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AULA 1

1. Importantes Transformações ocorridas no Planeta Terra


Nosso primeiro encontro foi dedicado a uma reflexão importante, que apesar
de muito complexa e que ainda aguarda muitas explicações, nos permite ter uma
ideia, embora bem sucinta, de como surgiu o universo e para onde as
transformações do planeta nos trouxeram, como tomamos o controle dessas
transformações e, até onde podemos chegar.
Quando pensa em sua história, o homem faz uma imersão nesse tempo
inimaginável e, debruça sobre algumas perguntas que as cercam durante séculos
desde seu surgimento no Planeta. Diante desse tema e, muitos outros que os
circundam, diferentes teorias foram formuladas, pela religião e pela ciência, sob
influência tanto do pensamento ocidental quanto oriental. Então, quem nunca se
perguntou: como surgiu nosso planeta? Como era antes disto tudo existir? Como
surgiram as plantas, os animais e nós (os homens)? E tantas outras.
Pelo ponto de vista da ciência, sem negar ou contestar qualquer outra forma
de pensamento, nosso Universo foi criado há 13,8 bilhões de anos, com o Big
Bang. No começo, não havia estrelas, nem galáxias ou seres vivos, apena uma
atmosfera formada a partir de hidrogênio, hélio e muita energia. Nosso Sol,
sistema Solar a as condições pré-bióticas se constituíram há cerca de 4,5 bilhões
de anos. Os humanos demoraram mais, aparecendo há cerca de 2,5 milhões de
anos.
Desde então, acumulamos conhecimento e desenvolvemos ferramentas
avançadas. E o produto da espécie humana no Planeta determinará o futuro dos
oceanos, do clima e da maioria das espécies da Terra, incluindo nossos próprios
descendentes. Para contextualização do tema recomenda-se a apresentação
produzida pela BBC que, de forma muito bem elaborada, descreve a história do
Universo em 4 minutos (https://www.bbc.com/portuguese/geral-44527107) e,
ainda, o documentários “A origem do Planta Terra”, também produzido pela
BBC (https://www.youtube.com/watch?v=dgJOMTRIBms).
2. O Homem Coletor - Caçador
Há 2,5 milhões de anos, a espécie humana1 (Australopithecus) surgiu na
África Oriental. Ao longo desta ‘pré-história’, o homem (no geral) se
apresentava como uma forma diferente do restante dos animais, se por um lado,
o desenvolvimento do cérebro o colocou como um ponto fora da curva, pois o
preço de uma maior capacidade de raciocínio também o custaria maior tempo
para se alimentar e, ainda, traria algumas restrições em seus atributos físicos
(força, músculos, etc). Nessa fase, os humanos dão início uma revolução
cognitiva, revelada com a confecção de utensílios e armas. Da mesma forma,
outras adaptações como a capacidade de andar ereto, aprimoram a visão e do
olfato e a necessidade do cuidado parental (desde a gestação até a independência
da prole). Esse conjunto de fatores favoreceu a formação de fortes laços sociais,
sendo assim os humanos nasciam subdesenvolvidos e podiam ser educados e
socializados em medida muito maior do que outro animal.
Então, nessa fase do Paleolitico (2,5 milhões a.C a 10 mil aC.) os humanos
eram nômades, viviam em bandos e se caracterizam como caçadores e coletores.
Mesmo municiados com pequenas e instrumentos, o homem ocupava uma
posição intermediária na cadeia alimentar.
O homem domesticou o fogo há 800 mil anos. Há 300 mil, fez uso dessa
ferramenta de maneira constante. O uso do fogo permitiu ao homem cozinhar os
seus alimentos. Com este novo hábito, o homem passou a poder comer mais e
comer melhor. Antes, alguns tubérculos e vegetais eram inacessíveis para o
intestino humano, com o uso do fogo, o ser humano abandonou a necessidade de
um grande intestino e, com isso, desenvolveram, ainda mais, o tamanho do
cérebro. Acredita-se também que o fogo “abre uma grande brecha” entre o
homem e o restante da cadeia alimentar. Com o passar do tempo, o homem
primitivo já havia desenvolvido diversas técnicas para se defender do frio
(construção de abrigos e vestuário) e para aprimorar o seu modo de produção
(lanças e flechas).
Apesar do grande distanciamento tecnológico (ferramentas, fogo), o homem
ainda era uma criatura marginal dentro da cadeia alimentar. Há 70 mil anos,
contudo, “o homem transcende as fronteiras da Africa, em direção a península
Arábica e ao Eurásia. O “segredo” da espécie humana, pode estar intimamente
associado à nossa linguagem, mesmo ainda primitiva, considerando: 1) a
capacidade de dialogar e expandir o pensamento para além do objeto. Se antes o
Homo Sapiens se deparasse com um leão o associaria como uma caça direta, ao
combate animal-homem, agora, pós-Revolução, ele, junto aos demais membros
do grupo, poderia emboscá-lo, usando de armadilhas e do ambiente para a sua
caçada; 2) a comunicação para a troca, para o compartilhamento, transmissão de
informações, factuais ou fictícias; 3) a capacidade de transmitir informações
imateriais: lendas, mitos, etc., levando a expansão da imaginação.
Todavia, no final do Paleolítico (13.000 a.C.), a formação de grandes bandos
levou a escassez de recursos. Dai então, surge a ideia de território, onde os
bandos poderiam defender seus recursos e permitir a partilha entre seus
membros. Agora, além de aquecer e assar, o fogo também poderia garantir a
defesa. Até esse momento, apesar da grande vantagem competitiva atingida com
a Revolução Cognitiva, o Homem não passava ainda um mero elo da cadeia
alimentar, integrado as leis regimentais da Natureza.
3. Primeiro momento da dicotomia ‘Homem’ e ‘Natureza’
A partir do conhecimento armazenado e registrado durante o período do
Sapiens caçador-coletor, de 70 mil anos atrás, o homem inicia uma nova
Revolução, agora chamada de Agrícola, característica do período Mesolítico
(12.000 a.C). Nessa fase, o homem reafirmou a nova essência do homem como
ser social e não mais biológico, como aquele que viveu antes da Revolução
Cognitiva.
Muitos especialistas afirmam que foi no período Mesolítico (12.000 aC até
6.000aC) que os grupos de caçadores-coletores começaram a armazenar
determinados recursos, durante boa parte do ano, permitindo assim que se
tornassem sedentários, ou seja, estabelecessem residências fixas. Assim os
grupos tornaram-se capazes de sustentar um número maior de membros. É muito
provável, que as atividades extrativistas (coleta e caça) levaram ao
conhecimento das técnicas de reprodução, conduzindo o processo de
domesticação de algumas espécies. Por esses motivos, uma parcela de estudiosos
considera que a verdadeira revolução agrícola tenha ocorrido mesmo no período
Mesolítico, quando foram estipulados os pilares socioeconômicos norteadores
do “mundo social” que, mais tarde, durante o Neolítico (6.000 aC até 3.200aC),
foram aprimorados. Por outro lado, o processo de acúmulo de bens poderia ter
criado as primeiras desigualdades sociais e o surgimento de hierarquias
controladas pelos responsáveis pela gestão dos excedentes.
Sobre terras férteis e com disponibilidade de água, nasceram os primeiros
núcleos urbanos. Nesse período, os grupos puderam organizar-se, política e
socialmente, acumulando as experiências, dividindo o trabalho e, também,
produzindo suprimentos alimentares regulares. Os excedentes produzidos por
uma aldeia podiam ser trocados por peças de artesanato, roupas, etc. com outras
aldeias. Muitas inovações tecnológicas foram criadas, como a roda, a tração
animal, a metalurgia, a cerâmica, a tecelagem, a cestaria, a moagem, dentre
outras. Mas, todos esses avanços também despertaram novas preocupações, o
cuidado com seu território, sendo necessário o desenvolvimento de novas
tecnologias voltadas para melhorar o aparato da segurança das vilas, sendo então
desenvolvidos os primeiros instrumentos bélicos. O desenvolvimento
tecnológico proporcionou o crescimento populacional, surgindo os primeiros
conceitos de cidades. A terra passou a ser vista como propriedade, o que pode ter
marcado o agravamento das desigualdades. Ainda assim, embora dependentes
dos elementos que regiam a natureza, já começaram a considerar que o “mundo
natural” representava uma forma de provimento para o “mundo social”. Com
tudo isso, as tecnologias foram sendo cada vez mais elaboradas, dominando
novas matérias primas como, por exemplo, os metais, ampliando as
possibilidades de exploração sobre os recursos naturais. Todavia, o nível
tecnológico parecia não intervir sobre a generosidade do planeta para produção
de bens e serviço ambientais.
Dentro dessa relação com a agricultura, a espécie Sapiens passou a ocupar
assentamentos permanentes, pouco a pouco. A partir dessa relação, nova, com a
terra, a espécie criou também um vínculo novo com aquilo que, futuramente,
passará a chamar de ‘casa’. Esse impacto foi, também, psicológico. Agora, os
excedentes de comida produzidos por camponeses, aliados à nova tecnologia de
transportes, acabaram por permitir que cada vez mais pessoas se aglomerassem
em aldeias maiores, depois em vilarejos e enfim em cidades, todas reunidas sob
novos reinos e redes de comércio. Mas, para tirar vantagem dessas novas
oportunidades, os excedentes de alimento e a melhoria no transporte não eram
suficientes. O mero fato de que se pode alimentar mil pessoas na mesma cidade
ou um milhão de pessoas no mesmo reino não garante que elas concordem sobre
como dividir a terra e a água, como resolver disputas e conflitos e como agir em
tempos de seca ou de guerra. E, se não se chega a um acordo, a discórdia ocorre,
mesmo se as reservas estiverem transbordando. Não foi a escassez de alimentos
que causou a maior parte das guerras e revoluções da história (…). O problema
na raiz de tais calamidades é o que os humanos evoluíram por milhões de anos
pequenos bandos de algumas dezenas de indivíduos. O punhado de milênios
separando a Revolução Agrícola do surgimento de cidades, reinos e impérios
não foi tempo suficiente para possibilitar o desenvolvimento de um instinto de
cooperação em massa.
O planeta abrigou uma infinidade de culturas da Revolução Agrícola até
2.000 A.C. De lá até 1450, algumas centenas, no máximo umas mil e poucas
culturas diferentes. A partir da Revolução Agrícola, a ordem social imaginada e
o desenvolvimento do sistema de escrita foram os responsáveis pelo surgimento
de inúmeras sociedades. Diante desse pensamento, passa-se a especular que
culturas são dinâmicas, estão em constante movimento e alteração. Essa
dinamicidade está entre as principais características da cultura que, gera
progresso e permite que sociedades se desenvolvam.
4. As sociedades e suas criações
Ao longo da história, as sociedades humanas construíram imponentes
impérios ocidentais (Pré Colombianos, Mesopotâmios, Egípcios, Hebreus,
Fenícios, Romanos, Gregos, etc.) e orientais (Chineses, Indiano, Japoneses). Sob
esse ponto vista, percebe-se um forte antagonismo nas diferentes formas de
enxergar a natureza. Enquanto o olhar ocidental “vê”, o oriental “sente”. No
ocidente, prevalece a ideia de dominar uma Natureza múltipla e imprevisível,
despertando no interior do homem o sentido da busca para a evolução da
espécie, para a unificação das diferenças e para o progresso do indivíduo, do
pensamento humano e das civilizações. Já a filosofia oriental, baseava-se numa
relação construída sob a irmandade de algumas culturas com os elementos
naturais, o sobrenatural, a valorização da essência e do espírito em detrimento do
materialismo, do misticismo encontrado na natureza. Essas bases dividiram o
pensamento sobre a relação homem-natureza (Pré-Revolução Industrial), uma
vez que percebemos que a condição tecnológica, dos últimos séculos até os dias
atuais, se estende a todas as culturas e as contradições capitalistas atingem
globalmente as sociedades modernas.
A idade média, período também conhecido como feudalismo, perdurou
durante os séculos V ao XV. Nesse período, o modo de organização (social e
político) foi baseado nas relações servis, os senhores feudais conseguiam terras
cedidas pela nobreza, onde os camponeses eram responsáveis pela produção.
Nesse modo de produção, muitas áreas de florestas foram convertidas em
plantações, já que a agricultura foi atividade econômica predominante dessa
época. Após a queda do feudalismo, o vínculo feudal criado entre trabalho e
subsistência, foi substituído por novos ideais.
A aceitação da ignorância e a vontade da descoberta foram os principais
fatores que levaram à Revolução Científica e ao fim da estagnação econômica e
intelectual. Se não havia estímulo para o desconhecido – o pensamento vigente
não estimulava a descoberta do novo, pois se suponha o conhecimento de tudo, a
ciência assume a sua ignorância. Assim a ânsia por descobrir coisas novas levou
à Revolução Científica.
A Revolução Científica mudou a forma de se encarar o futuro. O amanhã
pode ser melhor do que hoje, pois podemos investir em conhecimento para
melhorar as atuais condições de vida. A expectativa de crescimento é a fórmula
de sucesso capitalista!
Nesse sistema, o modo de produção baseava-se na manufatura e no conceito
de mercadoria, com objetivo final de acumulo de capital. Assim, o eixo do poder
se desloca do campo para a cidade, dando origem a um modelo de vida
construído sobre a permanência urbana, vivenciado até os dias atuais.
Da idade moderna (século XV ao XVIII) em diante, o pensamento capitalista
vai alavancando, cada vez mais, as relações sociais. Dentro do biocentrismo,
pensadores como Darwin defendiam que o homem não passa de um animal,
sendo parte integrante da natureza, como tantas outras espécies. O
antropocêntrico abriu caminho para as novas sociedades capitalistas européias
desbravarem o mundo em suas embarcações em busca de fontes de fartas de
matérias primas e novos destino para suas mercadorias. Dentro dessa ótica, o
capital natural era relativamente superabundante e o capital produzido pelo
homem era o fator escasso e limitante do desenvolvimento econômico. As
revoluções liberais da Idade Moderna (principalmente a Revolução Inglesa, a
Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos da América) fizeram
com que o capitalismo se estabelecesse como sistema econômico predominante
nos países da Europa ocidental e nos Estados Unidos. Elas construíram a base
para o desenvolvimento capitalista no mundo contemporâneo.
De 1450 até o século XVIII, 90% da cultura humana encontrava-se sobre o
domínio dos povos afro-asiáticos. Os 10 % restante dividiam nos povos das
Américas, Andes, Nova Zelândia, Ilhas do Pacífico. A partir de 1708, com a
colonização britânica, pode-se falar cada vez mais em unidade cultural.
A predominância dos povos afro-asiáticos se explica ao pensarmos que
houve trocas culturais entre povos heterogêneos durantes milhares de anos. Esse
processo de aculturação, nem sempre pacífico, gerou, quase sempre, uma
imposição de mitos, valores e crenças. A unidade cultural foi sendo alcançada
pouco a pouco nesses lugares. Para o restante do mundo, contudo, foi necessário
o desenvolvimento de tecnologia – com as grandes navegações – para que isso
pudesse acontecer.
5. Natureza ilimitada X Capital limitado

No início dos tempos, o homem convivia com duas formas de produção de


energia: a fotossíntese realizada pelas plantas através de “uma minúscula
proporção da energia solar [que] chega à Terra, equivalente a 3.766.800 joules
de energia por ano” e a energia transformada em calorias através da alimentação.
No século XVIII, período da Revolução Industrial, essa visão foi ainda mais
enfática, quando os seres humanos passaram a explorar recursos para formular
matrizes energéticas mais eficazes. Dessa forma, os métodos de produção
deixaram de ser artesanais, ampliando a participação da água e com a
substituição da madeira pelo carvão mineral na matriz energética. Esse novo
momento teve início na Inglaterra e rapidamente se difundiu para outras partes
da Europa e dos Estados Unidos.
A teoria da economia clássica sempre abordou a questão do uso dos recursos
naturais em suas análises, porém, encarada sob diferentes enfoques: os
fisiocratas (fonte da riqueza decorrente da produção agrícola); mercantilistas
(acumulação de ouro e prata). De acordo com a obra “Riqueza das Nações”
(1776); proposta por Adam Smith, antagônica as visões fisiocrata e
mercantilista, preconizava que o crescimento do bem-estar de uma sociedade era
positivamente relacionado à expansão continua do mercado, à busca da
realização dos interesses individuais e à racionalização do trabalho humano. De
acordo com Smith, o trabalho humano passava a assumir a principal fonte de
geração de riqueza e considerou que existiam terras e recursos naturais
suficientes para sustentar o crescimento da população por tempo indefinido,
mesmo reconhecendo que as atividades produtivas iriam reduzir
significativamente o peso relativo da agricultura na economia e aumentar o
consumo de recursos naturais.
Em meados do século XX (1970), os movimentos ambientalistas surgiram
em diversas partes do mundo, atuando no campo da educação, da política e, até
mesmo, nos meios produtivos. Diferentes correntes lançaram críticas
contundentes a sociedades, passando a se antepor ao pensamento, até então,
vigente de ‘desenvolvimento’. Diferentes obras criticavam o aumento do fosso
que separava as sociedades materialmente ricas das pobres; ao consumismo
desenfreado dos ricos; ao uso de tecnologias pesadas (nucleares etc); à perda da
diversidade biológica; à marginalização dos movimentos das chamadas minorias
(e.g. indígenas, mulheres, negros); à homogeneização das culturas e perda das
identidades culturais; à indústria da guerra; etc.
Em primeiro lugar, para um certo número de autores, distinguem-se
basicamente dois grandes enfoques na análise da relação homem - natureza. A
primeira, chamada de "biocêntrica" ou "ecocêntrica", a qual defendia o mundo
natural em sua totalidade, onde o homem se insere como qualquer ser vivo.
Além disso, o mundo natural tem um valor em si mesmo, independente da
utilidade que possa ter para os humanos. Enquanto a outra corrente, denominada
"antropocêntrica" admite que as sociedades humanas possuem direitos de
controle e posse sobre os recursos naturais, sobretudo por meio da ciência
moderna e da tecnologia, mas se constitui numa reserva de "recursos naturais" a
serem utilizados pelo homem.
Sob influência de Henry David Thoreau e difundido por John Muir, o
movimento “preservacionista”, inspirado na visão biocêntrica, não ataca, de fato,
os fundamentos do crescimento econômico, porém defende a “ação de
retaguarda”, para a manutenção de espaços de natureza original, livres da
influência do mercado, como por exemplo, a criação de ambientes selvagens
desocupados - “Wilderness”, como as reservas biológicas e terras indígenas. Por
outro lado, o antropocentrismo, baseado na visão antropocêntrica, criou, dentre
outras correntes,o movimento “conservacionista”, inspirada por Gifford Pinchot
(EUA), aquela que agrupa as proposições centradas para o bem estar dos seres
humano (por isso antropocêntrica), visando tanto a qualidade e quantidade dos
recursos naturais, por exemplo, água, solo, as plantas. Dela surge a premissa que
para manter a existência da espécie humana no planeta seria imprescindível à
adoção de um novo conceito de produção, onde se admite o uso dos recursos
naturais pelas gerações presentes, porém sem desperdícios e garantindo-os para
as gerações futuras. Conceito esse, que mais tarde, viria a ser conhecido como
“Desenvolvimento Sustentável”.
Estas concepções ilustram bastante bem alguns aspectos do debate no
interior da política do ambiente em vários países: se, por um lado, a discussão
destaca o valor intrínseco dos sistemas naturais independentemente dos
interesses humanos, por outro, a ideia de que a natureza deve ser considerada
como um recurso que exige, mais do que nunca, uma gestão eficiente e
sustentável. As sociedades de consumo vêm sendo assoladas por profundas
crises econômicas, sociais e ambientais, resultantes do ideal do progresso, do
desenvolvimento tecnológico, do consumismo, da degradação ambiental e sobre
exploração dos recursos naturais que tem dificultado a recuperação da natureza
na escala de tempo humana. Somente nas últimas décadas, muito se tem
discutido sobre os problemas ambientais que põem em risco a manutenção dos
ecossistemas na Terra. Porém, cabe uma reflexão cronológica sobre os passos do
Homem sobre o planeta: sua vida durou mais tempo como caçador-coletor do
que como agricultor ou como tecnocrata.
Atividades dirigidas 1
1 - Demonstre como o conceito de tecnologia pode impulsionar a visão
dicotômica entre o Homem e Natureza
2 - Como? E quando? Foi posta em xeque a dicotomia entre a relação Homem e
Natureza
3 - Como vem sendo vista a discussão entre os argumentos que se antepões a
economia clássica?
4 - Conforme os trechos a seguir classifique e comente as ações com relação às
visões biocêntricas ou antropocêntricas.
a) A Reserva Biológica Maicuru pertence ao mosaico de Unidades de
Conservação da Calha Norte do rio Amazonas. A Reserva possui mais de 1
milhão de hectares e possui o objetivo de preservar os ecossistemas naturais,
contribuir para a manutenção dos serviços ambientais e recargas de aquíferos,
possibilitando a realização de pesquisas científicas. As atividades humanas
limitam-se as atividades controladas de educação ambiental.
b) De acordo com o Ministério de Meio Ambiente a logística reversa é um dos
instrumentos para aplicação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de
vida dos produtos, conforme previsto na Política Nacional dos Resíduos Sólidos
- PNRS. Essa política define a logística reversa como um "instrumento de
desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações,
procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em
outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada”.

Aula 2
1. Introdução
Até o século XVII, a maior preocupação dos cientistas era descobrir as
formas de uso dos recursos naturais (minerais, fibras, alimentos, medicamentos,
etc.), transformá-los pelos processos produtivos ou exibi-los em museus e
jardins zoológicos, sem de fato, buscar as bases científicas para o entendimento
dos diferentes padrões que condicionavam diferentes paisagens em todo o
planeta.
Esse enfoque foi iniciado graças às contribuições de Charles Darwin e
Alfred Wallace. Como foi observado na última aula, muitos esforços foram
despendidos no sentido de compreender como surgiu a vida, como as espécies
evoluíram até os dias atuais, como o planeta se transformou e governou os
processos evolutivos e, ainda, como o homem conduziu sua forma de relação
com a natureza. Pois bem, então agora vamos procurar associar os conceitos da
ecologia para que nosso modo de produção atual seja compatível com as
complexas relações existentes nos ecossistemas naturais.
2. Conceitos de Ecologia
Atualmente, a ecologia tem atingido, cada vez mais, destaque no cenário
mundial, mesmo quando as pessoas não conhecem o significado exato do termo.
A palavra ecologia deriva do grego ‘oikos’, que significa “casa” ou “lugar onde
se vive”. Então, literalmente, a Ecologia significa estudo dos organismos “em
sua casa”. Para Haeckel ecologia é “a ciência capaz de compreender a relação do
organismo com o seu ambiente”. Atualmente, esse conceito pode ser melhor
entendido como “a totalidade ou o padrão das relações entre os organismos e o
ambiente” (Webster’s Unabridged Dictionary). Assim, entende-se enquanto
definição. No entanto, para compreender o domínio e a importância da ecologia
é importante entender as suas relações com outros ramos da biologia (zoologia,
botânica, genética, etc.) e outras ciências (geografia, estatística, matemática,
informática, sociologia, direito, arquitetura, engenharias, dentre outras).
A ecologia pode ser dividida em três campos:
• Auto-ecologia: parte da ecologia que estuda as respostas das espécies
aos fatores ambientais em função de suas fisiologias e respectivas
adaptações;
• Dinâmica das populações: estuda as inter-relações entre as espécies,
suas causas e consequências;
• Sinecologia - parte da ecologia que estuda as interações entre as
diferentes espécies que ocupam um mesmo ambiente e, como estas se
inter-relacionam com o meio ambiente.
3. O que entendemos como Meio Ambiente?
Para muitos, esse termo representa o lugar que nos cerca, de onde retiramos
os recursos para nossa sobrevivência, ou, o conjunto de fatores bióticos e
abióticos que, corriqueiramente, nos referimos como natureza. Para melhor
ajustar esse conceito com a forma descontínua da relação entre o homem e a
natureza, podemos melhor defini-lo como um meio dinâmico, regido por
interações, que devido às profundas e constantes modificações antrópicas
precisamos sempre nos readaptar.
Fatores bióticos - (bio = vida) - todos os elementos causados pelos
organismos em um ecossistema que condicionam as populações que o formam.
Sendo assim, muitos dos fatores bióticos podem traduzir-se nas relações
ecológicas estabelecidas entre os diferentes seres vivos, tais como: predação,
parasitismo, competição, etc.
Fatores abióticos - (a = não / bio = vida) - todas as influências físicas,
químicas ou físico-químicas que os seres vivos recebem do meio ambiente, tais
como: luz, temperatura, vento, etc. Biota - conjunto de seres vivos
(microrganismos, fauna e flora) de uma determinada área. Biocenose - conjunto
de populações de duas ou mais espécies (fauna ou flora) que vivem em
determinada área e num determinado tempo.
Se sucintamente o meio ambiente representa tudo àquilo que nos cerca,
como podemos definir habitat e nicho ecológico?
O habitat pode ser compreendido como simplesmente o lugar onde
encontramos uma determinada espécie. Enquanto nicho ecológico se refere ao
modo específico que determinados organismos obtêm sua energia dentro do seu
hábitat, ou seja, pode ser visto como um intervalo espacial com características
específicas dentro de um ecossistema no qual as condições e variedades de
recursos possibilitam a vida e o desenvolvimento de determinado organismo.
Então, o nicho ecológico é formado por um conjunto de fatores bióticos e
abióticos que, direta ou indiretamente, sendo os fatores físicos (abióticos)
aqueles que atuam sobre os seres vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo de
desenvolvimento. Por outro lado, um recurso pode ser descrito através dos
elementos que são absorvidos para manutenção das necessidades básicas da
biota (crescimento, manutenção e reprodução), tornando-os menos disponíveis
para outro organismo. Assim, o mesmo elemento pode ser um fator físico para
alguns organismos e um recurso para outros.
De uma forma mais completa podemos pensar um nicho ecológico como um
“hipervolume” dentro do qual existem diversos vetores que representam
diferentes fatores bióticos e abióticos. O nicho seria então as diferentes
combinações dessas variáveis, que permitem a sobrevivência de uma dada
espécie e limitaria sua abundância e distribuição. Porém, esse nicho
multidimensional pode ser subdividido em duas partes: o nicho fundamental e o
nicho realizado, sendo o primeiro aquele que reúne todos os fatores e recursos
que permitem que uma determinada espécie obtenha suas necessidades básicas.
Já o nicho realizado é delimitado pela faixa que suporta apenas a espécie em
questão, onde não prevê qualquer tipo de relação que impeça ou iniba o
desenvolvimento da espécie em questão. A ecologia costuma se basear em uma
amplitude de escalas, seja temporal, espacial ou biológica, sendo fundamental
delimitar essas escalas para melhor compreender como elas se relacionam entre
si.
A escala temporal permite mudanças graduais e progressivas em um
ambiente, até que ele atinja o máximo de desenvolvimento possível. Durante
esse processo, ocorre à colonização de uma área e mudanças nos fatores
abióticos e bióticos promove progressivamente que um ambiente vai sendo
substituído por outro mais complexo. A escala temporal se adéqua para o
entendimento da colonização sucessiva.
A escala espacial permite que os seres vivos sejam estudados mesmo quando
residentes no oco de uma árvore, em altitudes diferentes, ou até mesmo, em
continentes diferentes.
Finalmente, a escala biológica quando se preocupa com os organismos
isolados, grupos de indivíduos da mesma espécie (população) ou mesmo
diferentes espécies que ocupam um mesmo habitat (comunidades) (Figura 1).
4. Por que no nosso planeta existem tantas formas de vida?
O nosso planeta recebe influência de diferentes fatores que refletem
diretamente no padrão climático global.
Quando a Terra gira em torno do sol sua orientação provoca a inclinação do
seu eixo, o que diferencia a intensidade da radiação que chega na superfície do
planeta, ocasionando a variação climática sazonal. Assim, quando é verão no
Hemisfério Norte, temos Inverno no Hemisfério Sul e vice-versa.
A quantidade de radiação solar que atinge a superfície da Terra aumenta
quanto mais próximo da linha do Equador, pois essa região é mais voltada para a
direção ao sol. Sendo assim, a diferença na radiação solar entre Verão e Inverno
diminui quanto mais próxima ao Equador. O mesmo efeito também pode ser
notado com relação ao comprimento dos dias. Em algumas regiões do planeta,
como por exemplo, na Sibéria (Hemisfério Norte), onde durante o Inverno,
ocorre poucas horas de sol durante o dia.
A região equatorial apresenta temperatura mais elevada (± 27ºC em média
anual), muita umidade (≈ 90%) e altos índices de evaporação, o que resulta na
formação de grande volume de precipitação (até 3.000 mm por ano). A variação
sazonal no Equador é muito mais influenciada pelo padrão da precipitação do
que da variação na temperatura, uma vez que as alterações sazonais na
temperatura são muito menores, quando comparada com as regiões de clima
temperado.
A sazonalidade demarcada pelo movimento de translação do planeta é muito
mais importante nas zonas temperadas e polares, já que a temperatura do ar cai
significativamente, podendo chegar até abaixo do ponto de congelamento
durante o inverno, o que reflete diretamente sobre o padrão de distribuição desde
microrganismos, até os representantes da flora e da fauna.
As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas
pelas condições reinantes no lugar, resultante da combinação de algumas
grandezas físicas denominadas elementos climáticos. O clima seria a síntese, ou
seja, a generalização das diferentes condições de tempo prevalecentes nesse
lugar, enquanto o tempo varia em curto intervalo cronológico, por exemplo, um
dia. Darwin já afirmava que o clima desempenha um importante papel na
determinação dos totais médios das espécies.
A circulação atmosférica e oceânica, como já foi dito, ocorre devido a
quantidade de raios solares que atingem a superfície de forma diferenciada. Na
região equatorial, as elevadas taxas de radiação aquecem a superfície terrestre,
emitindo radiação em forma de calor para atmosfera, o que cria células de ar
quente circundadas pelo ar frio. Como o ar quente possui menos unidade de
molécula por unidade de volume (menos denso) do que o ar frio ele sobe,
tornando mais frio à medida que ganha altitude, devido à expansão provocada
com a redução da pressão atmosférica. Assim, quanto mais ar se expandir maior
será a capacidade de reter moléculas de água, que começa a condensar em
gotículas e formar as nuvens. Por isso a região Equatorial apresenta os maiores
índices pluviométricos.
A gravidade faz com que todos os corpos sobre a Terra sejam atraídos para o
seu centro, modificando somente a componente vertical do vento. Sua
intensidade, de acordo com a “Segunda Lei de Newton”, é proporcional à massa
da parcela de ar e aumenta no sentido de cima para baixo.
A pressão atmosférica é o peso da coluna de ar sobre unidade de área. A
força gravitacional faz com que as moléculas de ar se comprimam nos níveis
mais próximos à superfície. A diminuição gradativa da massa do ar quando se
vai para os níveis mais altos faz com que a pressão diminua.
Resumidamente, podemos dizer que a gravidade acelera o ar para baixo, o
gradiente de pressão acelera o ar das regiões de alta pressão para as regiões de
baixa pressão e a força de Coriolis desvia os ventos para a esquerda no
Hemisfério Sul e, vice-versa no Hemisfério Norte.
A latitude pode ser definida como uma coordenada geográfica calculada
através da distância, em graus, de um determinado ponto do planeta em relação à
Linha do Equador. Podemos sempre considerar que quanto mais próximo do
equador, mais quente será o clima. Nessa região do planeta os raios solares
atingem a superfície de forma mais perpendicular, enquanto nas altas latitudes a
radiação incide de forma mais dispersa. As variações de latitude interferem
também na pressão atmosférica. Isso porque as regiões que recebem mais calor
costumam dispersar as massas de ar, uma vez que essas ficam mais aquecidas e
elevam-se na atmosfera, dispersandose logo em seguida. Desse modo, surge daí
outra relação, dessa vez diretamente proporcional: quanto menores as latitudes,
menor a pressão atmosférica.
Os raios solares sobre a Terra atingem a superfície de forma desigual. Por
exemplo, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, o Sol atinge a superfície de
forma perpendicular ou pouco inclinada, isto é, ao meio dia no hemisfério sul o
Sol está exatamente sobre as nossas cabeças (no Verão) ou um pouco inclinado
para o norte (no Inverno). Quem está muito próximo dos polos, no verão,
enxerga o Sol 24 horas por dia, mas ele está sempre inclinado, mesmo ao meio
dia, parecendo o Sol do início da manhã. No inverno não se vê o Sol.
A influência da altitude ou do relevo faz com que quanto maior for a
elevação, mais frio será. Sua explicação consiste primeiramente com a diferença
do comprimento de onda dos raios solares que incidem na superfície e refletem
para o espaço. Além disso, nas baixas altitudes o ar é mais denso, portanto,
possui maior capacidade de acumular calor, ao passo que nas altas altitudes o ar
é mais rarefeito e possui menor capacidade de armazenar calor.
O termo albedo representa um índice de reflexão dos raios solares, os seja,
quanto mais se reflete a energia, menos calor se acumula. Quando raios solares
atingem a superfície da Terra se deparam com diferentes materiais, como por
exemplo, gelo, grama, solo, etc. Por ser mais claro, o gelo reflete mais energia
solar incidente (albedo de 50 a 70% e absorve 50 a 30%), a grama possui um
albedo de cerca de 25% e absorve 75%, enquanto o solo nu apresenta um albedo
de 17% e absorve 83%. Assim, a perda de árvores aumenta o albedo da
superfície do solo quando se expõe. Daí, quando o solo exposto é recoberto por
gramíneas, de cores mais claras (maior albedo), reduz a absorção da radiação
solar, resultando em menor aquecimento da superfície do solo.
Então podemos diferenciar os elementos dos fatores climáticos. Os
elementos climáticos (temperatura, umidade, chuva, vento, nebulosidade,
pressão atmosférica, etc.) conferem propriedades mais estáveis do clima. Já os
fatores climáticos (latitude, altitude, massas de ar, vegetação, etc.) são condições
que interferem nos elementos climáticos.
O clima, entretanto, varia de um local para outro, principalmente, devido às
variações da intensidade, quantidade e distribuição dos elementos climáticos. A
vegetação exerce um papel preponderante na movimentação da agua para a
atmosfera, considerando a evaporação da água do interior da planta
(transpiração) e a evaporação da água do solo, que resulta na evapotranspiração.
Assim, a evapotranspiração transfere energia, na forma de calor latente, bem
como a água para a atmosfera, interferindo nos padrões de temperatura e
umidade do ar.
Qual a diferença entre tempo meteorológico e clima? O clima é a condição
média da atmosfera durante um longo período, enquanto o tempo é o estado da
atmosfera em um local determinado e em um momento definido.
Esses conjuntos de fatores conferem um padrão de distribuição geográfica
potencial para as inúmeras espécies que habitam o nosso planeta. Tais padrões
estão intimamente associados aos processos evolutivos de longa duração.
Todavia, os agentes de mudanças atuam sobre as comunidades ao longo de
diferentes escalas (temporais e espaciais).
5. Como podemos comparar diferentes padrões de produção em um
Planeta tão diferenciado em termos de ambiente?
Estas diferenças de ambientes, modificados pela latitude, altitude,
precipitação, umidade, relevo, etc., são responsáveis pela grande variedade de
formas de vida na biosfera, isso nó chamamos de biodiversidade.
A diversidade biológica pode ser vista em todos os lugares. As variedades da
flora e fauna são bem nítidas, sendo a flora diretamente associada na diversidade
da fauna, originando variados tipos de ecossistemas como: florestas, campos,
montanhas, desertos, mangues, praias, ilhas, solos e cavernas. Os ecossistemas
terrestres possuem uma maior diversidade, apesar de representar ¼ da biosfera.
Para melhor compreensão da palavra biodiversidade, devemos pensar em
diferentes níveis: conjunto de formas de vida presente, os genes que formam
cada indivíduo e suas inter-relações.
É óbvio que cada parte da biosfera possui condições abióticas específicas, o
que favorece a estabilidade de comunidades distintas, formando, assim,
ecossistemas diferenciados. Mas, afinal, o que é um Ecossistema?
A ideia de Ecossistema foi inspirada nos conceitos mais de
"superorganismo" de Clements (1916) e ainda a obra pioneira de Steven Forbes
"O Lago com um Microcosmo" (1887). Até que em 1935, Sir Arthur G. Tansley
definiu Ecossistema como um “sistema aberto que inclui, em uma certa área,
todos os fatores físicos e biológicos (elementos bióticos e abióticos) do ambiente
e suas interações, o que resulta em uma diversidade biótica com estrutura trófica
claramente definida e na troca de energia e matéria entre esses fatores. Portanto
pode ser considerado como a unidade funcional básica da ecologia, porque
inclui, ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com todas as
interações recíprocas entre o meio e os organismos"
6. Ciclos Biogeoquímicos
O conceito dos ciclos biogeoquímicos nos dá a ideia de uma transformação
de compostos químicos entre os diferentes compartimentos, envolvendo
elementos biótico e abiótico, através de processos físicos, químicos, biológicos e
geológicos, realizados em diferentes escalas de tempo e espaço. O planeta Terra
mantém constante a quantidade (massa) total dos diferentes elementos químicos
presentes nos diferentes ecossistemas. No entanto, a concentração dos nutrientes
(elementos químicos) presentes em determinados ecossistemas pode ser mais ou
menos variável, dependendo dos processos cíclicos e das escalas de
transformações envolvidas. O ciclo de um determinado elemento químico pode
ser tratado tanto em um contexto global quanto local, no meio aquático ou
terrestre.
Atualmente, no Antropoceno, período pós Revolução Industrial, sérias
mudanças vêm ocorrendo em nosso planeta, desencadeadas por fenômenos
como: aquecimento global, chuvas ácidas, eutrofização de ambientes aquáticos,
dentre outros etc., que precisam ser bem compreendidas de modo que seus
efeitos não tragam significativos impactos na dinâmica dos nutrientes nos
ecossistemas.
6.1. Ciclo do carbono (C)
O carbono possui grande importância na manutenção dos ecossistemas. As
moléculas compostas pelo carbono são responsáveis pelo acúmulo e
armazenamento da energia nos ecossistemas. Esse elemento está presente em
todos os compartimentos do planeta: na atmosfera, nos oceanos e outros
sistemas aquáticos, nos solos, sedimentos, rochas e na biota.
Na Terra, a maior reserva de carbono está contida nos sedimentos e rochas
da crosta, contendo aproximadamente 75 x 1021g. Apenas 0,1% do fluxo
biológico de carbono ocorre na superfície da Terra. Todavia, o maior estoque de
carbono ativo – disponível na superfície do planeta – está acumulado nos
oceanos, na forma de carbono inorgânico dissolvido. Outros estoques de
carbono presentes na biosfera, porém menos expressivos, estão associados aos
carbonatos e húmus dos solos, ao dióxido de carbono atmosférico (CO2), ao
metano (CH4), às plantas terrestres e ao material orgânico dissolvido (COD)
presentes nos oceanos e outros sistemas aquáticos.
A primeira via do ciclo do carbono (Figura 1) é referente aos processos de
fotossíntese / respiração, que são processos opostos que também governam o
ciclo global do carbono. É um ciclo predominantemente gasoso, tendo o balanço
do CO2/O2, como veículos principais entre a atmosfera, hidrosfera e a biota. Os
organismos autotróficos (plantas, algas fotossintetizantes e algumas bactérias)
retiram o CO2 da atmosfera e junto com a água e os nutrientes absorvidos do
substrato formam moléculas de açucares (glicose – C6H12O6), utilizando a luz
como fonte de energia, sendo então esse processo denominado de fotossíntese.
Por outro lado, a respiração realizada por plantas, animais e microrganismos
devolve moléculas de CO2 aos compartimentos atmosféricos e hidrosféricos,
através da degradação da matéria orgânica.
A segunda via do ciclo do carbono está associada às trocas de CO2/O2
oceanos e a atmosfera. Os carbonatos dissolvidos na água são absorvidos
pelos autótrofos para a realização da fotossíntese. Paralelamente, o processo
de carbonatação libera bicarbonato das rochas sedimentares.
Podemos ainda considerar as atividades antrópicas como fontes
emissoras de CO2, liberado pela queima da matéria orgânica
(combustíveis fósseis, vegetação), processos industriais, etc, sendo
considerada como a terceira via do carbono na biosfera.
Na atmosfera existem ainda outras duas formas de carbono em menor
quantidade o monóxido de carbono (CO) e o metano (CH4), emitidos,
respectivamente, pela queima incompleta da matéria orgânica e da
degradação anaeróbia da matéria orgânica, quando oxidados levam a
formação de CO2.
6.2 Ciclo do fósforo
O ciclo do fósforo (Figura 2) é relativamente simples, não passa por
reação de oxi-redução e contém poucas transformações microbianas.
Quando um átomo de fósforo se desprende das rochas, por degradação
química, permanece nos ecossistemas terrestres por anos, décadas, ou até
mesmo, séculos.
O principal veículo que transporta os íons de fósforo é a água do
solo, rios, lagos e oceanos. Todavia, pode-se considerar que o ciclo do
fósforo é sedimentar, pois esse elemento está contido em rochas
sedimentares e, ainda, são carreados em grande quantidade do meio
terrestre para o oceano, onde se incorporam como sedimentos marinhos.
Contudo, os maiores fluxos do fosforo ocorrem em ciclos internos dos
ecossistemas, os quais formam um estreito ciclo de reciclagem entre a
absorção de pelas plantas, microrganismos e a liberação por
decompositores.
Os vegetais assimilam íons fosfato (PO4 -3 ), do solo ou da água,
utilizando-o diretamente no metabolismo. O fósforo é eliminado para o
ecossistema através da excreção dos animais e a decomposição da
matéria orgânica. O fósforo só entra no compartimento atmosférico
através da poeira, por isso circula pouco entre a atmosfera e os outros
compartimentos.
Em ecossistemas aquáticos, com bom suprimento de oxigênio, o
fósforo forma rapidamente compostos precipitados insolúveis com o
ferro ou cálcio. Esses ecossistemas podem funcionar como sumidouro de
fosfatos, precipitando no sedimento e deplecionando o oxigênio.
Existe um retorno do fósforo precipitado nos ecossistemas
marinhos através da atividade das aves marinhas (guano). Na costa do
Peru, ocorre uma expressiva taxa de retorno do fósforo pelo guano, mas
aparentemente esse processo vem reduzindo a cada ano.
O fósforo limita a produtividade primária, especialmente em
florestas tropicais. Em primeiro lugar, porque nesses ecossistemas os
solos são bastante ácidos (pH menor que 4,6), o que faz com que os íons
fosfatados se liguem fortemente às partículas de argila, levando a
formação de compostos insolúveis com o ferro e o alumínio, elementos
muito presentes nesses solos, nessas condições de acidez. Da mesma
forma, em condições de alcalinidade (pH maior que 6,5), o fosforo
também é complexado com o cálcio. Outro fator é que o fósforo possui
baixa mobilidade, em condições tropicais, com elevadas taxas de
precipitação, favorece o carreamento desse elemento para o lençol
freático, até que se precipitem nos oceanos.
6.3 Ciclo do nitrogênio
O ciclo do nitrogênio (Figura 3) possui uma fase de grande importância
na atmosfera, com a entrada do nitrogênio inorgânico na cadeia alimentar
através da fixação do nitrogênio atmosférico (N2) em nitrogênio mineral
(NH3), através da transformação microbiana. Alguns gêneros de bactérias de
vida livre (azotobacter – aeróbia / Clostridium – anaeróbia); bactérias
simbióticas moduladoras em plantas da família Fabaceae, como: soja,
guando, ervilha, e até mesmo, espécies arbóreas com bactérias do gênero
Rhizobium; algas verde azuladas; actinomicetos – tipo de fungo muito
primitiva com alguns gêneros de vegetais, como: Casuarina, Araucaria, etc.
A fixação de nitrogênio atmosférico (N ≡ N) exige quantidade de energia
para a conversão em NH3.

Nessa via, as bactérias do gênero Rhizobium infectam a raízes das


plantas, formando nódulos. Os restos metabólicos excretados pelos
vegetais fornecem energia para a conversão do N2 em NH3, forma
assimilável pelos vegetais. Essa relação é considerada como mutualística,
pois tanto as plantas como as bactérias são beneficiadas, pois as bactérias
utilizam os nódulos como abrigo e os restos metabólicos como alimento,
em contrapartida fornece o nitrogênio para pronto uso pelos vegetais.
A outra via ocorre com a decomposição da matéria orgânica, que
representa a maior responsável pelo nitrogênio biologicamente ativo nos
ecossistemas. Nesse processo, as bactérias quimiossintéticas do gênero
Nitrossomonas oxidam a amônia (NH3), contida a matéria em
decomposição, em nitrito (NO2 - ), que é toxico para os vegetais. Na fase
seguinte, as bactérias do gênero Nitrobacter realizam outra oxidação do
nitrito (NO2 - ) em nitrato (NO3 - ), outra forma que o nitrogênio pode
ser assimilado pelos vegetais.
A via de retorno de nitrogênio para atmosfera é chamada de
desnitrificação, em condições anaeróbias redutoras, realizada pelas
bactérias Pseudomonas. Ocorre em ambientes com pouco oxigênio, solos
compactados ou áreas. Dessa forma, o nitrato e o nitrito podem retornar
para atmosfera sob a forma gasosa de oxido nítrico (NO) e nitrogênio
gasosos (N2), respectivamente.
6.4. Ciclo do enxofre
O ciclo do enxofre (Figura 4) é controlado basicamente por três
vias. Uma forma menos expressiva envolvida na ciclagem desse
elemento provém da formação de aerossóis em ecossistemas marinhos,
redução anaeróbia por bactérias redutoras de sulfato e atividades
vulcânicas.

Existe ainda a emissão do enxofre reduzido, principalmente, sob a


forma de H2S, liberados de solos turfosos, áreas pantanosas e das
atividades marinhas.
Uma via muito importante desse ciclo e a rota inversa que parte
da atmosfera, onde ocorre a oxidação de compostos de enxofre,
formando sulfato (SO4), que retorna a Terra como precipitado úmido ou
seco. Cerca da metade do enxofre que circula entre os ecossistemas
terrestres e o aquático é derivado do processo de degradação das rochas,
a outra parcela é proveniente das transformações atmosféricas.
Nos ecossistemas uma porção do enxofre dissolvido na solução
do solo é absorvido, principalmente sob a forma de sulfato, pelos
vegetais e repassado pela cadeia alimentar, tornando-se novamente
disponível para as plantas via decompositores. Diferentemente do
nitrogênio e do fósforo, uma fração muito menor do enxofre está
envolvido na ciclagem interna das comunidades terrestres e aquáticas,
apresentando uma perda continua para os oceanos.

Aula 2 Parte II

1. Introdução
Esta aula abordará um assunto importante, pois irá demonstrar como os sistemas
naturais conseguem manter sua estrutura e a sua complexidade diante de uma visão
sistêmica. Diante disso você perceberá a necessidade de relacionar o que foi
estudado nas aulas anteriores, envolvendo padrões e gradientes ambientais, ciclagem
dos nutrientes e as relações dos organismos com o seu meio ambiente.
Durante essa aula também será abordado como a energia seus fluxos nos
sistemas abertos, compondo os níveis de assimilação e transformações da energia,
seus caminhos nos sistemas e as relações de alimentação que ligam esses fluxos
energéticos numa verdadeira teia alimentar, até a compreensão sobre a
produtividades dos ecossistemas.
Começaremos a nossa aula com alguns conceitos da Termodinâmica, que
durante muito tempo gerou muita controvérsia no meio cientifico. Com isso, hoje,
podemos estudar e modelar os ecossistemas, tomando-os como bases comparativas,
para fins de conservação e manejo.
2. Visão sistêmica
No início do século XX, os termos “sistema” e “pensamento sistêmico”, já
demonstrava o significado de “um todo integrado”, onde as propriedades essenciais
surgiriam das relações entre suas partes. Um sistema natural é formado por
componentes que se arranjam gradualmente, com interações claramente definidas,
originando um todo unificado, dando ideia de uma “Organização Hierárquica”. Essa
ideia levou ao entendimento de que os sistemas naturais tendiam a otimizar o uso de
energia livre, reduzindo suas perdas.
Uma organização hierárquica pode ser de dois tipos básicos: aninhada e não-
aninhada. A característica básica dos sistemas aninhados é que as partes do sistema
são intrínsecas a ele, como um organismo (genes, células, tecidos, órgão, aparelho =
corpo). Já os sistemas hierárquicos não- aninhados, as partes não estão contidas
umas nas outras, podem, por exemplo, ser consideradas pelo critério de transferência
de energia no ecossistema (produtores, consumidores primários, consumidores
secundários e decompositores, conforme explicado a seguir. A organização
hierárquica deixou como legado uma importante consequência, quando os
componentes ou subconjuntos combinam-se para formar sistemas funcionais
maiores, surgem novas propriedades que não estavam presentes no nível anterior, o
que é explicado pela teoria das “Propriedades Emergentes”. Para melhor entender
esse princípio, podemos tomar como exemplo uma molécula de gás carbônico, que é
formada por dois átomos de oxigênio e um de carbono. Cada um dos átomos (C e O)
envolvidos na formação dessa molécula possui características físicas e químicas
especificas. No entanto, quando esses dois elementos reagem para formar o gás
carbônico (CO2), surgem novas propriedades que caracterizam essa substância, que
são diferentes daquelas de cada um dos elementos envolvidos em sua formação.
Após a década de 1920, os ecólogos começaram a propagar a ideia de que na
natureza os sistemas eram conduzidos da desordem para a ordem energética. Essa
premissa foi recebida com muita crítica, principalmente, por parte dos cientistas
seguidores da termodinâmica clássica, que defendiam a ideia de que os sistemas
mecânicos buscavam o equilíbrio térmico com o meio.
Para melhor entendermos esse pensamento devemos recordar, em primeiro
lugar, o conceito de energia, como sendo a capacidade de realizar trabalho. O
Princípio da Conservação da Energia, explicado pela 1ª Lei da Termodinâmica,
estabelece que em um sistema a energia não pode ser criada e nem destruída, mas
sim transformada.

A 2ª Lei da Termodinâmica foi baseada no funcionamento de máquinas


térmicas, que demonstrava uma tendência da transferência energética nos
fenômenos físicos no sentido da ordem para a desordem. De acordo com essa lei, a
entropia de um sistema fechado continua aumentando, sendo então a entropia uma
unidade criada para mensurar o grau da desordem.
Esse foi um grande dilema estabelecido no início do século passado. Parte dessa
discussão pode ser melhor compreendida quando se reconhece que os Ecossistemas
e os organismos são sistemas termodinâmicos abertos, e não caixas fechadas
adiabáticas da termodinâmica clássica, fora do ponto de equilíbrio, que trocam
continuamente energia e matéria com o ambiente, para manter o alto nível
energético interno. Nesse caso, por se tratar de um sistema aberto, nos sistemas
naturais os processos físicos e químicos tendem para um aumento da desordem no
universo ou da sua entropia, ou seja, a energia parte em um fluxo unidirecional, de
um estado maior qualidade para outro de menor qualidade (calor) (Figura 2).
Somente na década de 1970, com o avanço das técnicas matemáticas, que a
expansão da termodinâmica pôde ser melhor explicada para os sistemas vivos. Esse
modelo levou a definição das “Estruturas Dissipativas”, considerando que energia é
continuamente dissipada ao longo de todo o processo de entrada, assimilação e
transformação no interior dos organismos.
Nessa concepção, nos sistemas naturais a mudança total de entropia equivale a
soma da produção interna de entropia no sistema (que é sempre maior ou igual a
zero) e a troca de entropia com o meio (positiva, negativa ou zero). Para se manter
em um estado constante de não-equilíbrio, a troca de entropia precisa ser negativa
ou igual à entropia gerada por processos internos (metabolismo).
Os organismos autotróficos desempenham um papel vital no fluxo de energia
através de todos os ciclos ecológicos. Particularmente, no caso da Fotossíntese,
processo pelo qual a energia solar é convertida em energia química, através da
transformação de substâncias inorgânicas (água e gás carbônico) em composto
orgânico altamente energético (glicose), tendo como saldo a liberação de oxigênio.
No processo inverso, quando os autótrofos respiram, a glicose é degradada para
realização de suas necessidades básicas (nutrição, proteção e reprodução), com a
produção de gás carbônico.
3. Biossintese e Biodegradação
4. Cadeias Alimentares e Níveis Tróficos
O conceito de cadeia alimentar ou trófica refere-se à transferência de energia,
desde a fonte dos autótrofos (plantas), através de uma sequência de organismos que
consomem e são consumidos.
Sob o ponto de vista trófico, um ecossistema é formado por organismos
autotróficos, especialmente os vegetais clorofilados, que sintetizam o alimento a
partir de substâncias inorgânicas simples. O estrato heterotrófico é ocupado pelos
macro e micro consumidores. O primeiro grupo representado por organismos que se
alimentam de outros animais e/ou vegetais. O segundo grupo composto pelos
decompositores, principalmente fungos e bactérias, que que obtém energia ou
degradando a matéria orgânica dissolvida segregada por outros organismos.
Em cada passagem trófica grande fração de energia potencial (80% a 90%) é
dissipada sob a forma de calor. Portanto, quanto menor a cadeia alimentar, ou
quanto mais próximo o organismo do início da cadeia, maior energia disponível para
a população. As cadeias alimentares obedecem a dois padrões. A Cadeia de
Pastagem, que tem início com um vegetal, que serve de alimento para um herbívoro,
até os carnívoros que consomem outros animais (Figura 7).

A Cadeia de Detritos é formada pela queda de material morto ao solo,


passando para os microrganismos e depois para os detritívoros e os seus
predadores, que mineralizam a matéria orgânica, tornando novamente disponível
para os produtores (vegetais) (Figura 8).

As cadeias alimentares não se estabelecem como em sequências isoladas


no ambiente, mas como subsistemas conectados, chamados de Teias
Alimentares. Sendo assim, as Teias Alimentares materializam as várias opções
de fluxo de energia, interconectados através das populações na comunidade,
considerando o fato de que cada população compartilha recursos e consumidores
com outras populações.
As Teias de Conectividade destacam as relações de alimentação entre as
espécies, uma vez que os organismos que obtêm seu alimento através do mesmo
número de estágios estão contidos no mesmo nível trófico. Desse modo, as
plantas verdes ocupam o primeiro nível trófico (dos produtores), os herbívoros
ocupam o segundo nível (dos consumidores primários), carnívoros primários
ocupam o terceiro nível (consumidores secundários) e o quarto nível pertence
aos carnívoros secundários (consumidores terciários), assim sucessivamente.
Para avaliar as trocas energéticas e as taxas de crescimento em cada nível
trófico também podem ser utilizadas, respectivamente, as Teias de Energia e
Funcional.
Os seres humanos, assim como outros animais, podem ser tanto
consumidores primários quanto secundários, já que nossa dieta compreende
geralmente uma mistura de alimento vegetal e animal, sendo denominados de
onívoros.
Em todos os ecossistemas, as cadeias de pastagem e de detritos estão
interligadas, já que nem todo o alimento ingerido pelos consumidores é
necessariamente assimilado. Diante disso, o material não aproveitado é
eliminado pelos consumidores, bem como partes dos produtores degradadas,
alimentam a cadeia de detritos (Figura 10).
A redução de energia em elos sucessivos da cadeia é um fator que limita
o seu comprimento nos ecossistemas, pois cadeias muito longas terminam por
disponibilizar muito pouca energia potencial nos últimos elos. Para garantir a
diversidade de espécies e a eficiência energética as espécies diversificam seus
recursos através das Teias Alimentares.
A redução de energia em elos sucessivos da cadeia é um fator que limita
o comprimento das cadeias alimentares nos ecossistemas, pois cadeias muito
longas terminam por disponibilizar pouca energia potencial nos últimos elos.
Para conciliar a diversidade de espécies e a eficiência energética as espécies
diversificam seus recursos alimentares através das Teias Alimentares. Uma
estrutura em Teia Alimentar mais complexa pode aumentar a estabilidade da
comunidade, pois se os predadores tiverem mais opções de presas, a energia
pode caminha por diferentes vias. Sendo assim, os sistemas com mais recursos
alimentares conseguem sustentar cadeias alimentares mais longas, enquanto os
sistemas com menos recursos limitam-se a cadeias com dois ou três níveis
tróficos.

Resistência - Capacidade de um sistema suportar variações quando submetido a


uma alteração.
Resiliência – Capacidade de um sistema de retornar à sua condição inicial após
uma modificação

5. Pirâmides Ecológicas
As pirâmides ecológicas são utilizadas para descrever graficamente a estrutura e
a função trófica de uma comunidade, ou parte dela, onde a base indica o nível dos
produtores e as camadas seguintes constituem os outros níveis tróficos. As
pirâmides podem apresentar três representações: números, representa os números de
indivíduos em cada nível trófico (Figura 12-a); biomassa, representa o peso seco
total ou outra medida de material vivo (Figura 12-c); energia, indicar o fluxo
energético e/ou a produtividade em níveis tróficos sucessivos (Figura 12- d). As
pirâmides de números podem ser invertidas (Figura 12-b), quando o organismo
produtor possui um tamanho corpóreo muito maior do que dos consumidores
primários, por exemplo, uma mangueira pode sustentar uma quantidade muito
grande de besouros.
As pirâmides de números atribuem maior importância aos organismos pequenos,
enquanto as pirâmides de biomassa destacam mais os organismos maiores, ambas
ilustram estados instantâneos das comunidades, ou seja, consideram os organismos
presentes em função do tempo. A energia segue um fluxo único, por isso a pirâmide
de energia é que fornece melhor descrição da funcionalidade nas comunidades. A
pirâmide de energia demonstra a velocidade de passagem da massa alimentar ao
longo da cadeia trófica, por isso sua forma não é afetada pelo tamanho ou pela taxa
metabólica dos indivíduos envolvidos, como explicado pela segunda Lei da
Termodinâmica.
Conforme aumenta o tamanho e a complexidade de um sistema, o custo
energético de manutenção tende a crescer proporcionalmente. Todavia, quando o
sistema é dobrado de tamanho, torna-se necessário mais do que o dobro da
quantidade de energia aportada, pois parte dela tem que ser empregada na
manutenção da complexidade funcional e estrutural da comunidade, para garantir a
baixa entropia do sistema.
A produtividade primária está diretamente ligada a distribuição da energia
luminosa, da concentração de CO2, da água, da disponibilidade de nutrientes. Dessa
forma, a PPL, geralmente, aumenta com a temperatura e a precipitação, mas os
níveis muito elevados de precipitação também podem reduzir sensivelmente a
produtividade. tróficos necessitaria de uma grande quantidade de biomassa nos
níveis tróficos inferiores de modo que conseguisse chegar até os últimos níveis.
6. Produtividade
Entende-se como produtividade de uma comunidade, ou parte dela, como a taxa
na qual a energia luminosa é convertida, pela fotossíntese, em energia química e
transformada me substâncias orgânicas complexas, capazes de manter a estrutura e a
funcionalidade do ecossistema.
Toda a biota da Terra depende da produtividade dos ecossistemas. As florestas
tropicais são os ecossistemas mais produtivos do planeta, quando se considera o
tamanho de sua área. Nos ecossistemas terrestres existe uma tendência latitudinal
crescente, partindo das regiões polares em direção a linha do equador (Tabela 1),
sugerindo que a radiação e temperatura podem ser fatores limitantes da

produtividade das comunidades.

Nos ecossistemas marinhos, os recifes e corais são recobertos por


organismos fotossintéticos e a alta diversidade de espécies que abrigam
desempenham papel diferenciado na absorção de nutrientes, o que justifica sua
elevada produtividade. Os estuários são, também, responsáveis por uma elevada
produtividade, principalmente, devido as entradas de águas ricas em nutrientes
lixiviadas dos continentes. Já os oceanos abertos, mesmo atingindo elevada
produtividade total, são considerados áreas escassas de recursos (poucos
nutrientes) condição desfavorável (baixa atividade fotossintética), quando
correlacionado com sua área total (Tabela 1).
A Produtividade Primária Bruta (PPB) refere-se a energia total
assimilada pelos autótrofos, ou seja, taxa de produção de biomassa (J x m-2 x
dia-1 / Kg x ha-1 x ano-1 ). O saldo energético do que foi produzido pela
fotossíntese (PPB) e o que foi consumido pela respiração (R), equivale a taxa
real de produção de biomassa disponível para os organismos consumidores
(animais, fungos, bactérias), chamado de Produtividade Primária Liquida (PPL).
A Produtividade Secundária da Comunidade é mensurada pela taxa de
armazenamento de matéria orgânica não utilizada pelos heterótrofos, em um
intervalo de tempo (geralmente um ano). partir daí ficou muito mais fácil de
entender a estrutura e a complexidade dos ecossistemas, através do fluxo de
energia e dos ciclos dos nutrientes. Podendo estabelecer relações
qualiquantitativas tanto os processos relacionados com da Biossíntese
(fotossíntese e quimiossíntese), quanto no processo inverso da Biodegradação
(respiração e fermentação). Sendo assim, enquanto a energia segue um caminho
unidirecional nos ecossistemas, uma molécula ou um íon pode ser reciclado
indefinidamente nos sistemas aberto, mantendo a sustentabilidade dos
ecossistemas naturais.
A transferência de energia, desde a fonte dos autótrofos (plantas), através
de uma sequência de organismos que consomem e são consumidos se denomina
cadeia alimentar, onde em cada passagem trófica grande fração de energia
potencial (80% a 90%) é dissipada sob a forma de calor, para garantir a
manutenção dos organismos e dos ecossistemas. Sendo assim, uma cadeia
alimentar linear não conseguiria sustentar muitos níveis tróficos em um
ecossistema. Por isso que existem várias opções de fluxo de energia,
interconectados através das populações na comunidade, considerando o fato de
que cada população compartilha recursos e consumidores com outras
populações, constituindo as chamadas teias alimentares.
As pirâmides ecológicas são estruturas gráficas utilizadas para descrever
a estrutura e a função trófica de uma comunidade, ou parte dela, seja em ordem
numérica, energia ou biomassa
Entende-se como produtividade de uma comunidade, ou parte dela, como
a taxa na qual a energia luminosa é convertida, pela fotossíntese, em energia
química e transformada me substâncias orgânicas complexas, capazes de manter
a estrutura e a funcionalidade do ecossistema. As pirâmides de números
atribuem maior importância aos organismos pequenos e as pirâmides de
biomassa destacam mais os organismos maiores. Como a energia segue um
fluxo único, a pirâmide de energia é a que fornece melhor descrição da
funcionalidade nas comunidades.
Toda a biota da Terra depende da produtividade dos ecossistemas, sendo
a Produtividade Primária Bruta (PPB) referente a energia total assimilada pelos
autótrofos, enquanto a Produtividade Primária Liquida (PPL) representa
realmente o que foi fixado pela biomassa (PPL = PPB – respiração). As florestas
tropicais são os ecossistemas mais produtivos do planeta, seguindo o padrão
acréscimo das regiões polares em direção a linha do equador. Os recifes e corais
são os ecossistemas com maior produtividade, não superam em produtividade
global os oceanos abertos, somente pela discrepância de área ocupada

Aula 3

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