida iθ

identidade de Euler.
Resolução: (Alternativa E) A partir daí, conseguimos determinar a forma exponencial de um
Identificando no plano complexo o afixo de z0 = 1 + i como o ponto número complexo:
(1,1) , e o afixo de − z0 = −1 − i como ( −1, −1) , temos as circunferências z = ρ.(cos θ + i .sen θ) ⇒ z = ρ.e i θ (ρ = módulo )
A forma exponencial de um número complexo consegue simplificar a
λ1 : | z − z0 | = 2 , de centro (1,1) e raio 2, e λ 2 : | z − ( − z0 ) | = 2 , de
maior parte das fórmulas que envolvem números complexos, além de
centro ( −1, −1) e raio 2. A representação no plano cartesiano seria: suas respectivas demonstrações. Como exemplo, considere a
primeira fórmula de De Moivre:
y
z = ρ.[cos(θ) + i .sen(θ)] ⇒ z n = ρn .[cos(nθ) + i .sen(nθ)]
λ1 Esta fórmula possui, normalmente, duas demonstrações. A primeira
utiliza o Princípio De Indução Finita, e é um pouco demorada
(sugerimos, como exercício, que cada candidato tente demonstrar tal
fórmula). A segunda demonstração é baseada na forma exponencial,
e é praticamente imediata:
z = ρ.(cos θ + i .sen θ) = ρ.e i θ ⇒ z n = (ρ.e i θ )n = ρn .e inθ
Q (1,1)
⇒ z n = ρn .[cos( nθ) + i .sen( nθ)]
Dois lemas úteis também podem ser retirados facilmente da
identidade de Euler:
O x
⎧ iθ θ iθ2
( −1, −1) ⎪⎪1 − e = −2i ⋅ sen 2 ⋅ e
P ⎨
⎪1 + e i θ = 2 ⋅ cos θ ⋅ e i θ 2
⎪⎩ 2
A demonstração da primeira é:
iθ ⎛ e 2 − e 2 ⎞

( )
iθ −i θ
iθ −i θ iθ θ iθ
λ2 1 − e i θ = e 2 e 2 − e 2 = −2i ⋅ e 2 ⎜ ⎟ = −2i ⋅ sen ⋅ e 2
⎜ 2i ⎟ 2
⎝ ⎠
Pelo desenho, claramente os pontos em comum às duas iθ ⎛ θ −i θ θ⎞ ⎛ θ θ⎞ θ
Pois e 2
−e
= ⎜ cos + i sen ⎟ − ⎜ cos − i sen ⎟ = 2i ⋅ sen .
2
circunferências são P = (1, −1) e Q = ( −1,1) , de modo que o conjunto S ⎝ 2 2⎠ ⎝ 2 2⎠ 2
é dado por S = {1 − i , −1 + i } . Assim, o produto de seus elementos é: A demonstração do segundo lema é análoga e fica como exercício.

(1 − i ) ⋅ ( −1 + i ) = 2i .
Observe a questão a seguir, retirada do vestibular ITA-97. Essa
questão é uma boa aplicação da forma exponencial, ao invés da
A IDENTIDADE DE EULER utilização direta da fórmula de De Moivre.
Você sabe qual é a origem da identidade de Euler? A resposta está
em Taylor! Exemplo: (ITA 1997) Considere os números complexos z = 2 +i 2
2
Em Matemática, uma série de Taylor é uma série de potências 6
w + 3z + 4i 4

utilizada para aproximar funções. Elas recebem esse nome em e w = 1 + i 3 . Se m = , então m vale:
z 2 + w 3 + 6 - 2i
homenagem ao matemático inglês Brook Taylor. Várias funções
podem ser aproximadas por esse método, que, por envolver derivadas a) 34 b) 26 c) 16 d) 4 e) 1
de funções, só é ensinado nas disciplinas de Cálculo.
Entre as funções que estudamos, existem três que merecem Resolução: (Alternativa A)
destaque: Utilizando a forma exponencial, temos:
iπ iπ
x2 x3 z = 2e 4
e w = 2e 3
ex = 1+ x + + + ...
2! 3!
x2 x4 x6 Dessa forma, temos então que o numerador é dado por:
cos x = 1 − + − + ... w 6 + 3.z 4 + 4i = 64.e 2 πi + 3.16.e πi + 4i = 16 + 4i
2! 4! 6!
x3 x5 x7
sen x = x − + − + ... Fazendo o mesmo para o denominador:
3! 5! 7!

A partir destas fórmulas, podemos calcular o valor das funções seno, z 2 + w 3 + 6 − 2i = 4.e 2
+ 8.e i π + 6 − 2i = −2 + 2i
cosseno e exponencial em pontos não só reais, como também
complexos! De fato, como o lado direito de cada expansão depende 16 + 4i
2
272
apenas do valor “x”, nada impede que utilizemos valores complexos. Dessa forma temos m = 2
= = 34 .
−2 + 2i 8
Ora, isso motivou vários matemáticos a fazerem a seguinte
substituição:
x = i .θ , onde i é a unidade imaginária

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TEOREMAS DE PAPPUS-GULDIN Essa expressão pode ser escrita na notação somatório:


n
⎛n⎞
Dois teoremas importantes ao se trabalhar com superficies (ou (ax + by )n = ∑ ⎜ ⎟ ⋅ (ax )n − k ⋅ (by )k .
k =0 ⎝ k ⎠
sólidos) de revolução, são os teoremas de Pappus–Guldin. Tais
teoremas permitem calcular o volume ou a área gerada pela rotação
de uma curva em torno de um eixo fixo. A partir disso, podemos destacar o termo geral do binômio:
⎛n⎞
(I) ÁREAS: PAPPUS-GULDIN Tk +1 = ⎜ ⎟ ⋅ (ax )n − k ⋅ (by )k
⎝k ⎠
Seja L o comprimento da linha, EE’ o eixo de rotação e d a distância
do centro de massa da linha ao eixo de rotação EE’. Sendo S a área
gerada pela rotação da linha em torno do eixo, temos:
S = 2π ⋅ L ⋅ d
E fazendo x = y = 1 , temos a soma dos coeficientes do binômio:
E n
⎛n⎞
Soma = ∑ ⎜ ⎟ ⋅ a n − k ⋅ bk = (a ⋅ 1 + b ⋅ 1)n = (a + b)n
k =0 ⎝ k ⎠

Exemplo: (ITA 2004) O termo independente de x no desenvolvimento


12
⎛ 33 x 5x ⎞
CM do binômio ⎜ −3 ⎟ é:
⎜ 5x 3 x ⎟
d ⎝ ⎠
3 5
a) 729 3 45 b) 972 3 15 c) 8913 d) 376 3 e) 165 3 75
5 3

Resolução: (Alternativa E)
E' Do binômio de Newton, temos:
12
⎛ 33 x ⎞
12
⎛ 1

1

3 2 −1 3 3 1
⎟ = ⎜ ⎜⎛ ⎟⎞ x 3 − ⎜⎛ ⎟⎞ x 6 ⎟ =
5x
⎜ −3
(II) VOLUMES: PAPPUS-GULDIN ⎜ 5x
⎝ 3 x ⎟
⎠ ⎜⎜ ⎝ 5 ⎠ ⎝5⎠ ⎟⎟
Seja S a área da figura e d a distância do centro de massa ao eixo de ⎝ ⎠
rotação EE’. O volume V do sólido obtido pela rotação da figura em 12 − k k
⎡ 1
⎤ ⎡ −
1
1⎤
36 − 5 k
3 k − 24
torno do eixo EE’ é dado por: 12
⎛ 12 ⎞ ⎛ 3 ⎞ 2 − 1 ⎛3⎞ 3 12
⎛ 12 ⎞ ⎛3⎞ 6
= ∑ ⎜ ⎟ ⋅ ⎢⎜ ⎟ x 3 ⎥ ⋅ ⎢ − ⎜ ⎟ x 6 ⎥ = ∑ ⎜ ⎟ ⋅ ( −1)k ⎜ ⎟ ⋅x 6
V = 2π ⋅ S ⋅ d k =0 ⎝ k ⎠
⎢⎝ 5 ⎠ ⎥ ⎢ ⎝5⎠ ⎥ k =0 ⎝ k ⎠ ⎝5⎠
⎣ ⎦ ⎣ ⎦
E
36 − 5 k
3 k − 24
⎛ 12 ⎞ ⎛3⎞ 6
E o termo geral de tal binômio é: Tk +1 = ⎜ ⎟ ⋅ ( −1)k ⋅ ⎜ ⎟ ⋅x 6 .
⎝k ⎠ ⎝5⎠
S d Assim, para que tenhamos o termo independente de x, o expoente de

3k − 24
x deve ser zero. Logo, = 0 ⇔ k = 8 . Portanto, o termo
6
independente de x é obtido se k = 8 , e tal termo é:
4

⎛ 12 ⎞ ⎛3⎞ 6 25
E’ T9 = ⎜ ⎟ ( −1)8 ⎜ ⎟ x 0 = 495 3 ⇔ T9 = 165 3 75 .
⎝8⎠ ⎝5⎠ 9

Exemplo: (IME 2010) Sejam ABC um triângulo equilátero de lado Se podemos desenvolver o binômio de Newton, também podemos
2 cm e r uma reta situada no seu plano distante 3 cm do seu desenvolver o polinômio de Newton, que é conhecido como polinômio
baricentro. Calcule a área da superfície gerada pela rotação desse de Leibniz.
triângulo em torno da reta r.
a) 8π cm2 b) 9π cm2 c) 12π cm2 Tal polinômio é obtido do desenvolvimento de ( x1 + x2 + + x p )n .
d) 16π cm2 e) 36π cm2 Pensando analogamente ao binômio de Newton, podemos
desenvolver o polinômio de Leibniz como uma generalização do
Resolução: (Alternativa E) binômio. Assim:
Como a distância x do centro de massa do triângulo à reta r é 3 cm,
temos, pelo teorema de Pappus-Guldin, que a área da superfície n!
+ x p )n = ∑
α
gerada é dada por A = 2π ⋅ x ⋅ p , onde p é o perímetro do triângulo ( x1 + x2 + x1α1 x2α2 xp p ,
α1 ! α 2 ! α p !
equilátero. Logo:
onde α1 + α 2 + + αp = n .
A = 2π ⋅ x ⋅ p = 2π ⋅ 3 ⋅ 6 ⇔ A = 36π cm2

BINÔMIO DE NEWTON Exemplo: (ITA 2006) Determine o coeficiente de x4 no


desenvolvimento de (1 + x + x 2 )9 .
Chamamos de Binômio de Newton a expressão da forma (ax + by )n ,
onde a, b, x e y são números reais (ou complexos) e n é um número Resolução:
natural. Tal expressão é desenvolvida pela fórmula: A partir do desenvolvimento do polinômio de Leibniz, temos:
⎛n⎞ ⎛n⎞ ⎛n⎞ 9! i j 2 k 9!
(ax + by )n = ⎜ ⎟ ⋅ (ax )n ⋅ (by )0 + ⎜ ⎟ ⋅ (ax )n −1 ⋅ (by )1 + ⎜ ⎟ ⋅ (ax )n − 2 ⋅ (by )2 + (1 + x + x 2 )9 = ∑ 1x x =∑ x j + 2 k , onde i + j + k = 9 .
0
⎝ ⎠ 1
⎝ ⎠ ⎝ 2⎠ i ! j !k ! i ! j !k !
⎛ n ⎞ n −1 ⎛n⎞
+ +⎜ ⎟ ⋅ (ax ) ⋅ (by ) + ⎜ ⎟ ⋅ (ax ) ⋅ (by )
1 0 n

⎝ n − 1⎠ n
⎝ ⎠

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⎧i + j + k = 9 se B está em S, B é subconjunto de An, e, portanto, deve possuir n – 1


Assim, devemos resolver o seguinte sistema: ⎨ , com i, j, k elementos (se B tem n elementos então B = An). Afirmamos que B é o
⎩ j + 2k = 4 único subconjunto com n – 1 elementos. De fato, se existir um
inteiros não-negativos. Com isso, podemos montar uma tabela: conjunto C com n -1 elementos com C ≠ B então teríamos que B ⊄ C
e C ⊄ B , o que contraria nossa hipótese. Logo, B é único. Seja então
i j k
B = An-1.
7 0 2
Prosseguindo com o raciocínio, montamos a seguinte cadeia de
6 2 1
inclusões:
5 4 0
{ } = A0 ⊂ A1 ⊂ ... ⊂ An −1 ⊂ An
Essa sequência é a maior possível, e respeita as condições impostas
Logo, o coeficiente de x 4 em (1 + x + x 2 )9 é:
por S. Logo, o número máximo de elementos que S pode ter é n + 1.
9! 9! 9! Como comentário, essa foi uma questão que exigiu uma boa dose de
+ + = 36 + 252 + 126 = 414
7!0!2! 6!2!1! 5!4!0! raciocínio por parte dos candidatos, e ilustra bem um vestibular que
não quer apenas fórmulas decoradas.

TEORIA DOS CONJUNTOS EQUAÇÕES POLINOMIAIS RECÍPROCAS

No vestibular de 2006, o tópico de Teoria dos Conjuntos rendeu um Equações algébricas que são importantes no vestibular do ITA, sendo
total de três questões, ou seja, 10% da prova. Pode parecer pouco, um assunto recorrente nesse vestibular, são as equações polinomiais
mas na verdade esse foi um dos tópicos mais cobrados, justamente recíprocas. Vamos desenvolver dois pontos: como reconhecer tais
por ser um tema que exige boa capacidade de abstração por parte equações e como trabalhar com elas.
dos candidatos.
(I). Reconhecimento
Conjunto: é uma coleção de elementos. Uma equação da forma an ⋅ x n + an −1 ⋅ x n −1 + + a1 ⋅ x + a0 = 0 é dita
a) vazio: não possui elementos
recíproca se e somente se ak = ±an − k , com 0 ≤ k ≤ n . Isto fornece um
b) unitário: possui um único elemento
c) universo: conjunto que possui todos os elementos conjunto de equações “simétricas”, por exemplo:
Relação de pertinência: se x é um elemento do conjunto A ⇒ x ∈ A . a) 2 x 2 + 3 x + 2 = 0 ;
Caso contrário, x ∉ A . b) 4 x 3 − 3 x 2 + 3 x − 4 = 0 ;
c) a ⋅ x 6 − b ⋅ x 5 + c ⋅ x 4 − c ⋅ x 2 + b ⋅ x − a = 0 , com a ≠ 0 ;
Subconjunto: se todos os elementos de um conjunto A pertencem a
d) a ⋅ x 5 + b ⋅ x 4 + c ⋅ x 3 + c ⋅ x 2 + b ⋅ x + a = 0 , com a ≠ 0 .
um conjunto B então A é subconjunto de B, ou seja, A ⊂ B .

Operações com conjuntos: (II). Classificação e Resolução


a) união: A ∪ B = { x / x ∈ A ou x ∈ B } Se ak = an − k , como em (a) e (d), a equação é classificada como

b) intersecção: A ∩ B = { x / x ∈ A e x ∈ B } equação recíproca de primeira espécie;


Se ak = −an − k , como em (b) e (c), a equação é classificada como
c) diferença: A − B = { x / x ∈ A e x ∉ B } .
equação recíproca de segunda espécie.
Complementar: se A ⊂ B então o complementar de A com relação à Exemplo: (ITA 2008 adaptada) É dada a equação polinomial
B é o conjunto CAB = B − A . (a + c + 2) ⋅ x 3 + (b + 3c + 1) ⋅ x 2 + (c − a ) ⋅ x + (a + b + 4) = 0 , com a, b, c
reais e a + c ≠ −2 . Sabendo-se que essa equação é recíproca de
União de dois conjuntos: n( A ∪ B ) = n( A) + n(B ) − n( A ∩ B )
primeira espécie e que 1 é uma raiz, então o produto a ⋅ b ⋅ c é igual a:
a) –2 b) 4 c) 6 d) 9 e) 12
Conjunto das partes: dado um conjunto A, o conjunto das partes de
A, P(A), é o conjunto de todos os possíveis subconjuntos de A. Se A Resolução: (Alternativa E)
possui n elementos, então o conjunto P(A) possui 2n elementos. Do fato de ser recíproca de primeira espécie, temos:
Partições de um conjunto: seja A um conjunto não-vazio e finito. ⎧a + c + 2 = a + b + 4 ⎧b = c − 2
⎨ ⇔⎨ .
Dizemos que P = { A1, A2 ,..., An } é uma partição de A se cada conjunto ⎩b + 3c + 1 = c − a ⎩a = 1 − 3c
em P é não-vazio, se a união de todos os elementos em P é igual ao
conjunto A e se a intersecção desses conjuntos, tomados dois a dois, Usando o fato de que x = 1 é raiz, temos:
sempre é vazia. (a + c + 2) ⋅ 13 + (b + 3c + 1) ⋅ 12 + (c − a ) ⋅ 1 + (a + b + 4) = 0 ⇔
a + 2b + 5c = −7
Exemplo: A = {1, 2, 3, 4, 5}
Fazendo A1 = {1, 2, 3} e A2 = {4, 5}, temos que A1 ∩ A2 = { } e
Resolvendo o sistema de três equações a três incógnitas:
A1 ∪ A2 = A ⇒ { A1, A2 } é uma partição de A. ⎧b = c − 2 ⎧a = 4
⎪ ⎪
⎨ a = 1 − 3c ⇔ ⎨b = −3
Agora, uma questão muito interessante do vestibular de 2006: ⎪ ⎪
⎩a + 2b + 5c = −7 ⎩c = −1
Exemplo: (ITA 2006) Seja U um conjunto não vazio com n elementos,
n ≥ 1. Seja S um subconjunto de P(U) com a seguinte propriedade: Assim, o produto pedido vale:
Se A, B ∈ S então A ⊂ B ou B ⊂ A . a ⋅ b ⋅ c = 4 ⋅ ( −3) ⋅ ( −1) ⇔ a ⋅ b ⋅ c = 12
Então, o número máximo de elementos que S pode ter é:
a) 2n-1 A partir da classificação, podemos deduzir que:
b) n/2, se n for par, e (n + 1)/2 se n for ímpar; a) x = 1 é raiz de uma equação recíproca de segunda espécie;
c) n+1 b) x = −1 é raiz de uma equação recíproca de primeira espécie e grau
d) 2n - 1 ímpar.
e) 2n-1 + 1
Resolução: (Alternativa C) Resolvendo uma equação recíproca de segunda espécie com x = 1 ,
Se A e B são conjuntos em S, temos que eles possuem, no máximo, n caímos em uma equação recíproca de primeira espécie de grau par
elementos. Considere An um conjunto em S com n elementos. Assim, ou grau ímpar. Se o grau for impar, x = −1 é raiz; se o grau for par, a
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p
Se a = 2 , ficamos com a equação 0 ⋅ x = 0 , que é satisfeita para todo
técnica de resolução é dividir a equação por x 2 , onde p é o grau do
x ∈ . Nesse caso, temos conjunto verdade V = .
polinômio resultante, e usar as identidades a seguir:
1 1 1
x + = α , x 2 + 2 = α 2 − 2 , x 3 + 3 = α3 − 3α ,... Se a = −2 , ficamos com a equação 0 ⋅ x = −4 , que não é satisfeita
x x x
para nenhum valor real de x. Assim, temos conjunto verdade V = ∅ .
Exemplo: (ITA 1997) Seja S o conjunto de todas as raízes da
a−2 1
equação 2 x 6 − 4 x 5 + 4 x − 2 = 0 . Sobre os elementos de S podemos Se a ≠ 2 e a ≠ −2 , temos x = = e, nesse caso, o
afirmar que: (a + 2) ⋅ (a − 2) a + 2
a) todos são números reais. ⎧ 1 ⎫
b) 4 são números reais positivos. conjunto verdade V = ⎨ ⎬ é unitário.
⎩a + 2 ⎭
c) 4 não são números reais.
d) 3 são números reais positivos e 2 não são reais.
Via de regra, nesse tipo de exercício, o aluno deve ficar muito atento
e) 3 são números reais negativos.
para as condições de existência sobre a variável x, principalmente
com relação a valores do parâmetro que zeram algum denominador,
Resolução: (Alternativa D)
raízes de índice par (que só existem em para radicandos não-
A equação é recíproca de segunda espécie, de modo que x = 1 é negativos), etc.
raiz. Dividindo p( x ) = 2 x 6 − 4 x 5 + 4 x − 2 por x − 1 , temos:
p( x ) = 2 x 6 − 4 x 5 + 4 x − 2 = 2 ⋅ ( x − 1) ⋅ ( x 5 − x 4 − x 3 − x 2 − x + 1) Um cuidado extra é necessário ainda para resolver inequações
envolvendo parâmetro, pois nesse caso, deve-se atentar para as
condições em que o sinal da inequação se mantém ou se inverte.
A equação x 5 − x 4 − x 3 − x 2 − x + 1 = 0 , por sua vez, é recíproca de Considere, por exemplo, a inequação, na variável x:
primeira espécie e grau ímpar, de modo que x = −1 é raiz, e podemos (a 2 − 4) ⋅ x ≥ a − 2
dividir por x + 1 :
p( x ) = 2 ⋅ ( x − 1) ⋅ ( x + 1) ⋅ ( x 4 − 2 x 3 + x 2 − 2 x + 1) Começamos, novamente, fatorando a expressão no primeiro membro:
(a + 2) ⋅ (a − 2) ⋅ x ≥ a − 2
A equação x 4 − 2 x 3 + x 2 − 2 x + 1 = 0 é recíproca de primeira espécie e
grau par. Como x = 0 não é raiz, dividindo os dois membros por x 2 , Se a = 2 , ficamos com a inequação 0 ⋅ x ≥ 0 , que é satisfeita para
vem que: todo x ∈ . Nesse caso, temos conjunto verdade V = .
2 1
x 4 − 2x 3 + x 2 − 2x + 1 = 0 ⇔ x 2 − 2x + 1 − + 2 = 0 Se a = −2 , ficamos com a inequação 0 ⋅ x ≥ −4 , que também é
x x
satisfeita para todo x ∈ . Assim, aqui também temos conjunto
1 1 verdade V = .
Fazendo a troca de variáveis x + = α , temos x 2 + 2 = α 2 − 2 , de
x x
modo que caímos na equação em α : Se a ≠ 2 e a ≠ −2 , devemos agora analisar o sinal do coeficiente
1 a 2 − 4 . Considerando a função f (a ) = a 2 − 4 , temos graficamente:
α 2 − 2α − 1 = 0 ⇔ α = 1 ± 2 ⇔ x + = 1 ± 2
x

Temos:

x+
1
= 1 + 2 ⇔ x 2 − (1 + 2) ⋅ x + 1 = 0 ⇔ x =
1+ 2 ± 2 2 − 1
+ +
x 2 –2 2 a

E ainda: –
1
x + = 1 − 2 ⇔ x 2 + ( 2 − 1) ⋅ x + 1 = 0
x
Δ = ( 2 − 1)2 − 4 ⋅ 1⋅ 1 = −2 2 − 1 < 0
Assim, se a < −2 ou a > 2 , tem-se a 2 − 4 > 0 , de modo que:
1 ⎡ 1 ⎡
(a + 2) ⋅ (a − 2) ⋅ x ≥ a − 2 ⇒ x ≥ ⇒V = ⎢ , + ∞⎢
Portanto, das seis raízes (complexas) da equação a+2 ⎣a + 2 ⎣
2 x 6 − 4 x 5 + 4 x − 2 = 0 , temos quatro raízes reais, das quais três
Por outro lado, se −2 < a < 2 , tem-se a 2 − 4 < 0 e, portanto:
1+ 2 ± 2 2 − 1
positivas (1 e ) e uma negativa (–1), além de duas 1 ⎤ 1 ⎤
2 (a + 2) ⋅ (a − 2) ⋅ x ≥ a − 2 ⇒ x ≤ ⇒ V = ⎥ −∞ ,
complexas não-reais. a+2 ⎦ a + 2 ⎦⎥

EQUAÇÕES COM PARÂMETROS O exemplo a seguir foi, originalmente, uma das questões, proposta
pela então Tchecoslováquia, presentes na prova da quinta Olimpíada
Discutir uma equação, ou uma inequação, em função de um ou mais Internacional de Matemática (IMO), realizada em 1963.
parâmetros, consiste em determinar, para cada valor assumido pelos
parâmetros, o conjunto verdade das mesmas. Considere, por Exemplo: (ITA 2007) Considere a equação:
exemplo, a equação a seguir, na variável x:
(a 2 − 4) ⋅ x = a − 2 x2 − p + 2 x2 − 1 = x .

Vamos analisar o conjunto verdade, em , dessa equação, em a) Para que valores do parâmetro real p a equação admite raízes
função do parâmetro real a. Observe que podemos fatorar o reais?
coeficiente de x no primeiro membro da equação: b) Determine todas essas raízes reais.
(a + 2) ⋅ (a − 2) ⋅ x = a − 2
Resolução:
Muito cuidado para não cancelar diretamente o fator (a − 2) , pois ele Da condição de existência em sobre as raízes de índice par,
pode ser zero. temos:

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⎪⎧ x − p ≥ 0
2
⎪⎧ x ≥ p
2
(I) Se p < 2 , o denominador é positivo, de modo que podemos
⎨ 2 ⇔⎨ 2
⎪⎩ x − 1 ≥ 0 ⎪⎩ x ≥ 1 (II) multiplicar os dois membros da inequação por 8 ⋅ (2 − p ) , mantendo o
sinal da inequação:
Além disso, desde que essas condições sejam satisfeitas, tem-se por p 2 − 8 p + 16 ≥ 16 p − 8 p 2 ⇔ 9 p 2 − 24 p + 16 ≥ 0 ⇔ (3 p − 4)2 ≥ 0
consequência:
⎧⎪ x 2 − p ≥ 0 Sendo o primeiro membro da última inequação um quadrado perfeito,
⎨ ⇒ x = x 2 − p + 2 x 2 − 1 ⇒ x ≥ 0 (III) a desigualdade sempre será satisfeita (para p < 2 ).
⎩⎪ x − 1 ≥ 0
2
≥0 ≥0
( p − 4)2
Levando em consideração as restrições (I), (II) e (III), elevamos Para a condição (II), temos: x 2 ≥ 1 ⇔ ≥1
8 ⋅ (2 − p)
ambos os membros da equação irracional ao quadrado, observando,
Novamente levando em consideração que o denominador é positivo
porém, que podemos introduzir novas raízes na equação obtida a
partir desse ponto, que não satisfazem a equação original. Daí a para p < 2 , como no caso anterior, segue que:
necessidade de verificar as três condições obtidas até então. ( p − 4)2 ≥ 8 ⋅ (2 − p ) ⇔ p 2 − 8 p + 16 ≥ 16 − 8 p ⇒ p 2 ≥ 0

( )
2
x 2 − p + 2 x 2 − 1 = ( x ) ⇔ 4 x 2 − p x 2 − 1 = ( p + 4) − 4 x 2
2

Essa desigualdade também é sempre satisfeita.

⎧⎪ x 2 − p ≥ 0 Finalmente, para a condição (IV), fazemos:


Sendo ⎨ ⇒ 4 x2 − p x2 − 1 ≥ 0 , temos mais uma ( p − 4)2
⎪⎩ x 2 − 1 ≥ 0 ( p + 4) − 4 x 2 ≥ 0 ⇔ 4 x 2 ≤ p + 4 ⇔ 4 ⋅ ≤ p+4
8 ⋅ (2 − p )
condição:
( p + 4) − 4 x 2 ≥ 0 (IV) Mais uma vez, para p < 2 , isso equivale a:
4
Nesse caso, elevamos novamente os dois membros da equação ( p − 4)2 ≤ 2 ⋅ (2 − p ) ⋅ ( p + 4) ⇔ 3 p 2 − 4 p ≤ 0 ⇔ 0 ≤ p ≤
irracional ao quadrado: 3

(4 ) = ( ( p + 4) − 4 x 2 ) ⇔ (16 − 8 p ) ⋅ x 2 = p2 − 8 p + 16
2 2
x2 − p x2 − 1 Assim, a condição sobre o parâmetro real p para que se tenha
4−p
⇔ 8 ⋅ (2 − p ) ⋅ x 2 = ( p − 4)2 x= como raiz da equação apresentada é:
2 2 ⋅ (2 − p )
Se p = 2 , temos a equação incompatível: 0 ⋅ x 2 = 4 . ⎧p < 2
⎪ 4
⎨ 4 ⇒0≤p≤
⎪0 ≤ p ≤ 3 3
Se p = 4 , temos: x = 0 , o que não satisfaz a condição (II). ⎩

⎧⎪2 − p < 0 ( p − 4)2 Resumimos toda essa análise respondendo formalmente aos dois
Se p > 2 e p ≠ 4 , temos: ⎨ ⇒ x2 = < 0 , também itens do exercício:
⎪⎩( p − 4) > 0
2
8 ⋅ (2 − p )
4
impossível em . a) A equação admite raízes reais apenas para 0 ≤ p ≤ .
3

⎧⎪2 − p > 0 ( p − 4)2 4 4−p


Para p < 2 , temos ⎨ ⇒ x2 = > 0 , de modo que as b) A única raiz real, para 0 ≤ p ≤ ,é x= .
⎪⎩( p − 4) > 0
2
8 ⋅ (2 − p ) 3 2 2 ⋅ (2 − p )
possíveis raízes são:
| p−4| SUBSTITUIÇÃO TRIGONOMÉTRICA
x=±
2 2 ⋅ (2 − p )
A substituição trigonométrica é um método muito utilizado para
resolver integrais em Cálculo. Também podemos lançar mão desse
| p−4| procedimento em algumas equações, cuja resolução por métodos
Entretanto, descartamos a possibilidade x = − < 0 , pois
2 2 ⋅ (2 − p ) puramente algébricos seria muito trabalhosa, ou praticamente
claramente ela não satisfaz a condição (III), que exige x ≥ 0 . impossível. Considere o seguinte exemplo, retirado da 24ª OBM
(Olimpíada Brasileira de Matemática), nível universitário.
|p−4| Exemplo: (OBM) Determine todas as soluções reais da equação:
Assim, nos resta analisar a possibilidade x = , para
2 2 ⋅ (2 − p )
x = 2+ 2− 2+ x .
p < 2 . Devemos descobrir para quais valores do parâmetro p < 2 ela
verifica simultaneamente as condições (I), (II), (III) e (IV).
Resolução:
Observe que o procedimento de ir elevando ao quadrado os dois
Inicialmente, observe que, se p < 2 , então p − 4 < 0 , de modo que membros da equação nos conduziria a uma equação polinomial de 8º
4−p grau, além de introduzir diversas condições de existência para cada
| p − 4 | = 4 − p . Assim, podemos reescrever x = . vez que elevássemos os dois membros ao quadrado. Entretanto, ao
2 2 ⋅ (2 − p )
invés disso, podemos observar de início que, das condições de
existência sobre as raízes de índice par:
A condição (III) é claramente satisfeita para p < 2 , já que, nesse caso,
⎧⎪2 + x ≥ 0 ⎧ x ≥ −2 x
4−p ⎨ ⇔⎨ ⇔ −2 ≤ x ≤ 2 ⇔ −1 ≤ ≤ 1
tem-se x = >0. ⎪⎩2 − 2 + x ≥ 0 ⎩x ≤ 2 2
2 2 ⋅ (2 − p)

x
( p − 4)2 Nesse caso, associamos, para cada x ∈ , com −1 ≤ ≤ 1 , um único
Para a condição (I), temos: x 2 ≥ p ⇔ ≥p. 2
8 ⋅ (2 − p )
x
θ ∈ [0, π] tal que = cos θ ⇔ x = 2cos θ . Além disso, garantida a
2

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Como tomamos θ ∈ [0 , π] , temos, nesse intervalo, necessariamente


existência das raízes, tem-se x = 2 + 2 − 2 + x ≥ 0 , de modo que
⎡ π⎤ sen θ ≥ 0 , de modo que sen θ = sen θ , e a equação se reduz a:
cos θ ≥ 0 . Assim, podemos restringir θ ∈ ⎢0, ⎥ . Fazendo então a
⎣ 2⎦ sen θ ≥ a − cos θ ⇔ sen θ + cos θ ≥ a
substituição:
Multiplicando e dividindo o primeiro membro por 2 , temos:
2cos θ = 2 + 2 − 2 + 2cos θ ⇔ 2cos θ = 2 + 2 − 2 ⋅ (1 + cos θ)
⎛ 1 1 ⎞ ⎛ π⎞
2 ⋅⎜ ⋅ sen θ + ⋅ cos θ ⎟ ≥ a ⇔ 2 ⋅ sen ⎜ θ + ⎟ ≥ a
⎝ 2 2 ⎠ ⎝ 4⎠
A partir daqui é que a Trigonometria começa a simplificar a resolução
da equação. Observe que, da identidade de arco duplo: ⎛ π⎞
Pela limitação da função seno, temos sen ⎜ θ + ⎟ ≤ 1 e, portanto:
⎛ θ⎞ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ ⎝ 4⎠
cos θ = cos ⎜ 2 ⋅ ⎟ = 2cos2 ⎜ ⎟ − 1 ⇔ 1 + cos θ = 2cos2 ⎜ ⎟
⎝ 2⎠ ⎝2⎠ ⎝2⎠ ⎛ π⎞
a ≤ 2 ⋅ sen ⎜ θ + ⎟ ≤ 2 ⋅ 1 = 2 ⇒ a ≤ 2
Assim, voltando à equação: ⎝ 4⎠
⎛θ⎞ ⎛θ⎞
2cos θ = 2 + 2 − 2 ⋅ 2cos2 ⎜ ⎟ ⇔ 2cos θ = 2 + 2 − 2 cos ⎜ ⎟ Poderíamos também resolver esse exercício graficamente, o que
⎝2⎠ ⎝2⎠ inclusive ajuda a entender, geometricamente, o sentido da
⎡ π⎤ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ substituição trigonométrica feita acima.
Como θ ∈ ⎢0, ⎥ , temos cos ⎜ ⎟ ≥ 0 ⇔ cos ⎜ ⎟ = cos ⎜ ⎟ , e a
⎣ 2⎦ 2
⎝ ⎠ 2
⎝ ⎠ ⎝2⎠ 2ª Resolução:
⎛ Considere, para tanto, a função f : [ −1, 1] → , definida por
⎛ θ ⎞⎞
equação se reduz a 2cos θ = 2 + 2 ⋅ ⎜ 1 − cos ⎜ ⎟ ⎟ .
⎝ ⎝ 2 ⎠⎠ f ( x ) = 1 − x 2 , e a função g : → , definida por g ( x ) = − x + a .
Novamente por arco duplo:
⎛θ⎞ ⎛ θ⎞ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ Por um lado, devemos observar que a condição de existência sobre o
cos ⎜ ⎟ = cos ⎜ 2 ⋅ ⎟ = 1 − 2sen2 ⎜ ⎟ ⇔ 1 − cos ⎜ ⎟ = 2sen2 ⎜ ⎟ domínio da função f limita a resolução da inequação também ao
⎝2⎠ ⎝ 4⎠ ⎝4⎠ ⎝ 2⎠ ⎝4⎠
intervalo fechado [ −1, 1] , ou seja, não precisaríamos considerar a
Assim, voltando à equação:
função g definida para todo x real.
⎛θ⎞ ⎛θ⎞
2cos θ = 2 + 2 ⋅ 2sen2 ⎜ ⎟ ⇔ 2cos θ = 2 + 2 sen ⎜ ⎟
⎝4⎠ ⎝4⎠ A função g, na verdade, representa uma família de funções do 1º
grau, uma para cada valor real do parâmetro a. Entretanto,
⎡ π⎤ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ ⎛θ⎞ independente do valor de a, necessariamente seu gráfico será uma
Também para θ ∈ ⎢0, ⎥ , temos sen ⎜ ⎟ ≥ 0 ⇔ sen ⎜ ⎟ = sen ⎜ ⎟ , e
⎣ 2⎦ ⎝4⎠ ⎝4⎠ ⎝4⎠ reta decrescente, de coeficiente angular –1, que intercepta o eixo das
abscissas no ponto (a,0) , como esboçado na figura a seguir:
⎛ ⎛ θ ⎞⎞
a equação se reduz a 2cos θ = 2 ⋅ ⎜ 1 + sen ⎜ ⎟ ⎟ . y
⎝ ⎝ 4 ⎠⎠
Para podermos utilizar mais uma vez a identidade de arco duplo,
⎛θ⎞ ⎛π θ⎞ ⎛π θ⎞
fazemos: 1 + sen ⎜ ⎟ = 1 + cos ⎜ − ⎟ = 2cos2 ⎜ − ⎟ . Logo:
4
⎝ ⎠ ⎝ 2 4 ⎠ ⎝4 8⎠
a<0 a>0
⎛ ⎛ π θ ⎞⎞ ⎛π θ⎞
2cos θ = 2 ⋅ ⎜ 2cos2 ⎜ − ⎟ ⎟ ⇔ 2cos θ = 2 cos ⎜ − ⎟ x
⎝ ⎝ 4 8 ⎠⎠ ⎝4 8⎠
⎡ π⎤ ⎛π θ⎞ ⎛π θ⎞ ⎛π θ⎞
Para θ ∈ ⎢0, ⎥ , temos cos ⎜ − ⎟ ≥ 0 ⇔ cos ⎜ − ⎟ = cos ⎜ − ⎟ ,
⎣ 2⎦ ⎝4 8⎠ ⎝4 8⎠ ⎝4 8⎠
⎛π θ⎞
e a equação se reduz a: cos θ = cos ⎜ − ⎟ .
⎝4 8⎠
⎛π θ⎞ ⎧⎪ y ≥ 0
Como θ e ⎜ − ⎟ são dois arcos do primeiro quadrante com o Por outro lado, fazendo y = f ( x ) = 1 − x 2 , temos:
⎨ 2 .
⎪⎩ x + y = 1
2
⎝4 8⎠
mesmo cosseno, a única possibilidade é que eles sejam iguais: Assim, o gráfico de f corresponde a uma semicircunferência de centro
π θ 2π (0, 0) e raio 1, para y ≥ 0 . Observe que, sendo uma
θ= − ⇔θ=
4 8 9 semicircunferência de raio 1, cada ponto de coordenadas ( x, y ) pode
⎛ 2π ⎞ ser descrito por (cos θ,sen θ) , sendo isso que justifica,
Finalmente, a única raiz real da equação é x = 2cos ⎜ ⎟ .
⎝ 9 ⎠ geometricamente, a substituição trigonométrica feita na 1ª resolução:
O próximo exemplo aparece no livro “Mathematical Olympiad y
Challenges”, dos autores romenos Titu Andreescu e Razvan Gelca.

Exemplo: (ITA 2004) Determine os valores reais do parâmetro a para sen θ


os quais existe um número real x satisfazendo 1− x2 ≥ a − x .

1ª Resolução:
Pela condição de existência sobre a raiz quadrada, temos: θ
1 − x 2 ≥ 0 ⇔ −1 ≤ x ≤ 1 x
–1 cos θ 1

Assim, para cada x ∈ [ −1, 1] , podemos associar um e somente um


Queremos descobrir para quais valores do parâmetro a obtemos um
θ ∈ [0 , π] tal que x = cos θ . Nesse caso, a equação se transforma conjunto verdade não vazio para a inequação f ( x ) ≥ g ( x ) , isto é, para
em: os quais existe pelo menos um x ∈ [ −1, 1] tal que f ( x ) ≥ g ( x ) .
1 − cos2 θ ≥ a − cos θ ⇔ sen2 θ ≥ a − cos θ ⇔ sen θ ≥ a − cos θ Geometricamente, isso significa que a única posição relativa entre a
reta (função g) e a semicircunferência (função f) que não pode ocorrer
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é a reta ficar totalmente acima da semicircunferência. Assim, o maior COMENTÁRIOS FINAIS DE MATEMÁTICA
valor do parâmetro a que ainda dá certo é aquele que torna a reta
tangente à semicircunferência, como ilustra a figura: É importante ficar claro que, embora o vestibular do ITA seja uma
y prova de grande inteligência, na qual muitas vezes existem dois ou
mais métodos de resolução para uma dada questão (um normalmente
mais rápido e outro um pouco mais trabalhoso), o mais importante é
RESOLVER O EXERCÍCIO. De fato, não importa o caminho, e sim o
resultado. Embora seja muito importante manter o espírito crítico e
refletir a cada questão, não vale à pena perder muito tempo
procurando um caminho curto quando se sabe uma maneira de
resolver a questão, pois tempo é um bem precioso nesse
1 vestibular. Boa prova!

45° 45°
x
–1 1 a

1
Nesse caso, temos cos 45° = ⇔a= 2 .
a
Portanto, de acordo com os gráficos, a inequação tem solução se e
somente se a ≤ 2 .

FÓRMULA DE PROBABILIDADE TOTAL E TEOREMA DE BAYES


Seja um espaço amostral Ω , para quaisquer dois eventos A, B ⊂ Ω
temos a Formula de Probabilidade Total:
( ) ( )
P ( B ) = P ( B | A ) ⋅ P ( A ) + P B | AC ⋅ P AC

Para o caso geral, seja { A1, A2 , A3 ,..., An } uma partição de Ω , ou seja,


A1 ∪ A2 ∪ ... ∪ An = Ω e Ai ∩ Aj = ∅ para qualquer i ≠ j . Assim a
forma geral da Formula de Probabilidade Total é dada por:
P ( B ) = P ( B | A1 ) ⋅ P ( A1 ) + P ( B | A2 ) ⋅ P ( A2 ) + ... + P ( B | An ) ⋅ P ( An )
Essa formula é equivalente ao nosso intuitivo “separar em casos”, pois
condicionamos cada evento a um caso possível.

Sejam 2 eventos A, B ⊂ Ω com P ( A ) ≠ 0 e P ( B ) ≠ 0 , então o


Teorema de Bayes diz que:
P ( A) ⋅ P (B | A)
P ( A | B) = .
P (B )
A questão 4 do ITA-2011 (Que foi anulada) mostra bem a utilidade
desses 2 teoremas, principalmente juntos.
Exemplo:
Numa caixa com 40 moedas, 5 apresentam duas caras, 10 são
normais (cara e coroa) e as demais apresentam duas coroas. Uma
moeda é retirada ao acaso e a face observada mostra uma coroa. A
probabilidade de a outra face desta moeda também apresentar uma
coroa é
7 5 5 3 3
a) . b) . c) . d) . e) .
8 7 8 5 7

Resolução:
Primeiramente definimos os eventos:

A={ A moeda selecionada tem 2 caras }


B={ A moeda selecionada é normal (cara e coroa) }
C={ A moeda selecionada tem 2 coroas }
D={ A face observada é uma coroa }

Agora, computemos p(D ) através do Teorema da Probabilidade Total


(já que A, B e C são disjuntos e A ∪ B ∪ C = Ω , onde Ω é o espaço
amostral):
p(D ) = p(D | A) ⋅ p( A) + p(D | B ) ⋅ p(B ) + p(D | C ) ⋅ p(C )
5 1 10 25 3
p(D ) = 0 ⋅ + ⋅ + 1⋅ =
40 2 40 40 4

Agora computemos nossa probabilidade desejada p(C | D ) através do


Teorema de Bayes:
25
⋅1
p(C ∩ D ) p(C ) ⋅ p(D | C ) 40 5
p(C | D ) = = = =
p(D ) p(D ) 3 6
4
Desta forma, nenhuma alternativa está correta.
51

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