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Com relação à justificativa da violência mostrada nos filmes percebemos que o cinema
é um lugar onde “tudo é possível”, onde todas as inibições morais e sociais ficam
suspensas. Um lugar onde podem transitar obscenidades, maldades e violência e onde
nada disso causa extremo horror. (CEBALLOS, 2011, p. 11).
Quando o individuo se depara com aquilo que não é a conduta humana considerada
"normal", isso pode ser perturbador, e pode revelar, instantaneamente, uma rejeição.
Na literatura, nos quadrinhos e no cinema, esses heróis com seus duplos e suas
máscaras expressam as faces complementares do ser humano, alegorizam a essência
através de uma segunda aparência e viabilizam a busca da realização dos ideais.
(GUIMARÃES, 2011, p. 84).
Ninguém está imune de ser acometido por medos, taras, vícios, comportamentos
considerados “estranhos”. A observação dessas contingências comportamentais que
denunciam nossa fragilidade é chave para a compreensão dessa fragilidade no outro.
(SILVA, 2011, p. 109).
Assim a moral dúbia e ambígua dos personagens e do texto gótico tem essa base. Ao contrário,
os autores românticos buscam através da imaginação e beleza criar uma forma de
reconciliação que a razão e a religião não podem oferecer. Para o romântico, o belo e o
sublime vão desempenhar essa função.
O caráter prometeico (ou luciferiano ou fáustico) do Romance Gótico não ajudou na sua
popularidade entre as autoridades e críticos também devido a outra característica recorrente:
o desafio a religião ou moral, seja ela qual for. Com muitos personagens locados na Europa
Latina e Católica Medieval, as críticas ao Catolicismo são evidentes, mas este aspecto atinge
outras religiões cristãs ou mesmo o Islamismo e crenças exóticas, como vemos em Vathek, que
consegue desafiar diversas crenças na mesma obra. Pelo contrário, em romances Românticos,
vemos muitas vezes um reforço das crenças religiosas, com uma solução por vezes espiritual.
-O SUBLIME: No Terror Gótico se busca pelo sublime no terror da antecipação, e não no susto
ou violência. A vertente do Horror Gótico, por sua vez, expõe o protagonista a situações
extremas morais e físicas que ameaçam sua sanidade.
Uma teoria do sublime de influenciou a narrativa e os efeitos buscados pelos primeiros autores
góticos, entre 1760 e 1800 e posteriormente. Burke publicou em 1754 “Uma Investigação
Filosófica Sobre a Origem de Nossas Ideias do Sublime e do Belo”, que se tornou um clássico já
em sua época.
Assim, é importante notar que a estética gótica não se resume a um sistema de cenários
(castelos em ruínas, cemitérios, noites enfumaçadas etc) e alguns personagens padrão
(zumbis, múmias e vampiros, entre outros). Isso tudo faz parte da tradição gótica, mas estes
elementos de cenário e personagens podem e são muitas vezes usados em obras que não são
góticas.
Estes cenários fazem sentido em uma obra gótica, porque são uma expressão na forma da
estética do conteúdo mais estrutural.
Muitos livros, filmes, estilos de roupa, séries, quadrinhos e jogos foram desenvolvidos a partir
da estética gótica e isso é algo que faz parte da cultura universal e domínio público de
qualquer pessoa, gótica ou não. O que nos interessa aqui é ver o que a subcultura gótica fez
com esses elementos da cultura universal, pois sem entendermos esses elementos da cultura
universal não temos como entender o que foi feito deles na subcultura gótica.
COHEN, Jeffrey Jerome, (Org.) (1996). Monster theory. Reading culture. Minneapolis:
University of Minnesota Press.
A efetiva ameaça representada pelos monstros ficcionais para o leitor não é, obviamente,
física, mas cognitiva. Os monstros são seres híbridos, intersticiais, muito comumente
apresentados como indescritíveis ou inconcebíveis, pois não podem ser identificados ao que se
entende por natural ou normal em uma cultura. Eles podem mesmo criar tensões e instalar
crises em nossas categorias de entendimento do mundo (cf. CARROLL, 1999).