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Cabana do Pai Miguel das Almas

Curso de Médiuns Aspirantes – 2018

CAPÍTULO VI – ESTUDO DA MEDIUNIDADE


MEDIUNIDADE

I – INTRODUÇÃO
A mediunidade constitui vasto capítulo dentro da doutrina espírita e pode ser encontrada sob as
mais variadas formas de manifestação. É condição natural de todo ser humano. Todos nós, sem
exceção, somos dotados desse potencial, cabendo a cada um efetivá-lo ou não, de acordo com as
suas necessidades e a sua proposta de vida e de crescimento.

Para maiores esclarecimentos sobre o estudo da mediunidade, existem diversos livros, em


especial, “O Livro dos Médiuns, de Alan Kardec”.

II – DEFINIÇÃO
É a capacidade de se estabelecer contato entre o mundo material e o dos espíritos, mediante a
troca de fluidos energéticos, com aprimoramento das faculdades intelectuais, morais e espirituais
do homem. Foi através da mediunidade que puderam ser observados fenômenos espíritas das
mais variadas ordens, fenômenos esses que, posteriormente, foram organizados e
esquematizados para originar o que hoje conhecemos como Espiritismo.

III – BREVE HISTÓRICO


Sendo uma condição natural da espécie humana, a mediunidade existe desde que o mundo é
mundo, embora os fenômenos mediúnicos tenham sido observados somente a partir de
determinada época. A primeira manifestação de que se tem notícia foi a ocorrida com Abraão,
que ouvia a voz do Senhor. Em seguida, surgiram vários outros, como Lot, José, Moisés, os
profetas, Swedenborg (vidente sueco), Edward Irving (realizava manifestações mediúnicas),
Andrew Jackson Davis (vidente americano).

Dignos de nota são os fenômenos ocorridos com as irmãs Fox e as mesas girantes. As irmãs Fox
foram duas meninas americanas que, em 1848, estabeleceram contato com um espírito, por meio
de batidas. Descobriram que ele fora assassinado e enterrado na adega da casa em que moravam.

Nessa mesma época, era comum, na Europa, a realização de eventos sociais com a utilização de
mesas que dançavam de um lado para o outro, e que, mais tarde, passaram também a produzir
sons por intermédio de pancadas. Eram as mesas girantes.

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É interessante observar que as formas de manifestação dos fenômenos espíritas vai variando
conforme as reais necessidades por que atravessam os homens em determinados momentos.
Assim, na época de Moisés, das irmãs Fox e das mesas girantes, o homem estava ainda no
despertar das verdades espíritas e necessitava de provas concretas e palpáveis para que pudesse
crer, compreender e aceitar a influência dos espíritos em sua vida.

Hoje as coisas não são mais assim. O homem adquiriu conhecimento, aprimorou o intelecto,
evoluiu a moral. Temos a certeza de que estamos aqui para aprender com os espíritos, e
manifestações densas não são mais necessárias para provocar a nossa crença. Por isso, é um erro
supor que os fenômenos de antigamente eram melhores e mais maravilhosos do que os de hoje.
Até eram mais convincentes, porque o homem precisava ser convencido de algo que era novo, e
toda experiência precisa ser comprovada para adquirir credibilidade.

Atualmente, porém, essas manifestações já são do conhecimento de todos, e nós nos deparamos
com a necessidade de exercitar nossa mediunidade, não para realizar proezas no mundo físico,
mas para estarmos cada vez mais em contato com o sutil, aprimorando nosso intelecto, nossas
emoções e nossa moral.

IV – AÇÃO DOS ESPÍRITOS SOBRE A MATÉRIA E O CORPO FÍSICO


Após a morte do corpo físico, o espírito pode ainda se manifestar aos encarnados, utilizando-se de
seu perispírito. O perispírito, apesar de ser um corpo fluídico de que se revestem os espíritos, é
formado de matéria, ainda que mais sutil que a física, e é com ele que o espírito está em
condições de se fazer perceber no mundo físico. Logo, o espírito precisa de matéria para agir
sobre a matéria, e os efeitos daí resultantes nada têm de sobrenatural, constituindo, antes, fatos
da natureza. E é atuando sobre a matéria densa que o espírito pode agir sobre corpos pesados e
compactos, erguer mesas, etc.

As formas de atuação do espírito sobre a matéria foram amplamente estudadas por Kardec,
havendo várias classificações no Livro dos Médiuns, das quais abordaremos apenas as de maior
interesse ou dúvida. Que são elas:

 Ação de Efeitos Físicos

São as que produzem efeitos sensíveis, como ruídos, movimentos e deslocamento de


corpos sólidos, tal como acontecia com as mesas girantes. Derivando-se tais manifestações
da intervenção dos espíritos, é óbvio que são fruto de uma força inteligente, mas o que as
distingue das manifestações inteligentes é o resultado que produzem.

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Nos efeitos físicos não se nota nenhum tipo de ordenação nem obediência a um comando,
mas um mero fenômeno sensível, que bem poderia ser atribuído à ação de uma corrente
elétrica, mecânica ou magnética. Como exemplos, podemos citar: ruídos, barulhos,
pancadas, arremesso de objetos, apagar e acender de luzes, transporte, etc.

 Ação de Fenômenos Inteligentes

Foram constatadas posteriormente, quando as mesas girantes observadas por Kardec


passaram a dar respostas coerentes, demonstrando que as batidas não eram produzidas
aleatoriamente e que havia uma força inteligente coordenando-as. Dentro das observações
do Codificador, os fenômenos inteligentes vieram lançar uma nova luz sobre os de efeitos
físicos, dividindo com estes, a princípio, a diversão das manifestações.

Foi através deles que se pôde constatar que os fatos ocorridos tinham a intervenção de
inteligências ocultas e não eram aleatórios, como se pensava ao se começar a observar as
mesas girantes. As manifestações inteligentes tornaram-se, a partir de então, como que
um correio estabelecido entre o mundo visível e o invisível.

Para que a manifestação seja inteligente, deve corresponder a um ato livre e voluntário,
que revele uma intenção ou um pensamento, tal como ocorre na psicografia e na
pictografia mecânicas, dentre outros.

Atenção!

É importante destacar que mediunidade de transporte não é possibilidade que o médium


tem de se desprender do corpo físico e ir a outros locais, mas sim a faculdade de
locomover objetos entre lugares fechados. O desprendimento do corpo físico para ir a
outros lugares se chama: Bicorporeidade ou Desdobramento.

 Bicorporeidade e Desdobramento

BICORPOREIDADE

A bicorporeidade é uma variação das manifestações visuais, ou seja, aquelas em que os


espíritos se tornam visíveis.

Sabemos que o perispírito serve de invólucro tanto ao corpo físico dos encarnados quanto
ao espírito desencarnado. Daí porque as propriedades do perispírito após a morte
aplicam-se aos perispíritos dos vivos.

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Uma das particularidades do perispírito é tornar-se visível e, algumas vezes, tangível. Isso é
de fácil compreensão quanto aos espíritos desencarnados, porque já sabemos que é com a
roupagem do perispírito que se apresentam tal qual eram em vida.

Mas é possível também aos encarnados tornarem-se visíveis, fora do corpo físico, a outros
espíritos encarnados. Não devemos nos esquecer de que a bicorporeidade é um
fenômeno mediúnico, ou seja, é um acontecimento que serve de ligação entre o mundo
visível e o invisível. Sendo assim, é desnecessário que um espírito encarnado se utilize da
bicorporeidade para se fazer visível a um ser desencarnado.

Os desencarnados nos vêem, nos ouvem e nos sentem a todo instante, e não precisam de
nenhum instrumento que lhes facilite esse intercâmbio. Quando desejam se fazer
perceptíveis a nós, basta simplesmente desligar nossos perispíritos do corpo durante o
sono. Ambos estarão com seus perispíritos presentes, o desencarnado e o encarnado, e,
através da audição e da visão, o primeiro se apresenta ao segundo.

Quem precisa de algum mecanismo para se comunicar com os espíritos somos nós, os
encarnados que, através da mediunidade, adquirimos determinadas aptidões para os
percebermos. É por isso que a bicorporeidade é um fenômeno estabelecido com o
concurso de dois ou mais encarnados

Normalmente, ocorre durante o sono mas, mesmo que o indivíduo não esteja dormindo
deverá estar passando por algum processo letárgico, como a hipnose ou o transe. Por esse
fenômeno, os médiuns dotados dessa potencialidade desaprendem seus perispíritos dos
corpos físicos e se mostram em lugares diferentes, muitas vezes, simultaneamente. Em um
lugar encontra-se o corpo físico, em outro, o perispírito.

DESDOBRAMENTO

O conceito de desdobramento é mais amplo do que o de bicorporeidade e não foi


estabelecido por Kardec, referindo-se a qualquer estado de desprendimento do perispírito,
seja ou não com a participação de dois ou mais encarnados. Logo, o desdobramento, nem
sempre, é um fenômeno mediúnico.

Quando entramos em contato com o astral através do sonho, nosso perispírito se


desprende e pode se encontrar com espíritos desencarnados, mas isso não é atributo da
mediunidade (lembrando que todos somos, em geral, médiuns, mas só alguns possuem
essa faculdade mais desenvolvida).

Qualquer pessoa, médium ou não, está apta a entrar em contato com seres invisíveis,
bastando, para tanto, o desprendimento de seu corpo astral, o que, repita-se, não é um
fenômeno mediúnico, mas mero atributo do corpo astral que todo ser humano possui.

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O fenômeno do desdobramento, incluindo, aí, o da bicorporeidade, somente é possível


devido à possibilidade que tem o corpo astral de se desprender do corpo físico em estado
de sono ou de transe, pois é graças a ele que se torna possível, ao espírito encarnado,
fazer-se visível a outros seres, encarnados ou não.

 Materialização

Materialização é a aptidão que o espírito possui de se tornar momentaneamente palpável,


podendo também ocorrer com relação a objetos. Não basta apenas fazer-se visível. A
materialização é realizada com o concurso de médiuns aptos a desenvolver esse
fenômeno, que é ob-tido através do deslocamento do duplo etérico do médium, de onde
se retira uma boa dose de ectoplasma, que é o plasma de origem psíquica obtido dos
médiuns.

A figura materializada, normalmente, não pode se afastar muito do médium a que lhe deu
causa e não dura muito, desmaterializando-se após algum tempo. Lembrando que uma
das funções do corpo etéreo é levar vitalidade ao corpo físico, a materialização consome
imensa quantidade dessa vitalidade, suprimindo os meios que a permitem circular, o que
causa enorme desgaste ao médium.

O MÉDIUM

I – INTRODUÇÃO
Nenhum dos fenômenos acima poderia ser produzido apenas com a participação dos espíritos.
Para se manifestar, os espíritos necessitam da colaboração de médiuns que lhes doem os fluidos
energéticos necessários a esse intercâmbio.

Médiuns são indivíduos que servem de intermediários entre o mundo visível e o invisível, o
corpóreo e o incorpóreo, o material e o espiritual. Em suma, médium é quem faz a comunicação
entre os espíritos encarnados e os desencarnados. Todos nós somos dotados dessa faculdade,
ainda que dela não tenhamos conhecimento, ainda que não a desejemos de forma consciente.

II – PREPARO MORAL
O bom médium não é o que se comunica facilmente com o mundo invisível, mas aquele cuja
conduta e moral o aproximam dos bons espíritos. O médium é um ser sensível ao mundo
incorpóreo, dele absorvendo os fluidos e as energias.

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As energias que se espalham no ambiente ao nosso redor são das mais diversas ordens: boas, más,
nervosas, alegres, tristes, angustiadas, confiantes, amorosas, revoltadas... E isso porque há, à
nossa volta, espíritos que vibram intensamente essas energias, e nós, como médiuns, iremos
captar ou perceber aquelas com que mais nos afinizarmos em dado momento.

Se eu estou alegre, confiante, otimista, se meus pensamentos estão sempre voltados para o bem,
se a minha moral é elevada, se eu procuro pautar as minhas atitudes dentro da verdade e do bem,
certamente irei atrair espíritos que vibrem na mesma sintonia que eu.

Espíritos ignorantes, odientos, vingativos não terão acesso aos meus pensamentos nem
influenciarão a minha vida ou a minha conduta.

Por outro lado, se penso apenas em desgraças, amaldiçoado a tudo e a todos, se sou maledicente,
invejoso, pessimista, derrotista, irascível e tantas outras coisas, estou abrindo uma porta larga

para os espíritos que se sentem como eu. Os bons espíritos, ainda que desejem me ajudar, não
encontrarão campo para se aproximar.

Todos nós temos nossos dias bons e ruins. Há momentos em que estamos bem e outros em que
não estamos tão bem. Somos capazes de amar e estar alegres, de sentir raiva e ciúmes, porque
esses são sentimentos naturais do ser humano em crescimento. Por isso, não precisamos fingir
que não estamos sentindo nada nem nos culpar pelos sentimentos mais difíceis. Isso é humano, e
o que devemos fazer é tentar buscar o equilíbrio através da serenidade e da oração.

Daí porque é muito importante, principalmente para os médiuns, policiar seus atos e
pensamentos, porque nós sempre iremos atrair exatamente aquilo que está em sintonia com as
nossas atitudes e as nossas crenças.

ORAI E VIGIAI

Como médiuns, temos uma tarefa a cumprir e, para isso, precisamos desenvolver em nós
certas qualidades. Devemos ser amorosos e procurar estar disponíveis não só de tempo,
mas também e, principalmente, de sentimentos.

Precisamos ter boa vontade e interesse pelo estudo. O auto-conhecimento é o caminho


seguro para que percebamos e avaliemos as transformações por que atravessamos ao
longo de nossas vidas. É preciso também que façamos uma reforma íntima, tentando
aceitar e aperfeiçoar o que ainda precisa de melhoramento e valorizando as etapas já
conquistadas. Precisamos manter o equilíbrio físico, mental, moral e espiritual, cuidando
do corpo, da alimentação, do repouso e vigiando constantemente os nossos pensamentos.

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É preciso exercitar essas qualidades, não só para com nossos irmãos, mas para conosco
também. Devemos nos lembrar de que a caridade começa com nós mesmos, e exercita-
mos a caridade conosco quando reconhecemos os nossos limites, aceitamos as nossas
dificuldades, nos valorizamos e nos conscientizamos de que, antes de qualquer coisa,
temos que buscar conhecimento, porque é através dele que nos tornaremos livres e
poderemos ser úteis, para nós, para o outro e para a humanidade.

III – TIPOS DE MÉDIUNS


Kardec estudou e classificou diversos tipos de médiuns (ou de mediunidades), sendo que muitas
delas nada mais são do que desmembramentos de outras. Todos são iguais em importância, não
existe médium melhor ou mais útil. O que importa são as qualidades e as propostas do médium.
É isso que vai fazer com que a mediunidade se desenvolva nessa ou naquela área, de forma mais
ou menos adequada às necessidades de cada um.

Como exemplos, podemos citar os tipos de médiuns mais comuns: de efeitos físicos, sensitivos,
audientes, videntes, intuitivos, de transporte (de objetos, lembram-se?), de efeitos musicais,
pictográficos, psicógrafos, psicofônicos e de incorporação. Além desses, há muitos outros, que
podem ser encontrados no Livro dos Médiuns. Vejamos alguns:

 Clarividentes e Clariaudientes

Sabemos que a vidência e a audiência são faculdades que o médium possui de ver e ouvir
espíritos desencarnados, o que ocorre com os olhos e ouvidos do períspirito

Dissemos que este é o princípio de todas as manifestações mediúnicas, e é através dele


que podemos ver e ouvir os espíritos ao nosso redor. É como se víssemos ou ouvíssemos
mesmo com os olhos, pois o espírito aparece diante de nós ou fala conosco de uma forma
direta, no plano externo, como acontece quando conversamos com alguém encarnado.

Mas há casos em que o espírito atua diretamente na mente do médium, que possui amplas
percepções visuais e auditivas, percebendo o mundo invisível em seu campo íntimo. O
desencarnado atua sobre os raios mentais do médium, transmitindo-lhe quadros e
imagens. O médium vê e ouve não como se estivesse diante de uma pessoa, mas através
de sua mente. Em outras palavras, vê e ouve o que o espírito projeta em sua tela mental.
A esses, denominamos médiuns clarividentes e clariaudientes, respectivamente.

É o que ocorre quando canalizamos as entidades e vamos reproduzindo as idéias que elas
nos vão transmitindo, sem que nossos olhos ou ouvidos estejam percebendo sons ou
ruídos.

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 Inconscientes, Semiconscientes e Conscientes

Dentre os tipos de médiuns citados, talvez o que impressione mais e cause maiores dúvidas
sejam os médiuns de incorporação, que trazem à baila a velha distinção entre médiuns
conscientes, semiconscientes e inconscientes.

Médium Inconscientes

Médium inconsciente é aquele em que a comunicação com o espírito se faz de forma


absoluta, sem o conhecimento ou a vontade do médium. O espírito, embora se utilize dos
fluidos do médium, atua sem o seu concurso direto, e o médium, ter-minada a
manifestação mediúnica, não guarda qualquer lembrança do ocorrido durante o transe. É
raro atualmente.

Médium Semiconsciente

Médium semiconsciente é aquele que, ao retornar do transe, tem uma vaga lembrança do
que aconteceu durante a manifestação.

Médium Conscientes

Médium consciente é aquele que se recorda de tudo o que aconteceu e falou, que está
presente na hora das manifestações, vendo e ouvindo tudo o que a entidade faz e fala.
Nos dias de hoje, é o mais comum.

É um erro supor que o médium inconsciente é que é bom. Bom é o médium responsável e
verdadeiro, não importa se consciente ou não. Até porque, como tudo na vida, a
mediunidade é uma via de mão dupla, que vai depender da moral do médium.

Conscientes ou inconscientes, os médiuns vão facilitar a atuação dos espíritos naquilo com
que se afinizam. Podemos ser médiuns inconscientes, mas se tivermos moral elevada,
nenhum espírito menos esclarecido conseguirá nos dominar e nos fazer agir contra os
nossos princípios. Por outro lado, se conscientes, podemos, propositadamente, permitir
que se faça o mal, até mesmo estimulando a prática de atos menos dignos. Tudo vai
depender de nós. Sempre de nós.

No estágio atual em que o mundo se encontra, de busca de aprimoramento, não é mais


necessário que os espíritos dominem completamente o médium para que possam atuar.
O médium é também ser em crescimento e deve ser o primeiro a tirar lições da atuação
dos espíritos. Além disso, deve participar e colaborar com o espírito, fornecendo-lhe seus
conhecimentos para que ele tenha uma comunicação mais fácil e inteligível.

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Não somos mais meros instrumentos. Somos secretários dos espíritos. Mas também não
somos quaisquer secretários. Somos coadjuvantes, porque, ao mesmo tempo em que
auxiliamos, contribuímos para a realização da tarefa do espírito. Para ser um bom
secretário e um bom coadjuvante, é preciso aprimorar os conhecimentos. Quanto mais
bem preparado é o médium, mais capacidade terá de servir e de crescer. Por isso, é
preciso estudar, para que os espíritos encontrem um meio fácil de comunicação, sem a
necessidade de fazer manobras e malabarismos para se fazerem entender.

Como secretários e coadjuvantes, cabe-nos a missão de traduzir, interpretar e clarear o


que os espíritos querem dizer. Se eu sou um bom intérprete, passarei fielmente os seus
ensinamentos. Ao contrário, se nada sei, ficarei empacado na dificuldade de compreensão
e começarei a questionar e a duvidar das palavras do espírito, quando não as passar de for-
ma incorreta ou imprecisa. Por isso, devemos ser bons secretários e bons coadjuvantes.
Se não, os espíritos nos deixam e vão procurar outro que melhor os sirvam.

 Papel dos médiuns nas comunicações

O papel do médium nas comunicações é sempre ativo. Seja o médium consciente ou


inconsciente, intuitivo ou mecânico, dele sempre depende a transmissão das mensagens e
sua pureza. O espírito comunicante transmite o seu pensamento usando o médium como
intérprete. Se este é um mau intérprete, pode influir nas comunicações, alterando-lhes o
teor e o conteúdo, adaptando-as a suas próprias idéias e tendências.

Pode ainda deixar-se induzir pelo ambiente e as pessoas ao seu redor, agindo como se
estivesse sob a influência de algum espírito, estando, em verdade, agindo por sua própria
vontade, sem o concurso do invisível. A isso se chama animismo, ou seja, o médium pensa
que está incorporado quando, na verdade, não está.

O animismo não é uma forma de mistificação, pois que aqui o médium não age com má-fé
nem intuito de enganar, mas engana-se a si mesmo, levado pela sua pouca experiência, o
desejo de incorporar ou outro motivo que lhe aguce, de forma quase que incontrolável, a
vontade de servir de instrumento ao invisível.

Nesses casos, devemos sempre nos lembrar de ter respeito pelo outro e não julgar ou
criticar, pois ele mesmo, com o tempo e o exercício da mediunidade, alcançará a
maturidade espiritual que o centrará em seu próprio eixo de equilíbrio.

Da mesma forma como o médium é capaz de atrair para junto de si espíritos dos mais
variados graus de evolução, em sintonia com suas ações, sentimentos e pensamentos, cabe
e ele orientar as comunicações recebidas pelos espíritos. É importante conhecer-se a si

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mesmo, para que possa identificar pensamentos que não lhe pertencem, idéias que
normalmente não teria, desejos que não fazem parte da sua rotina.

Desenvolvendo a sua moral, o médium estará apto a avaliar a qualidade do espírito


comunicante, pois só espíritos evoluídos são capazes de orientar e aconselhar com
compreensão e sabedoria. Se o teor da mensagem (ou intuição) for de moral duvidosa,
com certeza, o médium estará diante de um espírito menos esclarecido, fazendo-se passar
por seu guia protetor ou, simplesmente, divertindo-se à custa de sua imprevidência.

Que espírito de luz, por exemplo, insinuaria a um marido ciumento e violento que sua
mulher o está traindo com o melhor amigo? Que guia protetor incentivaria alguém a
tripudiar sobre seus companheiros de trabalho para conseguir uma promoção?
Certamente, nenhum.

O médium deve estar sempre atento, policiando a sua fala e as suas atitudes, avaliando,
ainda, a conveniência de repassar as comunicações que recebe. Quer isso dizer que nem
tudo o que o espírito transmite ao médium pode e deve ser repassado a outros. Seja numa
psicografia, seja numa consulta, seja numa palestra intuída, o médium deve estar apto a
avaliar, além do conteúdo da mensagem, a pessoa a quem ela é dirigida. O médium deve
perceber o grau de equilíbrio e preparo de quem o procura. Nem tudo o que ouvimos
podemos repetir, pois nem todos estão preparados para escutar as verdades.

Os espíritos, muitas vezes, desvendam-nos segredos dos que os procuram não para saciar a
nossa curiosidade, mas para que possamos descobrir a melhor forma de ajudar. Não
podemos, portanto, sair falando tudo o que ouvimos, porque não somos gravadores nem
computadores. Temos capacidade de discernir e avaliar a conveniência e utilidade de
determinadas revelações.

PARA REFLETIR
“A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino
Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na terra. (...) Sendo luz que brilha na
carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da
posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da
inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face
do mundo.”

(Emmanuel, em O Consolador)

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BIBLIOGRAFIA
Um Amor de Verdade, Zíbia Gasparetto

Devassando o Invisível, Yvone Pereira

O Livro dos Médiuns, Allan Kardec

O Matuto, Zíbia Gasparetto

Mecanismos da Mediunidade, Chico Xavier & Waldo Vieira, pelo Espírito André Luiz

Medo de Amar, Marcelo Cezar

Nunca Estamos Sós, Marcelo Cezar

Sexo Além da Morte, Ranieri

Você Faz o Amanhã, Marcelo Cezar

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