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Aula 2
1. Introdução
Até o século XVII, a maior preocupação dos cientistas era descobrir as
formas de uso dos recursos naturais (minerais, fibras, alimentos, medicamentos,
etc.), transformá-los pelos processos produtivos ou exibi-los em museus e
jardins zoológicos, sem de fato, buscar as bases científicas para o entendimento
dos diferentes padrões que condicionavam diferentes paisagens em todo o
planeta.
Esse enfoque foi iniciado graças às contribuições de Charles Darwin e
Alfred Wallace. Como foi observado na última aula, muitos esforços foram
despendidos no sentido de compreender como surgiu a vida, como as espécies
evoluíram até os dias atuais, como o planeta se transformou e governou os
processos evolutivos e, ainda, como o homem conduziu sua forma de relação
com a natureza. Pois bem, então agora vamos procurar associar os conceitos da
ecologia para que nosso modo de produção atual seja compatível com as
complexas relações existentes nos ecossistemas naturais.
2. Conceitos de Ecologia
Atualmente, a ecologia tem atingido, cada vez mais, destaque no cenário
mundial, mesmo quando as pessoas não conhecem o significado exato do termo.
A palavra ecologia deriva do grego ‘oikos’, que significa “casa” ou “lugar onde
se vive”. Então, literalmente, a Ecologia significa estudo dos organismos “em
sua casa”. Para Haeckel ecologia é “a ciência capaz de compreender a relação do
organismo com o seu ambiente”. Atualmente, esse conceito pode ser melhor
entendido como “a totalidade ou o padrão das relações entre os organismos e o
ambiente” (Webster’s Unabridged Dictionary). Assim, entende-se enquanto
definição. No entanto, para compreender o domínio e a importância da ecologia
é importante entender as suas relações com outros ramos da biologia (zoologia,
botânica, genética, etc.) e outras ciências (geografia, estatística, matemática,
informática, sociologia, direito, arquitetura, engenharias, dentre outras).
A ecologia pode ser dividida em três campos:
• Auto-ecologia: parte da ecologia que estuda as respostas das espécies
aos fatores ambientais em função de suas fisiologias e respectivas
adaptações;
• Dinâmica das populações: estuda as inter-relações entre as espécies,
suas causas e consequências;
• Sinecologia - parte da ecologia que estuda as interações entre as
diferentes espécies que ocupam um mesmo ambiente e, como estas se
inter-relacionam com o meio ambiente.
3. O que entendemos como Meio Ambiente?
Para muitos, esse termo representa o lugar que nos cerca, de onde retiramos
os recursos para nossa sobrevivência, ou, o conjunto de fatores bióticos e
abióticos que, corriqueiramente, nos referimos como natureza. Para melhor
ajustar esse conceito com a forma descontínua da relação entre o homem e a
natureza, podemos melhor defini-lo como um meio dinâmico, regido por
interações, que devido às profundas e constantes modificações antrópicas
precisamos sempre nos readaptar.
Fatores bióticos - (bio = vida) - todos os elementos causados pelos
organismos em um ecossistema que condicionam as populações que o formam.
Sendo assim, muitos dos fatores bióticos podem traduzir-se nas relações
ecológicas estabelecidas entre os diferentes seres vivos, tais como: predação,
parasitismo, competição, etc.
Fatores abióticos - (a = não / bio = vida) - todas as influências físicas,
químicas ou físico-químicas que os seres vivos recebem do meio ambiente, tais
como: luz, temperatura, vento, etc. Biota - conjunto de seres vivos
(microrganismos, fauna e flora) de uma determinada área. Biocenose - conjunto
de populações de duas ou mais espécies (fauna ou flora) que vivem em
determinada área e num determinado tempo.
Se sucintamente o meio ambiente representa tudo àquilo que nos cerca,
como podemos definir habitat e nicho ecológico?
O habitat pode ser compreendido como simplesmente o lugar onde
encontramos uma determinada espécie. Enquanto nicho ecológico se refere ao
modo específico que determinados organismos obtêm sua energia dentro do seu
hábitat, ou seja, pode ser visto como um intervalo espacial com características
específicas dentro de um ecossistema no qual as condições e variedades de
recursos possibilitam a vida e o desenvolvimento de determinado organismo.
Então, o nicho ecológico é formado por um conjunto de fatores bióticos e
abióticos que, direta ou indiretamente, sendo os fatores físicos (abióticos)
aqueles que atuam sobre os seres vivos, pelo menos em uma fase de seu ciclo de
desenvolvimento. Por outro lado, um recurso pode ser descrito através dos
elementos que são absorvidos para manutenção das necessidades básicas da
biota (crescimento, manutenção e reprodução), tornando-os menos disponíveis
para outro organismo. Assim, o mesmo elemento pode ser um fator físico para
alguns organismos e um recurso para outros.
De uma forma mais completa podemos pensar um nicho ecológico como um
“hipervolume” dentro do qual existem diversos vetores que representam
diferentes fatores bióticos e abióticos. O nicho seria então as diferentes
combinações dessas variáveis, que permitem a sobrevivência de uma dada
espécie e limitaria sua abundância e distribuição. Porém, esse nicho
multidimensional pode ser subdividido em duas partes: o nicho fundamental e o
nicho realizado, sendo o primeiro aquele que reúne todos os fatores e recursos
que permitem que uma determinada espécie obtenha suas necessidades básicas.
Já o nicho realizado é delimitado pela faixa que suporta apenas a espécie em
questão, onde não prevê qualquer tipo de relação que impeça ou iniba o
desenvolvimento da espécie em questão. A ecologia costuma se basear em uma
amplitude de escalas, seja temporal, espacial ou biológica, sendo fundamental
delimitar essas escalas para melhor compreender como elas se relacionam entre
si.
A escala temporal permite mudanças graduais e progressivas em um
ambiente, até que ele atinja o máximo de desenvolvimento possível. Durante
esse processo, ocorre à colonização de uma área e mudanças nos fatores
abióticos e bióticos promove progressivamente que um ambiente vai sendo
substituído por outro mais complexo. A escala temporal se adéqua para o
entendimento da colonização sucessiva.
A escala espacial permite que os seres vivos sejam estudados mesmo quando
residentes no oco de uma árvore, em altitudes diferentes, ou até mesmo, em
continentes diferentes.
Finalmente, a escala biológica quando se preocupa com os organismos
isolados, grupos de indivíduos da mesma espécie (população) ou mesmo
diferentes espécies que ocupam um mesmo habitat (comunidades) (Figura 1).
4. Por que no nosso planeta existem tantas formas de vida?
O nosso planeta recebe influência de diferentes fatores que refletem
diretamente no padrão climático global.
Quando a Terra gira em torno do sol sua orientação provoca a inclinação do
seu eixo, o que diferencia a intensidade da radiação que chega na superfície do
planeta, ocasionando a variação climática sazonal. Assim, quando é verão no
Hemisfério Norte, temos Inverno no Hemisfério Sul e vice-versa.
A quantidade de radiação solar que atinge a superfície da Terra aumenta
quanto mais próximo da linha do Equador, pois essa região é mais voltada para a
direção ao sol. Sendo assim, a diferença na radiação solar entre Verão e Inverno
diminui quanto mais próxima ao Equador. O mesmo efeito também pode ser
notado com relação ao comprimento dos dias. Em algumas regiões do planeta,
como por exemplo, na Sibéria (Hemisfério Norte), onde durante o Inverno,
ocorre poucas horas de sol durante o dia.
A região equatorial apresenta temperatura mais elevada (± 27ºC em média
anual), muita umidade (≈ 90%) e altos índices de evaporação, o que resulta na
formação de grande volume de precipitação (até 3.000 mm por ano). A variação
sazonal no Equador é muito mais influenciada pelo padrão da precipitação do
que da variação na temperatura, uma vez que as alterações sazonais na
temperatura são muito menores, quando comparada com as regiões de clima
temperado.
A sazonalidade demarcada pelo movimento de translação do planeta é muito
mais importante nas zonas temperadas e polares, já que a temperatura do ar cai
significativamente, podendo chegar até abaixo do ponto de congelamento
durante o inverno, o que reflete diretamente sobre o padrão de distribuição desde
microrganismos, até os representantes da flora e da fauna.
As características atmosféricas de um determinado local são influenciadas
pelas condições reinantes no lugar, resultante da combinação de algumas
grandezas físicas denominadas elementos climáticos. O clima seria a síntese, ou
seja, a generalização das diferentes condições de tempo prevalecentes nesse
lugar, enquanto o tempo varia em curto intervalo cronológico, por exemplo, um
dia. Darwin já afirmava que o clima desempenha um importante papel na
determinação dos totais médios das espécies.
A circulação atmosférica e oceânica, como já foi dito, ocorre devido a
quantidade de raios solares que atingem a superfície de forma diferenciada. Na
região equatorial, as elevadas taxas de radiação aquecem a superfície terrestre,
emitindo radiação em forma de calor para atmosfera, o que cria células de ar
quente circundadas pelo ar frio. Como o ar quente possui menos unidade de
molécula por unidade de volume (menos denso) do que o ar frio ele sobe,
tornando mais frio à medida que ganha altitude, devido à expansão provocada
com a redução da pressão atmosférica. Assim, quanto mais ar se expandir maior
será a capacidade de reter moléculas de água, que começa a condensar em
gotículas e formar as nuvens. Por isso a região Equatorial apresenta os maiores
índices pluviométricos.
A gravidade faz com que todos os corpos sobre a Terra sejam atraídos para o
seu centro, modificando somente a componente vertical do vento. Sua
intensidade, de acordo com a “Segunda Lei de Newton”, é proporcional à massa
da parcela de ar e aumenta no sentido de cima para baixo.
A pressão atmosférica é o peso da coluna de ar sobre unidade de área. A
força gravitacional faz com que as moléculas de ar se comprimam nos níveis
mais próximos à superfície. A diminuição gradativa da massa do ar quando se
vai para os níveis mais altos faz com que a pressão diminua.
Resumidamente, podemos dizer que a gravidade acelera o ar para baixo, o
gradiente de pressão acelera o ar das regiões de alta pressão para as regiões de
baixa pressão e a força de Coriolis desvia os ventos para a esquerda no
Hemisfério Sul e, vice-versa no Hemisfério Norte.
A latitude pode ser definida como uma coordenada geográfica calculada
através da distância, em graus, de um determinado ponto do planeta em relação à
Linha do Equador. Podemos sempre considerar que quanto mais próximo do
equador, mais quente será o clima. Nessa região do planeta os raios solares
atingem a superfície de forma mais perpendicular, enquanto nas altas latitudes a
radiação incide de forma mais dispersa. As variações de latitude interferem
também na pressão atmosférica. Isso porque as regiões que recebem mais calor
costumam dispersar as massas de ar, uma vez que essas ficam mais aquecidas e
elevam-se na atmosfera, dispersandose logo em seguida. Desse modo, surge daí
outra relação, dessa vez diretamente proporcional: quanto menores as latitudes,
menor a pressão atmosférica.
Os raios solares sobre a Terra atingem a superfície de forma desigual. Por
exemplo, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio, o Sol atinge a superfície de
forma perpendicular ou pouco inclinada, isto é, ao meio dia no hemisfério sul o
Sol está exatamente sobre as nossas cabeças (no Verão) ou um pouco inclinado
para o norte (no Inverno). Quem está muito próximo dos polos, no verão,
enxerga o Sol 24 horas por dia, mas ele está sempre inclinado, mesmo ao meio
dia, parecendo o Sol do início da manhã. No inverno não se vê o Sol.
A influência da altitude ou do relevo faz com que quanto maior for a
elevação, mais frio será. Sua explicação consiste primeiramente com a diferença
do comprimento de onda dos raios solares que incidem na superfície e refletem
para o espaço. Além disso, nas baixas altitudes o ar é mais denso, portanto,
possui maior capacidade de acumular calor, ao passo que nas altas altitudes o ar
é mais rarefeito e possui menor capacidade de armazenar calor.
O termo albedo representa um índice de reflexão dos raios solares, os seja,
quanto mais se reflete a energia, menos calor se acumula. Quando raios solares
atingem a superfície da Terra se deparam com diferentes materiais, como por
exemplo, gelo, grama, solo, etc. Por ser mais claro, o gelo reflete mais energia
solar incidente (albedo de 50 a 70% e absorve 50 a 30%), a grama possui um
albedo de cerca de 25% e absorve 75%, enquanto o solo nu apresenta um albedo
de 17% e absorve 83%. Assim, a perda de árvores aumenta o albedo da
superfície do solo quando se expõe. Daí, quando o solo exposto é recoberto por
gramíneas, de cores mais claras (maior albedo), reduz a absorção da radiação
solar, resultando em menor aquecimento da superfície do solo.
Então podemos diferenciar os elementos dos fatores climáticos. Os
elementos climáticos (temperatura, umidade, chuva, vento, nebulosidade,
pressão atmosférica, etc.) conferem propriedades mais estáveis do clima. Já os
fatores climáticos (latitude, altitude, massas de ar, vegetação, etc.) são condições
que interferem nos elementos climáticos.
O clima, entretanto, varia de um local para outro, principalmente, devido às
variações da intensidade, quantidade e distribuição dos elementos climáticos. A
vegetação exerce um papel preponderante na movimentação da agua para a
atmosfera, considerando a evaporação da água do interior da planta
(transpiração) e a evaporação da água do solo, que resulta na evapotranspiração.
Assim, a evapotranspiração transfere energia, na forma de calor latente, bem
como a água para a atmosfera, interferindo nos padrões de temperatura e
umidade do ar.
Qual a diferença entre tempo meteorológico e clima? O clima é a condição
média da atmosfera durante um longo período, enquanto o tempo é o estado da
atmosfera em um local determinado e em um momento definido.
Esses conjuntos de fatores conferem um padrão de distribuição geográfica
potencial para as inúmeras espécies que habitam o nosso planeta. Tais padrões
estão intimamente associados aos processos evolutivos de longa duração.
Todavia, os agentes de mudanças atuam sobre as comunidades ao longo de
diferentes escalas (temporais e espaciais).
5. Como podemos comparar diferentes padrões de produção em um
Planeta tão diferenciado em termos de ambiente?
Estas diferenças de ambientes, modificados pela latitude, altitude,
precipitação, umidade, relevo, etc., são responsáveis pela grande variedade de
formas de vida na biosfera, isso nó chamamos de biodiversidade.
A diversidade biológica pode ser vista em todos os lugares. As variedades da
flora e fauna são bem nítidas, sendo a flora diretamente associada na diversidade
da fauna, originando variados tipos de ecossistemas como: florestas, campos,
montanhas, desertos, mangues, praias, ilhas, solos e cavernas. Os ecossistemas
terrestres possuem uma maior diversidade, apesar de representar ¼ da biosfera.
Para melhor compreensão da palavra biodiversidade, devemos pensar em
diferentes níveis: conjunto de formas de vida presente, os genes que formam
cada indivíduo e suas inter-relações.
É óbvio que cada parte da biosfera possui condições abióticas específicas, o
que favorece a estabilidade de comunidades distintas, formando, assim,
ecossistemas diferenciados. Mas, afinal, o que é um Ecossistema?
A ideia de Ecossistema foi inspirada nos conceitos mais de
"superorganismo" de Clements (1916) e ainda a obra pioneira de Steven Forbes
"O Lago com um Microcosmo" (1887). Até que em 1935, Sir Arthur G. Tansley
definiu Ecossistema como um “sistema aberto que inclui, em uma certa área,
todos os fatores físicos e biológicos (elementos bióticos e abióticos) do ambiente
e suas interações, o que resulta em uma diversidade biótica com estrutura trófica
claramente definida e na troca de energia e matéria entre esses fatores. Portanto
pode ser considerado como a unidade funcional básica da ecologia, porque
inclui, ao mesmo tempo, os seres vivos e o meio onde vivem, com todas as
interações recíprocas entre o meio e os organismos"
6. Ciclos Biogeoquímicos
O conceito dos ciclos biogeoquímicos nos dá a ideia de uma transformação
de compostos químicos entre os diferentes compartimentos, envolvendo
elementos biótico e abiótico, através de processos físicos, químicos, biológicos e
geológicos, realizados em diferentes escalas de tempo e espaço. O planeta Terra
mantém constante a quantidade (massa) total dos diferentes elementos químicos
presentes nos diferentes ecossistemas. No entanto, a concentração dos nutrientes
(elementos químicos) presentes em determinados ecossistemas pode ser mais ou
menos variável, dependendo dos processos cíclicos e das escalas de
transformações envolvidas. O ciclo de um determinado elemento químico pode
ser tratado tanto em um contexto global quanto local, no meio aquático ou
terrestre.
Atualmente, no Antropoceno, período pós Revolução Industrial, sérias
mudanças vêm ocorrendo em nosso planeta, desencadeadas por fenômenos
como: aquecimento global, chuvas ácidas, eutrofização de ambientes aquáticos,
dentre outros etc., que precisam ser bem compreendidas de modo que seus
efeitos não tragam significativos impactos na dinâmica dos nutrientes nos
ecossistemas.
6.1. Ciclo do carbono (C)
O carbono possui grande importância na manutenção dos ecossistemas. As
moléculas compostas pelo carbono são responsáveis pelo acúmulo e
armazenamento da energia nos ecossistemas. Esse elemento está presente em
todos os compartimentos do planeta: na atmosfera, nos oceanos e outros
sistemas aquáticos, nos solos, sedimentos, rochas e na biota.
Na Terra, a maior reserva de carbono está contida nos sedimentos e rochas
da crosta, contendo aproximadamente 75 x 1021g. Apenas 0,1% do fluxo
biológico de carbono ocorre na superfície da Terra. Todavia, o maior estoque de
carbono ativo – disponível na superfície do planeta – está acumulado nos
oceanos, na forma de carbono inorgânico dissolvido. Outros estoques de
carbono presentes na biosfera, porém menos expressivos, estão associados aos
carbonatos e húmus dos solos, ao dióxido de carbono atmosférico (CO2), ao
metano (CH4), às plantas terrestres e ao material orgânico dissolvido (COD)
presentes nos oceanos e outros sistemas aquáticos.
A primeira via do ciclo do carbono (Figura 1) é referente aos processos de
fotossíntese / respiração, que são processos opostos que também governam o
ciclo global do carbono. É um ciclo predominantemente gasoso, tendo o balanço
do CO2/O2, como veículos principais entre a atmosfera, hidrosfera e a biota. Os
organismos autotróficos (plantas, algas fotossintetizantes e algumas bactérias)
retiram o CO2 da atmosfera e junto com a água e os nutrientes absorvidos do
substrato formam moléculas de açucares (glicose – C6H12O6), utilizando a luz
como fonte de energia, sendo então esse processo denominado de fotossíntese.
Por outro lado, a respiração realizada por plantas, animais e microrganismos
devolve moléculas de CO2 aos compartimentos atmosféricos e hidrosféricos,
através da degradação da matéria orgânica.
A segunda via do ciclo do carbono está associada às trocas de CO2/O2
oceanos e a atmosfera. Os carbonatos dissolvidos na água são absorvidos
pelos autótrofos para a realização da fotossíntese. Paralelamente, o processo
de carbonatação libera bicarbonato das rochas sedimentares.
Podemos ainda considerar as atividades antrópicas como fontes
emissoras de CO2, liberado pela queima da matéria orgânica
(combustíveis fósseis, vegetação), processos industriais, etc, sendo
considerada como a terceira via do carbono na biosfera.
Na atmosfera existem ainda outras duas formas de carbono em menor
quantidade o monóxido de carbono (CO) e o metano (CH4), emitidos,
respectivamente, pela queima incompleta da matéria orgânica e da
degradação anaeróbia da matéria orgânica, quando oxidados levam a
formação de CO2.
6.2 Ciclo do fósforo
O ciclo do fósforo (Figura 2) é relativamente simples, não passa por
reação de oxi-redução e contém poucas transformações microbianas.
Quando um átomo de fósforo se desprende das rochas, por degradação
química, permanece nos ecossistemas terrestres por anos, décadas, ou até
mesmo, séculos.
O principal veículo que transporta os íons de fósforo é a água do
solo, rios, lagos e oceanos. Todavia, pode-se considerar que o ciclo do
fósforo é sedimentar, pois esse elemento está contido em rochas
sedimentares e, ainda, são carreados em grande quantidade do meio
terrestre para o oceano, onde se incorporam como sedimentos marinhos.
Contudo, os maiores fluxos do fosforo ocorrem em ciclos internos dos
ecossistemas, os quais formam um estreito ciclo de reciclagem entre a
absorção de pelas plantas, microrganismos e a liberação por
decompositores.
Os vegetais assimilam íons fosfato (PO4 -3 ), do solo ou da água,
utilizando-o diretamente no metabolismo. O fósforo é eliminado para o
ecossistema através da excreção dos animais e a decomposição da
matéria orgânica. O fósforo só entra no compartimento atmosférico
através da poeira, por isso circula pouco entre a atmosfera e os outros
compartimentos.
Em ecossistemas aquáticos, com bom suprimento de oxigênio, o
fósforo forma rapidamente compostos precipitados insolúveis com o
ferro ou cálcio. Esses ecossistemas podem funcionar como sumidouro de
fosfatos, precipitando no sedimento e deplecionando o oxigênio.
Existe um retorno do fósforo precipitado nos ecossistemas
marinhos através da atividade das aves marinhas (guano). Na costa do
Peru, ocorre uma expressiva taxa de retorno do fósforo pelo guano, mas
aparentemente esse processo vem reduzindo a cada ano.
O fósforo limita a produtividade primária, especialmente em
florestas tropicais. Em primeiro lugar, porque nesses ecossistemas os
solos são bastante ácidos (pH menor que 4,6), o que faz com que os íons
fosfatados se liguem fortemente às partículas de argila, levando a
formação de compostos insolúveis com o ferro e o alumínio, elementos
muito presentes nesses solos, nessas condições de acidez. Da mesma
forma, em condições de alcalinidade (pH maior que 6,5), o fosforo
também é complexado com o cálcio. Outro fator é que o fósforo possui
baixa mobilidade, em condições tropicais, com elevadas taxas de
precipitação, favorece o carreamento desse elemento para o lençol
freático, até que se precipitem nos oceanos.
6.3 Ciclo do nitrogênio
O ciclo do nitrogênio (Figura 3) possui uma fase de grande importância
na atmosfera, com a entrada do nitrogênio inorgânico na cadeia alimentar
através da fixação do nitrogênio atmosférico (N2) em nitrogênio mineral
(NH3), através da transformação microbiana. Alguns gêneros de bactérias de
vida livre (azotobacter – aeróbia / Clostridium – anaeróbia); bactérias
simbióticas moduladoras em plantas da família Fabaceae, como: soja,
guando, ervilha, e até mesmo, espécies arbóreas com bactérias do gênero
Rhizobium; algas verde azuladas; actinomicetos – tipo de fungo muito
primitiva com alguns gêneros de vegetais, como: Casuarina, Araucaria, etc.
A fixação de nitrogênio atmosférico (N ≡ N) exige quantidade de energia
para a conversão em NH3.
Aula 2 Parte II
1. Introdução
Esta aula abordará um assunto importante, pois irá demonstrar como os sistemas
naturais conseguem manter sua estrutura e a sua complexidade diante de uma visão
sistêmica. Diante disso você perceberá a necessidade de relacionar o que foi
estudado nas aulas anteriores, envolvendo padrões e gradientes ambientais, ciclagem
dos nutrientes e as relações dos organismos com o seu meio ambiente.
Durante essa aula também será abordado como a energia seus fluxos nos
sistemas abertos, compondo os níveis de assimilação e transformações da energia,
seus caminhos nos sistemas e as relações de alimentação que ligam esses fluxos
energéticos numa verdadeira teia alimentar, até a compreensão sobre a
produtividades dos ecossistemas.
Começaremos a nossa aula com alguns conceitos da Termodinâmica, que
durante muito tempo gerou muita controvérsia no meio cientifico. Com isso, hoje,
podemos estudar e modelar os ecossistemas, tomando-os como bases comparativas,
para fins de conservação e manejo.
2. Visão sistêmica
No início do século XX, os termos “sistema” e “pensamento sistêmico”, já
demonstrava o significado de “um todo integrado”, onde as propriedades essenciais
surgiriam das relações entre suas partes. Um sistema natural é formado por
componentes que se arranjam gradualmente, com interações claramente definidas,
originando um todo unificado, dando ideia de uma “Organização Hierárquica”. Essa
ideia levou ao entendimento de que os sistemas naturais tendiam a otimizar o uso de
energia livre, reduzindo suas perdas.
Uma organização hierárquica pode ser de dois tipos básicos: aninhada e não-
aninhada. A característica básica dos sistemas aninhados é que as partes do sistema
são intrínsecas a ele, como um organismo (genes, células, tecidos, órgão, aparelho =
corpo). Já os sistemas hierárquicos não- aninhados, as partes não estão contidas
umas nas outras, podem, por exemplo, ser consideradas pelo critério de transferência
de energia no ecossistema (produtores, consumidores primários, consumidores
secundários e decompositores, conforme explicado a seguir. A organização
hierárquica deixou como legado uma importante consequência, quando os
componentes ou subconjuntos combinam-se para formar sistemas funcionais
maiores, surgem novas propriedades que não estavam presentes no nível anterior, o
que é explicado pela teoria das “Propriedades Emergentes”. Para melhor entender
esse princípio, podemos tomar como exemplo uma molécula de gás carbônico, que é
formada por dois átomos de oxigênio e um de carbono. Cada um dos átomos (C e O)
envolvidos na formação dessa molécula possui características físicas e químicas
especificas. No entanto, quando esses dois elementos reagem para formar o gás
carbônico (CO2), surgem novas propriedades que caracterizam essa substância, que
são diferentes daquelas de cada um dos elementos envolvidos em sua formação.
Após a década de 1920, os ecólogos começaram a propagar a ideia de que na
natureza os sistemas eram conduzidos da desordem para a ordem energética. Essa
premissa foi recebida com muita crítica, principalmente, por parte dos cientistas
seguidores da termodinâmica clássica, que defendiam a ideia de que os sistemas
mecânicos buscavam o equilíbrio térmico com o meio.
Para melhor entendermos esse pensamento devemos recordar, em primeiro
lugar, o conceito de energia, como sendo a capacidade de realizar trabalho. O
Princípio da Conservação da Energia, explicado pela 1ª Lei da Termodinâmica,
estabelece que em um sistema a energia não pode ser criada e nem destruída, mas
sim transformada.
5. Pirâmides Ecológicas
As pirâmides ecológicas são utilizadas para descrever graficamente a estrutura e
a função trófica de uma comunidade, ou parte dela, onde a base indica o nível dos
produtores e as camadas seguintes constituem os outros níveis tróficos. As
pirâmides podem apresentar três representações: números, representa os números de
indivíduos em cada nível trófico (Figura 12-a); biomassa, representa o peso seco
total ou outra medida de material vivo (Figura 12-c); energia, indicar o fluxo
energético e/ou a produtividade em níveis tróficos sucessivos (Figura 12- d). As
pirâmides de números podem ser invertidas (Figura 12-b), quando o organismo
produtor possui um tamanho corpóreo muito maior do que dos consumidores
primários, por exemplo, uma mangueira pode sustentar uma quantidade muito
grande de besouros.
As pirâmides de números atribuem maior importância aos organismos pequenos,
enquanto as pirâmides de biomassa destacam mais os organismos maiores, ambas
ilustram estados instantâneos das comunidades, ou seja, consideram os organismos
presentes em função do tempo. A energia segue um fluxo único, por isso a pirâmide
de energia é que fornece melhor descrição da funcionalidade nas comunidades. A
pirâmide de energia demonstra a velocidade de passagem da massa alimentar ao
longo da cadeia trófica, por isso sua forma não é afetada pelo tamanho ou pela taxa
metabólica dos indivíduos envolvidos, como explicado pela segunda Lei da
Termodinâmica.
Conforme aumenta o tamanho e a complexidade de um sistema, o custo
energético de manutenção tende a crescer proporcionalmente. Todavia, quando o
sistema é dobrado de tamanho, torna-se necessário mais do que o dobro da
quantidade de energia aportada, pois parte dela tem que ser empregada na
manutenção da complexidade funcional e estrutural da comunidade, para garantir a
baixa entropia do sistema.
A produtividade primária está diretamente ligada a distribuição da energia
luminosa, da concentração de CO2, da água, da disponibilidade de nutrientes. Dessa
forma, a PPL, geralmente, aumenta com a temperatura e a precipitação, mas os
níveis muito elevados de precipitação também podem reduzir sensivelmente a
produtividade. tróficos necessitaria de uma grande quantidade de biomassa nos
níveis tróficos inferiores de modo que conseguisse chegar até os últimos níveis.
6. Produtividade
Entende-se como produtividade de uma comunidade, ou parte dela, como a taxa
na qual a energia luminosa é convertida, pela fotossíntese, em energia química e
transformada me substâncias orgânicas complexas, capazes de manter a estrutura e a
funcionalidade do ecossistema.
Toda a biota da Terra depende da produtividade dos ecossistemas. As florestas
tropicais são os ecossistemas mais produtivos do planeta, quando se considera o
tamanho de sua área. Nos ecossistemas terrestres existe uma tendência latitudinal
crescente, partindo das regiões polares em direção a linha do equador (Tabela 1),
sugerindo que a radiação e temperatura podem ser fatores limitantes da
Aula 3