Você está na página 1de 20

Análise Matemática I, março de 2020

Cálculo Diferencial

y  f (x )
Definição da derivada: A derivada da função em relação a x é o limite para o qual tende a razão
do crescimento da função e o crescimento da variável independente quando este tende para zero.
dy
x  f ( x) 
, ,
Notações empregues:
y
dx
y  f (x ) x é x   x na variável dependente
Dada a função , o acréscimo da variável independente
y  f (x ) y  y  f ( x  x )
teremos e .
y y y  f ( x  x )  f ( x )
Pode-se calcular o acréscimo da função :
y f ( x  x)  f ( x)

Forma-se o quociente do acréscimo da função e da variável independente: x x
f ( x  x )  f ( x ) y
x  0 : f ( x )  lim  lim
,
esta chama-se
Calcule-se limite da fracção quando x x
derivada de y=f (x) em relação a x
y  x 2 (1) num ponto qualquer x (2) bo ponto x=2
Exemplo 1: Calcule a derivada de
Resolução:
y  y 2 x x  (  x ) 2
1. y  ( x  x) 2  x 2  2 xx  (x) 2 Forma-se o quociente :   2 x  x
x  x x
y
x  0 lim  lim(2 x  x)  2 x assim y ,  2 x
Passando ao limite quando teremos x
y x3  2.3  6
,
2. Para x=3

Funções deriváveis
y f ( x 0  x )  f ( x 0 )
lim  lim quando x  0 existe dir-se-á que a função é
Definição: Se o x x
derivável para x  x0 .
Teorema: Se a função y  f (x ) é derivável no ponto x  x0 , ela é contínua neste ponto.
y y
 f ( x)   sendo que  é uma grandeza que tende
, ,
Se lim  f ( x) quando x  0 então
x x
para zero quando x  0
Nota: Nos pontos de descontinuidade uma função não pode ter derivada

Texto de apoio Página 1


Derivada das funções elementares
y  xn ,n  N
Derivada da função
Para calcular a derivada desta função recorre-se às seguintes operações:
Dar o acréscimo  x à variável x, calcular o valor correspondenteda função: y  y  f ( x  x )
1.
Calcular o crescimento correspondente da função: y  f ( x  x )  f ( x ),
2.
Formar a razão entre o crescimento da função e o acréscimo da variável:
3.
y f ( x  x )  f ( x )

x x
y f ( x  x)  f ( x)
Calcular o limite desta razão quando x  0 : y ,  lim  lim
4. x x
y  f ( x )  x n , n   é igual a n.x n 1 , i.e se y  x n , então y ,  nx n 1
Teorema: A derivada da função
Demonstração
 x , então: y  y  ( x  x) n  y  ( x  x ) n  x n
1. Se x sofre acréscimo
Desenvolver  y usando a fórmula de binómio de Newton:
2.
n(n  1) n 1
y  nx n1x  x (x) 2  ...  (x) n
1.2
 y y n(n  1) n2
Calcular o quociente :  nx n 1  x x  ...  (x) n 1
3.  x x 1 .2
Achar o limite do quociente quando x  0 :
4.
y  n ( n  1) n  2 
lim  lim  nx n 1  x x  ...  ( x ) n 1   nx n 1
x  1 .2 
y ,  nx n 1 cqd
Logo
y  3x 4 , y ,  4.3 x 41  12 x 3
Exemplos:
Derivadas das funções
y  senx  y  cos x
y  senx, y ,  cos x
Teorema 1: A derivada do senx é cosx i.e. se
Demonstração:
1. Introduzir o acréscimo em x e y: y  y  sen ( x  x )
Calcular  y :
2.
 x  x  x   x  x  x  x  x 
y  sen ( x  x )  senx  2 sen    cos   2 sen cos x  
 2   2  2  2 

Texto de apoio Página 2


x  x  x
2 sen cos x   sen
y y 2  2  2 cos x   x 
:    
3. Achar o quociente x  x x  x  2 
2
 x 
 sen
Achar o limite quando x  0 y ,  lim
 y
 lim  2  lim cos x  x   e isto resulta
4. x x    
2  
   
 2 
 x 
 sen 2    x  
em afirmar que lim    1  lim  cos x     cos x logo a derivada de senx é cosx
x   2 
 
 2 
y  cos x, y ,   senx
Teorema 2: A derivada do cosx é -senx i.e. se
Demonstração:
1. Introduzir o acréscimo em x e y: y  y  cos( x  x )
Calcular y :
2.
 x  x  x   x  x  x  x  x 
y  cos( x  x )  cos x  2 sen    sen    2 sen sen  x  
 2   2  2  2 
x
sen
y  y 2 sen  x   x 
:   
3. Achar o quociente x  x x  2 
2
 x 
 sen
Achar o limite quando x  0 y ,  lim
y
 lim   2  lim  sen  x   x   e isto resulta
4. x x    
2  
   
 2 
 x 
 sen 2    x  
em afirmar que lim     1  lim  sen  x     senx , logo a derivada de cosx é -
x   2 
 
 2 
senx.

Derivada duma constante

Teorema 1: A derivada duma constante é igual a zero.

Texto de apoio Página 3


Demonstração:
1. y=C , C=Constante
Considere-se x x  0  : y  y  f ( x  x )  C
2.
: y  f ( x  x )  f ( x )  0
3. Consequentemente
y
Achar razão entre o crescimento da função e o crescimento da variável independente 0
4. x

y
Logo o limite quando x  0 y ,  lim 0
x

Derivada dum produto duma constante por um função

Teorema 2: Pode-se separar um factor constante de debaixo do sinal de derivação, i.e. se


y  C . f ( x ), C  cons tan te, y ,  Cf , ( x )
.

Derivada duma soma finita de funções

Teorema 3: A derivada da soma de um número finito de funções deriváveis é igual à soma das derivadas
destas funções.

y  u ( x )  v ( x )  w( x ) y ,  u , ( x )  v , ( x )  w , ( x )
Por exemplo ,

Demonstração

y  y  u  u   (v  v )  ( w  w), y , u , v, w
São acréscimos de y, u, v, w,
y u v w
y  u  v  w    x  0
e x x x x e quando
y u v w
y ,  lim  lim  lim  lim y ,  u , ( x)  v , ( x)  w, ( x)
x x x x ou

f ( x )  3 x 5  senx  f , ( x)  (3 x 5 ) ,  ( senx ) ,  15x 4  cos x

Derivada do produto de funções

Teorema 4: A derivada do produto de duas funções deriváveis é igual ao produto da derivada da primeira
função pela segunda mais o produto da primeira função pela derivada da segunda, i.e. se
y  uv então
y ,  u , v  uv ,

Demonstração

Texto de apoio Página 4


y  uv Então y  y  u  u v  v 
y  u  u v  v   uv  uv  u.v  uv  uv  uv  u.v  uv  uv
y u v v
 vu  u
x x x x
x  0
Assim a derivada é o limite do quociente quando
y u v v
y ,  lim  v lim  u lim  lim u lim
,
x x x x
u v v
lim  u , ( x)  lim  v , ( x)  lim u  0  lim  v ,   em resultado ficamos com
x x x
y ,  u , v  uv ,

Derivada duma fracção


Teorema 5: A derivada duma fracção é uma fracção cujo denominador é igual ao quadrado do
denominador da fracçãoconsiderada e o numerador é igual à diferença do produto do denominador pela
derivada do numerador e do produto do numerador pela derivada do denominador, i.e. dado
u u , v  uv ,
y , y, 
v v2

Demonstração
u  u u  u u v u  u  v
y  y  y   
v  v , v  v v v v   v  ,
v u  u  v u v
v
u
y x
  x x
x v v  v  v v  v 
v u  u  v u v
v lim  u lim
y x x x
x  0 lim  lim 
A derivada será o limite desta razão quando : x v v  v  v lim v  v  o

u , v  uv ,
y, 
que se resume em v2

Derivada duma função composta


y  f ( x ), y  F (u ), u   (x ), y  F   x 
Função composta tal que ou ainda

Texto de apoio Página 5


u   x  u x   , x  y  F u 
,
Teorema: Se a função tem uma derivada no ponto x e a função tem uma
yu  F u 
, ,
derivada para o valor correspondente de u, então, no ponto considerado x a função composta
y  F   x  y  Fu u  , ( x) y  yu u x .
, , , , ,
tem igualmente uma derivada igual a x ou simplesmente x
Em termos simples: A derivada duma função composta é igual ao produto da derivada desta função em
relação à variável intermerdiária u pela derivada em relação a x da variável intermerdiária.
Demonstração
u   x  e y  F (u ), considerando os acréscimos tem-se u  u   ( x  x ) ,
Seja
y
y  y  F (u  u ) .Se x  0 tem-se que u  0  y  0 e por hipótese lim  y , u . quando
u
y
u  0 . Esta relação e de acordo com a definição de limite, para u  0 temos que  y ,u   ,
u
y
onde   0 quando u  0 . A igualdade  y , u   pode ser escrita na forma y  y , u u  u
u
y u u
divida-se esta igualdade por  x e ter-se-á  y ,u  por hipótese, quando x  0
x x x
u y u u
lim  u , x  lim   0 e voltando a igualdade  y ,u  ter-se-á y , x  y , u .u , x
x x x x

Exemplos:
y  senu  u  x 2 yu  cos u.u ,  u ,  2 x y  2 x cos( x 2 )
, ,
1.Achar a derivada da função , então x

2. Achar a derivada da função



y  x2  2x  3 5

y  u 5  u  x 2  2 x  3 de acordo com a fórmula


Solução: Seja

y ,  (u 5 ) , u x 2  2 x  3  ,
x  5u 4 (2 x  2)  10( x  1)( x 2  2 x  3) 4

Função implícita e sua derivada


F ( x, y )  0
Imagine-se uma situação em que as variáveis x, y estão ligadas entre si por uma equação
y  f (x )
(1). Caso partamos da equação (1) para definir este f (x) é uma função implícita definida pela
x2  y2  a2  0
equação (1). Por exemplo a equação (2) define implicitamente as funções
elementares:
y  a2  x2 y   a2  x2
(3) e (4) tal que estas funções tornam verdadeira a igualdade (2) fazendo


x2   a2  x2  a
2
2
0
pois, resulta em
x 2  (a 2  x 2 )  a 2  0
. Da igualdade (2) foi possível

Texto de apoio Página 6


obter ou definir funções explícitas (3) e (4), mas nem sempre é possível exprimir uma implícita em
funções explícitas. Por exemplo:
y6  y  x2  0
1.
1
2.
yx seny  0
4
x 3  y 3  3axy  0
3.

Tomemos a igualdade (2) e derivemo-la assumindo que y é função de x e seguimos a regra da derivação
x
2 x  2 yy , x  0 y,x  
composta: o que é igual a y . Caso tivéssemos usado a expressão explícita
x
y  a 2  x 2 a derivada seria y   y  a2  x2
,
o mesmo resultado assumido que
a x
2 2

2x
y6  y  x2  0 6 y5 y, x  y, x  2x  0 yx 
,
Derive-se a implícita em relação a x: donde 6 y5  1

Função inversa e sua derivada


y  f (x ) x   ( y)  , ( y)
Teorema: Se a função admite uma função inversa em que a derivada num
y  f (x )
ponto dado y é diferente de zero, então possui no ponto correspondente x uma derivada
1 1
f , ( x) f , ( x)  ,
igual a  ( y ) i.e.
,
 ( y)
Demonstração
x   ( y)
Partamos da condição da existência da inversa e derivamos esta igualdade como função
1
1   , ( y) y , x y,x  , y , x  f , ( x)
implícita em x: donde  ( y) onde então resulta na fórmula
1
f , ( x) 
 ( y)
,

Texto de apoio Página 7


Funções trigonométricas inversas e suas derivadas
1. A função
y  arcsenx é inversa de x  seny
1 1
isto é se y  arcsenx então y 
,
Teorema1: A derivada da função
arcsenx é
1 x2 1 x2
Demonstração: Em virtude de x  seny tem-se: x , y  cos y
1 1
De acordo com a regra dea derivação duma função inversa y x  
,
,
e sabe-se que
x y cos y
1
cos y  1  sen 2 y  1  x 2 logo y x 
,

1 x2
Nota:Antes da raiz toma-se o sinal + porque a
função
y  arcsenx toma seus valores sobre o
 
segmento   y por consequência cos y  0
2 2
Exemplo 1. y  arcsen (e x )
1 ex
y,x  .(e x ) , 
1  (e x ) 2 (1  e 2 x )
2
 1
Exemplo 2 y   arcsen 
 x
,
1 1 1 1 1
y  2 arcsen 
,
    2 arcsen 
x 1 x x x x2  1
1 2
x
2. A função
y  arccos x
x  arccos y ,esta função está definida no intervalo    y   . A função x  cos y é
decrescente sobre o segmento 0  y   e tem uma inversa assim designada y  arccos x e
esta função definida sobre o segmento  1  x  1 e os valores desta função preenchem o
intervalo   y  0
1
Teorema 2: A derivada da função y  arccos x é  isto é se y  arccos x , então
1 x2
1
y,  
1 x2
Demonstração: Em virtude de x  cos y tem-se: x , y   seny

Texto de apoio Página 8


1 1 1
De acordo com a regra dea derivação duma função inversa y , x  ,
 
x y seny 1  cos 2 y
1
e sabe-se que cos y  x, logo y x  
,

1  x2
Exemplo: y  arccos(tgx )
1 1 1
y,   (tgx ) ,   
1  tg 2 x 1  tg 2 x cos 2 x

3. A função y  arctgx ,
Seja a função x  tgy definida para todo o y menos para os valores tais que
  
y  2k  1 k  0,1,2.... . x  tgy crescente no intervalo   y e neste intervalo
2 2 2
admite uma função inversa designada por y  arctgx

Em x a função está definida no intervalo


   x   e neste intervalo os valores da função
 
preenchem o intervalo   y .
2 2
1 1
Teorema: A derivada da função arctgx é i.e. se y  arctgx , então, y , 
1 x 2
1 x2
1 1
Demonstração: Segundo a igualdade x  tgy x y  então y x   cos 2 y mas
, ,
2 ,
cos y x y

1 1 1
cos 2 y   , como tgy  x obtém-se y , 
sec y2
1  tg y
2
1 x2

4. A função y  arcctgx ,
Seja a função x  ctgy definida para to o y excepto y  k ( k  0,1,2,...) .No intervalo
0  y   a função x  ctgy é decrescente e tem a sua inversa y  arcctgx . Esta função é
definida no intervalo    x   e os seus valores pertencem ao intervalo   y  0 .
1 1
Teorema: A derivada da função arcctgx é  , isto é se y  arcctgx então y ,  
1 x 2
1 x2
1
Demonstração: Deduz-se de x  ctgy : x y  
,
por consequência
sen 2 y
1 1 1
y , x   sen 2 y    e é sabido que ctgy  x então y ,  
2
cos ec y 1  ctg y 2
1 x2

Texto de apoio Página 9


Derivada duma função paramétrica
 x   t 
t t T
Seja y uma função de x dada pelas equações paramétricas:  y   t  0

(1)
x   t  admite inversa t    x  também derivável,
Assuma-se que estas são deriváveis e que a função
pode-se assim considerar a função y  f  x  dada pela paramétrica como uma função composta:
y   t , t    x  , onde t é variável intermerdiária.Usando a regra de derivação das funçõs compostas
tem-se y , x  y , t t , x   , t (t ) , x  x  . (2)
1
Daqui recorre-se ao teorema da derivação das funções inversas 
,
x   . Esta expressão pode ser
 t t 
x
,

1  , t  y ,t
colocada na igualdade (2) y x  y t t x   t (t )   x 
, , , , ,
y
 , t t   , t  x ,t
 x  a cost 
Exemplo: A função de y de x é dada pelas equações paramétricas  0  t    . Calcular dy
 y  asen t  dx

t
: 1) para t arbitrário, 2) para 4
Resolução
asent , a cos t
y,x     ctgt
1) a cos t ,  asent

2)
y 
,
x t   ctg  1
4 4

Texto de apoio Página 10


Função hiperbólica e e sua derivada

Função hiperbólica
1 x
As combinações da funções exponenciais como 2
e  ex e
1 x
   
e  e  x originam novas funções
2
 ex  ex
 senhx 
2
designadas de hiperbólicas:   x . A primeira função denomina-se seno hiperbólico e a
 cosh x  e  e
x

 2
segunda cosseno hiperbólico. Também define-se tangente e cotangente hiperbólico, resultante das
relações seno e cosseno hiperbólicos
 senhx e x  e  x
 tghx  
cosh x e x  e  x
 x
ctghx  cosh x  e  e
x

 senhx e x  e  x
Identidades análogas as verificadas nas funções trigonométricas:
cosh 2 x  senh 2 x  1
cosh a  b   cosh a cosh b  senh ( a ) senh (b)
senha  b   senh ( a ) cosh b  cosh asenh(b)

Derivada da função hiperbólica


  e x  ex 
,
e x  ex
( senhx )  
,
   cosh x  1
 (tghx) , 
  2  2  cosh 2 x
 
  e x  ex  e x  ex (ctghx) ,   1
(cosh x )      senhx
,

 senh 2 x
  2  2

Aplicação de diferencial em cálculos aproximados


y  f (x )
é derivável sobre o segmento [a,b] e a derivada desta função no ponto x de [a,b] é dada pela
y y
lim  f , ( x) x  0 x  0
relação x quando . Quando o quociente x tende para um determinado
y
f , ( x ) que difere duma quantidade infinitamente pequena:  f , ( x)    0
x onde quando
y
x  0  f , ( x)   x y  f , ( x )  x    x
. Multiplique-se a igualdade x por e tem-se . Visto que
f , ( x)  0 f , ( x ) x x
, o produto é uma quantidade infinitamente pequena de ordem superior a já que

Texto de apoio Página 11


 x
lim  lim   0 . Assim o crescimento  y da função y compõe-se de duas partes f , ( x )  0 é a parte
x
 x.
principal do crescimento e é função linear de
f , ( x ) x dy df (x )
Diferencial: Chama-se diferencial o produto e designa-se pela notação ou :
dy  f ( x ) x
,

Calculemos o diferencial da função


y  x isto resulta em y,  x,  1
que resulta em
dy  dx  x  dx  x
.
y  f , ( x )  x    x y  dy  x
Ora a expressão pode ser escrita na forma e frequentemente
 y  dy f ( x  x )  f ( x )  f ( x )  x
,
escreve-se e de forma explícita é .
dy y yx 2
Exemplo Encontrar o diferencial e o crescimento da função
x  20   x  0 .1
1) para valores arbitrários de x 2) Se
y  ( x  x ) 2  x 2  2 xx  x 2 dy  ( x 2 ) , x  2 xx  y  dy
1) , e nota-se que
x  20   x  0 .1 y  2  20  0,1  0,1  4,01 dy  2  20  0,1  4,00 .
2
2) Se e
O erro cometido substituindo  y por dy é de uma centésima, 0,01 que em muitos casos pode ser
desprezível.

Teoremas relativos às funções deriváveis


1. Teorema de Rolle – Se a função f(x) é contínua no segmento [a,b], derivável em qualquer ponto
interior do segmento e se anula nas extremidades deste segmento, [f(a)=f(b)=0], então, existe pelo
menos um ponto intermediário x=c, a<c<b, em que a derivada f´(c)=0.

Demonstração
Caso f seja uma função constante em [a, b], então para todo o c de [a, b] f´(c)=0.
Caso f seja uma função contínua e não constante sobre [a, b] então ela admite um máximo ou um mínimo
diferente de f(a) e de f(b). O valor é atingido para x=c logo f´(c)=0.
f ( x)  x 2  3 x  2 sobre o segmento 1, 2 
Exemplo
Resolução
1. f(x) é contínua e derivável sobre o segmento considerado.
2. f(1)=f(2)=0

 1,2  1   2
3 3 3
f´(x) = 2x - 3  f´(c) = 2c - 3 = 0  c 
3. 2 . Claramente 2 2

Texto de apoio Página 12


2. Teorema dos crescimentos finitos (Teorema de Lagrange)

Se a função f(x) é contínua sobre o segmento [a, b], derivável em qualquer ponto interior deste segmento,
acb
existe, então, pelo menos um ponto c, tal que
f (b)  f (a )
f (b)  f (a )  f , (c)(b  a )  f , (c) 
ba

Demonstração (Fig por introduzir)

Observando a figura acima nota-se que a equação da secante que passa pelos pontos A e B é

 f (b )  f ( a ) 
y
ba x  a   f (a)
 

Seja g(x) função dada pela diferença entre as funções f(x) e y tal

 f (b )  f ( a ) 
g ( x)  f ( x)  y  f ( x)  
ba x  a   f (a)
 

Calcule-se g(a) e g(b):

 f (b )  f ( a ) 
g (a )  f (a )  
ba  a  a   f ( a )  0
 

 f (b )  f ( a ) 
g (b )  f (b )  
ba  b  a   f ( a )  f (b )   f (b )  f ( a )   f ( a )  0 portanto tem-se
 
g(a)=g(b)=0. A função f(x) é derivável g(x) é também derivável e a derivada é:

 f (b )  f ( a ) 
g , ( x)  f , ( x)   .
 ba 

Texto de apoio Página 13


Uma vez que g(x) é contínua sobre o segmento [a, b], derivável em ]a, b[ e verifica a condição g(a)=g(b)=0
pode-se aplicar o Teorema de Rolle, admitindo existir c pertencente a intervalo ]a, b[tal que a derivada no
ponto se anula:

f (b)  f (a )
f , ( x)  cqd.
ba

f ( x )  2 x 2  7 x  10
Exemplo: Verificar o teorema de Lagrange para a função definida sobre o

segmento
2,5 .

Resolução

1. A função é contínua no segmento dado e derivável no intervalo ]a, b[


f (b)  f (a ) f (5)  f (2) 25  4
  2,5
14 7
f , ( x)   f , (c )   4c  7  7c
2. ba 52 3 4 2

3. Teorema de Cauchy (relações dos crescimentos de duas funções)

f ( x) e  ( x)  ( x)
Sejam duas funções contínuas sobre o segmento [a, b] e deriváveis em ]a, b[ e seja
tal que  , ( x )  0x  a, b  , existe, então um ponto x=c no interior de [a, b], a<c<b, tal que
f (b )  f ( a ) f , ( c )

 (b )   ( a )  , ( c )

Demonstração

 f (b )  f ( a ) 
Considere-se a função h ( x )  f ( x )  f ( a )    ( x )   ( a )  . Uma vez que f ( x ) e  ( x )
  (b )   ( a ) 
são contínuas em [a, b] e deriváveis em ]a, b[, h ( x ) é também contínua em [a, b] e derivável em ]a, b[.
 f b   f a   ,
Sua derivada é: h , ( x)  f , ( x)    g x 
  b    a  

h (a ) e h (b )
Calcule-se

 f b   f a  
h ( a )  f a   f a     a    a   0
  b    a  

 f b   f a  
h (b )  f b   f a     b    a   f b   f a   f b   f a   0
  b    a  

Texto de apoio Página 14


Tem-se h( a )  hb   0 e pode-se aplicar o Teorema de Rolle à função h, logo existe um ponto c do
 f b   f a   ,
intervalo ]a, b[ em que a derivada de h se anula ou seja: f , c     c   0 ou ainda
  b    a  
f (b )  f ( a ) f , ( c )

 (b )   ( a )  , ( c )
4. Teorema (Regra de L´Hôspital)

Sejam f(x) e g(x) duas funções que satisfazem as condições do teorema da Cauchy sobre um certo
segmento [a, b] e anulando-se no ponto x=a, i.e f(a)=g(a)=0.

f , ( x) f ( x) f ( x)
existe quando x  a então lim existe e é lim =
Se além disso o limite do quociente g ( x )
,
g ( x) g ( x)
f , ( x)
lim
g , ( x)

Aplicabilidade da regra de L´Hôspital

Indeterminação do tipo:

f ( x) 0
lim  quando x  a
1. g ( x) 0
f ( x) 
lim  quando x  a
2. g ( x) 
f ( x) 
lim  quando x  
3. g ( x) 

Fórmula de Taylor

Dada a função y=f(x), assumamos que tenha derivadas até ordem (n+1) inclusive na vizinhança do ponto
x=a. Nosso objectivo é procurar um polinómio y=Pn(x) de grau não superior a n , tal que o valor no ponto
x=a é igual ao valor da função f(x) neste ponto. Os valores no ponto x=a das derivadas sucessivas até a
ordem n são iguais aos valores neste ponto das derivadas correspondentes da função f(x)

Pn(a)=f(a), P´n(a)=f´(a), P´´n(a)=f´´(a), ......, P(n)n(a)=f(n)(a). (1)


Esperemos que este polinómio seja próximo da função f(x). Justamente, pode-se procurar os valores dos
coeficientes indeterminados de Ci, desenvolvendo segundo as potências inteiras de (x-a):
Pn ( x)  C0  C1 x  a   C2 x  a   ....  Cn x  a 
2 n
(2)
Entremos no processo de determinação dos coeficintes C1, C2, C3,...., Cn de maneiras que sejam válidas as
igualdades
Pn(a)=f(a)

Texto de apoio Página 15


P´n(a)=f´(a)
P´´n(a)=f´´(a), ......, P(n)n(a)=f(n)(a).
Para o efeito calculemos também as derivadas de Pn(x):
P , n ( x)  C1  2C2 x  a   3C3 ( x  a) 2  ....  nCn x  a 
n 1
(3)
P ,, n ( x)  2C2  6C3 ( x  a)  ....  n(n  1)Cn x  a 
n2

..........................................................................
P n n ( x)  n( n  1)....2.1C n

Vamos para as igualdades (2) e (3) substituir x por a e teremos:


f (a )  C0 f , ( a )  C1 f ,, ( a )  2.1.C 2 f (n)
(a )  n(n  1)n  2 ...2.1.C n ,
, , ,...., donde se pode extrair
os coeficientes C:
1 ,, 1 1
f (a ), C 3 
C 0  f ( a ), C1  f , ( a ), C 2  f ,,, ( a ), Cn  f ( n ) (a)
1.2 1 .2 .3 ….., 1.2.3...n
Encontrados os coeficientes indeterminados vamos a igualdade (2) substituir os C:
xa  x  a 2  x  a n
Pn ( x )  f a   f , (a)  f ,, ( a )  .... 
(a) f (n)

1 1 .2 1.2.3....n
No princípio assumimos que y=f(x) deriva-se até ordem n+1 e Pn(x) deriva-se até ordem n então existirá
uma diferença entre a função e o polinómio designada de Rn(x) tal que:
Rn ( x)  f  x   Pn ( x)  f  x   Pn ( x)  Rn ( x )
e de forma mais explícita:
xa x  a  2
 x  a n  x  a n 1
f ( x )  f a   f (a ) 
,
f ( a )  .... 
,,
f (n)
(a )  f ( n 1)
a    x  a 
1 2! n! n  1!
esta cham-se fórmula de Taylor. Caso a=0 a tem-se:
x , x 2 ,, xn x n 1
f ( x )  f 0   f (0)  f (0)  ....  f (n)
(0)  f ( n 1)
(x ) 0  1
1 2! n! n  1! onde e estamos
perante um caso particular da fórmula de Taylor donhecida por fórmula de Maclaurin.

Estudo da variação das funções


Crescimento e decrescimento de funções
Teorema: Se a funçã f(x) derivável sobre o segmento [a, b] é crescente sobre este segmento então a sua
f , ( x)  0
derivada é não negativa sobre este segmento, i.e .
f ( x  x )  f ( x ), x  0
para
f ( x  x )  f ( x )
f ( x  x )  f ( x ), x  0 0 x  0
para contudo x então quando
f ( x  x )  f ( x )
lim 0
x

Texto de apoio Página 16


f , ( x)  0 f , ( x)  0
Se f(x) é decrescente sobre [a, b] então sobre este segmento. Se em [a, b] então f(x)
é decrescente sobre este segmento.

Máximo e mínimo de funções


Os máximos e mínimos duma função são os extremos dessa função

Condição necessáia para existência de extremo

Proposição 1- Se a função derivável y=f(x) tem um máximo no ponto x=x 1 então a sua derivada anula-se
f , ( x)  0
nesse ponto i.e. .

Condições suficientes para existência de de extremo

Proposição 2 – Seja y=f(x) uma função contínua num intervalo contendo o ponto crítico x1 e derivável em
qualquer ponto desse intervalo (excepto talvez no ponto x1). Se a derivada muda de sinal positivo para
negativo quando passa pelo ponto crítico a função tem um máximo para x=x 1. Se a derivada muda de sinal
negativo para positivo quando passa pelo ponto crítico a função tem um mínimo para x=x 1.

Procedimento a seguir para o estudo dos extremos com o auxílio da primeira derivada

1. Calcula-se a primeira derivada


2. Procura-se os valores críticos da variável independente x
3. Estudar o sinal da derivada à esquerda e à direita do ponto crítico
4. Calcular o valor da função para cada valor crítico da variável independente.
Sinal da derivada Natureza do ponto crítico
x<x1 x=x1 x>x1
+ f ( x )  0  descontinuidade
,
- Máximo
- f ( x )  0  descontinuidade
,
+ Mínimo
+ f , ( x )  0  descontinuidade + Nem máximo nem mínimo, função crescente
- f , ( x )  0  descontinuidade - Nem máximo nem mínimo, função decrescente
3
x
f ( x)   2 x 2  3x  1
Exemplo 1: Estudar a variação da função 3
Resolução:
1) derivada de f é f , ( x )  x 2  4 x  3
2) Raízes da primeira derivada: x 2  4 x  3  0 são x=1 ou x=3. A derivada é contínua em todo o domínio
pois, não há outro ponto crítico
3) Estudar os valores críticos:
Primeiro x=1 f , ( x )   x  1 x  3
 para x<1, tem-se que f , ( x )      0 e
 para x>1, tem-se que f , ( x )      0

Texto de apoio Página 17


A mudança de sinal no ponto critico passa de positivo para negativo logo a função admite um máximo no
7
ponto x=1 dado por f (1) 
3
Segundo x=3 f , ( x )   x  1 x  3

 para x<3, tem-se que f , ( x )      0 e


 para x>3, tem-se que f , ( x )      0
A mudança de sinal no ponto critico passa de negativo para positivo logo a função admite um mínimo
ponto x=3 dado por f (3)  1 .

Estudo de máximo e mínimo com auxílio da segunda derivada


f , ( x)  0
, então f(x) tem um máximo no ponto x=x1 se f ( x )  0 e um mínimo
,,
Proposição – Seja

se f ( x)  0
,,

f , ( x)  0 f ,, ( x1 ) Natureza do ponto crítico


0 - Máximo
0 + Mínimo
0 0 Não determinado

f ( x )  2 senx  cos 2 x
Exemplo: Determinar os máximos e mínimos da função

Resolução:

A função f(x) é periódica e o período é


2
, bastará estudar o comportamento no segmento
0,2 
f , ( x )  2 cos x  2 sen 2 x  2cos x  senx cos x   2 cos x1  2 senx 
1) Primeira derivada:
  5 3
Raízes da primeira derivada: 2 cos x 1  2 senx   0 x1  , x2  , x3  , x4 
2) 6 2 6 2
f ( x )  2 senx  4 cos 2 x
,,
3) Segunda derivada:
Natureza de cada ponto crítico:
4)
,,  1 1
i.
f ( )   2  4 .  3  0 consequentemente a função tem um máximo no ponto
6 2 2
   1 1 3
x1  f    2.  
6 tal que 6 2 2 2

ii.
f ,, ( )  2.1  4.1  2  0 consequentemente a função tem um mínimo no ponto
2
  
x 2  tal que f    2 .1  1  1
2 2

Texto de apoio Página 18


5 1 1
iii. f ,, ( )  2.  4.  3  0 consequentemente a função tem um máximo no ponto
6 2 2
5  5  1 1 3
x3  tal que
f   2 .   por fim
6  6  2 2 2
3
iv. f ,, ( )  2. 1  4. 1  6  0 consequentemente a função tem um mínimo no ponto
2
3  3 
x4  tal que
f   2. 1  1  3
2  2 

Convexidade e concavidade das curvas – pontos de inflexão

Definição 1: Diz-se que uma curva tem a convexidade voltada para baixo no intervalo (a, b) se todos
os pontos da curva se encontram por baixo da tangente em qualquer um dos pontos nesse intervalo.

Definição 2: Diz-se que uma curva tem a convexidade voltada para cima no intervalo (a, b) se todos os
pontos da curva se encontram por cima da tangente em qualquer um dos pontos nesse intervalo

Teorema 1: Se a segunda derivada da função f(x) é negativa em qualquer ponto do intervalo (a,b) i.e., se
f ,, ( x )  0, y  f ( x)
a curva tem , então a sua convexidade para baixo (a curva é convexa)neste
intervalo.
Teorema 1,: Se a segunda derivada da função f(x) é positiva em qualquer ponto do intervalo (a,b) i.e., se
f ,, ( x )  0, y  f ( x)
a curva tem , então a sua convexidade para cima (a curva é côncava) neste
intervalo.

Exemplos
y  2  x2
1. Determinar os intervalos de convexidade e de concavidade de
y ,,  2  0
Solução: A segunda derivada é portanto a curva é sempre convexa.
y  ex
2. Determinar os intervalos de convexidade e de concavidade de .

y  ex y ,,  e x  0
Solução : A segunda derivada de é a curva é sempre côncava.

Texto de apoio Página 19


Assímptotas

Definição: Uma recta A chama-se assímptota duma curva se a distância dum ponto variável M da curva
a esta recta tende para zero, quando M tende para infinito.
Distinguem-se:
i) Assímptotas paralelas ao eixo Oy ou verticais ao eixo Ox
ii) Assímptota oblíquas ao eixo Oy

Esquema geral do estudo das funções

1. Domínio da função
2. Pontos de descontinuidade da função
3. Paridade e periodicidade
4. Intervalos de monotonia da função
5. Pontos críticos bem como os valores máximos e mínimos da função
6. Os domínios de convexidade e de concavidade do gráfico
7. Assímptotas do gráfico da função

Notas
 Se a função for par basta construir o gráfico para os números positivos pois este é simétrico
em relação ao eixo das ordenadas.
 Se a função for ímpar basta construir o gráfico para os números positivos pois, o gráfico é
simétrico em relação à origem.
Fonte: N. Piskounov,(1983) Cálculo Diferencial e Integral vol I
B. Demidovitch, (1978) Editora MIR, Problemas e Exercicios de Análise Matemática

Texto de apoio Página 20

Você também pode gostar