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Agrupamento de Escolas Fontes Pereira de Melo

Ano Letivo Estudo do Movimento Curso Profissional de Técnico de Desporto


2020/2021 Módulo 1 Osteologia e Artrologia prof. Cláudia Matias

Guião do Módulo 1 - Osteologia e Artrologia


Documentos base

SISTEMA ÓSSEO E ARTICULAR DO MEMBRO SUPERIOR


O membro superior está dividido em quatro porções com funções distintas - cintura
escapular, braço, antebraço e mão - ligadas entre si por articulações móveis de características
mecânicas diferentes. Apesar das diferenças regionais, a totalidade do membro superior está
subordinada a um objetivo comum: a utilização da mão no sentido de a dirigir aos objetos do mundo
envolvente e de sobre eles agir.

Membro superior e seus segmentos

Cintura escapular, complexo articular do ombro e braço


Os dois ossos que constituem a cintura escapular, a omoplata e a clavícula, estão envolvidos
em dois segmentos ósseos. Por um lado, ajudam a revestir a caixa torácica e, por outro, constituem a
ligação óssea entre o tórax e o membro superior, contribuindo de forma determinante para a grande
mobilidade deste segmento.

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Omoplata
omoplata – vista anterior

omoplata- vista posterior

OMBRO
O ombro, parte do tórax referente à ligação ao braço, é formado por três articulações:
1 – Esternoclavicular
2 – Acromioclavicular
3 – Glenoumeral
Existe ainda a falsa articulação costo-escapular, entre as costelas e a escápula, muito
importante na biomecânica fisiológica do ombro.

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A Falsa Articulação Omocostal (escapulotorácica)
A omoplata não estabelece contacto direto com a grelha costal. A união com as costelas
resulta de uma ligação feita através de dois músculos que se encontram aderentes, respetivamente, à
face anterior da omoplata e à face posterior da grelha costal.
Esta ligação, designada por Falsa Articulação Omocostal, permite que a omoplata se desloque
em todas as direções sobre a grelha costal, o que confere grande mobilidade à cintura escapular e ao
membro superior.

C C

Cintura escapular: (A) articulação esternoclavicular; (B) articulação acromioclavicular; (C)


articulação glenoumeral. (1) omoplata; (2) clavícula; (3) cavidade glenoide da omoplata; (4)
acrómio; (5) troquiter; (6) cabeça do úmero; (7) espinha da omoplata.

Articulação esternoclavicular
A ausência de uma verdadeira articulação entre a omoplata e o tórax determina que o único
contacto ósseo entre o tronco e o membro superior aconteça na articulação esternoclavicular. Esta
articulação permite movimentos de pequena amplitude da extremidade interna da clavícula, que se
traduzem em movimentos de grande amplitude da extremidade externa: para cima, para baixo, para
diante, para trás e de circundação.
Articulação acromioclavicular
Articulação entre a clavícula e a omoplata.
Articulação escapuloumeral, ou glenoumeral
A articulação escapuloumeral, ou glenoumeral, entre a cabeça do úmero e a cavidade articular
da omoplata, é uma articulação entre superfícies de forma esférica, sendo a de maior mobilidade que
encontramos no corpo. Este fator está associado à necessidade de libertar o braço para a realização de
movimentos em todos os planos e, assim, ampliar o campo de intervenção da mão. Deste modo, na
articulação escapuloumeral o braço realiza movimentos de flexão/extensão, adução/abdução, adução
horizontal/abdução horizontal e rotação interna/rotação externa.
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A grande mobilidade desta articulação e consequentemente do braço deve-se a:
- É articulação móvel entre superfícies de forma esférica, o tipo de articulação que mais graus
de liberdade permite, realizando movimentos em todos os planos.
- reduzida área de contacto entre as superfícies articulares: a cavidade articular da omoplata
apresenta uma superfície reduzida e pouco profunda em relação à cabeça do úmero, o que resulta
numa reduzida limitação da cabeça do úmero na cavidade articular.
SISTEMA ÓSSEO E ARTICULAR DO MEMBRO INFERIOR
Este segmento está dividido em quatro porções com funções distintas – bacia ou cintura
pélvica, coxa, perna e pé - ligadas entre si por articulações móveis de características mecânicas
diferentes. Apesar das diferenças regionais, a totalidade do membro inferior está subordinada ao
bipedismo e às funções de amortecimento e impulsão presentes nas várias formas de locomoção
humana.

Membro inferior e seus segmentos

Cintura pélvica, articulação coxofemoral e coxa


A cintura pélvica humana é larga e de altura reduzida, encontrando-se adaptada à transmissão
das forças verticais que recebe da coluna e direciona para os membros inferiores. Simultaneamente,
dá resposta a outras funções como proteger e acomodar as vísceras abdominais e fornecer fixação a
poderosos músculos com ação no tronco e nos membros inferiores.
No seu conjunto, a cintura pélvica, pelve ou bacia, desenha um largo anel ósseo que delimita
uma ampla cavidade. Este anel é formado por três ossos principais: o revestimento posterior é feito
pelo sacro que, encravado entre os dois ossos ilíacos, constitui um elemento central nesta
organização, ao estabelecer a ligação entre a coluna lombar e os ossos ilíacos. Assim, recebe a
pressão da coluna através da quinta vértebra lombar e transmite-a de forma equilibrada para os dois

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ossos coxais. Estes, por sua vez, transmitem essas forças em direção ao membro inferior pela
articulação coxofemoral e dissipam parte delas em direção ao osso ilíaco do lado oposto através da
sínfise púbica. No prolongamento do sacro encontra-se o cóccix, fazendo também parte da bacia.

Constituição geral da bacia: (A) articulação sacroilíaca; (B) sínfise púbica; (1) ílion; (2) ísquion; (3)
púbis; (4) buraco obturado; (5) cabeça do fémur; (6) superfície do sacro que articula com o corpo da
quinta vértebra lombar.

O ilíaco
O osso ilíaco (ou osso coxal ou do quadril) resulta da junção de três peças ósseas (ílion,
ísquion e púbis) que ossificam de forma independente e se unem em torno da cavidade articular para
o fémur. Essas 3 peças ósseas juntam-se com a idade, mas no embrião são bem distinguíveis como
ossos individualizados.
A porção superior, o ílion, constitui a porção mais volumosa e é local de fixação de
numerosos músculos. As duas porções inferiores apresentam dimensão bastante mais reduzida. O
ísquion localiza-se atrás, enquanto à frente encontramos o púbis.

Articulações da cintura pélvica


Sínfise púbica
Uma sínfise, ou articulação semimóvel, é um tipo de articulação em que a cartilagem fibrosa
une dois ossos e permite pouca movimentação. As superfícies adjacentes são unidas por cartilagem
do tipo fibrosa. Não contem cápsula sinovial.

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Na sínfise púbica, o osso coxal, através do púbis, articula com a mesma porção do lado
contrário, formando uma articulação semimóvel.
A folga da sínfise púbica normalmente é de 4-5 mm, mas durante a gravidez, por ação
hormonal, pode haver um aumento de pelo menos 2-3 mm, portanto, considera-se que uma largura
total de até 9 mm entre os dois ossos é normal para uma mulher grávida. No parto, ocorre ainda
maior separação da sínfise púbica. Nalgumas mulheres, essa separação pode tornar-se definitiva,
constituindo uma diástase da sínfise púbica.

Articulação sacroilíaca
As articulações que o sacro estabelece lateralmente com os ossos ilíacos - sacroilíacas - são
também articulações semimóveis. Ao ser constituída por articulações semimóveis, a deslocação
possível entre os ossos que formam a bacia é, assim, muito reduzida. Esta perda em mobilidade
apresenta uma compensação no ganho de estabilidade da bacia como um todo, permitindo-lhe
funcionar como origem de poderosos músculos que nela se fixam para atuar na coxa ou no tronco, e
contribuir para uma postura bípede confortável e que pode ser mantida durante longos períodos de
tempo sem esforço.

Articulação coxofemoral
A anca é a região que vai da cintura até à articulação do membro inferior com o tronco que se
processa através da articulação coxofemoral (entre a bacia e o fémur).
Tal como a escapuloumeral, a articulação coxofemoral é uma articulação entre superfícies de
forma esférica. Não deixando, tal como a escapuloumeral, de efetuar movimentos em todas as
direções- flexão/extensão, adução/abdução e rotação (interna/ externa) - a amplitude dos movimentos
da coxofemoral é, no entanto, menor.
Todavia, os fatores que condicionam a mobilidade da coxofemoral contribuem para uma
maior estabilidade articular, o que está naturalmente relacionado com a adaptação da cintura pélvica
ao bipedismo. Para este ganho de estabilidade da coxofemoral em relação à escapuloumeral
contribuem vários fatores:
1. A reduzida mobilidade da bacia em comparação com a cintura escapular;
2. O tipo de encaixe entre as superfícies articulares, estando a cabeça do fémur mais contida
no interior da cavidade articular do osso coxal do que acontece com a cabeça do úmero, que tem uma
área de contacto muito mais reduzida com a cavidade articular da omoplata;
3. Existência na articulação coxofemoral de uma cápsula articular mais espessa reforçada por
um suporte de ligamentos mais resistentes;
4. Envolvimento da coxofemoral por uma musculatura mais poderosa.

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O fémur
O segmento do membro inferior coxa é formado por um
único osso, o mais longo e mais volumoso do corpo humano, o
fémur. O fêmur consiste da diáfise, da epífise proximal que se
prolonga, através de um pescoço (o colo), até uma cabeça
esférica - que o articula com o osso do quadril ou osso coxal - e
da epífise distal que se divide em dois côndilos, que se ligam à
tíbia e à rótula.

Fémur

Complexo articular do joelho e perna


A perna possui dois ossos paralelos: a tíbia (sinónimo fíbula - Português do Brasil), mais
espessa, que se localiza do lado interno, e o perónio, osso bastante mais fino e frágil, que se encontra
do lado externo.

Articulações entre a tíbia e o perónio (tibioperoneais)


As duas articulações entre a tíbia e o perónio são
estabelecidas em superfícies de forma plana, permitindo apenas
pequenos movimentos de deslize entre os dois ossos, com um
funcionamento mecânico mais limitado do que no antebraço,
em que o rádio consegue rodar em torno do cúbito.

Articulações entre tíbia e perónio

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Articulações do joelho
O complexo articular do joelho inclui duas articulações: uma entre o fémur e a tíbia- a
articulação femorotibial - e outra entre o fémur e a rótula - a femoropatelar.
A rótula (sinónimo: patela) é um pequeno osso situado anteriormente e acima das articulações
femorotibiais e está incluído no tendão terminal do músculo quadricípite da coxa.

Joelho e rótula
A articulação entre o fémur e a tíbia apresenta um papel fundamental na transmissão de
forças verticais entre o apoio proporcionado pelo membro inferior e o tronco, e vice-versa. Os dois
côndilos do fémur, de curvatura acentuada, assentam nas cavidades articulares da tíbia, que são quase
planas.

Vista anterior Vista anterior com rótula afastada Vista posterior

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Diferentes vistas do complexo articular do joelho e da articulação tibioperoneal superior
(B) fémur, (C) tíbia, (D) rótula, (E) perónio
(1) tróclea femoral (2) face posterior da rótula (3) côndilo femoral interno (4) côndilo femoral
externo (5) cavidade articular externa da tíbia (6) cavidade articular interna da tíbia (7) tuberosidade
anterior da tíbia.
Meniscos
A discordância entre os dois côndilos do fémur que são curvos e as cavidades articulares da
tíbia, que são quase planas é compensada pela existência, à periferia de cada uma das cavidades
articulares, de uma fibrocartilagem (menisco) que molda as cavidades à curvatura do respetivo
côndilo femoral.

Meniscos do joelho.

As duas articulações do complexo articular do joelho são envolvidas por uma mesma cápsula
articular que delimita uma ampla cavidade articular. Dada a solicitação a que é sujeita na posição
bípede e nas diferentes formas de locomoção, a cápsula articular do joelho é reforçada por
numerosos e complexos ligamentos.
Anteriormente a cápsula é reforçada pelo tendão do músculo quadricípite (sinónimo
quadríceps), o tendão rotuliano que se estende entre a rótula e a tuberosidade anterior da tíbia,
funcionando como ligamento anterior da articulação do joelho.

Ligamentos do joelho
Existem diversos ligamentos no joelho. Destacam-se os ligamentos cruzados desempenham
um papel fundamental na manutenção da união entre os côndilos femorais e as cavidades articulares
da tíbia.

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Ligamentos cruzados do joelho

Articulação femurotibial
(1) menisco externo; (2) menisco interno; (3) ligamento cruzado anterior; (4) ligamento cruzado
posterior.
Movimentos do joelho
O joelho está fundamentalmente preparado para realizar movimentos de flexão, normalmente
associados com ações de amortecimento, e de extensão, presentes em ações de impulsão. Na posição
bípede e nas importantes ações motoras do membro inferior, como a marcha, a corrida ou os saltos, a
intervenção do joelho faz-se no sentido de passar de uma posição de flexão para o máximo da
extensão, e vice-versa.
A extensão máxima na articulação femorotibial bloqueia o joelho e transforma-o numa
unidade rígida. Este bloqueio é conseguido pela tensão de todos os ligamentos do joelho,
principalmente os cruzados, e pela participação da rótula fixa à frente sob ação do quadricípite.
Acessoriamente, encontramos também movimentos de rotação da perna nas articulações
femorotibiais, embora de amplitude bastante mais reduzida, e apenas quando o joelho está

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posicionado em flexão. Estes movimentos de rotação são limitados principalmente pelos ligamentos
cruzados.

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