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Vida & Obra de John von Neumann

Vida & Obra de...

John von Neumann com o primeiro computador do Instituto

Fotografia de Alan Richards: Archives of the Institute for Advanced Study

(Foto retirada de https://mathshistory.st-


andrews.ac.uk/Biographies/Von_Neumann/)

John von Neumann foi um matemático húngaro-americano nascido a 28 de


dezembro de 1903 em Budapeste.

Quando von Neumann era criança, já mostrava que tinha uma memória prodigiosa.
Poundstone escreveu:

“Aos seis anos, ele era capaz de trocar piadas com o pai em grego clássico. A família
Neumann às vezes entretinha os convidados com demonstrações da capacidade de
Johnny de memorizar listas telefónicas. Um convidado selecionaria uma página e
uma coluna da lista telefónica aleatoriamente. O jovem Johnny lia a coluna algumas
vezes e depois devolvia-a ao convidado. E então respondia a qualquer pergunta que
lhe era feita (quem tem número de tal e tal?) ou recitar nomes, endereços e
números por ordem.”
Em 1921 entra na Universidade de Berlim, para estudar engenharia química.
Esteve dois anos em Berlim e assistiu às aulas de física estatística lecionadas
por Albert Einstein; fez o exame para entrar no segundo ano de engenharia química
no prestigiado Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (EHT) para o qual
entrou.

Antes da ida para Zurique, entrou na Universidade de Budapeste como candidato


para um doutoramento em matemática. Pólya professor de von Neumann disse
uma vez:

“O Johnny foi o único aluno de quem tive medo. Se no decorrer de uma aula eu
falasse de um problema por resolver, o mais provável era que ele viesse ter comigo
no final, com a solução completa em alguns rabiscos num pedaço de papel.”

Assim, em 1926 von Neumann licenciou-se em engenharia química no ETH e, ao


mesmo tempo, doutorou-se em matemática em Budapeste, passando em todos os
exames com distinção. Na sua tese de doutoramento fez uma tentativa
de axiomatizar a teoria dos conjuntos, desenvolvida por Georg Cantor.

Quando tinha 20 anos publicou uma definição de números ordinais, a sua definição
ainda é usada atualmente.

Von Neumann lecionou em Berlim entre 1926 e 1929 e em Hamburgo de 1929 a


1930. Durante 1926-27 obteve uma bolsa Rockefeller para que pudesse realizar
estudos de pós-doutoramento na Universidade de Göttingen e estudou com
Hilbert em Göttingen. Nessa época, von Neumann já tinha alcançado o status de
celebridade, o seu irmão N. A. Vonneuman escreveu:

“Por volta dos vinte e poucos anos, a fama de von Neumann espalhou-se pelo
mundo na comunidade matemática. Em conferências académicas, ele seria
apontado como um jovem génio.”

Em 1930 von Neumann foi convidado para lecionar nos EUA, na Universidade de
Princeton e em 1933 foi convidado para a primeira faculdade de matemática
do Institute for Advanced Study onde lecionou até ao fim da sua vida.

Ensinar não era um dos pontos fortes de von Neumann; o seu irmão também
escreveu:

“A sua linha fluída de pensamento era difícil de seguir pelos menos dotados. Era
famoso por escrever equações numa pequena parte disponível do quadro para logo
depois apagá-las antes que os alunos pudessem copiá-las.”

No entanto, tinha uma grande capacidade de explicar ideias complicadas de física.


W Aspray, escreveu em John von Neumann and the origins of modern
computing (Cambridge, M., 1990):

“Para um homem para quem a matemática complicada não apresentava


dificuldade, ele poderia explicar as suas conclusões aos não iniciados com
surpreendente lucidez. Depois de uma conversa com ele, saímos sempre com a
sensação de que o problema era realmente simples e transparente.”

Segundo Paul Halmos, von Neumann era muito sistemático e meticuloso e um


trabalhador incansável, chegava cedo ao seu gabinete, saía tarde e nunca perdia
tempo. Mas von Neumann também vivia plenamente a sua vida social, tinha um
estilo de vida extravagante, dava grandes festas que acabavam sempre muito
tarde. Enquanto lecionava na Alemanha, von Neumann já participava na vida
noturna de Berlim na era do Cabaret.

Em 1932 edita o texto “Mathematische Grundlagen der Quantenmechanik” que


sem dúvida construiu uma estrutura sólida para a nova mecânica quântica.

Surgiu também a Álgebra de von Neumann motivada pelo seu estudo em "single
operators, group representations, ergodic theory and quantum mechanics".

Na teoria dos jogos, von Neumann provou o teorema minimax.

“O teorema minimax provado por John Von Neumann é a peça principal da maior
parte do trabalho matemático em economia e em atividades onde os atos das
decisões são racionais. Segundo o teorema minimax há sempre uma solução
racional para um conflito entre dois indivíduos cujos interesses são completamente
opostos, ou seja, o que é ganho pelo um lado é perdido pelo outro. Esse é um
exemplo da chamada situação de soma zero, uma vez que os ganhos dos dois
jogadores somam zero. A combinação de estratégias, na qual o máximo dos
mínimos é igual ao mínimo dos máximos, chama-se ponto de equilíbrio do jogo, pois
ao escolherem essas estratégias, os jogadores garantem para si um ganho mínimo
independente do que o adversário venha a escolher.”

Von Neumann foi também um dos pioneiros da ciência da computação, fazendo


contribuições significativas para o desenvolvimento do design lógico. Shannon
escreveu:

"Von Neumann passou uma parte considerável dos últimos anos da sua vida a
trabalhar em [teoria dos autómatos]. (…) Envolvendo uma mistura de matemática
pura e aplicada, bem como outras ciências, a teoria dos autómatos era um campo
ideal para o intelecto abrangente de von Neumann. Von Neumann trouxe novos
esclarecimentos e abriu pelo menos duas novas direções de investigação.”

Von Neumann avançou na teoria dos autómatos celulares, defendeu a adoção do


bit como uma medida de memória do computador e resolveu problemas na
obtenção de respostas confiáveis de componentes de computador não confiáveis.

Durante e após a Segunda Guerra Mundial, von Neumann serviu como consultor
das forças armadas e participou no desenvolvimento da bomba de hidrogénio. A
partir de 1940, foi membro do Comité Consultivo Científico dos Laboratórios de
Pesquisa Balística do Aberdeen Proving Ground, em Maryland. Foi membro do
Bureau of Ordnance da Marinha de 1941 a 1955 e consultor do Laboratório
Científico de Los Alamos de 1943 a 1955. De 1950 a 1955, foi membro do Projeto
de Armas Especiais das Forças Armadas em Washington, DC. Em 1955 o
presidente Eisenhower nomeou-o para a Comissão de Energia Atómica, e em 1956
recebeu o Prémio Enrico Fermi, sabendo que estava incuravelmente doente com
cancro ósseo ou pancreático. A exposição à radioatividade na altura que observava
os testes da bomba atómica no Oceano Pacífico ou o trabalho com armas nucleares
em Los Alamos podem ter sido as causas desta doença. O cancro acabou por evoluir
para o cérebro, impedindo qualquer atividade mental.

Von Neumann orgulhava-se do seu cérebro prodigioso e chegar ao fim da vida sem
poder contar com ele foi aterrorizante e muito doloroso para ele.

Eugene Wigner escreveu sobre os tempos que antecederam a morte de von


Neumann:

“Quando von Neumann percebeu que estava incuravelmente doente, a sua lógica
forçou-o a perceber que deixaria de existir e, portanto, deixaria de ter
pensamentos... Foi de partir o coração observar a frustração da sua mente, quando
toda a esperança se foi, a sua luta com o destino que lhe parecia inevitável, mas
inaceitável.”

Fonte: https://mathshistory.st-andrews.ac.uk/Biographies/Von_Neumann/

http://ecoarte.info/ecoarte/2016/05/teoria-dos-jogos-as-origens-e-os-
fundamentos-da-teoria-dos-jogos-alecsandra-neri-de-almeida/

https://pt.wikipedia.org/wiki/John_von_Neumann

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