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I. COMANDO
De acordo com definição da Organização Mundial de Saúde (OMS), os
determinantes da saúde estão relacionados às condições em que uma
pessoa vive e trabalha. Também podem ser considerados os fatores
sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e
comportamentais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e
fatores de risco à população (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).
De acordo com a leitura do material disponibilizado e com a sua vivência
no PISEC, discorra sobre os fatores de natureza social, econômica e
política que incidem sobre a situação de saúde de grupos e pessoas.
Justifique sua resposta.
Os fatores de natureza social, econômica e política integram os
determinantes da saúde, por afetarem e influenciarem no bem-estar de uma
pessoa, grupo ou população. Destarte, fragmentam-se por seus diferentes
conceitos e formas de intervenção.
Tem-se, portanto, os fatores de natureza econômica, que possuem relação
com o desemprego e o rendimento. É perceptível que uma condição
financeira elevada viabiliza a inserção de indivíduos em atividades que
promovem saúde e bem-estar, como exercícios físicos, reeducação alimentar,
livre e voluntária demanda por serviços de atenção primária e especialidades,
além de uma habitação confortável e garantia de saneamento básico. Por
conseguinte, a questão histórico-econômica resulta nas causas sociais,
definidas por condições de vida e de trabalho, que envolvem grau de
inclusão, cultura, educação, idade, gênero, dentre outros. Nesse contexto, é
notório que as desigualdades, as quais abrangem um viés histórico, podem
ocasionar diferentes cenários, proporcionais a realidade a qual uma
população é submetida. Uma melhor condição de vida necessita da
efetivação do conceito de saúde (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).
Por outro lado, os fatores de natureza política determinam-se pela noção de
Estado, de legislação e de direitos garantidos pela Constituição vigente. Um
notório exemplo é o Sistema Único de Saúde (SUS), o qual, por lei, deve
ofertar saúde física e mental à população, de maneira universal, preservando
a vida e o bem-estar.
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II. PERGUNTAS NORTEADORAS


A. Márcio Moreira residia na favela de Manguinhos, no Rio de
Janeiro. As condições precárias de moradia, má alimentação e
baixa renda contribuíram para que desenvolvesse tuberculose
pela segunda vez, o que o deixou com medo, porque o irmão
faleceu da mesma doença. Após a discussão do comando e de
acordo com o vídeo assistido, comente sobre os determinantes da
saúde que influenciam no processo de adoecimento e tratamento
de uma situação de doença, como a tuberculose.
O complexo de determinantes de saúde que influenciam na
propagação e recuperação de doenças infectocontagiosas, como a
tuberculose, assim como diversas outras, é extenso. Percebe-se o
maior alcance dentre a população que ocupa as periferias e ambientes
que carecem de saneamento básico, com pouco acesso à saúde,
escolaridade, higiene, moradia e trabalho. Assim sendo, tem-se
determinantes ambientais, econômicos, sociais e políticos.
No entanto, não somente a questão socioeconômica ocasiona
doenças, mas também a esfera em que é inserida; é a “pobreza dos
lugares mais ricos”, a existência da desigualdade social que evidencia
esses determinantes da saúde (FIOCRUZ). Vale ressaltar o fator
político, o qual determina que o Estado é constitucionalmente
responsável por promover qualidade de vida, moradia, saúde,
alimentação e saneamento básico para todo cidadão, no entanto, falha
em executá-lo com qualidade e eficiência.

B. O nosso país apresenta desigualdades sociais e o Brasil


implantou várias políticas que tentam minimizar as iniquidades,
como: Política Nacional de Assistência Social (Bolsa família, Lei
Orgânica da Assistência Social), Política Nacional de Habitação,
Programa Baixa Renda (Tarifa social de energia elétrica), entre
outros. Essas políticas contribuem ou não para a melhoria da
saúde da população? Conhecem outras iniciativas que visam à
redução das desigualdades sociais?
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A OMS (1948) define saúde como estado completo de bem-estar


físico, mental e social, não se restringindo meramente à ausência da
doença. Nesse sentido, evidencia-se a relação entre as determinantes
sociais, condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham
(OMS), com a saúde dos indivíduos (CARRAPATO; CORREIA;
GARCIA, 2017).
As políticas implementadas pelo Brasil como Bolsa Família, e a Política
Nacional de Habilitação reduzem as desigualdades sociais e
promovem o acesso à habitação digna e aos direitos básicos como
saúde, educação e condições salubres de saneamento.
Consequentemente, reduzem vulnerabilidade das famílias em situação
de pobreza aos problemas de saúde que resultam das condições de
vida precárias, como por exemplo verminoses e doenças contagiosas
como a tuberculose.

C. Você trabalha como médico na USF Terra Vermelha no município


de Vila Velha. Realiza o acompanhamento do Sr. Guilherme e sua
família. Sr. Guilherme, 67 anos, hipertenso e diabético, possui
ensino fundamental completo, morador da região do Xurí, uma
zona rural sem saneamento básico (sem sistema de esgoto, sem
água encanada), com recolhimento de lixo precário, e habita em
domicílio de dois cômodos com cinco pessoas (ele, a esposa, a
filha com o marido e uma criança de oito anos). Agricultor que
vende as suas verduras na cidade, precisando acordar muito
cedo, carregar o seu veículo, dirigir, montar a venda na feira,
sendo ajudado apenas pelo seu genro. Sr. Guilherme não tem
tempo para lazer e não se alimenta bem. De acordo com a sua
vivência no PISEC e com as referências indicadas, em relação ao
caso do Sr. Guilherme, proponha intervenções no âmbito
individual, familiar e comunitário para a situação descrita.
Uma primeira intervenção, no âmbito comunitário, deve ser realizada,
com intuito de promover melhorias no saneamento básico. Estas
melhorias se fazem de extrema importância uma vez que estes
determinantes ambientais, poluição da agua e do solo, influenciam
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negativamente a saúde dos indivíduos que vivem nesses locais


(CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017). No âmbito familiar
podemos destacar a péssima situação de moradia do Sr. Guilherme,
vivendo em uma casa muito pequena para o número de pessoas que
ali vivem, propiciando a transmissão de doenças infectocontagiosas,
como a tuberculose. Desta maneira é necessária a intervenção de
algum programa de habitação, que facilite a obtenção de uma casa
própria com melhores condições, ou até então subsidie um aluguel.
Já no âmbito individual, podemos citar a hipertensão e diabetes do Sr.
Guilherme, doenças que necessitam de tratamento e
acompanhamento constante. Um complicador a ser destacado é a má
alimentação, fator que pode descompensar tanto a diabetes e a
hipertensão e causar muitas complicações, como o pé diabético.
Portanto é imprescindível que este individuo seja acompanhado
horizontalmente por agentes comunitários, e médicos da família e seja
devidamente educado na questão alimentar. Possivelmente ele tem
uma má alimentação por toda a situação precária em que vive, então
outra intervenção necessária é a oferta de renda extra, de algum
programa como o bolsa família, para que ele possa arcar com os
custos de uma alimentação saudável.

D.
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No modelo de Dahlgren e Whitehead os Determinantes Sociais da


saúde (DSS) são dispostos em quatro camadas, conforme seu
nível de abrangência, desde uma camada mais próxima aos
determinantes individuais até uma camada distal onde se situam
os macrodeterminantes (CNDSS, 2008). Tendo por base o que este
Modelo preconiza e o que discutimos neste Fórum sobre os
Determinantes da Saúde sugira estratégias/ações que possam ser
realizadas no âmbito da Atenção Primária à Saúde (ou no âmbito
da ESF) e que impactariam nos determinantes do primeiro e do
segundo nível do Modelo. Justifique sua resposta.
O modelo de Dahlgren e Whitehead apresenta diferentes camadas,
nas quais os determinantes sociais estão divididos, sendo as mais
internas relacionadas aos fatores individuais, e as mais externas, aos
macrodeterminantes (FREITAS; SOBRAL, 2010). O primeiro e o
segundo nível desse modelo envolvem, respectivamente, elementos
fundamentados em estilo de vida dos indivíduos e redes de apoio
sociais e comunitárias (CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).
Uma das principais estratégias a nível da Atenção Primária à Saúde
(APS) é a realização de palestras, reuniões e cartilhas a fim de
conscientizar a população sobre noções básicas de saúde,
abrangendo bem-estar físico e mental, instruções referentes a medidas
de saneamento básico e indução de quando deve-se procurar o Centro
de Estratégia de Saúde da Família (ESF) da comunidade. Nesse
cenário, o Agente Comunitário de Saúde (ACS) é uma ferramenta
imprescindível para promover a didática na população residente de sua
área, tendo em vista a familiaridade e a ciência dos problemas
individuais.
Além disso, as escolas são uma importante ferramenta de elucidação
sobre a importância da integração entre comunidade e sistema de
saúde, e medidas de consciência promovidas por profissionais da APS
podem alcançar, além dos estudantes, as outras gerações presentes
em suas famílias.

REFERÊNCIAS
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CARRAPATO, Pedro; CORREIA, Pedro; GARCIA, Bruno. Determinantes da saúde


no Brasil: a procura da equidade na saúde. Saúde Soc., São Paulo, v. 26, n. 3, p.
676-689, 2017.
SOBRAL, André; FREITAS, Carlos Machado de. Modelo de organização de
indicadores para operacionalização dos determinantes socioambientais da saúde.
Saúde e Sociedade, v. 19, n. 1, p. 35-47, 2010.
VIDEOSAÚDE. Herança social. FIOCRUZ. Disponível em:
<https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/15953>. Acesso em: 07 de maio de 2020.

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