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SÍNTESE: CASO GABRIEL FERNANDEZ

O documentário intitulado “O caso Gabriel Fernandez”, disponível na Netflix,


conta a história comovente de um garoto de 8 anos que teve sua vida ceifada em
maio de 2013, em decorrência de negligências, nas quais foi exposto por sua família
de origem. Gabriel morava com a mãe, o padrasto e o irmão em um apartamento
com condições humildes em um bairro da Palmdale- LA.
No documentário é retratado que o caso dele ganhou notoriedade em Los
Angeles, no ano de sua morte. Parte da comunidade se reuniu para manifestar seu
repúdio sobre a situação vivenciada por Gabriel. A equipe médica que o atendeu,
após receber um chamado de emergência, se chocou com a quantidade de
violência física que aquela criança apresentava. Com base no relato de uma das
profissionais, a qual fez a transcrição dos atendimentos prestados a ele, ela conta
que jamais tinha presenciado um caso como o de Gabriel, que ele possuía
hematomas por todo o seu corpo. Pontuou que era quase inacreditável a situação
que ele se encontrava.
Diante do interesse em saber o que havia acontecido com a criança para
estar naquele estado, iniciou-se uma série de investigações, com a família extensa,
com alguns órgãos públicos que acompanharam o caso, entretanto, no
documentário relatam que como envolvia o poder público muitas coisas estavam em
jogo, então foi necessário que profissionais como jornalistas, o promotor público e
seus assessores desenvolvessem uma incansável pesquisa acerca dos fatos que
envolviam o caso de Gabriel com o intuito de buscar justiça ao caso.
Informações coletadas diziam que os profissionais do conselho tutelar,
assistentes sociais e policiais estavam por dentro da situação de Gabriel e não
interviram. Justificaram que as não-ações ocorreram porque havia poucas provas
para retirar a criança do lar, ou atribuíram a culpa ao sistema (conselho tutelar) que
estaria “sobrecarregado”, ou ainda afirmavam que Gabriel estava inventado que
sofria maus tratos, que os hematomas surgiam em decorrência de brincadeiras com
o irmão. Os profissionais que fizeram os primeiros socorros, que foram até a casa
da criança, contaram que a mãe e o padrasto não demonstravam qualquer
expressão de preocupação com a criança, o que foi chocante.
O documentário nos mostra que o sistema, de fato, estava sobrecarregado. O
departamento responsável pelo caso de Gabriel atuava com cerca de 6 assistentes
sociais, cada um, em média, com 30 casos sob sua responsabilidade. Assim,
acabavam sendo responsáveis por cerca de 250 a 300 crianças. Logo, não
conheciam os casos detalhadamente como deveriam, pois havia sobrecarga de
trabalho/demanda. Podemos ponderar que os assistentes sociais estavam sobre
uma carga elevada de estresse, que pode ter afetado seu pensamento crítico, ou
que houve a decisão de não se aprofundar no caso já que demandaria tempo e
esforços por parte da equipe. Além disso, o sistema de Los Angeles era
extremamente voltado para o direito dos pais e a preservação da família, e
pouquíssima ênfase no direito da criança. Ou seja, a todo custo, sempre que fosse
possível, deveriam manter a criança com os pais. Porém, no caso de Gabriel ele
não estava seguro com sua família. Os assistentes sociais, neste caso, parecem ter
seguido a orientação básica dada aos funcionários do setor. O sistema está falido
porque está baseado nas premissas erradas, valorizam o direito dos adultos muito
mais do que os das crianças.
Os abusos sofridos por Gabriel deveriam ter gerado ações que iriam tirá-lo do
estado de vulnerabilidade no qual ele se encontrava, e que segundo o art. 130° do
Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990)
“verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos
pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida
cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum”, o que nesse caso em
especifico deveria ter ocorrido, uma vez que os maus tratos sofridos eram aparentes
e frequentes, onde ele se encontrava em risco iminente de morte e que infelizmente
se concretizou.
A professora de Gabriel percebeu que ele estava sendo maltratado quando o
menino lhe perguntou se era normal apanhar de cinto até sangrar. A professora
ficou preocupada e fez uma denúncia ao Conselho Tutelar para que averiguasse.
Porém a abordagem à família não foi feita de maneira eficaz e ainda resultou em
mais episódios de violência contra a criança, chegando ao ponto do garoto aparecer
na escola com o rosto deformado. A Conselheira Tutelar que foi designada para
atender o caso do Gabriel Fernandez mostrou-se negligente, e também está sendo
julgada pela morte de Gabriel, juntamente com outros 3 colegas.
O departamento de serviços da família e da criança do condado de L.A.
decidiu demitir não só a assistente social diretamente envolvida no caso, como
também os demais assistentes sociais que tiveram contato com o caso e o
supervisor Gregory Merritt, o qual inclusive foi acionado criminalmente pela
promotoria. (Supervisor de assistentes sociais: supervisionar o Assistente social
responsável pelo caso). Gregory trabalhava há 23 anos na assistência social
No Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente, no Artigo 136, da Lei nº
8.069 de 13 de julho de 1990, dispõe sobre as atribuições do Conselheiro Tutelar:
que deve atender as crianças e adolescentes sempre que os direitos reconhecidos
nesta Lei forem ameaçados ou violados, por ação ou omissão da sociedade ou do
Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; em razão de sua
conduta. Caso o Conselheiro entenda necessário o afastamento do convívio
familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providências tomadas para
a orientação, o apoio e a promoção social da família (BRASIL, 2021).
O departamento de serviços da família e da criança do condado de L.A.
decidiu demitir e investigar não só a assistente social diretamente envolvida no
caso, como também os demais assistentes sociais que tiveram contato com o caso
e o supervisor Gregory Merritt, o qual, inclusive, foi acionado criminalmente pela
promotoria. Ainda, o departamento de xerifes também está incluído na investigação.
Diversos agentes foram punidos, pois, por diversas vezes, foram à casa do garoto,
às vezes no meio da noite, porque o chamado era sempre rebaixado para uma
prioridade menor, e ao chegarem na casa, aceitavam o que a mãe ou o padrasto
diziam, não pedindo para ver o garoto. Oito agentes foram até a casa de Gabriel
durante os 8 meses em que sofreu abuso infantil e nenhum deles nunca tomou
providências. Inclusive, os registros mostram que os agentes foram chamados 5
vezes à casa nos meses anteriores à morte de Gabriel.
As negligências por parte dos policiais e do conselho tutelar e outros órgãos
foram tantos, que se torna difícil de acreditar que estes profissionais, principalmente
os assistentes sociais, eram de fato capacitados para o cargo que exerciam, uma
vez que foram realizadas visitas domiciliares e conversado com a mãe e seu
namorado, sem contar as inúmeras denúncias, tanto por parte da professora de
Gabriel, guarda e outras pessoas. Outro ponto importante é o fato de que era visível
os ferimentos em Gabriel, e que estes eram ferimentos de um longo período de
maus tratos. Ainda segundo o ECA, art. 131 diz que “o Conselho Tutelar é órgão
permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar
pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei”
sendo assim, cabe a este órgão verificar se crianças e adolescentes estão em
situação de vulnerabilidade e risco. Vale destacar que essa análise é feita de acordo
com as nossas leis, porém, o caso de Gabriel não ocorreu no Brasil, entretanto,
casos como o de Gabriel acontecem em todos os lugares do mundo e que os
órgãos responsáveis muitas vezes falham, muitas vezes isso ocorre devido à falta
de um treinamento qualificado aos funcionários designados para atender estes
casos, para que possam identificar esses casos e possibilitar ações em tempo hábil,
para que estas crianças fiquem seguras.
Segundo a Lei 8069/1990 (ECA), a criança e o adolescente possuem todos
os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, propiciando desenvolvimento
mental, físico, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.
Sendo papel da família, comunidade, sociedade em geral e poder público garantir
proteção e socorro em quaisquer circunstâncias, atendimento a serviços públicos ou
de relevância pública, preferência na elaboração e execução de políticas públicas e
destinação privilegiada de recursos públicos. Na lei 13.509/2017, que veio a alterar
redação da Lei 8069/2019, traz o direito de toda criança e adolescente o direito de
ser criado no seio de sua família, havendo a excepcionalidade, em família
substituta, sendo assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente que
garanta o seu desenvolvimento integral. Podemos assim perceber que não houve
por parte das autoridades do poder público um posicionamento em seu papel, e que
é direito da criança e adolescente estar integrada a sua família de origem, salvo
situações em que não há a manutenção das garantias de direito de
desenvolvimento integral neste ambiente familiar, o que de fato ocorria no caso de
Gabriel.
Durante o julgamento de Isauro Aguirre, padrasto de Gabriel. Havia por parte
das pessoas um querer saber a verdade, que ele admitisse o que havia feito.
A primeira testemunha é Malissa Fernandez, irmã de Pearl Fernandez, mãe
de Gabriel, a testemunha relata inúmeras vezes que Gabriel havia apanhado de sua
irmã e nunca imaginou que sua irmã e seu cunhado fossem chegar tão longe, a
ponto de matar Gabriel. Ela relata que foi morar com a irmã com a intenção de
proteger as crianças, pois sabia dos episódios de violência que lá aconteciam.
A família de Pearl relata que Isauro parecia uma boa pessoa, trabalhava, não
estava envolvido com drogas, acreditam que ele fazia tudo o que Pearl mandasse, a
qual sempre foi muito controladora com todos os outros namorados, ela era abusiva
com Isauro, batia nele.
Pearl passou por uma Avaliação Neurocognitiva, a qual concluiu que Pearl
possuía uma capacidade cognitiva bem limitada, deficiência no desenvolvimento e
instabilidade psicológica. Ela frequentou apenas o ensino fundamental, relata o uso
de álcool e drogas desde os 9 anos, fase em que o cérebro ainda se encontra em
desenvolvimento, o que, provavelmente, gerou sequelas, o que resultou em
diversos diagnósticos: Transtorno de Desenvolvimento, Transtorno Depressivo,
Estresse Pós-Traumático, Distúrbio Alimentar e anormalidades na região frontal
direita do cérebro vistas em tomografias. Além disso, relatou uma história de estupro
coletivo, uma tentativa de estupro por parte de um tio e exposição à violência
doméstica.
A participação do psicólogo no contexto jurídico, se respalda pela Resolução
CFP nº 017/2012. No Art. 1º diz que a avaliação deverá ser direcionada às
demandas do contexto pericial. Esse trabalho poderá conter visitas domiciliares e
institucionais, aplicação de testes psicológicos, observação, entrevista, recursos
lúdicos, métodos e técnicas reconhecidas pela ciência psicológica, de forma a
garantir o bem-estar dos sujeitos envolvidos (CARTILHA AVALIAÇÃO
PSICOLÓGICA, 2013). É importante ressaltar que se torna fundamental o
conhecimento do psicólogo sobre psicopatologias e quadros de transtornos mentais.
Pearl tinha outros dois filhos mais velhos que Gabriel, mas nunca houve
nenhum indício de abusos cometidos com eles, na extensão do que era feito com
Gabriel. Existe um fenômeno chamado filho expiatório ou “bode expiatório”, o qual é
entendido como a designação de uma pessoa sobre a qual recai uma culpa, mesmo
que ela não tenha de fato cometido o ato pelo qual é acusada. Este “bode
expiatório” terá que carregar o grande peso da culpa, da vergonha, da raiva e da
rejeição familiar, para que o resto possa mais facilmente manter os seus padrões de
funcionamento doentios.
As conversas encontradas nos celulares confiscados, mostram que havia
uma coordenação de atividades, ou seja, uma ação planejada entre Pearl e Isauro,
que tinha como objetivo matar Gabriel. Uma destas ações foi mostrar a uma
Conselheira Tutelar, cartas falsas de Gabriel, dizendo que ia se matar, numa
tentativa que no futuro, pudesse justificar a morte de Gabriel.
Arturo testemunhou que um dos administradores no DPSS estava
preocupado com a hora extra e que esse era o motivo para evitar fazer uma ligação
para a emergência em nome de Gabriel. (Corte de gastos como foco da empresa).
Um agente chamado à casa de Gabriel com o nome de Frederico Gonzalez.
Após a denúncias dos bilhetes suicidas à emergência de abuso infantil, ele
apareceu por volta das 2h da manhã, falou com Isauro (namorado da mãe), mas
não viu Gabriel nem falou com ele. De acordo com as anotações de um conselheiro,
ele decidiu que Gabriel não parecia uma criança que contemplasse seriamente o
suicídio. Na verdade, parecia uma criança mimada. E, de acordo com Isauro, ele se
ofereceu para voltar na manhã seguinte e meter medo em Gabriel para não fazer
mais isso.
De acordo com a tia avó, Elizabeth Carranza, os xerifes sabiam que ele
estava lá e Pearl (mãe) havia dito que alguns garotos maiores tinham batido nele,
por isso as marcas. Colocaram-no na viatura e disseram que, se continuasse
mentindo, ele que seria preso
No julgamento percebe-se uma tentativa dos assistentes sociais em
minimizar sua importância no caso, quando a assistente social diz que quem deve
ser “crucificado” são Pearl e Isauro, que ela fez seu trabalho, e o seu Gestor, afirma
que como o próprio juiz do caso falou, houve um erro em diversos níveis, ou seja,
sistêmico, indagando assim, por que somente 4 assistentes sociais estavam sendo
julgados? No decorrer das investigações, percebeu-se que os assistentes sociais
não fizeram perguntas e registros básicos, de dados de visitas domiciliares e mapa
de ferimentos corporais, não realizaram entrevistas e coleta de informações na
escola, professores, denunciantes (avós), não fizeram entrevistas com os irmãos de
Gabriel. Não foram seguidos padrões de trabalho e registro, por parte de assistentes
sociais e de seu gestor que não parecia preocupado com o trabalho realizado, visto
que não indagava, instigava e orientava o atendimento realizado. Outra grave falta,
foi a adulteração de registros do acompanhamento de Gabriel para que não
houvesse responsabilização da Assistente social do caso.
Muitos profissionais que tiveram contato com Gabriel possuíam possibilidade
de intervir: conselheiros tutelares, assistentes sociais, policiais, mas não o fizeram.
Se baseavam na justificativa de que o sistema estava sobrecarregado (muitos casos
para poucos profissionais) ou até mesmo encontrando desculpas como “falta de
profissionais experientes” se referindo aos assistentes sociais que acompanharam o
caso. Alguns profissionais até pontuaram que Gabriel não estava em situação de
risco.
É de se questionar também por que a família extensa não interferiu também,
conhecendo a realidade vivenciada pela criança, bem como sobre o histórico de
problemas psicológicos/psiquiátricos apresentados pela genitora. A própria família
tinha conhecimentos que Pearl apresentava comportamentos instáveis, que era
controladora e agressiva com namorados e filhos. No decorrer do caso foi possível
compreender que na realidade Pearl nunca se sentiu vinculada ao filho, não
desenvolveu vínculo, sentimento de zelo e amor por ele, tanto que não queria seguir
com a gestação, por insistência de familiares o fez, mas ao dar à luz, o deixou no
hospital e os tios assumiram a responsabilidade de cuidá-lo. Ainda sobre isso, talvez
se na época, tivessem entrado com um pedido de adoção de Gabriel teriam
autoridade de não permitir que ele fosse morar com a avó e posteriormente com a
mãe, pois, pelo que se percebeu ambos os tios amavam e protegiam a criança
quando esta ficou sob sua guarda. Tantas ações poderiam ser aplicadas e que
provavelmente poderiam ter salvado a vida do menino.
Depois da triste morte de Gabriel foi criado um comitê Departamento de
Proteção à criança, o escritório funcionaria como um facilitador de investigação, os
idealizadores do projeto contaram que a proposta era reformular práticas
instauradas e reestruturar estratégias para melhorar a fiscalização de casos
semelhantes ao de Gabriel.
No capítulo 6 é retratado sobre o Julgamento Final dos réus, onde após a
promotoria apresentar todas as provas de sua parte, bem como a defesa também
expressar seu relato, o juiz solicitou que os jurados realizassem seu julgamento
acerca do caso, se consideraram o réu culpado ou não. Após muito diálogo, o júri
chegou à conclusão de que Isauro Aguirre foi culpado em primeiro grau pela morte
de Gabriel Fernandez. No País existe a lei de Pena de Morte, quando foi exposto ao
juri para decidirem se Aguirre merecia a pena de morte, um dos jurados que estava
analisando todas as variáveis da situação, cogitando se o réu teria a possibilidade
de se defender (mudar seus Comportamentos), como precisa-se de uma decisão
unânime para pena de morte, esse julgamento também levou algumas semanas. Ao
final chegaram a conclusão de pena de morte para p réu.
Em relação a genitora Pearl Fernandez quando foi sua vez de ser julgada, se
autodeclarou como culpada e também expos um texto diante do tribunal que sentia
muito por suas ações e por ter participado dos processos de tortura de Gabriel,
pediu desculpas a sua família e concluiu sua exposição. Pearl foi sentenciada à
prisão perpétua sem direito à liberdade condicional.
O juiz Lomeli se pronunciou pela primeira vez em sua carreira acerca de sua
percepção sobre o caso, dizendo que os réus a cada dia de sua existência ficassem
remoendo todo o sofrimento pelo qual fizeram Gabriel passar e que não desejava
descanso a eles, mas sim tortura psicológica.
O caso de Gabriel Fernandez com certeza chocou o mundo inteiro, ainda que
seus assassinos tenham recebido a punição merecida perante lei, a sua vida não
pode ser recuperada, só almejamos que ele tenha encontrado a paz.
Um fato pontuado ao final do último capítulo, que após o caso de Gabriel,
ainda foram registrados 150 casos de crianças que morreram por abuso ou
negligência, havendo por parte do conselho tutelar omissão, e não priorizar a vida e
manutenção dos direitos destas crianças. Sem um posicionamento e trabalho
efetivo dos profissionais das equipes técnicas, muitas crianças foram mortas.
Percebe-se nitidamente que o sistema tem falhado em proteger a vida dos menores
e para reverter esta situação seria necessária uma revolução social.
O mais triste desta situação vivida pelo menino Gabriel Fernandez e tantas
outras crianças, Henry Borel, Isabela Nardoni, Bernardo Boldrini, Ketelen Vitória da
Rocha, é que elas foram violentadas dentro de suas casas, por pessoas que
deveriam amá-las e protegê-las, e é exatamente isso que torna tão difícil identificar
os casos de violência, e faz com que estas crianças sofram caladas. Para tentar
combater esse tipo de situação, os artigos 13 e 56, inciso I, da Lei 8.069/90
(Estatuto da Criança e do Adolescente), fixaram a notificação obrigatória por parte
dos profissionais de saúde e da educação, que deverão comunicar ao Conselho
Tutelar os casos em que há mera suspeita da ocorrência de "maus-tratos" (ou
outras formas de violência) contra crianças e adolescentes, nos termos do no artigo
245, também do ECA.
Porém isso não é suficiente. É necessário que toda a sociedade denuncie
qualquer sinal de maus-tratos e negligência, seja pelos pais ou por qualquer outra
pessoa do convívio de crianças e adolescentes. A violência deve ser combatida,
pois as agressões, além de deixarem marcas físicas, podem comprometer o
desenvolvimento da criança que é vítima de violência. Ademais, as pessoas que
sofrem violência vão reproduzir este comportamento, muitas vezes com os próprios
filhos. Precisamos de um basta neste ciclo de violência.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o estatuto da Criança e


do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil. Brasília, DF, 16 jul. 1990. Disponível em:<
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.> Acesso em: 30 set 2021.

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. CARTILHA AVALIAÇÃO


PSICOLÓGICA. Brasília: Conselho Federal de Psicologia, 2013. Disponível em:
<https://site.cfp.org.br/publicacao/cartilha-avaliacao-psicologica/.> Acesso em: 03
out 2021

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Resolução CFP Nº 017/2012. Dispõe


sobre a atuação do psicólogo como Perito nos diversos contextos. Disponível em:
<https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2013/01/Resolução-CFP-nº-017-
122.pdf.> Acesso em: 03 out 2021

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