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Há três eixos que devem ser trabalhados não só du-
rante a atual crise, mas também em períodos menos con-
turbados e como prevenção para crises futuras. Afinal,
respostas rápidas a uma situação calamitosa só funcio-
nam quando a empresa já tem uma disciplina de gestão
consolidada. Os três eixos são os seguintes:
3. ADOÇÃO DE UM PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO PÓS-CRISE
Esses eixos, ou etapas, embora possam ser colocados em ação ao mesmo tempo , correspondem à vi-
são do presente, às medidas necessárias para a sobrevivência do negócio e às perspectivas para o futuro, ou
como a empresa deverá emergir da crise.
É importante não tirar o longo prazo do foco. Matar um leão por dia é desafiador; gerir o caixa, pagar
fornecedores e funcionários e gerar uma receita previsível são metas que tomarão boa parte do seu tempo
e esforço. Mas uma empresa que sai vitoriosa da crise tem a oportunidade de aproveitar um novo ciclo de
crescimento e se reposicionar no mercado.
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Neste e-book, vamos detalhar cada uma dessas etapas de um
processo a que chamaremos “Solução de crises”. A principal habilida-
de de que você precisa chama-se gestão, que pode ser definida como
a capacidade de alocar recursos:
- TEMPO
- DINHEIRO
- PESSOAS
- INSUMOS
Antes, vamos falar de forma bastante breve por que existem tantas cri-
ses econômicas e por que o quadro, apesar de sempre ser desafiador, é
melhor do que no passado. Siga a leitura para aprender um pouco mais e
logo entraremos na parte de colocar a mão na massa
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O que são crises
“Sempre que há um evento disruptivo na cadeia das re-
lações sociais, econômicas, ambientais ou transnacionais, es-
tabelece-se um cenário de crise. Podemos citar como exem-
plos tanto uma nova tecnologia quanto uma emergência
sanitária global, algo que era inimaginável até 2019.
Uma guerra civil desencadeia uma crise, um desequilí-
brio no cenário político, idem. Um dos efeitos mais dramáti-
cos de uma crise de proporções globais é a queda da ativida-
de econômica e o fechamento de empresas, o que também
provoca desemprego e faz o consumo despencar.
Quando assistimos ao noticiário, temos a sensação de
que crises são cada vez mais comuns e que o mundo parece
estar caindo aos pedaços. Em meio ao que parece ser uma
terra arrasada, empresários se veem isolados, sem apoio e
com responsabilidades em excesso.
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Entretanto, a partir de uma perspectiva histórica, não
há razão para tanto pessimismo. Para se ter uma ideia, em
1981, 13% da população latino-americana vivia na pobreza
extrema; em 2015, esse número era de 4,1%. O mesmo ciclo
ocorreu em outras regiões, com destaque para as nações do
extremo oriente, onde a miséria caiu de 80% para 2,3% no
mesmo período (dados do Banco Mundial coletados no site
Our World in Data).
Houve inúmeras crises nos últimos 40 anos, mas a po-
breza caiu de forma vertiginosa e o mercado recebeu uma
avalanche de novos consumidores. Outros indicadores,
como expectativa de vida, renda média e educação também
melhoraram ao longo dos anos.
Isso ocorre porque uma crise, por maior que seja e ainda
considerando seu caráter sistêmico, não atinge de maneira
absoluta todas as áreas econômicas em todos os territórios
do mundo. Além disso, temos uma enorme vantagem en-
quanto espécie: a capacidade de desenvolver soluções para
vencê-las.
Portanto, ao desenvolver o seu plano de ação, saiba que
existem várias saídas e nenhum prognóstico negativo é ab-
soluto. Por outro lado, é necessário pensar e agir no tempo
certo, usando os recursos à sua disposição. Está pronto?
Então vamos lá.
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As 3 etapas da
Solução de crises
1. Diagnóstico da situação atual
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O desconhecimento dificulta qualquer ação; é como andar sem mapa em um terreno estranho e
cheio de armadilhas. Antes de adotar um rumo no calor do desespero, o melhor a ser feito é parar e ana-
lisar alguns indicadores, como:
Capital de giro: é a parte líquida das operações de uma empresa, ou seja, é parte do ativo que circu-
la na forma de dinheiro, créditos e estoques;
Fluxo de caixa: registros de entradas e saídas que deve ser acompanhado de perto. Também é im-
portante ter um cadastro das principais fontes de receitas e despesas, garantindo assim uma maior pre-
visibilidade dos gastos;
Reserva de caixa: dinheiro investido que pode ser usado para manter as operações do negócio du-
rante um determinado período de tempo quando há uma baixa severa nas receitas;
Estoque: os insumos e produtos finais armazenados, sua quantidade e a Curva ABC de cada
produto.
Também é fundamental levantar outros dados, como folha de pagamento, preços dos fornecedo-
res e outras despesas fixas e variáveis.
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Boa parte dessas informações podem ser obtidas de maneira estruturada e instantânea em um
software ERP. E, como tempo é um fator crucial numa crise, você precisará automatizar a maior parte
dos processos e manter um quadro de pessoal enxuto. Se você ainda faz gestão usando planilhas, essa é a
hora de reconsiderar.
A reserva de caixa é como o “seguro-desemprego” do seu negócio embora custeada com seus pró-
prios lucros anteriores. Faça uma análise da despesa média mensal que sua empresa teve ao longo do
último ano e multiplique por 6 um prazo razoável para sua empresa conseguir se adaptar a qualquer crise.
Uma ferramenta prática para análise de potencialidades e limitações da empresa é a matriz SWOT,
que indicará as Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças ao modelo de negócios almejado.
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O diagnóstico da situação atual precisa considerar, também, o cenário externo. O impacto foi loca-
lizado em um segmento específico ou atingiu todos os setores da economia? A crise é estrutural ou peri-
férica? Há um planejamento macroeconômico para atenuar seus efeitos nos negócios e nos empregos?
Essas questões indicarão se a crise será duradoura ou breve.
No mundo corporativo, esse estudo das forças externas é chamado de análise PESTEL um acrôni-
mo para os fatores que impactam as atividades da empresa: Políticos, Econômicos, Sociais, Tecnológicos,
Ecológicos e Legais.
É importante saber de tudo isso, mas não precisa se deter tanto em abstrações. Em um cenário de
crise, vale mais a pena ajustar a estratégia ao longo do processo de implementação do que desenhar um
modelo ideal que nunca sairá do papel.
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2. Elaboração e execução de um plano
emergencial
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O objetivo maior pode ser dividido em metas, que devem ser quantificáveis. Se hoje você tem uma
receita mensal de R$ 1 mil vendendo por meio de mensagens diretas no Instagram ou WhatsApp, fa-
zendo um controle precário das entregas, pode estimar uma meta inicial de R$ 5 mil com uma platafor-
ma profissional e um plano de marketing estruturado.
Para definir as metas, um método que sempre se aplica é o SMART, acrônimo em inglês para os ter-
mos Específico, Mensurável, Alcançável, Relevante e com um Prazo. Se suas metas se encaixam nessa
baliza, sua empresa está pronta para alcançar o objetivo.
Veja bem, uma meta não pode ser descrita como “sobreviver à crise”. Há dois equívocos: o primei-
ro, é que seu negócio se torna reativo, e não proativo, posicionando-se de forma vulnerável às oscila-
ções do mercado; o segundo é que não se encaixa em nenhum dos critérios da metodologia SMART.
Caso o seu objetivo maior durante a crise seja “digitalizar e unificar todos os canais de vendas, ofe-
recendo uma experiência única de compra para os clientes”, as metas usadas podem incluir:
- Gerar uma receita de R$ 5 mil por semana vendendo apenas pela internet;
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Metas definidas, é a hora de saber quanto tudo vai custar, quem vai fazer e os pra-
zos para cada implementação. Cada processo precisa ser descrito objetivamente. Digamos
que uma etapa essencial para sua empresa é adquirir um ERP. Não basta simplesmente
comprar. É necessário definir:
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A fase final da execução é a análise dos resultados. O acompanhamento
deve ser constante para garantir que as metas sejam atingidas e corrigir even-
tuais falhas no progresso. Ao final de cada meta, deve ser feita uma nova análise
para verificar se houve o avanço previsto.
E não termina. A patir daí, o ciclo volta ao início, com a criação de novas me-
tas e superação progressiva. Percebeu que tudo se insere em um ciclo PDCA (Pla-
nejar, Fazer, Checar, Agir)? Não se preocupe, esse é o último acrônimo que você
lerá neste e-book.
Agora, avançaremos para a etapa final da Solução de crises.
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3. Adoção de um planejamento estratégico
pós-crise
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Por exemplo, pesquisas mostram que brasileiros passaram a comprar mais hortifrúti nos super-
mercados para preparar refeições caseiras, substituindo a alimentação fora do lar, segmento de servi-
ços que cresceu bastante nos últimos anos e ainda deve faturar R$ 230 bilhões em 2020.
Mas isso não aconteceu de maneira uniforme. Famílias com maior poder aquisitivo buscam subs-
tituir refeições de alto padrão dos restaurantes e compram ingredientes sofisticados; já as menos privi-
legiadas fazem um preparo cotidiano com ingredientes comuns.
A Nielsen publicou uma pesquisa completa sobre as mudanças nos padrões de consumo de pro-
dutos com giro rápido. A venda de softwares, por exemplo, cresceu 389% por conta do isolamento;
itens de higiene e limpeza dominam a lista dos que mais venderam, com destaque para o álcool em gel.
As vendas online, como já atestado por vários levantamentos, aumentaram significativamente.
Entre março e abril, o e-commerce cresceu 48,3% em comparação ao mesmo período no ano anterior.
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São apenas alguns exemplos de mudanças no comportamento que devem se consolidar nos pró-
ximos capítulos dessa crise sanitária. Você, enquanto empresário, precisa estar atento para não perder
o bonde das mudanças, que estão vindo em ciclos cada vez mais curtos de tempo. Mas lembre-se: nada
disso é motivo para pessimismo.
A dica para fechar o e-book é: compartilhe todas as etapas, do planejamento à execução, com as
pessoas que fazem sua empresa. É impossível conduzir mudanças sozinho ou cercando-se de alguns
gestores. Todos os funcionários precisam saber o motivo pelo qual trabalham para que possam contri-
buir ativamente. Delegue não apenas tarefas, mas também responsabilidades.
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