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A formação das almas – José Murilo de Carvalho

Os republicanos brasileiros em suas utopias republicanas de ver as questões voltadas ao


indivíduo e de grupos, da nação, de cidadania, que seria o centro das preocupações dos
construtores da República brasileira e importariam modelos de repúblicas já existentes da
Europa, especialmente da França e Estados Unidos

As duas liberdades

Para os Founding Fathers da primeira república moderna o conceito de liberdade era ambíguo,
visto que o objetivo era garantir a felicidade ou realização individual, mas esse conceito liberal
colocava dificuldades para a concepção do coletivo. E colocava principalmente problema no
que se voltava ao que era público e para resolver isso o público simplesmente foi decidido
como a soma dos interesses individuais o que na verdade não resolvia muita coisa, pois era
possíve combinar a promoção dos interesses privados com o interesse público para atender
aos seus interesses a partir de uma organização política, sem haver identidade coletiva,
sentimento de comunidade ou de pátria.A ênfase no indivíduo e a desconsideração pelo
sentimento de identidade fez os fundadores se preocupar apenas com os aspectos
organizativos da nova sociedade

O outro modeo era o francês, visto que todas as repúblicas latinas eram consideradas instáveis
ou derivações do modelo americano. Mas apesar de servir como modelo, existiram 3 modelos
republicanos franceses. O modelo ideal, o primeiro e o terceiro eram os que mais se
aproximava da concepção de liberdade para Benjamin Constant, e era na primeira repúblicao
modelo de intervenção direta do povo no governo, ou seja, uma república de ideias
mobilizadoras do entusiasmo coletivo e da liberdade, da igualdade dos direitos universais do
cidadão. A terceira república serviu como base para a crítica da revolução a partir da tradição
liberal inclusive partindo do próprio Constant, que já havia influenciado até mesmo a
Constituição Imperial Brasileira através do Poder Moderador, sendo esse um poder que
serviria como juiz que equilibrava o Legislativo com o Executivo e poderia ser adaptado tanto
as monarquias como as repúblicas. A preocupação para Constant era o equiíbrio entre a
liberdade e o exercício do poder. No entanto esse modelo tal qual Constant havia se inspirado
não poderia ser usado como fonte de inspiração para a república devido a sua tradição
imperialista.

Dessa forma um modelo variante da Terceira República francesa chegou ao Brasil por
intermédio dos positivistas franceses com os políticos da terceira república que eram alguns
deles positivistas declarados. Um dos pontos centrais do pensamento positivista era o de
tornar a república um governo viável, fato evidenciado pelo lema “Ordem e Progresso”, mas
que haviam divergências de dois gruposna forma de tonar a república como governo. Dentro
do próprio positivismo haviam os ortodoxos (grupo de Laffitte) que não aceitavam o
parlamentarismo adotado pela constituição francesa de 1875 e se impacientavam com a
demora no rompimento das ligações da Igreja com o Estado e com a timidez nas políticas
educacionais. Os mesmos também acreditavam na ditadura republicana proposta por Auguste
Comte. Outros (grupo de Littré) já aceitavam o parlamentarismo e também as relações do
Estado com a Igreja em nome do oportunismo, ou em termos positivismo a necessidade de
aguardar o momento sociológico para intervirem. Para Comte a mudança se daria a partir de
um conservadorismo e a ordem seria necessária para a sociedade normal através da Religião
da Humanidade.
Nesse sentido pode ser perceber a divergências positivista do grupo de Laffitte de Constant era
a rejeição do parlamentarismo e isso era relevante para os republicanos brasileiros.

O positivismo então apresenta uma variante de pensamento tanto de Rousseau, de uma nação
coletiva e de virtude cívica, tanto como de Hamilton de uma nação sem patriotas. Para Comte
o que determinava nessa variante seria então as formas de vivência comunitárias, a família, a
pátria e a humanidade como determinantes do processo evolutivo. Para Comte a família e a
pátria seriam noções parecidas onde a família seria considerada uma mãe, como uma família.

A partir disso os modelos de república brasileiro se interagiam nesses 2 ideais americanos


liberais e positivistas francês que apesar distintos davam ênfase a organização de poder e o
terceiro colocava a intervenção popular como fundamento do novo regime e desenhando os
aspectos institucionalizantes.

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