Notas de Aula
I Campo Elétrico
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1 Roteiro Histórico 9
2 Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Cargas Elétricas e Lei de Coulomb 11
2.2 Conceito de Campo Elétrico 12
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elétrico 13
2.3.1 gerado por uma única carga puntiforme q em um ponto P situado a uma
distância r da carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.2 gerado por um sistema constituído por n cargas puntiformes . . . . . . . . . 14
2.3.3 gerado por uma distribuição contínua de carga (não puntiforme!!) . . 15
3 Parada Obrigatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Sistemas de coordenadas e seus elementos infinitesimais 17
3.1.1 Coordenadas Cartesianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1.2 Coordenadas Cilíndricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1.3 Coordenadas Esféricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2 Densidades de Carga 20
3.2.1 Densidade Linear de Carga λ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.2.2 Densidade Superficial de Carga σ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.3 Densidade Volumétrica de Carga ρ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2.4 “Teorema” das integrais múltiplas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.3 Exercícios Sobre Sistemas de Coordenadas 24
4 A Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1 O conceito de fluxo 25
4.1.1 De Água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.2 Do Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.2 Lei de Gauss 28
4.3 Materiais Isolantes e Condutores 30
4.3.1 Isolantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.3.2 Condutores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
II Potencial Elétrico
5 POTENCIAL ELÉTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
5.1 Diferença de Potencial Elétrico 35
5.2 Cálculo do Potencial Elétrico 38
5.2.1 Carga Puntiforme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.2.2 Sistema de Cargas Puntiformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.2.3 Distribuição Contínua de Carga (não puntiforme!!) . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
5.3 Exemplos 41
5.4 Desenhando o Potencial Elétrico: Superfícies Equipotenciais 42
5.5 Obtendo ~E a partir de V 43
5.6 Energia Potencial Eletrostática 44
5.6.1 Sistema de Cargas Puntiformes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.6.2 Sistema Dipolo Elétrico – Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
6 CAPACITORES E DIELÉTRICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
6.1 Capacitores e capacitância 49
6.2 Cálculo da Capacitância 50
6.2.1 Capacitor de Placas Planas Paralelas (CPPP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6.2.2 Capacitor Esférico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.2.3 Capacitores com Dielétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.2.4 A Lei de Gauss com Dielétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
6.2.5 Energia Armazenada no Campo Elétrico de Um Capacitor . . . . . . . . . . 55
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1 Roteiro Histórico
2 Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.1 Cargas Elétricas e Lei de Coulomb
2.2 Conceito de Campo Elétrico
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elé-
trico
3 Parada Obrigatória . . . . . . . . . . . . . . 17
3.1 Sistemas de coordenadas e seus elementos
infinitesimais
3.2 Densidades de Carga
3.3 Exercícios Sobre Sistemas de Coordenadas
4 A Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1 O conceito de fluxo
4.2 Lei de Gauss
4.3 Materiais Isolantes e Condutores
1. Introdução
Conclusão:
essa história mostra a capacidade de raciocínio da mente humana, que saiu de obser-
vações de como um bastão de resina atritado atrai pequenos pedaços de palha seca
até equações matemáticas capazes de descrever todos os fenômenos eletromagnéti-
cos!!!!!!
2. Campo Elétrico
kq1 q2
F= (2.1)
r2
12 Capítulo 2. Campo Elétrico
onde:
→ q1 e q2 são os valores das cargas, medidas em Coulombs no sistema de unidades inter-
nacional SI;
→ r é a distância entre elas;
1
→ k = 4πε 0
;
→ ε0 é a permissividade elétrica do meio, em nosso caso o vácuo, que vale 8.8 × 10−12 Nm2 /C2 .
Essa grandeza traduz como o meio onde estamos fazendo a experiência influencia as forças
de interação. Aqui não trataremos dessa situação.
Podemos utilizar essa ideia para entender a interação entre cargas elétricas. Vamos
usar uma “carga de prova”, também tão pequenina que não perturba ninguém e que por
convenção será sempre positiva. Se colocarmos ela em um ponto qualquer do espaço que
estamos estudando e nada acontecer com ela, podemos dizer que nessa região do espaço
não tem nenhuma perturbação de origem elétrica. No entanto, se há uma carga q nos
arredores, então haverá uma força atuando sobre nossa carga de prova. Dizemos que há
uma perturbação ou “deformação” de origem elétrica gerada pela presença de q. Essa
deformação ou perturbação é chamada de campo elétrico.
Como quantificar essa grandeza abstrata como o campo elétrico? Não é difícil. Suponha
que em uma determinada região do espaço que estamos interessados em estudar, há um
campo elétrico gerado por uma carga elétrica qualquer. Podemos mapear a intensidade
do campo elétrico usando uma carga de prova: colocamos essa carga de prova em vários
pontos dessa região e medimos a força que ela “sente”. Se a força for grande, podemos
dizer que ali naquele ponto o campo é intenso. Se a força é pequena, o campo elétrico é
pouco intenso. Se não há força sobre q0 , então o campo também é nulo.
Figura 2.3: Força atuando na carga de prova gerado a partir uma distribuição de carga.
Desse modo a força sobre q0 nos fornece uma excelente medida de como é o campo
elétrico gerado por uma carga em uma determinada região do espaço. Podemos então
definir o vetor intensidade de campo elétrico ~E em termos da força sobre uma carga de
prova, e para que essa grandeza seja independente do valor de q0 , dividimos o valor da
força por q0 :
~
~E = F (2.2)
q0
No sistema SI, as dimensões de ~E são N/C.
Figura 2.4:
Se analisarmos como é esse campo, veremos que o vetor ~E aponta sempre radialmente
tendo a carga q como centro e que o módulo de ~E é constante para um mesmo r. Dizemos
que esse campo tem simetria radial esférica. Veremos mais adiante, quando do uso da
lei de Gauss, que a simetria do campo é muito importante.
Figura 2.5:
~E = E
~1 + E
~2 + ... + E
~n (2.4)
ou
n
~i
~E = ∑ E (2.5)
i=1
2.3 Cálculo do Vetor Intensidade de Campo Elétrico 15
Figura 2.6:
Figura 2.7:
n
E = ∑ ∆Ei (2.6)
i=1
onde
k∆qi
Ei ≈ (2.7)
ri2
O problema aqui é que o r não é bem definido se ∆q não for exatamente um ponto.
Então devemos fazer n tender ao infinito. Quando fazemos isso, a somatória passa de uma
16 Capítulo 2. Campo Elétrico
ou Z
E= dE (2.9)
onde
kdq
dE = (2.10)
r2
Figura 2.8:
Agora vamos fazer uma análise dessa expressão: observe que a variável de integração
é dq e que dentro do integrando temos, no denominador, r2 . Integrar significa nesse caso
somar todas as contribuições dE de cada ponto do corpo carregado ou seja, o r vai ter que
passar sobre todos os pontos do corpo, o que significa que ele será expresso em função das
coordenadas que definem o corpo. Então precisamos saber como exprimir dq em função
das coordenadas. Vamos a seguir fazer uma recordação dos sistemas de coordenadas e seus
elementos infinitesimais de comprimento, área e volume, bem como definir as densidades
lineares, superficiais e volumétricas de carga. Com isso conseguiremos exprimir dq em
termos das coordenadas e, portanto, resolver a integral.
3. Parada Obrigatória
Figura 3.1:
2 Dimensões
Um ponto fica completamente localizado se dermos as duas coordenadas x e y. Para obter
o elemento infinitesimal em coordenadas cartesianas a duas dimensões basta fazer um
pequeno deslocamento infinitesimal em cada uma das coordenadas x e y do ponto P, dx e
dy respectivamente. O elemento infinitesimal de área é então o produto de dx por dy (lado
vezes lado), ou seja:
dA = (dx).(dy) (3.1)
18 Capítulo 3. Parada Obrigatória
Figura 3.2:
3 Dimensões
Um ponto fica completamente localizado se dermos as suas coordenadas x, y e z. Para
obter o elemento infinitesimal em coordenadas cartesianas a três dimensões basta fazer um
pequeno deslocamento infinitesimal em cada uma das coordenadas x, y e z do ponto P, dx,
dy e dz respectivamente. O elemento infinitesimal de volume é então o produto de dx por
dy por dz (lado vezes lado vezes lado), ou seja:
dV = (dx).(dy).(dz) (3.2)
Figura 3.3:
Figura 3.4:
Figura 3.5:
Figura 3.6:
Se fizermos a razão entre a carga do bastão e seu comprimento, podemos definir uma
densidade linear de carga λ = q/l desse bastão. Se considerarmos uma porção desse
bastão de comprimento l 0 , que conterá certa quantidade de carga q0 , a razão entre q0 e l 0
também será q0 /l 0 = λ . Em especial, (e que nos interessa muito), se considerarmos uma
porção infinitesimal desse bastão, de comprimento infinitesimal dx, o mesmo conterá uma
quantidade infinitesimal de carga dq (que pode ser considerada puntiforme), de modo que
dq/dx = λ .
Conseguimos o que precisávamos!!!! Estávamos em busca de relacionar dq com coordena-
das. Agora temos, nesse caso, que:
dq = λ dx (3.7)
Vale observar que na discussão acima escolhemos um caso particular em que λ é uniforme
porque queríamos introduzir a ideia de densidade de carga. Claro que há casos em que a
carga não é distribuída uniformemente no bastão, de modo que λ pode depender da posição
3.2 Densidades de Carga 21
onde está localizado sobre o corpo carregado, aqui um bastão. Por exemplo, poderíamos
ter λ = λ (x) = Ax, onde A seria uma constante dada e x a distância da extremidade do
bastão a um ponto qualquer do mesmo.
Figura 3.7:
Figura 3.8:
OBSERVAÇÃO:
infelizmente ρ é usado como coordenada cilíndrica, como densidade volumétrica
de massa e de carga, como resistividade, etc. A culpa não é minha, é preciso prestar
atenção para não misturar alhos com bugalhos!
R
Sabe que tipo de problemas você vai encontrar pela frente quando for calcular E =
dE? Saiba que só podemos resolver essa integral para corpos carregados que tenham
muita simetria. Serão:
• bastões e arcos: com dq = λ dx ou dq = λ ds (ds é o elemento infinitesimal de
arco);
• superfícies planas, cilíndricas e esféricas: com dq = σ dS;
• volumes cilíndricos e esféricos: com dq = ρdV
É interessante observar que quando dizemos que um corpo possui uma certa carga q,
essa informação não é completa pois não sabemos como a carga está distribuída nesse
corpo: pode ser uma distribuição uniforme, mas pode não ser. No entanto, se sabemos
como é a densidade de carga, então sabemos tudo: como ela está distribuída, por exemplo
(no caso em que λ = λ (x) = A x, sabemos que em x = 0 não há cargas e que em x = l, isto
é, na outra extremidade do bastão, a carga é máxima). Podemos inclusive calcular a carga
total do bastão, bastando para isso somar todos os dq’s ao longo do bastão inteiro, ou seja:
l
Ax2 Al 2
Z Z Z l
qt = dq = λ (x)dx = Ax dx = = (3.10)
2 2
0
0
Note que essa discussão vale também para densidades superficiais e volumétricas.
Ou seja, uma integral tripla (dupla) pode ser simplificada como um produto de três (duas)
integrais simples. Fácil, não??
24 Capítulo 3. Parada Obrigatória
Figura 3.9:
Figura 4.1:
Bom, podemos analisar e verificar que a quantidade de água que atravessa S – que
daqui em diante chamaremos de fluxo de água através de S – depende:
• da intensidade da correnteza (se a água está parada não há fluxo, se a correnteza é
forte há um fluxo grande);
• da área da superfície (se a área é grande, o fluxo é grande...);
• da orientação relativa entre a superfície e correnteza (a correnteza pode só tangenciar
a superfície, de modo que a quantidade de água que atravessa a superfície pode
ser pequena; ao contrário, se a superfície estiver colocada perpendicularmente à
correnteza, o fluxo será grande).
26 Capítulo 4. A Lei de Gauss
Figura 4.2:
De que depende esse fluxo? De modo similar ao caso da água, o fluxo de ~E através de
S depende:
• da intensidade do campo elétrico (se ~E é zero não haverá fluxo...);
• da área da superfície;
• da orientação relativa entre ~E e a superfície.
Portanto, se chamarmos o fluxo de φ , então podemos escrever que:
φ ∝ ~E (4.1)
φ ∝S (4.2)
Falta expressar matematicamente a orientação relativa entre ~E e S. Isso significa que
precisamos de um meio para orientar uma superfície no espaço. E isso é muito simples:
basta associar (“colar”) um vetor perpendicularmente à superfície. Esse vetor tem que ter
módulo numericamente igual à área da superfície S.
Figura 4.3:
Agora a superfície que tem seu vetor apontando para o norte é diferente da superfície
que tem seu vetor apontando para o leste: são dois vetores de mesmo módulo, mas direções
4.1 O conceito de fluxo 27
diferentes e portanto são orientações diferentes no espaço. A charada está morta: o produto
escalar entre ~E e ~S representa tudo o que queremos para o fluxo de ~E através de S:
φ = ~E · ~S (4.3)
Figura 4.4:
φ ∼ ∑ ∆φ (4.6)
ou Z Z
φ= dφ = ~E · d~S (4.8)
28 Capítulo 4. A Lei de Gauss
Figura 4.5:
Atenção:
esta integral é uma integral de superfície, pois os valores de ~E que aparecem no
integrando são os valores de ~E sobre os pontos da superfície que você escolheu. Esse
fato terá uma repercussão muito importante no uso da lei de Gauss!!
Na discussão acima usamos uma superfície aberta. Mas na verdade o que nos interessa
mais é analisar o fluxo de ~E através de uma superfície fechada.
Figura 4.6:
Nesse caso pouca coisa muda conceitualmente em relação à superfície aberta, a não ser
que o elemento de superfície dS sempre será escolhido apontando para fora da superfície.
Para uma superfície fechada, o fluxo é dado por:
I I
φ= dφ = ~E · d~S (4.9)
Note que o círculo sobre o símbolo da integral serve para avisar que estamos tratando
de superfície fechada.
que jorra 10 litros d’água por minuto (isso é chamado de vazão, parente do fluxo). Se
você envolve essa fonte de água com uma superfície fechada, a quantidade de água que
atravessa essa superfície a cada minuto não pode depender da forma nem do tamanho da
superfície, tem que ser 10 litros por minuto. Como testar a veracidade dessa afirmação?
Basta pensar que se pela superfície fechada que envolve a fonte passarem 14 litros por
minuto, de onde vieram esses 4 litros adicionais? Não é possível, pois moléculas de água
não podem aparecer do nada!!! Assim, a quantidade de água que atravessa a superfície
fechada não pode depender da forma nem do tamanho da superfície fechada, só depende
da fonte por ela envolvida: quanto mais água a fonte produzir, maior o fluxo através de
qualquer superfície fechada que a envolve, independente de sua geometria.
Figura 4.7:
Suponhamos que temos uma carga elétrica colocada em um ponto qualquer do espaço.
Se envolvermos essa carga com uma superfície fechada, o fluxo do campo elétrico através
dessa superfície não pode depender da forma da superfície, só depende da fonte de campo
elétrico, ou seja, da carga envolvida.
Figura 4.8:
30 Capítulo 4. A Lei de Gauss
ε0 , que é só uma constante, aparece aqui porque usamos o sistema MKS (SI).
Atenção:
q é a carga total interna à superfície usada para calcular o fluxo – que também é
chamada de superfície gaussiana.
Essa equação é também chamada de equação de fonte escalar para um campo vetorial,
e é aplicável não só a campos elétricos, mas em outras situações. Em um caso geral,
podemos afirmar que, se Z
~A · d~S = a (4.13)
Atenção:
~ não depende da
a grande utilidade da lei de Gauss está no fato que o fluxo ( ~E · dS)
R
forma da superfície fechada que você vai usar. Já que não depende, podemos escolher
qualquer forma, inclusive as mais fáceis como superfícies cilíndricas, esféricas,
paralelepipédicas, etc. A forma da superfície mais fácil vai depender da simetria do
campo elétrico. Se o campo tiver simetria radial esférica, como é o caso do campo
gerado por carga puntiforme ou por corpos carregados esféricos, condutores ou
isolantes, maciços ou ocos, a superfície escolhida deverá sempre ser uma superfície
esférica. Se o campo tem simetria radial cilíndrica como é o caso de campos gerados
por bastão infinito e corpos carregados cilíndricos, condutores ou isolantes, maciços
ou ocos, a superfície será sempre uma superfície cilíndrica.
4.3.1 Isolantes
Dizemos que um material é isolante quando a carga nele colocada não pode se mover, ela
fica fixa onde foi colocada. Isso significa que uma esfera maciça, por exemplo, pode ser
carregada em todo o seu volume, de modo que podemos definir sua densidade volumétrica
de carga. Dentro desses corpos pode haver a presença de um campo elétrico.
4.3.2 Condutores
De uma maneira simples e bem resumida podemos dizer que um material é condutor
quando as cargas nele colocadas podem se mover dentro do material 1 . Isso significa que
as cargas podem se rearranjar e não preservar as posições onde elas inicialmente foram
colocadas. Em particular, vamos considerar o caso de um corpo condutor carregado
isolado em equilíbrio eletrostático (CCIEE), isto é, um corpo no qual colocamos uma
certa quantidade de carga q, que esta isolado no espaço, e que esperamos as cargas se
rearranjarem até ficarem imóveis ou seja, atingir o equilíbrio eletrostático (esse rearranjo
demora ∼ 1 ns). Nesse caso, como as cargas são móveis, a tendência é elas irem para a
superfície devido a repulsão eletrostática. Quando as cargas atingem o equilíbrio, o campo
elétrico no interior do corpo condutor tem que ser zero. Caso fosse diferente de zero,
haveria forças atuando sobre cargas e então elas deveriam se mover, o que não pode ser,
pois estamos numa condição de equilíbrio.
Conclusão:
em corpos isolantes podemos ter campo em seu interior enquanto que em corpos con-
dutores não há campo elétrico dentro do mesmo, as cargas estão todas na superfície e
então não tem sentido definir densidade volumétrica de cargas!
1 Vamos detalhar um pouco mais. Na verdade a grande maioria dos materiais condutores, os metálicos
em especial, é composta por átomos ou íons cuja distribuição eletrônica favorece a liberação do elétron mais
externo isto é, cada átomo libera um elétron que fica livre para se mover dentro do material. O átomo isolado
de cobre, por exemplo, tem 29 elétrons, com o mais externo na camada 4s1 . Ao colocarmos esses átomos
lado a lado para constituir um pedaço de material sólido, o elétron 4s “se liberta” do átomo e fica “livre”.
O íon Cu+ fica fixo, não pode se mover. Assim, um pedaço de cobre tem cargas livres, mas a carga total
é zero. Quando carregamos um pedaço de cobre com uma certa de carga q, na verdade há no corpo essa
carga + os elétrons livres. Vale ressaltar que existem materiais que são semicondutores e outros que são
supercondutores. Nós vamos discutir esse assunto mais adiante, na parte que trata de propriedades elétricas
de materiais.