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A FORMULAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PROTEÇÃO DA CRIANÇA VÍTIMA DE ALIENAÇÃO PARENTAL


POR INDUÇÃO À FALSAS MEMÓRIAS

1Thai­s
Souza Freitas, 2BRUNA DE OLIVEIRA ANDRADE, 3JULIANA LUIZA MAZARO, 4VALÉRIA SILVA GALDINO
CARDIN

1Advogada e Especialista em Processo Civil pela Escola Nacional Superior de Advocacia (ESA)
2Mestre em Direito pela UNICESUMAR, Professora do Curso de Direito da UNIPAR/Paranavaí e UNESPAR/Paranavaí
3Doutoranda em Direito pela UNICESUMAR, Mestre em Direito pela UNICESUMAR. Professora do Curso de Direito da
UNIPAR e UNESPAR de Paranavaí
4Pós-Doutora em Direito pela Universidade de Lisboa; Doutora e Mestre em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP

Introdução: O aumento no atendimento de crianças que alegam ter sofrido violência por um de seus genitores e que ao
afinal da investigação criminal se mostram inclusivas, pode ter como uma das causas, as falsas memórias incutidas pela
mãe ou pai denunciantes. Para combater essa forma de alienação parental é importante formular alternativas de ação
para uma política pública de atenção a criança e adolescente que estão nessa situação de vulnerabilidade.
Objetivo: Avaliar a possibilidade e realização de políticas públicas de proteção ao menor que esteja sofrendo alienação
parental, pela implantação de falsas memórias, como vítima de violência.
Desenvolvimento: A alienação parental é definida pelo art. 2º da Lei nº 12.318/2010 como o “[...]Considera-se ato de
alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um
dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para
que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. Além disso, a
Lei de Alienação Parental, como é conhecida, traz no art. 6º um rol de penalidade que poderá ser aplicada ao alienador.
São mecanismos de correção que tentam induzir quem está praticando os atos a um novo comportamento. Contudo,
para não fomentar mais os conflitos entre os pais, o Poder Público poderia optar por um mecanismo de conscientização,
que é aquele que busca “influenciar o comportamento por meio da construção e apelo ao senso de dever moral [...]”
(SECCHI. 2012, p. 38). Para isso, haveria a necessidade de formular ações que visassem a educação para parentalidade
responsável, cuja eficiência somente seria observada a longo prazo, e que no atual cenário brasileiro de consciência
seria pouco eficaz, parece que a maioria age legal e “moralmente” quando à perspectiva de uma punição mais severa,
especialmente aquelas de caráter penal. Outro ponto que precisa ser observado nessa política pública é que a criança se
torna o objeto de vingança do genitor alienador, ela é desconstruída como ser humana, desprovida de personalidade,
mas com uma finalidade definida que aumenta a sua vulnerabilidade. A criança fica sujeita às vontades dos pais ou
parentes, nos quais deposita sai confiança, acabando por ser mais suscetível à implantação das falsa memórias que
moldam o comportamento do menor. Segundo Ruiz e Cardin (2017, p. 92) “Alterações legislativas, por si só, não são
suficientes para garantir os interesses de milhares de crianças e adolescentes frutos de lares desfeitos. O que se exige é
um amadurecimento emocional dos pais, este sim pressuposto absolutamente necessário para efetivo atendimento do
interesse dos filhos”. Meios alternativos para garantir a efetividade das ações públicas seriam aqueles voltados para
busca de soluções para todos os envolvidos no conflito, ou seja, para a criança, o alienador e para o pai e/ou mãe que
também é vítima da alienação parental, um exemplo, seria a aplicação do direito sistêmico, com as constelações jurídicas
familiares (SECCO; PROVIN, 2019). Isso, porque apenas as imposições legais não são suficientes sem políticas públicas
efetivas de promoção da educação para o planejamento familiar, que tenha como foco a proteção integral da criança e da
conscientização dos pais quanto o tratamento digno dos filhos como pessoas e não objetos.
Conclusão: Com base nisto, é possível que o Poder Executivo haja em prol da proteção dessas crianças, por meio de
política pública de conscientização e educação para parentalidade responsável, como já trazido acima, começando pela
inserção do problema da agenda de políticas públicas. Além disso, a formulação de alternativas de ações e soluções,
como por exemplo, a aplicação da constelações familiares, tendo em mente que apenas ações individualizadas não
surtiriam efeitos como aquelas que buscam a resolução do conflito de maneira satisfatória para todos os envolvidos.

Referências
ARAÚJO, Ynderlle Marta de. A Alienação Parental no Ordenamento Jurídico Brasileiro. 2013. Disponível em:
https://ibdfam.org.br/artigos/876/A+Aliena%C3%A7%C3%A3o+Parental+no+Ordenamento+Jur%C3%ADdico+Brasileiro.
Acesso em: 23 maio 2022.
BRASIL. Lei nº 12.318, de 2010. Dispõe sobre a alienação parental e altera o art. 236 da Lei no 8.069, de 13 de julho de
1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12318.htm. Acesso em: 10 ago. 2022.
SECCO, Alessandra Caroline; PROVIN, Alan Felipe. Direito sistêmico: Constelação Sistêmica Jurídica Familiar. Anuário
Pesquisa e Extensão Unoesc São Miguel do Oeste, [S. l.], v. 4, p. e23566, 2019. Disponível em:
https://periodicos.unoesc.edu.br/apeusmo/article/view/23566. Acesso em: 30 ago. 2022.
https://sisweb02.unipar.br/eventos/anais/5361/html/28037.html 1/2
26/01/2024, 16:49 sisweb02.unipar.br/eventos/anais/5361/html/28037.html
RUIZ, Ivan Aparecido; CARDIN, Valéria Silva Galdino. Alienação Parental: uma via aberta para a pacificação familiar,
como forma de acesso à justiça à luz do Código de Processo Cilvo e da Lei de Mediação. In: VIEIRA, Tereza Rodrigues;
CARDIN, Valéria Silva Galdino; BRUNINI, Bárbara Cossettin Costa Beber. Famílias: Psicologia e Direito. Brasília:
Zakareicz, 2017. p. 85-102.
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas. Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. São Paulo: Cengage Learning,
2012, pp. 33-60.

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