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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Física
Departamento de Física
Professor: Rudi Gaelzer
Disciplina: Mecânica Clássica II
Cursos: Bacharelados em Física

Lista de Exercícios 2
Formalismo Lagrangiano
1) Uma partícula de massa m desliza sem atrito 5) Pêndulo de Huygens. Este pêndulo consiste
ao longo de uma haste rígida, de massa desprezível, numa partícula oscilando num plano vertical sobre
que gira sobre um plano vertical com velocidade an- um arco de ciclóide com equações paramétricas
gular constante ω.
x = R (θ − sen θ) y = −R (1 − cos θ) .
(a) Mostre que, com uma escolha adequada da co-
(a) Mostre que a Lagrangiana deste sistema pode
ordenada r, a Lagrangiana do sistema é
ser escrita como
1  
θ
L = m ṙ2 + ω 2 r2 − mgr sen ωt.

2 2
2 L = 2mR sen θ̇2 + mgR (1 − cos θ) .
2
(b) Dadas as condições iniciais r (0) = r0 e ṙ (0) = 0, (b) Fazendo a transformação de variável u =
encontre a solução da equação de movimento. cos (θ/2), obtenha a Lagrangiana e a equação de mo-
(c) Discuta os distintos tipos de movimentos possí- vimento em termos da coordenada u.
veis. Prove que o período de oscilação é igual a
(c) p
4π R/g, independente do valor de θ0 .
2) Pêndulo esférico. Considere uma massa m
suspensa por um um fio leve e inextensível de com- 6) Uma massa m desliza sem atrito devido a seu
primento `, cujo movimento não está restrito a um peso sobre um aro circular de raio R. O aro gira
plano. em torno de seu diâmetro vertical com uma veloci-
(a) Obtenha a Lagrangiana e as equações de movi- dade angular constante Ω, como ilustrado na figura
mento para o sistema. abaixo.
(b) Verifique se existe uma solução de equilíbrio
para a qual θ = θ0 = constante, sendo θ o ângulo
polar.

3) Retornando ao exercício realizado em aula, no


qual um pêndulo simples tem seu ponto de apoio
preso no interior de um trem que se movimenta com
aceleração constante. Mostre que a equação de mo-
vimento resultante corresponde a um pêndulo osci-
lando em torno do ângulo θ0 = − tan−1 (a/g), sendo
a é a aceleração do trem e g a aceleração gravitaci- (a) Se θ é o ângulo mostrado na figura, encontre a
onal. Lagrangiana do sistema e a equação de movimento.
(b) Para quais ângulos θ = θ0 a massa permanece
em equilíbrio? Sob quais condições?
4) Pêndulo elástico. Considere um pêndulo (c) Reescreva a equação em termos de η = θ−θ0 para
simples, porém onde a massa m está presa por uma os ângulos de equilíbrio. Para pequenos valores de
mola de constante elástica k, e extensão de equilí- |η|, encontre os períodos de oscilação da partícula.
brio `, como na figura seguinte. Obtenha a Lagran-
giana do sistema e as equações de movimento.
7) Considere uma partícula com massa m desli-
zando sem atrito sobre um plano inclinado por um
ângulo θ, conforme ilustrado na figura abaixo.

Impressão: 20 de agosto de 2018 Formalismo Lagrangiano 1/8


(a) Encontre a lagrangiana e as equações de Euler- (b) Determine a velocidade como função do tempo
Lagrange para este sistema. e prove que a velocidade terminal para a queda é
(b) Discuta a conservação de energia para este sis- v = mg/λ.
tema. (c) Determine a equação de movimento se a força
(c) Resolva as equações de movimento. de resistência é proporcional a v 2 , ou seja, se F =
(d) Repita a resolução do problema usando multi- λvv 2 /3. Você é capaz de resolver a equação de mo-
plicadores de Lagrange e encontre o valor do multi- vimento neste caso?
plicador. Qual a interpretação física do mesmo?
12) Certos sistemas dissipativos simples admi-
8) Lagrangiana de carga em campos. Considere tem uma formulação Lagrangiana que dispensa o
uma carga elétrica q e de massa m movendo-se sob emprego da função de dissipação. Mostre que a
a ação combinada de campos elétrico E (r, t) e mag- equação de movimento do problema (11a) pode ser
nético B (r, t). obtida da Lagrangiana
(a) Obtenha as equações de movimento da carga
 
λt/m 1 2
usando a formulação Newtoniana. L=e mẋ − mgx .
2
(b) A Lagrangiana da carga no campo eletromagné-
tico é
13) Considere a Lagrangiana de Bateman (1931)
1 q
L {r, ṙ; t} = mṙ2 − qφ (r, t) + ṙ ·A (r, t) .
2 c 1
L = m ẋ2 − ω 2 x2 eλt .

Mostre que L {r, ṙ; t} fornece as mesmas equações 2
de movimento já obtidas na formulação Newtoni- (a) Mostre que a mesma gera a equação de movi-
ana. mento de um oscilador harmônico amortecido e ob-
tenha a sua solução geral.
(b) Mostre que a transformação de ponto q = eλt/2 x
9) Eletrodinâmica de Weber. Nesta formulação
elimina a dependência temporal explícita na La-
do eletromagnetismo, a força entre duas cargas elé-
grangiana. Mostre que a solução geral da equa-
tricas em movimento é dirigida ao longo da linha
ção de movimento associada é idêntica à solução
que as une e tem magnitude
do item (a).
2
 
q1 q2 rr̈ ṙ
F = 2 1+ 2 − 2 ,
r c 2c
14) Considere uma partícula com massa m e
onde r é a distância entre as cargas q1 e q2 e c é a carga q sob a ação do campo de um monopolo mag-
velocidade da luz no vácuo. nético
g
(a) Determine o potencial generalizado U = U (r, ṙ) B (r) = 2 êr .
r
associado a esta força. (a) Demonstre que a Lagrangiana deste sistema é
(b) Escreva a Lagrangiana e as equações de movi-
mento num plano da carga q2 quando a carga q1 1   qg
L = m ṙ2 + r2 θ̇2 + r2 sen2 θϕ̇2 − cos θϕ̇.
permanece fixa na origem. 2 c
(b) Obtenha as equações de movimento.
10) Considere uma partícula sob a ação de uma
força restauradora.
15) Uma partícula de massa m e carga elétrica
(a) Obtenha a Lagrangiana da partícula e a equação q se move submetida às ações combinadas de um
de movimento. campo eletrostático uniforme, cujo potencial esca-
(b) Mostre que a Lagrangiana lar é φ = Ex1 , e de um campo magnético uniforme,
cujo potencial vetor é A = Bx1 ê2 , sendo E e B cons-
1 4 1 2 2 2 1 4 4
L̄ = ẋ + ω x ẋ − ω x tantes.
12 2 4
(a) Escreva a Lagrangiana para este sistema.
gera uma equação de movimento equivalente à
de um oscilador harmônico, mas não difere me- (b) Obtenha as equações de movimento da partí-
ramente por uma derivada total da Lagrangiana cula.
usual. (c) Resolva as equações de movimento.
(d) Mostre que a trajetória da partícula pode ser
decomposta em dois tipos de movimento: MCU no
11) Uma partícula cai verticalmente sob a ação plano x1 − x2 , com o centro-guia (centro da circun-
da gravidade no ar. ferência) se deslocando em MRU no plano x2 − x3 .
(a) Supondo que a força de resistência do ar seja Encontre as expressões para o raio da circunferên-
proporcional à velocidade, obtenha a equação de cia e a velocidade do centro-guia.
movimento da partícula com a função de dissipa- (e) Considere x3 (t = 0) = 0 e represente a trajetória
ção F = λv 2 /2. da partícula para os casos q > 0 e q < 0.

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(f) Encontre as condições iniciais para as quais o 19) Se L1 {q, q̇, t} e L2 {q, q̇, t} são Lagrangianas
movimento circular é eliminado, restando somente equivalentes, demonstre o teorema sobre Lagrangi-
o MRU no plano x2 − x3 . anas equivalentes a partir das equações de Euler-
Lagrange associadas às mesmas.

16) Forças centrais. Considere uma partícula


de massa m sob a ação de uma força central F (r) = 20) Uma transformação de calibre dos potenciais
−∇U (r). escalar elétrico φ = φ (r, t) e vetor A = A (r, t) con-
siste nas transformações
(a) Lembrando que o momentum angular da par-
tícula é conservado, mostre que a Lagrangiana do 1 ∂Λ
sistema pode ser escrita como φ −→ φ −
c ∂t
1 A −→ A + ∇Λ,
m ṙ2 + r2 ϕ̇2 − U (r) .

L=
2
onde Λ = Λ (r, t) é uma função arbitrária.
(b) Mostre que a equação de movimento se torna (a) Verifique que as equações de Maxwell permane-
então cem invariantes frente a uma transformação de ca-
l2 dU
mr̈ − + = 0, libre.
mr3 dr
(b) Partindo da Lagrangiana de uma partícula no
sendo l = cte. o módulo do momentum angular.
campo eletromagnético,
(c) Sendo E = T + U a energia mecânica da partí-
cula, mostre que 1 2 q
L= mṙ − qφ + ṙ·A,
2 c
1 2 l2
E= mṙ + Uef (r) , sendo Uef (r) = U (r) + qual será o efeito de uma transformação de calibre
2 2mr2
na mesma?
o potencial efetivo do sistema.
(c) As equações de movimento são modificadas?
(d) Mostre que E = constante e integre1 a equação
acima para obter
Z
l dr 21) Vínculos não-holônomos. Vínculos não-
ϕ= p . holônomos são vínculos não integráveis. Contudo,
r2 2m [E − Uef (r)] em alguns casos, um conjunto de vínculos que apa-
rentam ser deste tipo revelam-se na verdade holô-
(e) O Problema de Kepler. Considere o caso em
nomos se for considerado o efeito conjunto dos mes-
que a força central é gravitacional, ou seja, U (r) =
mos. Considere o seguinte conjunto de equações de
−κ/r, com κ = constante. Integre a equação de mo-
vínculos
vimento e obtenha a equação da cônica
x2 + y 2 dx + xzdz = 0

r
1 mκ 2El2
= 2 (1 + e cos ϕ) , onde e = 1 + x2 + y 2 dy + yzdz = 0.

r l mκ2
é a excentricidade da cônica. (a) Mostre que, individualmente, estes vínculos não
são integráveis.
(b) Mostre que tomando os mesmos vínculos em
17) Um pêndulo simples de comprimento ` e conjunto e realizando algumas manipulações algé-
massa m é fixado a um suporte de massa desprezí- bricas simples, os mesmos podem ser reduzidos às
vel que se move verticalmente para cima com acele- formas
ração constante a.
x
x2 + y 2 d x2 + y 2 + z 2 = 0,
 
(a) Determine as equações de movimento. d ln = 0.
y
(b) Calcule o período para pequenas oscilações.
(c) Mostre então que o conjunto de equações de vín-
culos holônomos pode ser escrito
18) O ponto de suporte de um pêndulo simples
de massa m e comprimento ` é movido horizontal- f1 = x2 + y 2 + z 2 − c1 = 0, f2 = x − c2 y = 0,
mente por x (t) = a sen ωt. Encontre as equações de
movimento do pêndulo. onde c1 e c2 são constantes arbitrárias.

1 Sugestão: use
d dϕ d l d
= = .
dt dt dϕ mr2 dϕ

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Algumas Respostas
::::::::::::::::::::::::

1) (b) Solução completa: (d) Multiplicador de Lagrange:


 
1 g λ = m cotan θẍ = mg cos2 θ.
r (t) = r0 − eωt
2 4ω 2
 
1 g g
+ r0 + e−ωt + sen ωt.
2 4ω 2 2ω 2 9) (a) O potencial generalizado:

ṙ2
 
2) (a) Equações de movimento: q1 q2
U (r, ṙ) = 1+ .
2
r 2c2
ω02
θ̈ − sen θ cos θϕ̇ + sen θ = 0
d
sen2 θϕ̇ = 0.

dt 10) (a) A Lagrangiana é

3) A equação de movimento fica 1 2 1 2


L= ẋ − kx
2 2
1p 2
η̈ + a + g 2 sen η = 0,
` A equaçao de movimento:
sendo η = θ − θ0 .
ẍ + ω 2 x = 0
4) As equações de movimento são:
k
r̈ − rθ̇2 + (r − `) − g cos θ = 0 11) (a) Equação de movimento:
m
2 g
θ̈ + ṙθ̇ + sen θ = 0. mv̇ + λv + mg = 0.
r r
(c) Equação de movimento:
5) (b) A Lagrangiana fica
L = 8mR2 u̇2 − 2mgR u2 − 1 .
 mv̇ + λ |v| v + mg = 0.

6) (a) Equação de movimento: 13) (b) A Lagrangiana obtida aqui é:


g
θ̈ − Ω2 sen θ cos θ + sen θ = 0. 1 1 1

1 2

R L = mq̇ 2 − mλq q̇ + m λ − ω q2 .
2
2 2 2 4
7) (a) A Lagrangiana:
1 14) (b) Equações de movimento:
L= m sec2 θẋ2 + mg tan θx.
2  
(c) Soluções das equações de movimento: r̈ − rθ̇2 + r sen2 θϕ̇2 = 0
1 d  2  qg
x (t) = x0 + vx0 t + (g sen 2θ) t2 r θ̇ − r2 sen θ cos θϕ̇2 − sen θϕ̇ = 0
4 dt mc
1 d  qg 
y (t) = y0 − tan θx0 − tan θvx0 t − g sen2 θt2 . r2 sen2 θϕ̇ − cos θ = 0.
2 dt mc

15) (a) Lagrangiana:


1 q
m ẋ21 + ẋ22 + ẋ23 − qEx1 + Bx1 ẋ2

L (x1 , ẋ1 , ẋ2 , ẋ3 ) =
2 c
(b) Eqs. de movimento:

qE
v̇1 − Ωv2 = −
m
v̇2 + Ωv1 = 0
v3 = cte.

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(c) Soluções gerais:
1 v10
x1 = x10 + (v20 − V ) [1 − cos (Ωt)] + sen (Ωt)
Ω Ω
1 v10 Ec
x2 = x20 + (v20 − V ) sen (Ωt) − [1 − cos (Ωt)] + t
Ω Ω B
x3 = x30 + v3 t
v1 = v10 cos (Ωt) + (v20 − V ) sen (Ωt)
v2 = (v20 − V ) cos (Ωt) − v10 sen (Ωt) + V
v3 = cte.

sendo (x10 , x20 , x30 ) e (v10 , v20 , v30 ) as condições iniciais e


qB Ec
Ω= , V = .
mc B
Observações:
1. Não foi solicitado, mas é interessante verificar o seguinte: a relação entre os potenciais e os campos
é:
1 ∂A
E = −∇φ − =⇒ E = −E ê1
c ∂t
B = ∇ × A =⇒ B = B ê3 .

Ou seja, o centro-guia do movimento de cíclotron da carga se desloca na direção e sentido de E × B:


E×B
V = c.
B2
Observem que V não depende da massa nem da carga da partícula.
2. As soluções das equações de movimento, obtidas acima, possuem uma interessante interpretação
física referente a transformações (de Galileu) entre referenciais inerciais.
Retornando às equações de movimento, podemos realizar as seguintes manipulações. Nas equações
para as componentes da velocidade no plano x1 − x2 ,
qE
v̇1 − Ωv2 = − , v̇2 + Ωv1 = 0,
m
multiplica-se a primeira por v1 e a segunda por v2 e se soma, resultando
 
qE d 1 2 2
 qE
v1 v̇1 + v2 v̇2 = − v1 ; v + v2 + x1 = 0.
m dt 2 1 m

Definindo-se a componente perpendicular (a B) da velocidade


2 .
v⊥ (t) = v12 (t) + v22 (t) ,

a equação acima mostra que


1 2 qE 2 2 qE 2
v (t) + x1 (t) = cte. =⇒ v⊥ (t) = v⊥0 −2 (x1 − x10 ) = v⊥0 − 2ΩV (x1 − x10 ) ,
2 ⊥ m m
2 2 2
sendo v⊥0 = v10 + v20 .
Por outro lado, as equações de movimento também fornecem
qE d
v̇1 − Ωv2 = − = −ΩV =⇒ [v1 − Ω (x2 − V t)] = 0 =⇒ v1 − Ω (x2 − V t) = cte.
m dt
d
v̇2 + Ωv1 = 0 =⇒ (v2 + Ωx1 ) = 0 =⇒ v2 + Ωx1 = cte.
dt
Ou seja,
v1 = v10 + Ω (x2 − V t − x20 ) , v2 = v20 − Ω (x1 − x10 ) .
Multiplicando-se a primeira equação por v1 e a segunda por v2 e somando,

v12 + v22 = [v10 + Ω (x2 − V t − x20 )] v1 + [v20 − Ω (x1 − x10 )] v2

e introduzindo os resultados anteriores para v⊥ (t), v1 (t) e v2 (t) em termos das condições iniciais, resulta
2
v⊥0 − 2ΩV (x1 − x10 ) = [v10 + Ω (x2 − V t − x20 )] [v10 + Ω (x2 − V t − x20 )] + [v20 − Ω (x1 − x10 )] [v20 − Ω (x1 − x10 )] ,

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2 v20 − V 2 v10
(x1 − x10 ) − 2 (x1 − x10 ) + (x2 − V t − x20 ) + 2 (x2 − V t − x20 ) = 0.
Ω Ω

Somando e subtraindo quantidades adequadas, a equação acima pode ser colocada na forma

2 2
(x01 − X10
0
) + (x02 − X20
0 02
) = rL ,

onde foram definidas as quantidades

x01 (t) = x1 (t) , x02 (t) = x2 (t) − V t


v20 − V v10  v 2  v − V 2
0 0 02 10 20
X10 = x10 + , X20 = x20 − , rL = + .
Ω Ω Ω Ω

É instrutivo agora retornar ao caso E = 0, B 6= 0


(ou seja, somente com campo magnético). Neste
caso, a equação acima se reduz a
2 22
(x1 − X10 ) + (x2 − X20 ) = rL ,

sendo agora
v20
X10 = x10 +

v10
X20 = x20 −

 v 2  v 2  v 2
2 10 20 ⊥0
rL = + = ,
Ω Ω Ω
onde rL é denominado o raio de Larmor ou o raio
de giro da carga.
Esta é, simplesmente, a equação de uma cir-
cunferência sobre o plano x1 − x2 , com raio rL e
centrada no ponto (X10 , X20 ). Isto corresponde ao
bem conhecido movimento de cíclotron da carga
elétrica em torno de uma linha do campo B, ilus-
trado na figura 1.
Retornando agora ao caso E 6= 0 e B 6= 0, Figura 1: Trajetória de cíclotron de uma partícula
interpreta-se a equação da trajetória da carga (com carregada sobre o plano x − y sob a ação do campo
x01 , x02 , etc) da seguinte maneira. B.
Seja S o referencial (inercial) de laboratório,
com origem no ponto O e com coordenadas (x1 , x2 , x3 ), em relação ao qual ambos os campos são ob-
servados e para o qual valem as soluções das equações de movimento obtidas. Considera-se agora um
outro referencial inercial S 0 , com coordenadas (x01 , x02 , x03 ) e cuja origem O0 coincide com O no instante t = 0
e que se desloca em relação a S com velocidade constante igual a V O0 = V ê2 . Então, a transformação (de
Galileu) de coordenadas entre S e S 0 fica

x01 = x1 v10 = v1
x02 = x2 − V t v20 = v2 − V
x03 = x3 v30 = v3 .

Portanto, a equação da trajetória


2 2
(x01 − X10
0
) + (x02 − X20
0 02
) = rL

mostra que para um observador se deslocando juntamente com S 0 , a partícula continua descrevendo
0 0 0
uma trajetória circular de raio rL (< rL ) e centrada em (X10 , X20 ).
O interessante aqui é que do ponto de vista de S 0 , o campo elétrico “desapareceu,” restando somente
o campo magnético, em torno do qual a carga descreve uma órbita ciclotrônica.
Isto está de acordo com a transformação de Galileu entre os campos eletromagnéticos [1], segundo a
qual, uma das possíveis transformações dos campos (do tipo “magnético”) é a seguinte: se {E, B} são os
campos observados em S e E 0 , B 0 são os campos observados em S 0 , então


1
E 0 = E + V O0 ×B, B 0 = B.
c

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No presente problema,

E = −E x̂1 , B = B x̂3 , V O0 = V x̂2 .

Então,
1
E 0 = −E x̂1 + V B ( x̂2 × x̂3 ) = −E x̂1 + E x̂1 = 0.
c
Ou seja, o campo elétrico de fato desaparece em S 0 .

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REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS

Referências
[1] M. Bellac and J.M. Lévy-Leblond. Galilean electromagnetism. Il Nuovo Cimento, 14(2):217–234, April
1973. doi:10.1007/BF02895715.

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