Você está na página 1de 6

Disciplina Físico-Química para Processos Ambientais

Professor Eduardo Brocchi


Aluna Isabele de Brito Fortes

Trabalho 9
“11/06 – Semana 12 – Reduções Industriais de Óxidos com Geração de Escória. Outros Métodos de
Redução”

● Introdução / Contextualização

Em resumo, temos o processo desde o minério até o material refinado com suas determinadas
etapas, onde se inicia no beneficiamento mineral gerando o concentrado (em exceção do by-pass quando o
mineral é muito rico), processando e visando a obtenção do produto inorgânico no final, seja o próprio
metal ou algum composto. Esta etapa se divide em dois momentos: onde o primeiro é a geração de precursor
e este precursor por si só – cujo é chamado também de produto intermediário – já é um produto (como
cloretos, sulfetos) e segue para a redução; e no segundo momento irá para o refino, onde se obtém
exclusivamente o metal desejado.
O produto intermediário te fornece uma gama de produtos, onde o metal é uma etapa de redução
final e é um processo mais “fechado”, sendo limitado, pois iremos reduzir um óxido, ou um sulfeto, um
cloreto ou até mesmo uma solução rica. Para ocorrer esse processo, ataca-se seletivamente e em seguida
solubiliza-se, podendo repetir o processo quantas vezes for necessário, até obter um produto que precipite,
para que assim possa reduzir ou uma solução rica para realizar a eletrólise.
Visualizando essas etapas, desde o concentrado até o precursor ou produto intermediário, vimos
que possui uma variedade de processos e sempre irá depender do que se deseja, neste caso, ustulação de
sulfetos.
A ustulação com sulfetos procura-se formar também sulfetos em óxidos ou em sulfatos, conforme
reação genérica abaixo:
3
𝑀𝑆 + 𝑂2 → 𝑀𝑂 + 𝑆𝑂2
2

𝑀𝑆 + 2𝑂2 → 𝑀𝑆𝑂4

E K, a constante de equilíbrio é dada por:

𝑝𝑆𝑂2
𝐾= 3
(𝑝𝑂2 )2

𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔 (𝑝𝑆𝑂2 ) = 𝐾 1,5 𝑙𝑜𝑔 𝑙𝑜𝑔 (𝑝𝑂2 ) + 𝑐𝑡𝑒

Para o trabalho proposto, escolher dois sulfetos metálicos e avaliar a possibilidade de obter o metal,
a partir da formação de seu óxido (um que reduz e outro que não reduz) e apresentar através do Diagrama
Ellingham (∆𝐺º 𝑣𝑠 𝑇), junto com a avaliação da constante de equilíbrio (𝐾𝑒𝑞 ), utilizei o banco de dados do
Software HSC Chemistry 6.0, o Programa Excel para elaboração dos gráficos e Programa Word para
exposição dos resultados.
● Dados e Discussões

Para o desenvolvimento deste trabalho, foram escolhidos os elementos Zinco e Chumbo.

Chumbo

𝑃𝑏𝑆 + 1.5𝑂2 (𝑔) → 𝑃𝑏𝑂 + 𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑒𝑞. 1) (𝐾1 )

2𝑃𝑏𝑂 + 𝑃𝑏𝑆 → 3𝑃𝑏 + 𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑒𝑞. 2) (𝐾2 )

𝑃𝑏𝑆 + 𝑂2 (𝑔) → 𝑃𝑏 + 𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑒𝑞. 3) (𝐾3 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 )

Através dos dados obtidos no software HSC Chemistry 6.0 foi possível plotar o Diagrama de Ellingham
(∆𝐺° 𝑣𝑠 𝑇), conforme Gráfico 1 abaixo:

∆𝐺° 𝑣𝑠 𝑇 (Chumbo)
200

100

0
273 773 1273 1773 2273

-100
∆𝐺° (kJ)

2PbO + PbS = 3Pb + SO2(g)


PbS + O2(g) = Pb + SO2(g)
-200
PbS + 1.5O2(g) = PbO + SO2(g)

-300

-400

-500
Temperatura (K)

Gráfico 1. Diagrama de Ellingham para o Chumbo

Pelo software HSC Chemistry 6.0 foi possível obter os valores das constantes de equilíbrio das três reações
supracitadas (𝐾1 , 𝐾2 , 𝐾3 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 ), conforme Tabela 1 e valores dos ∆𝐺° das três reações, conforme Tabela
2.

T (Kelvin) 𝑲𝟏 𝑲𝟐 𝑲𝟑 𝒈𝒍𝒐𝒃𝒂𝒍
273.000 2.671E+075 5.117E-035 7.147E+038
373.000 1.120E+054 7.527E-023 4.553E+028
473.000 4.940E+041 6.828E-016 5.503E+022
573.000 4.424E+033 2.106E-011 7.442E+018
673.000 9.768E+027 3.879E-008 1.547E+016
773.000 6.304E+023 1.089E-005 1.630E+014
873.000 3.737E+020 8.118E-004 4.840E+012
973.000 1.028E+018 2.416E-002 2.944E+011
1073.000 8.538E+015 3.708E-001 3.001E+010
1173.000 1.667E+014 3.260E+000 4.491E+009
1273.000 7.277E+012 1.380E+001 9.007E+008
1373.000 5.048E+011 4.588E+001 2.270E+008
1473.000 3.925E+010 9.790E+001 5.323E+007
1573.000 4.074E+009 1.778E+002 1.434E+007
1673.000 5.546E+008 2.936E+002 4.487E+006
1773.000 9.461E+007 4.483E+002 1.589E+006
1873.000 1.950E+007 6.420E+002 6.250E+005
1973.000 4.720E+006 8.717E+002 2.688E+005
2073.000 1.310E+006 1.132E+003 1.248E+005
2173.000 4.094E+005 1.415E+003 6.191E+004
2273.000 1.418E+005 1.714E+003 3.254E+004

Tabela 1. Valores da constante de equilíbrio das reações 1, 2 e 3 do Chumbo

T (K) ∆𝑮° (eq. 1) (kJ) ∆𝑮° (eq. 2) (kJ) ∆𝑮° (eq. 3) (kJ)
273.000 -394.178 179.204 -203.051
373.000 -385.925 157.967 -204.628
473.000 -377.518 137.318 -205.906
573.000 -369.055 117.110 -207.000
673.000 -360.595 95.480 -208.570
773.000 -352.172 73.438 -210.302
873.000 -343.801 51.648 -211.985
973.000 -335.487 30.115 -213.620
1073.000 -327.233 8.849 -215.206
1173.000 -319.345 -11.525 -216.738
1273.000 -313.430 -27.775 -218.212
1373.000 -307.593 -43.673 -219.620
1473.000 -298.719 -56.134 -217.857
1573.000 -289.372 -67.752 -215.499
1673.000 -280.034 -79.031 -213.033
1773.000 -270.704 -89.995 -210.468
1873.000 -261.381 -100.663 -207.809
1973.000 -252.065 -111.053 -205.061
2073.000 -242.756 -121.183 -202.231
2173.000 -233.451 -131.068 -199.324
2273.000 -224.153 -140.722 -196.342
Tabela 2. Valores de ∆𝐺° das reações 1, 2 e 3 do Chumbo
Analisando o Diagrama de Ellingham (Gráfico 1) podemos identificar que o ∆𝐺° da equação 2 é maior que
o ∆𝐺° da equação 1. O ∆𝐺° da equação 2 passa a ser negativo somente em temperaturas a partir de 1173 K,
conforme tabela 2. Desta forma, analisando os valores de ∆𝐺°, a equação 1 é viável em toda faixa de
temperatura estudada, enquanto a equação 2 somente será viável em temperaturas a partir de 1173 K.
Verifica-se também que a equação 1, em toda faixa de temperatura analisada, ou seja, de 273 a 2273 K, o
valor de ∆𝐺° foi negativo, assim como, com o aumento da temperatura, se torna menos negativa.

Analisando os valores da constante de equilíbrio, tabela 1, a equação 1 em toda a faixa de temperatura


estudada, teve os valores K alto, tornando assim a reação viável. Enquanto a equação 2 pode ser trabalhada
em temperatura limitante, maior que 1173 K. Analisando a reação global (equação 3), verifica-se que apesar
do ∆𝐺° ser negativo e o valor de K grande, a reação não ocorre em temperaturas abaixo de 1173 K, tendo
em vista que a equação 2 não é viável abaixo dessa temperatura, apenas acima de 1173K.

Zinco

𝑍𝑛𝑆 + 1.5𝑂2 (𝑔) → 𝑍𝑛𝑂 + 𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑒𝑞. 4) (𝐾4 )

2𝑍𝑛𝑂 + 𝑍𝑛𝑆 → 3𝑍𝑛 + 𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑒𝑞. 5) (𝐾5 )

𝑍𝑛𝑆 + 𝑂2 (𝑔) = 𝑍𝑛 + 𝑆𝑂2 (𝑔) (𝑒𝑞. 6) (𝐾6 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 )

Através dos dados obtidos no software HSC Chemistry 6.0 foi possível plotar o Diagrama de Ellingham
(∆𝐺° 𝑣𝑠 𝑇), conforme Gráfico 2 abaixo:

∆𝐺° 𝑣𝑠 𝑇 (Zinco)
600

500

400

300

200

100
∆G° (k)

2ZnO + ZnS = 3Zn + SO2(g)

0 ZnS + O2(g) = Zn + SO2(g)


273 773 1273 1773 2273 ZnS + 1.5O2(g) = ZnO + SO2(g)
-100

-200

-300

-400

-500
Temperatura (K)

Gráfico 2. Diagrama de Ellingham para o Chumbo


Pelo software HSC Chemistry 6.0 foi possível obter os valores das constantes de equilíbrio das três reações
supracitadas (𝐾4 , 𝐾5 , 𝐾6 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 ), conforme Tabela 1 e valores dos ∆𝐺° das três reações, conforme Tabela
3.

T (K) 𝑲𝟒 𝑲𝟓 𝑲𝟔 𝒈𝒍𝒐𝒃𝒂𝒍
273.000 1.258E+081 5.359E-105 2.040E+019
373.000 1.987E+058 7.334E-074 3.071E+014
473.000 1.314E+045 6.222E-056 4.753E+011
573.000 3.405E+036 2.723E-044 6.809E+009
673.000 3.128E+030 3.977E-036 3.389E+008
773.000 1.047E+026 6.543E-030 4.156E+007
873.000 3.719E+022 4.375E-025 8.459E+006
973.000 6.767E+019 2.953E-021 2.382E+006
1073.000 3.995E+017 3.818E-018 8.478E+005
1173.000 5.665E+015 1.442E-015 3.590E+005
1273.000 1.570E+014 2.124E-013 1.736E+005
1373.000 7.332E+012 1.497E-011 9.303E+004
1473.000 5.199E+011 5.873E-010 5.414E+004
1573.000 5.168E+010 1.433E-008 3.370E+004
1673.000 6.781E+009 2.369E-007 2.217E+004
1773.000 1.121E+009 2.831E-006 1.526E+004
1873.000 2.247E+008 2.577E-005 1.092E+004
1973.000 5.312E+007 1.861E-004 8.067E+003
2073.000 1.445E+007 1.103E-003 6.129E+003
2173.000 4.186E+006 5.196E-003 4.499E+003
2273.000 1.376E+006 1.923E-002 3.314E+003
Tabela 3. Valores da constante de equilíbrio das reações 1, 2 e 3 do Zinco

T (K) ∆𝐺° (eq. 4) (kJ) ∆𝐺° (eq. 5) (kJ) ∆𝐺° (eq. 6) (kJ)
273.000 -423.826 544.918 -100.912
373.000 -416.265 522.200 -103.443
473.000 -408.528 499.866 -105.730
573.000 -400.715 477.856 -107.858
673.000 -392.874 456.067 -109.893
773.000 -385.029 431.850 -112.736
873.000 -377.190 407.080 -115.767
973.000 -369.359 382.385 -118.778
1073.000 -361.539 357.773 -121.768
1173.000 -353.730 333.250 -124.737
1273.000 -345.934 308.822 -127.682
1373.000 -338.138 284.506 -130.590
1473.000 -330.357 260.294 -133.474
1573.000 -322.596 236.187 -136.335
1673.000 -314.857 212.188 -139.175
1773.000 -307.139 188.303 -141.991
1873.000 -299.443 164.535 -144.784
1973.000 -291.772 140.887 -147.552
2073.000 -284.125 117.364 -150.295
2173.000 -275.450 95.023 -151.959
2273.000 -267.098 74.664 -153.177

Tabela 4. Valores de ∆𝐺° das reações 1, 2 e 3 do Zinco

Analisando o Diagrama de Ellingham (Gráfico 2), a equação 5 apresenta ∆𝐺° todo positivo no intervalo de
temperatura estudado (Tabela 4). Observando os valores da constante de equilíbrio (Tabela 3), a reação só́
ocorre em temperaturas acima da estudada, portanto, sendo temperaturas inviáveis em processos industriais.
Isso quer dizer que para a obtenção desse metal, não é possível que as duas reações ocorram
simultaneamente, pois a equação 5 precisaria operar em valores de temperatura acima da temperatura de
fusão. Analisando a equação 6, apesar do ∆𝐺° ser negativo e o valor da constante grande, a reação não
ocorre porque a equação 5 não será viável nessa temperatura estudada.

● Conclusões

Podemos então verificar que para reações de ustulação de sulfetos com oxigênio, para obter a obtenção do
metal desejado, é preciso analisar sempre as constantes de equilíbrio, matematicamente e
termodinamicamente. Considerando três reações, se apresentarem valores de 𝐾 > 10−3, pode entender
como sendo operacionalmente viável, porém. Se apresentarem valores de 𝐾 < 10−3 , ela não ocorrerá.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BROCCHI, Eduardo A. Notas de Aula. Acesso em 11/06/2021.

Você também pode gostar