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PERFIL DE EXCESSO DE PESO NO BRASIL: DADOS VIGITEL 2017.

Stefani de Lima Carvalho1; Fabiana Costa cardoso2; Laura dos Santos barros3;
João Victor Farias de oliveira4; Cinthia Regina Sales
Furtado Vieira5
1
Estudante, Graduando em nutrição, Universidade Federal do Pará (UFPA);
2
Estudante, Graduando em nutrição, Universidade Federal do Pará (UFPA);
3
Estudante, Graduando em nutrição, Universidade Federal do Pará (UFPA);
4
Estudante, Graduando em medicina, Universidade Federal do Pará(UFPA);
5
Nutricionista, Professora, Universidade Federal do Pará (UFPA).
fabianacostacardoso2@gmail.com
Introdução: No Brasil, o excesso de peso vem aumentando em todas as faixas etárias, em
ambos os sexos e em todos as classes sociais (1). Nos últimos cinquenta anos são observadas
alterações na qualidade e na quantidade das refeições, associadas a mudanças no estilo de
vida, nas condições econômicas, sociais e demográficas. A mudança do perfil alimentar da
população, que deixou de ser um cenário com prevalência das desnutrições, para o aumento
expressivo de sobrepeso e obesidade, é marcada pela preferência aos fast-food em detrimento
do tradicional e saudável feijão-com-arroz (1). Esse processo de transição nutricional pode ser
mensurado pelo índice de massa corporal (IMC) da população, através da relação entre o peso
e a altura ao quadrado para uma classificação que varia do baixo peso à obesidade, esta última
associada ao aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis, sobretudo, o
diabetes mellitus e as doenças cardiovasculares, as quais  podem ser silenciosas ou
sintomáticas, comprometendo a qualidade de vida (1,2). Objetivo: Analisar dados
populacional de indivíduos com excesso de peso segundo dados apresentados no vigitel 2017.
Métodos: Este trabalho consiste em um estudo epidemiológico descritivo, a partir de dados
correspondentes ao ano de 2017 do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL). Utilizaram-se os dados de Percentual
de adultos (≥ 18 anos) com excesso de peso (IMC ≥ 25 kg/m2), segundo sexo, idade e
escolaridade, segundo as capitais dos estados brasileiros e o Distrito Federal. Os dados foram
tabulados no aplicativo Microsoft Office Excel 2016. Resultados e discussão: No ano de
2017 foram entrevistadas 53.034 pessoas no Brasil; desse total 54% da população encontra-se
com excesso de peso. Em relação ao sexo, os homens superam as mulheres na prevalência de
sobrepeso: 65% dos entrevistados do sexo masculino foram classificados com o IMC ≥ 25
kg/m2 versus 55,1% entre as mulheres. Ao investigar a idade da população entrevistada, a
faixa etária com maior índice de excesso de peso foi de 45 a 54 anos (61,6%). Em relação a
anos de escolaridade 59,1% das pessoas com sobrepeso ou obesidade tinham entre 0 a 8 anos.
Campo Grande foi a capital com maior índice de indivíduos com sobrepeso (59,8%). Belém
ocupou a décima quarta posição, com 53,1 % da população com excesso de peso, destes o
sexo masculino (59,3%) sobrepõem o percentual sobre o sexo feminino (46,9%). Em relação
aos anos de escolaridade 59,1% dos entrevistados que apresentaram alterações no estado
nutricional (sobrepeso ou obesidade) estudaram em até 8 anos (3). Os resultados desta
investigação mostram alta prevalência de excesso de peso (54%) entre a população adulta do
Brasil. E evidenciam também o diferencial dos distúrbios antropométricos segundo o sexo.
Vários fatores podem estar contribuindo para a construção do perfil antropométrico da
população, como a condição socioeconômica, educacional e cultura. Os resultados deste
estudo, segundo o sexo, indicam que a prevalência do excesso de peso se torna crescente com
o aumento da idade da mulher. O aumento da prevalência do excesso de peso para os homens
não apresenta tendência crescente à proporção que aumenta a idade, declinando e perdendo a
significância estatística a partir dos homens de 45 a 54 anos. Isso pode ser causado tanto por
coincidência estatística e distribuição na amostra quanto mudanças constitutivas a partir desta
idade, exemplificada principalmente pela perda de massa muscular e óssea (2). Resultados
similares foram também registrados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares, 2002-2003,
para o declínio da prevalência do excesso de peso entre os homens a partir dos 55 anos de
idade (4). Ainda assim, não passa despercebido que esses resultados possam estar indicando
alguma flutuação na amostra, uma vez que tanto a ocorrência das DCNT quanto da
mortalidade aumenta à medida que aumenta a idade para homens e mulheres (4).
Considerações finais: A partir dos dados obtidos no estudo realizado no Brasil, comprovou-
se que, assim como os demais países, o Brasil segue a tendência mundial de mudança no
perfil nutricional, o qual ao longo das décadas modificou as características alimentares da
população. O estado nutricional da população analisada no ano de 2017 reflete a condição
atual da sociedade brasileira, em que, mais da metade dos habitantes encontra-se acima do
peso considerado ideal, independente de raça, classe social, idade e sexo. Essa situação é mais
acentuada nas capitais, visto que, o ritmo urbano é mais acelerado e a praticidade aliada à
escassez do tempo induz ao consumo de alimentos prontos com altas quantidades calóricas,
carboidratos simples, ácidos graxos saturados e trans. Atestou-se, dessa forma, o consumo
excessivo de alimentos processados e ultraprocessados aliados à redução ou a inexistência de
atividades físicas regulares. Tal circunstância está condicionada ao desenvolvimento
tecnológico que atrai inúmeros adeptos a atividades sedentárias, além do constante incentivo
midiático que impulsiona o consumo de alimentos precursores do excesso de peso. Em
síntese, conclui-se que, a população brasileira saiu do estado de desnutrição e evoluiu de
forma acentuada para o estado de sobrepeso e obesidade, deixando assim este alerta.

Descritores: Excesso de peso, Epidemiologia, Transição nutricional.

Referências

1. Oliveira LPM, Assis AM O, Silva MCM, Santana MLP, Santos NS, Pinheiro SMC,
Barreto ML, Souza CO. Fatores associados a excesso de peso e concentração de
gordura abdominal em adultos na cidade de Salvador, Bahia, Brasil. Caderno de Saúde
Pública. 2009 mar; Rio de janeiro; (25):570-82.
2. Souza EB. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos
UniFOA. 2010 ago; Volta Redonda; (5):49-53.
3. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Vigitel Brasil 2016:
vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito
telefônico. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.
4. IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamento familiares
2002-2003. Análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional
no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;2006.

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