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GARDNER, Richard. Parental Alienation Syndrome vs. Parental Alienation: Which
Diagnosis Should Evaluators Use in Child-Custody Disputes? The American Journal of
Family Therapy, 2002, p. 97, disponível para consulta in
http://dx.doi.org/10.1080/019261802753573821
2
CHIAVERINI, Tomás. Lei expõe crianças a abuso. A Pública. 24 jan. 2017.
Disponível em: <https://apublica.org/2017/01/lei-expoe-criancas-a-abuso/
Conforme bem esclarece a ex-juíza do Tribunal Constitucional de Portugal,
Maria Clara Sottomayor, que critica a teoria, relata que a SAP não foi reconhecida como
doença pela Associação de Psiquiatria Americana. Não consta da Classificação
Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde nem do Manual de
Estatística e Diagnóstico da Academia Americana de Psiquiatria. A Suprema Corte dos
Estados Unidos se pronunciou contra a validade científica da SAP, seja por não preencher
o critério de admissibilidade de aceitação geral na comunidade científica, seja pelo
critério da falta de base científica e metodológica. A maioria dos trabalhos de Gardner
não foi publicada em revistas com avaliação do tipo paper review, mas divulgada por
intermédio de seu próprio site pessoal, bem como por associações de pais divorciados.
Não constam das bases de dados da maior parte das bibliotecas e universidades norte-
americanas3.
Dessa forma, conforme nos traz em argumento à ADI n° ADI 6273 “pode-
se dizer que a SAP é uma construção operacional, sem base ou rigor científicos nos
campos jurídico, da psiquiatria e da psicologia, que não tem capacidade de resolver os
problemas dos conflitos parentais. Pelo contrário, os agrava4.”
3
SOTTOMAYOR, Maria Clara. Uma análise crítica da síndrome de alienação parental e
os riscos da sua utilização nos tribunais de família. Revista Julgar, n. 13, p. 83, 2011.
4
Ação direta de Inconstitucionalidade n° 6273 disponível em:
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=5823813Disponível
“ Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação
psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause
prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este.
Na teoria a Lei é para todos, mas na prática não, não existe uma aplicação
igualitária de normas aos homens e as mulheres. Existe uma presunção de que à mulher
sempre está mentindo, a desqualificação da sua fala. Assim, à quem seria direcionado os
artigos supra?
5
Lei n° 12.318 de 26 de agosto de 2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm
Assim, a norma entende que o genitor guardião, de modo a programar o
infante conta o outro genitor ou familiar, pode formular denúncia falsa, alegando prática
de abuso sexual e, assim, configurar AP.
O problema que surge com o advento dessa lei nasce justamente da grande
probabilidade de a denúncia de abuso sexual ser verdadeira.
Casos, submetidos a uma análise concreta, como feito por Luciana de Paula
Gonçalves Barbosa e Beatriz Chaves Ros de Castro, no TJDF7, notou-se que não houve
alienação parental de fato, havendo um alto índice de requisições alegando a Alienação
Parental quando o outro genitor apresenta denúncia de abuso sexual.
“Dos cinco casos em que houve acusação, nos autos, de abuso sexual contra
a criança em questão ou algum outro filho do sistema familiar perpetrado pelo
pai, em quatro o SERAF confirmou indícios de abuso. Em todos eles, o pai
perpetrador do abuso sexual acusava a genitora da criança de alienação
parental. Identificou-se, entretanto, que o movimento da mãe de evitar ou
restringir o acesso da criança ao núcleo familiar paterno ocorria em virtude
do receio de novos abusos.8”
4. Conclusão
Como a Lei brasileira foi criada com base em uma teoria frágil, é evidente
também que seu teor apresentaria lacunas e inconsistências capazes de prejudicar
crianças, adolescentes e conforme exposto as mulheres.
6
Araujo, Ana Paula Araujo. Abuso, a Cultura do Estupro no Brasil. Editora: Globo
Livros. Pg 27;
7
BARBOSA, Luciana de Paula Gonçalves. CASTRO, Beatriz Chaves Ros
de. Alienação Parental: Um retrato dos processos e das famílias em situação de
litígio. Brasília: Liber Livro, 2013.
8
Ibidem p. 194, 195
Referências:
ARAUJO, Ana Paula. Abuso: A Cultura do Estupro no Brasil. Editora: Globo Livros. Pg
27, 1ª Edição - 2020;
BARBOSA, Luciana de Paula Gonçalves. CASTRO, Beatriz Chaves Ros de. Alienação
Parental: Um retrato dos processos e das famílias em situação de litígio. Brasília:
Liber Livro, 2013.