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Fisioterapia
Autora: Profa. Rita de Cássia Rezende Maciel
Professora conteudista: Rita de Cássia Rezende Maciel
Rita de Cássia Rezende Maciel, mestre em Educação pela Universidade de Sorocaba – Uniso, é formada em
Psicologia pela Universidade Santa Úrsula do Rio de Janeiro e em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências
e Letras de Sorocaba. Possui pós‑graduação em Formação em Educação a Distância e especialização nas áreas de
Psicologia Aplicada à Área da Saúde e Intervenções Psicológicas em Emergência.
Foi docente no curso de graduação à distância de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho – Unesp em convênio com a Prefeitura Municipal de Sorocaba, nos anos de 2004 e 2005, e no curso de
pós‑graduação Esquema I do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza – CEETPS, no ano de 2008.
Na Universidade Paulista – UNIP atua como docente desde 2003, ministrando diversas disciplinas em cursos
da área da saúde, sendo líder, no curso de Fisioterapia, das disciplinas de Psicomotricidade e Psicologia Aplicada à
Fisioterapia.
Além de professora universitária, atua como psicóloga clínica no atendimento a doentes crônicos. É psicóloga
concursada no Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes em Itu/SP, referência em hanseníase.
CDU 615.8:159.9
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Lucas Ricardi
Virgínia Bilatto
Sumário
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Apresentação.......................................................................................................................................................7
Introdução............................................................................................................................................................9
Unidade I
1 BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O FISIOTERAPEUTA.......... 11
1.1 A relação do fisioterapeuta com o “cliente”: a importância em conhecer a
realidade socioeconômica‑cultural....................................................................................................... 16
1.1.1 Formação do vínculo.............................................................................................................................. 18
1.2 A empatia e o processo de comunicação nas relações interpessoais.............................. 19
1.3 A importância do autoconhecimento........................................................................................... 22
2 AS EXPERIÊNCIAS INDIVIDUAIS DO ADOECER E OS PRINCIPAIS MECANISMOS
INCONSCIENTES DE ADAPTAÇÃO E DEFESA: REGRESSÃO, NEGAÇÃO E RACIONALIZAÇÃO............. 24
2.1 Os ganhos secundários de adoecer e suas consequências................................................... 28
2.2 A dor e suas repercussões emocionais: os diversos tipos de dor....................................... 29
3 A formação da autoimagem............................................................................................................... 31
3.1 A autoestima........................................................................................................................................... 34
4 A personalidade: desenvolvimento, traços e aspectos relevantes....................... 35
4.1 A importância dos vínculos afetivos na formação da personalidade.............................. 37
4.2 A importância da regulação da ambivalência na formação da personalidade............ 40
4.3 Distúrbios graves de personalidade............................................................................................... 40
4.4 Noções básicas sobre as principais teorias psicológicas....................................................... 44
4.4.1 Teoria psicanalítica.................................................................................................................................. 44
4.4.2 Teoria do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget.............................................................. 47
4.4.3 Teoria do desenvolvimento psicossocial........................................................................................ 48
4.4.4 Teoria do desenvolvimento de Gesell.............................................................................................. 49
4.4.5 Teoria comportamental......................................................................................................................... 50
Unidade II
5 Desenvolvimento intelectual, Motor, Emocional, Sexual e Social nas
diversas etapas da vida............................................................................................................................. 58
5.1 Desenvolvimento físico‑motor da criança de 0 a 2 anos..................................................... 60
5.1.1 Desenvolvimento cognitivo da criança de 0 a 2 anos.............................................................. 69
5.1.2 Desenvolvimento psicossocial da criança de 0 a 2 anos......................................................... 70
5.1.3 Desenvolvimento físico‑motor da criança de 2 a 6 anos....................................................... 71
5.1.4 Desenvolvimento cognitivo da criança de 2 a 6 anos.............................................................. 75
5.1.5 Desenvolvimento psicossocial da criança de 2 a 6 anos......................................................... 76
5.1.6 Desenvolvimento físico‑motor da criança de 6 a 12 anos..................................................... 77
5.1.7 Desenvolvimento cognitivo da criança de 6 a 12 anos........................................................... 79
5.1.8 Desenvolvimento psicossocial da criança de 6 a 12 anos...................................................... 80
5.1.9 Desenvolvimento físico‑motor do adolescente.......................................................................... 81
5.1.10 Desenvolvimento cognitivo do adolescente.............................................................................. 83
5.1.11 Desenvolvimento psicossocial do adolescente.......................................................................... 83
5.1.12 Desenvolvimento do jovem adulto: físico, cognitivo e social............................................. 85
5.1.13 Desenvolvimento da terceira idade: físico, cognitivo e social............................................ 88
5.2 Noções de psicomotricidade............................................................................................................. 91
5.2.1 Definição de psicomotricidade........................................................................................................... 92
5.2.2 Psicomotricidade: áreas de atuação..............................................................................................102
6 AS ESPECIALIDADES MÉDICAS E SUAS ESPECIFICIDADES: ASPECTOS PSICOLÓGICOS
DO PACIENTE, ASPECTOS FAMILIARES E ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE.............104
6.1 Cardiologia e pneumologia.............................................................................................................104
6.2 Dermatologia........................................................................................................................................105
6.3 Ortopedia e traumatologia..............................................................................................................108
6.4 Psiquiatria...............................................................................................................................................108
6.5 Estresse, estratégia de enfrentamento e saúde......................................................................110
Unidade III
7 A depressão e sua repercussão no adoecimento e no tratamento.....................120
7.1 Fatores motivacionais: a importância da motivação no tratamento............................125
7.2 Pouca ou nenhuma melhora dos “pacientes” e aspectos psicológicos do
fisioterapeuta...............................................................................................................................................128
7.3 Paciente terminal e a morte...........................................................................................................130
7.4 O luto: fases de enfrentamento....................................................................................................137
7.5 O luto patológico................................................................................................................................140
8 O fisioterapeuta e suas relações interdisciplinares......................................................142
8.1 O fisioterapeuta na participação de projetos de prevenção de doenças e
estímulo a melhor qualidade de vida.................................................................................................145
8.2 Projeto e suas definições..................................................................................................................145
8.3 Projeto com eficiência, eficácia e efetividade.........................................................................147
8.3.1 Projeto eficiente.................................................................................................................................... 147
8.3.2 Projeto eficaz.......................................................................................................................................... 149
8.3.3 Projeto efetivo....................................................................................................................................... 149
8.4 A gestão na área da saúde..............................................................................................................150
8.5 Programas de prevenção primária, secundária e terciária.................................................156
Apresentação
Caro aluno,
A disciplina Psicologia Aplicada à Fisioterapia visa propiciar a você, futuro profissional, a aplicação
de conceitos básicos da Psicologia por meio do conhecimento de diversos temas relacionados ao
conhecimento psicológico humano e, dessa forma, instrumentalizá‑lo a compreender os mecanismos
de ajustamento da pessoa frente ao adoecimento. Como ciência que estuda o comportamento, o campo
da Psicologia é amplo; portanto, se faz necessário conhecer os caminhos do desenvolvimento desde o
nascimento até o final da vida. Apresentaremos autores que, com suas pesquisas e estudos, tornaram
possíveis a compreensão das relações humanas, os meandros da mente humana, os mecanismos de
ajustamento e os quadros psicopatológicos. Por fim, estaremos abordando o trabalho em equipe
multiprofissional e a importância do conhecimento para a construção de programas e projetos para a
prevenção de doenças, tendo como propósito a melhor qualidade de vida para a população.
• levar o aluno à compreensão do que é Psicologia, quais são seus conceitos principais e como ela
se relaciona com a fisioterapia;
• fazer com que o aluno, ao final do semestre, seja capaz de entender como a percepção, a
personalidade e a afetividade determinam os comportamentos das pessoas, seres biopsicossociais,
e que esses comportamentos e suas consequências não são dissociados;
• contribuir para que o aluno adquira uma postura técnica, uma visão holística sobre o ser humano
que vier a necessitar de sua atenção profissional.
• ajudar o aluno a compreender o homem sempre como unidade biopsicossocial, a ouvir e respeitar
os “pacientes” e seus familiares e a conhecer o funcionamento básico da personalidade humana,
seus aspectos adaptativos e seus modos mais comuns de adoecer;
• fornecer subsídios para uma compreensão do desenvolvimento humano nas diversas etapas de
vida, desde o período gestacional até a 3ª idade;
• discutir sobre as possíveis dificuldades emocionais que podem surgir, principalmente, no início
da prática profissional, como insegurança no procedimento, frustração na melhora de alguns
“pacientes” e medo da morte.
Este livro‑texto tem por finalidade servir como suporte didático para que as aulas sejam amparadas
por um conteúdo teórico‑didático e de fácil compreensão e acesso para você, aluno. Sua elaboração
teve como objetivo o uso de uma linguagem de fácil acesso, embora utilizando de termos técnicos,
conforme esperado para a formação do profissional.
Iniciaremos trazendo uma breve história da Psicologia, mostrando os caminhos por ela trilhados
desde os filósofos da Grécia Antiga até os dias atuais. Veremos a relevância da relação do fisioterapeuta
com seu cliente e a importância das relações interpessoais para o sucesso do tratamento. Abordaremos
o adoecer e suas consequências na vida da pessoa, incluindo a dificuldade de enfrentamento da dor
e os ganhos secundários. Você conhecerá também a importância dos vínculos para a formação da
personalidade, os distúrbios graves de personalidade e as noções básicas sobre as principais teorias
psicológicas.
Finalizando nossos estudos, teremos como temas a depressão e as possíveis interferências no curso
do tratamento, a importância da motivação no tratamento e os aspectos psicológicos do fisioterapeuta
na melhora dos pacientes. Estaremos abordando a questão da morte e do luto, visto que, apesar da
dificuldade do tema, ele se torna mais presente entre os profissionais que atuam com pessoas portadoras
de diversos tipos de doenças. Na sequência, trataremos a questão do luto, suas fases de enfrentamento
e o momento em que o luto se torna patológico. Para encerrar, você terá a oportunidade de conhecer
as possibilidades de trabalho do fisioterapeuta, suas relações interdisciplinares e a importância na
participação de projetos de prevenção para melhor qualidade de vida da população em geral.
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Introdução
Imagine que em sua clínica, dentre os diversos clientes que você atende, há um sujeito adulto do
sexo masculino que chama sua atenção pela forma negativa como enfrenta o seu tratamento. Apesar
de seus esforços como profissional e das características positivas da recuperação, o sujeito olha para
você com desconfiança e acredita que todas as palavras são ditas apenas para amenizar suas dores,
tanto físicas quanto psíquicas – afinal, cada dia é visto como um grande fardo. Ele não vê possibilidade
de cura ou melhora para o seu caso e seu comportamento deixa evidente que não acredita no trabalho
profissional.
A partir deste caso, convido você a refletir sobre a diversidade de comportamentos que podemos
encontrar quando trabalhamos com pessoas e também sobre a forma como cada ser humano enfrenta
um momento de crise, como um acidente ou uma doença, que muitas vezes expõem o sujeito a uma
condição de dúvidas e incertezas com relação a si mesmo e à sua vida.
No caso do sujeito aqui apresentado, nos parece que todos os esforços do profissional são insuficientes
no sentido de fazê‑lo acreditar que a sua recuperação é possível. A fim de incrementar sua reflexão,
deixo algumas questões para que você faça a sua análise:
Como profissional, de que modo você enfrentaria um cliente com as características descritas no
caso?
E se não houvesse realmente a possibilidade de cura para o sujeito, como enfrentar tal situação?
A Psicologia é uma ciência que tem como objetivo estudar os processos mentais do ser humano e
o seu comportamento. Estudar essa ciência é conhecer diferentes autores que, com seus trabalhos e
pesquisas, nos ajudam na busca da compreensão e análise da diversidade comportamental e mental do
sujeito.
Sua aplicação na área da saúde é de grande importância, pois o adoecer traz grandes transtornos
(físico, psíquico, social, cognitivo, espiritual) tanto para a pessoa que adoece como para aqueles que
estão próximos. Na maioria das vezes, é necessário também que muitos profissionais estejam envolvidos
no cuidado, no tratamento e na recuperação da pessoa.
Acrescentamos a importância da família nesse momento, o que nos leva a concluir que o contato
do profissional não se restringe apenas ao ser doente, mas a um grupo de pessoas, podendo variar de
acordo com as características do indivíduo e da situação em que ele se encontra.
Para uma boa formação, é necessário muito estudo e dedicação, como bem sabemos; assim, convido
você a percorrer algumas áreas da Psicologia e a refletir sobre a complexidade do ser humano.
10
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Unidade I
1 BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA PARA O
FISIOTERAPEUTA
Conhecer a história da Psicologia é de certa forma entrar em contato com a história da humanidade,
pois a busca pelo conhecimento, principalmente a compreensão da mente humana, sempre esteve
presente nas investigações do homem.
Assim, comecemos pela Grécia Antiga e os filósofos da época, pois foram eles os primeiros a tentar
sistematizar a Psicologia. O próprio termo Psicologia vem do grego, sendo que psyché significa alma
e logos quer dizer razão; assim, Psicologia significa estudo da alma, conforme nos apresentam Bock,
Furtado e Teixeira (1999). Os mesmos autores escrevem que a alma, ou o espírito, era concebida pelos
filósofos antigos como a parte imaterial do ser humano e compreenderia o pensamento, os sentimentos
de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.
Sócrates, ao definir a razão como característica exclusivamente humana (ou seja, a sua essência),
acabou abrindo caminho para a Psicologia, pois as teorias da consciência acabariam sendo obras dessa
primeira sistematização filosófica.
Na sequência, Platão (427‑347 a.C.), que foi discípulo de Sócrates, procura definir um “lugar” para a
razão no corpo e define a cabeça como o local onde se encontra a alma humana. O tórax ou a medula
seria o elemento de ligação entre a alma e o corpo.
Para Platão, havia necessidade de um elemento de ligação, já que ele concebia a alma como separada
do corpo, ficando livre para ocupar outro corpo quando a matéria deixava de existir.
Outro filósofo, Aristóteles (384‑322 a.C.), que foi discípulo de Platão e um dos mais importantes
pensadores, deixou sua contribuição inovadora. Aristóteles postulou que a alma e o corpo não podem
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Unidade I
ser separados, considerando psyché como o princípio ativo da vida. Assim sendo, tudo o que cresce e se
reproduz possui a sua psyché ou alma. Dessa forma, os vegetais, os animais e o homem possuem alma,
sendo que a alma dos vegetais seria vegetativa, definida pela função de reprodução e alimentação. A
além dos vegetais, os animais teriam uma alma sensitiva, cuja função seria a percepção e o movimento.
Figura 1 – Aristóteles
Inspirado em Platão, Santo Agostinho (354‑430) também fazia a separação entre a alma e o corpo.
A alma, além de sede da razão, era considerada a imortal prova da manifestação divina no homem e
elemento de ligação entre o homem e Deus. Era também considerada a sede do pensamento e, por esta
razão, algo a ser compreendida para a Igreja.
12
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
É um período de transição, em que o feudalismo perde a sua força para o surgimento de uma nova
organização econômica e social, dando início ao capitalismo. Bock, Furtado e Teixeira (1999) escrevem:
Outro estudioso da época, Galileu (1564‑1642), físico, matemático, astrônomo e filósofo, foi
fundamental na revolução da ciência, estudando a queda dos corpos e assim realizando as primeiras
experiências da física moderna.
Ainda nesse período, Descartes (1596‑1660), um dos pensadores mais importantes na Revolução
Científica, concebe um trabalho revolucionário nas áreas da Filosofia e da Ciência, no qual postula a
separação entre a mente e o corpo, afirmando que o homem possui uma substância pensante e que o
corpo é apenas uma máquina quando desprovido do espírito.
No período renascentista foi possível o estudo do corpo humano morto, conforme afirmam Bock,
Furtado e Teixeira (1999). Isso tornou possível o conhecimento nas áreas da Anatomia e da Fisiologia, o
que muito contribuiu para o progresso da Psicologia. Nos períodos anteriores não era possível qualquer
violação ao corpo humano, pois toda verdade era ditada pela Igreja e o corpo humano era visto por ela
como sagrado por ser a sede da alma.
Em nossa trajetória pela história da Psicologia, chegamos ao século XIX, período em que vamos
encontrar o crescimento de uma nova ordem econômica e social. O capitalismo e o processo de
13
Unidade I
industrialização fazem com que a ciência apresente respostas e soluções práticas no campo tecnológico;
assim, a ciência recebe um grande impulso, pois será o sustentáculo dessa nova ordem.
No período, independente da fé, o conhecimento toma novo impulso, e por meio da racionalidade é
possível o homem caminhar pela ciência. Bock, Furtado e Teixeira (1999) escrevem:
Como vemos, o homem liberta‑se das verdades consideradas absolutas ditadas pela Igreja e nesse
contexto surgem personagens que ajudam a transformar a história. Um deles foi o alemão Hegel
(1770‑1830), que demonstrou a importância da história para a compreensão do homem. Outro
personagem foi Darwin (1809‑1882), naturalista inglês que acabou com o antropocentrismo, trazendo
para o mundo a teoria da evolução.
Observação
Com tantos avanços, a Filosofia também necessitou se adaptar a esses novos tempos. Assim, com
o filósofo francês Augusto Comte (1798‑1857), surge com o Positivismo, postulando a necessidade de
maior rigor científico na construção do conhecimento nas ciências humanas.
Nesse contexto, em meados do século XIX, a Psicologia – que até então era estudada pela Filosofia
– passou a ser alvo de estudo pela Fisiologia e pela Neurofisiologia. Tais estudos levaram à formulação
de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os
sentimentos humanos eram produtos desse sistema.
• neurologia: em 1846 se descobre que a doença mental é consequência da ação direta ou indireta
de diversos fatores sobre as células cerebrais;
• neuroanatomia: a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por não estar
necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores;
14
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Com tantos estudos no campo na Psicologia, em 1860, Fechner (1801‑1887), físico e matemático,
e o alemão Weber (1864‑1920), considerado um dos fundadores da Sociologia, estudaram a relação
entre estímulos e sensação, permitindo a sua mensuração. Surgiu então a Lei de Fechner‑Weber. Tal lei
teve grande importância para a história da Psicologia porque instaurou a possibilidade do fenômeno
psicológico, o que era visto como impossível até então.
A Psicologia moderna surgiu na Alemanha no final do século XIX com Wundt (1832‑1920), Weber
e Fechner, que juntos trabalharam na Universidade de Leipzig. A eles se juntaram outros estudiosos: o
inglês Titchner (1867‑1927) e o americano William James (1842‑1910).
Apesar de nascer na Alemanha, foi nos Estados Unidos que a Psicologia encontrou um campo fértil
para o seu desenvolvimento, devido ao grande avanço econômico que colocou a América do Norte na
vanguarda do capitalismo. A partir disso surgiram as primeiras escolas em Psicologia, as quais deram
origem às inúmeras teorias existentes até os dias de hoje. Elas foram as seguintes escolas:
15
Unidade I
Cada uma dessas teorias apresenta um enfoque diferente para a compreensão do comportamento
humano. O behaviorismo nega a consciência e observa o comportamento como resultado do mundo
que rodeia a pessoa. Tanto o que podemos considerar como bom ou não bom na pessoa será resultado
do mundo que a cerca. A gestalt também não considera a consciência, mas, entre outros aspectos, a
percepção da pessoa sobre o mundo que a cerca e os estímulos que recebe. Já a psicanálise resgata
para a Psicologia os aspectos da consciência. Freud um escreveu extenso trabalho sobre os estudos que
realizou nesta área, os quais estaremos estudando em capítulos mais adiante.
Concluímos aqui esse breve histórico da Psicologia. Temos certeza de que esse conhecimento trouxe
para você a base necessária para a compreensão dos temas que estaremos abordando neste livro‑texto.
Lembrete
Conhecer o ser humano em todas as suas dimensões, tanto física como psicologicamente, além
dos aspectos cognitivos e sociais, ajudará você a reconhecer que, ao adoecer fisicamente, a pessoa terá
alterado todos os aspectos da sua existência, pois o homem deve ser considerado e compreendido em
todas as dimensões e sua interação no mundo.
Estar tecnicamente preparado não é o suficiente para que o profissional se relacione bem com o
seu paciente. A técnica é importante, fundamental para que os resultados sejam positivos, mas toda a
técnica será insuficiente se o relacionamento entre o fisioterapeuta e o paciente não for adequada.
16
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Considerando que o trabalho do fisioterapeuta exige o uso das mãos, o tocar o outro, podemos
afirmar que, apesar da ética e dos cuidados que o profissional usa para esse tipo de procedimento, o
tocar pode desencadear reações negativas ou positivas no paciente, pois nem todas as pessoas recebem
e sentem da mesma forma essa proximidade física.
É importante lembrar que a pessoa só chega até o profissional porque algo não está bem com ela. É
isso que a faz procurar pelo profissional ou ser encaminhada até ele. Vamos entender um pouco sobre
o significado do adoecer:
Entretanto, além dos aspectos físicos e dos métodos que a medicina utiliza para determinar se
a pessoa está doente ou não, temos que considerar também os aspectos psicológicos, as reações
emocionais diante do adoecer. E sobre isso temos a seguinte explanação:
Quando a pessoa doente não tem clareza sobre a doença que tem e nem dos
recursos de que dispõe para enfrentá‑la, o medo pode tornar‑se extremo,
e isso, certamente, interferirá no curso do tratamento (ROTH, 2002, pp.
130‑131).
Podemos afirmar que sempre haverá um sofrimento psíquico no adoecer, pois a incerteza pelo
amanhã e o medo são condições inerentes nesse contexto, conforme exposto pela autora.
Com certeza, para todo esse conhecimento e também para o trabalho a ser realizado, o diálogo entre
o profissional e a pessoa doente será fundamental, pois ajudará a amenizar a situação estimulando a
confiança da pessoa no profissional, bem como a autoconfiança.
Assim, não é possível estabelecer o sucesso do tratamento sem antes conhecer a pessoa, o diagnóstico
das causas que levaram o indivíduo para o tratamento (curativo ou paliativo). É importante também
conhecer as expectativas da pessoa que receberá o tratamento, seu estado emocional diante da doença,
seu grau de ansiedade e avaliar que tipo de relação o paciente tem consigo mesmo e com os outros.
É necessário que se estabeleça uma relação de confiança e ajuda mútua entre o fisioterapeuta e o
paciente, para que o ideal do tratamento seja conseguido e para que a pessoa se sinta cuidada.
Sobre o cuidar, vamos entender o que coloca Callanhan (1993 apud Pessini, 2004, p.168):
Cuidar exige disponibilidade tanto de quem trata como de quem será tratado. Para tanto, vamos
entender como se formam as relações entre as pessoas por meio do vínculo.
O sucesso das relações entre as pessoas depende do entrosamento entre elas e isso só é possível se
houver um vínculo que garanta o entendimento e a comunicação.
O primeiro vínculo/apego que o ser humano estabelece em sua vida ocorre quando, ao nascer, é
recebido por alguém que, além de acolhê‑lo, o protege e cuida para que ele possa sobreviver.
Segundo alguns estudiosos do comportamento humano, todos os vínculos que são estabelecidos no
decorrer da vida estão baseados nessa primeira experiência, essa vivência primitiva.
Para melhor compreender, vamos às explicações de Papalia, Olds e Feldman (2006, p. 245):
18
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
O tema é tão importante, conforme os estudos realizados na área, que a qualidade das relações que a
pessoa estabelece com o mundo posteriormente está baseada nessas primeiras experiências. As mesmas
autoras escrevem:
É necessário atenção para que possamos entender as dificuldades que muitas vezes a pessoa
em tratamento apresenta e que não necessariamente estão focadas na pessoa do terapeuta.
Continuando nosso tema sobre a relação profissional‑cliente, vamos avaliar outros aspectos das
relações interpessoais.
Neste item utilizaremos a conceituação de empatia como base fundamental para as reflexões críticas
posteriores, já que ao denotar conhecimento científico faz‑se necessária a vertente da fundamentação
teórica. Devemos reportar a empatia no processo de comunicação interpessoal.
Essa definição é utilizada por vários pesquisadores, já que a empatia é definida como a forma citada,
ou seja, a capacidade para reconhecer ou compreender o estado de espírito ou a emoção da outra pessoa.
19
Unidade I
Dessa forma, o profissional necessita sentir empatia pela pessoa doente e que necessita do seu
atendimento; ser solidário ao seu sofrimento não significa abster‑se das manobras do seu trabalho e
muitas vezes é inerente ao seu trabalho.
Observação
Para que a empatia possa acontecer, é necessário que haja uma comunicação eficiente entre o
profissional e a pessoa que necessita dos seus cuidados, pois sem ela toda informação poderá ser mal
compreendida ou distorcida.
Para melhor compreensão, vamos definir o que é comunicação. Embora o saibamos, pois estamos
sempre nos comunicando, é necessário entender o seu significado, já que para este estudo entende‑se
comunicação como a ação em comum, ou seja, ação visando à proximidade com o outro, caminhar sobre
a mesma perspectiva. No Dicionário de Psicologia (PIÉRON, 1978, p. 86) encontramos: “[...] transmissão
de informação. A teoria da informação emprega a linguagem das comunicações”.
Nesse contexto, é importante considerarmos que a informação pode ser transmitida tanto
verbalmente como a partir de outros meios, ou seja, existe a linguagem verbal que habitualmente
utilizamos para nos comunicar e há também a não verbal.
Conforme define Silva (2002), esse tipo de comunicação não está associada às palavras e ocorre por
meio de gestos, silêncio, expressões faciais, postura corporal etc. A autora apresenta ainda um estudo
realizado sobre a comunicação, no qual:
20
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Neste sentido, é preciso estar atento para que a comunicação não verbal não seja mal interpretada
ou distorcida pela outra pessoa, o que poderá trazer transtornos na relação profissional‑paciente.
Procure fazer o exercício de observar quando alguém conversa com você, perceba se a expressão
facial ou corporal, por exemplo, corresponde àquilo que a pessoa está falando. Note, por exemplo, se a
pessoa está tensa ou descontraída e como é a expressão do seu rosto.
Esse é um exercício muito interessante e pode nos ajudar na construção de uma boa relação com a
pessoa doente, entendendo seu momento e seu sofrimento.
Mas há também outros aspectos a serem considerados na relação entre as pessoas, pois,
além da formação do vínculo e da empatia, é importante estar atento à relação de transferência e
contratransferência.
Embora seja um termo usado pela psicanálise de Freud, transferência e contratransferência não
surgiram dessa teoria e são usadas também por outras e em diferentes contextos das relações entre as
pessoas. Vamos à sua definição:
Conforme explica a autora, na transferência positiva o profissional terá menos com o que se
preocupar em sua relação com o paciente do que na transferência negativa, pois nesse caso o sucesso
do tratamento poderá ficar comprometido, já que a pessoa em tratamento terá um olhar negativo para
tudo o que o profissional possa estar realizando com ela. É importante estar atento e procurar avaliar o
tipo de comportamento manifestado pela pessoa. Sobre a contratransferência, Martins (2004) explica:
Como podemos ver, as relações interpessoais são bem mais complexas do que poderíamos avaliar.
Assim, podemos afirmar que o sucesso ou não do tratamento estão baseados nessas relações e, conforme
colocado inicialmente, toda técnica e conhecimento científico por parte do profissional não garantem
o sucesso final do seu trabalho.
Para chegar à empatia é necessário percorrer um caminho em que as relações estejam calcadas no
autoconhecimento e no conhecimento do outro. Desse modo, dando continuidade aos nossos estudos,
passaremos para algumas explanações sobre o autoconhecimento.
22
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Para que possamos contextualizar o tema ao trabalho do profissional e sua relação com o cliente,
é necessário compreender que, como a própria palavra esclarece, autoconhecimento é conhecer a si
mesmo em todas as suas dimensões e potencialidades.
Embora pareça simples, é preciso entender que para que a pessoa chegue a ter o conhecimento de
si mesma é necessária a consciência daquilo que ela construiu sobre si mesma, durante todo o percurso
da sua existência até o presente momento.
A importância do autoconhecimento leva a pessoa àquilo que ela acredita para si mesma, pois o
sucesso tanto nas relações como nos ideais que a pessoa estabelece para sua vida está baseado no
conhecimento de si mesma e do seu potencial para atingir o que estabelece como meta.
Como vemos, o sucesso da pessoa está calcado no autoconhecimento, tendo em vista que,
conforme as autoras afirmam, quando o sujeito conhece a si mesmo e aquilo que ele é com todas as
suas características, irá se projetar para o que planeja e acredita para a sua vida, tanto pessoal quanto
profissional.
Vamos à definição do autoconceito conforme James (1968 apud Beraquet et al., 2004, p. 106):
Para concluir nosso tema, ressaltamos que para a pessoa obter o autoconhecimento é necessário
que, no decorrer do seu desenvolvimento, ela construa o autoconceito, ou seja, o conceito que ela
tem de si mesma, integrando na mesma perspectiva a maneira como ela se vê, a imagem que ela
23
Unidade I
projeta socialmente e que tudo esteja coerente com a imagem idealizada. Todas as pessoas têm em si a
percepção de como ela é; assim, todas essas dimensões, o autoconhecimento e o autoconceito devem
estar coesas com a autoestima, tema esse que veremos mais adiante.
Exemplo de aplicação
Realize uma reflexão sobre como você se vê e como anda o seu autoconhecimento e o autoconceito.
Posteriormente, observe as pessoas que o rodeiam e tente perceber como elas se comportam de
acordo com o que estudamos. Este é um exercício que o ajudará a ampliar o seu relacionamento
interpessoal e o seu desenvolvimento profissional.
Para iniciarmos nosso estudo sobre o adoecer, é necessário pensarmos sobre o que é exatamente
adoecer; afinal, até que a pessoa tenha um diagnóstico médico, ela pode sentir‑se doente e apresentar
sintomas, mas somente após a avaliação de um especialista será possível afirmar que há uma doença.
Observação
Para deixar claro o trabalho que vamos desenvolver, vamos definir que trataremos do tema a partir
da confirmação de que se a pessoa está com diagnóstico médico confirmado, ela está doente.
A partir disso, vamos conhecer os mecanismos psicológicos que são desencadeados na pessoa e,
consequentemente, na família; afinal, quando um membro da família adoece, a família também será
afetada de alguma forma.
De acordo com Potter e Perry (2009), doença é um estado no qual o funcionamento físico, emocional,
intelectual, social, do desenvolvimento ou espiritual de uma pessoa está reduzido ou deteriorado em
comparação com experiencia anterior. A partir da colocação das autoras, podemos entender que o
adoecer não é apenas algo físico, mas também psíquico e cognitivo, afetando também as relações da
pessoa com o seu meio.·
Partindo da definição de doença propriamente, vamos entender quais os tipos em que ela pode se
apresentar:
24
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
• Doenças agudas: geralmente são de curta duração e não necessariamente são graves. Uma
virose, por exemplo, pode desencadear uma doença aguda, mas sendo adequadamente tratada,
em poucos dias a pessoa retorna ao seu cotidiano. Outro exemplo é quando a pessoa sofre uma
fratura ou necessita de certo tempo para se recuperar.
• Doença crônica: são aquelas que normalmente se desenvolvem lentamente e que duram
acima de seis meses. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças
crônicas são as principais causas de morte e incapacidade no mundo” (Fonte: <http://
www.min‑saude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/doencas/doencas+cronicas/
doencascronicas.htm>). Como exemplo de doenças crônicas, podemos citar a hipertensão
arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e muitas outras.
É evidente que a doença crônica acaba sendo mais preocupante e causa maior transtorno na vida
da pessoa, mas adoecer é sempre algo sentido como uma ameaça à vida, pois a partir do momento em
que alguém sabe que está doente, seja um problema agudo ou crônico, poderá haver sentimentos de
impotência diante do adoecer e até desesperança em relação à vida.
Lembrete
Conforme coloca o autor, a partir do diagnóstico de uma doença a pessoa não consegue conduzir
sua vida da mesma forma como até então o fez, e mecanismos psíquicos inconscientes serão acionados
na pessoa até que ela possa enfrentar ou não a nova realidade que se vislumbra.
Esses mecanismos citados pelo autor (negação, revolta, depressão e enfrentamento) podem ser
explicados da seguinte maneira:
• Negação: na posição de negação a pessoa pode agir como se a doença simplesmente não existisse,
ou então minimizar sua gravidade e adiar as providencias e cuidados necessários. De acordo com
Simonetti (2009), é o famoso “empurrar com a barriga”, deixando para amanhã a consulta com o
médico, a realização de determinado exame, o início do tratamento etc.
25
Unidade I
• Revolta: em geral é a fase mais difícil para o profissional, pois a pessoa, por estar doente,
mostra‑se inconformada com o que está vivendo e projeta sua frustração para o outro. Conforme
Simonetti (2009) a pessoa “cai na real”, enxerga a doença e enche‑se de uma revolta que pode ser
dirigida para qualquer lado: contra a doença, contra o médico que a comunica, contra a equipe
de enfermagem, contra si mesmo, contra a família, contra o mundo ou contra quem aparecer por
perto. O autor justifica tal comportamento afirmando que, quando uma pessoa adoece, ela perde
a liberdade e não pode mais agir como quer, tendo que fazer algo em relação à doença, gastando
seu tempo procurando tratamento ou então mudando hábitos de vida, e todos nós sabemos como
é irritante mudar nossos hábitos.
• Depressão: Kübler‑Ross (1996) considera este tipo de depressão como reativa, ou seja, é uma
reação emocional aos acontecimentos negativos pelas quais a pessoa está passando e pela perdas
que poderão ocorrer. A mesma autora o considera um momento importante e que ajudará na
aceitação do diagnóstico e do tratamento.
• Enfrentamento: nesta posição, a pessoa se sente fortalecida para enfrentar tudo o que está
acontecendo: a doença, o tratamento e até mesmo a morte, se for o caso. Simonetti (2009, p. 63)
define esta fase da seguinte maneira:
Outros mecanismos usados para o enfrentamento, além dos citados pelo autor, e que também
ocorrem a partir do diagnóstico de uma doença, são:
• regressão: mecanismo que ocorre, geralmente, em períodos de frustração. No caso da pessoa que
tem o diagnóstico de uma doença, é uma tentativa do sujeito de retornar a períodos anteriores
em que o problema atual não existia e as experiências eram mais prazerosas;
Conforme encontramos descrito por diversos autores, o tipo e a intensidade das reações da pessoa
diante do adoecer irão variar de acordo com o diagnóstico da doença, com sua gravidade e também
com as características de personalidade da pessoa, pois cada uma irá enfrentar a situação de maneira
pessoal.
26
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Observação
A médica Elizabeth Kübler‑Ross (1926‑2004) foi pioneira no estudo sobre as reações emocionais
da pessoa com doença grave. Seu trabalho é fundamental para os profissionais que trabalham com
pacientes crônicos, graves e/ou sem possibilidade de tratamento, pois os ajuda na compreensão das
reações e dos comportamentos apresentados por esses pacientes.
São descritos por Kübler‑Ross como estágios de adaptação. A autora escreve que eles não se manifestam
seguindo uma ordem, podendo variar de acordo com o momento e a própria situação da pessoa.
• negação e isolamento: é mais observado no início, quando a pessoa recebe a notícia de sua
doença e da gravidade da situação. A frase mais comum nesse estágio é: “Não é possível, não é
comigo”. Outra reação esperada é a dúvida quanto à troca dos exames. Quanto ao isolamento,
isso ocorre como uma tentativa da pessoa fugir do sofrimento. Gradativamente, vai havendo a
aceitação parcial;
• raiva: quando não há como negar a situação e tudo é uma certeza, a reação será de raiva e
indignação. Aqui a frase comum é: “Com tanta gente ruim no mundo, por que isso foi acontecer
comigo? Afinal, sempre fui uma boa pessoa”. Nesse estágio a relação profissional‑paciente é difícil,
sendo importante a compreensão por parte dos profissionais. A raiva é sempre projetada para o
exterior, por meio de comportamentos agressivos;
• barganha: nesse momento a pessoa tenta negociar com Deus ou com o que ela acredita que
pode devolver‑lhe a condição anterior à doença. Há uma tentativa de “troca”: o importante é
resgatar a saúde e, para tanto, podem ser realizadas promessas ou sacrifícios. Tudo será válido
para que a doença regrida ou desapareça;
• depressão: aqui uma grande tristeza se abate sobre a pessoa. Há um desânimo, a vontade de ficar
em silêncio, e a pessoa lamenta para si as perdas que vem acumulando devido à doença e também
pela possibilidade da morte. É importante que a família e os profissionais estejam atentos para
que esse estágio não se estenda por longo tempo, pois trata‑se de um período de lamento, mas
que deve haver uma reação para que o próximo estágio aconteça;
• aceitação: é o último estágio descrito por Kübler‑Ross. Nesse momento, a pessoa conseguiu
superar os estágios anteriores, principalmente a depressão. É possível para a pessoa aceitar tanto
o tratamento como também a morte.
27
Unidade I
Concluindo, Kübler‑Ross afirma que em todos os estágios o sentimento de esperança sempre está
presente, mesmo quando a pessoa já está na aceitação, pois tal sentimento está voltado para a sua
recuperação e melhora. Enfim, é com a esperança que o profissional deve trabalhar junto ao paciente,
pois isso trará confiança no tratamento e aumentará a sua expectativa de vida.
Continuando nosso estudo sobre o adoecer, vamos conhecer duas situações que ocorrem nesse
período e que são importantes de serem identificadas pelo profissional, pois são fatores que podem
interferir no desenvolvimento do tratamento.
Saiba mais
Assista ao filme Um golpe do destino (The doctor). Nele, o Dr. Jack McKee
(William Hurt), um bem sucedido médico, recebe o diagnóstico de câncer. A
partir de então, passa a ver a medicina sob outra perspectiva.
Entretanto, apesar de toda mudança na rotina e dos projetos de vida interrompidos, há a necessidade
de enfrentamento desse universo desconhecido que agora a pessoa e a família passam a trilhar.
De acordo com Simonetti (2009), ao observamos com mais atenção e critério a pessoa doente,
vemos que a doença não lhe traz somente perdas; há também ganhos. A pessoa ganha mais atenção e
cuidados porque está doente. Continua o autor:
Podemos entender que os ganhos secundários são de certa forma compensações que a pessoa tem
e que só foram possíveis a partir da doença.
Até mesmo na criança, conforme Peçanha (2008), observa‑se o desejo de preservar ganhos
secundários, como a obtenção de maior atenção da mãe. A atenção, o carinho e outros ganhos materiais
que a pessoa pode ter a partir do adoecer parecem aparentemente interessantes, mas do ponto de vista
psicológico e da recuperação da pessoa eles podem representar algo negativo; afinal, para o paciente há
o medo de que tudo se perca depois da cura.
Outro aspecto do adoecer e que merece muita atenção por parte dos profissionais é a questão da
dor. Se adoecer é algo que transforma a vida da pessoa e da família, sentir dor é dificultar ainda mais o
sofrimento de quem a sente.
Ao mesmo tempo, a dor é um aviso, um alerta de que algo não está bem no organismo, pois quando
alguém a sente é recomendado que busque ajuda a fim de verificar qual é a sua causa.
A dor significa algum sentimento que machuca, fere. Pelo corpo há milhares
de terminações nervosas que reagem quando há algo errado nas suas
proximidades. A dor é um sinal de alerta que notifica a presença de perigo
ou ameaça à integridade do ser. Esses sinais são conduzidos pelos nervos
até o cérebro, que processa a informação recebida. Segundo a Associação
Internacional para o Estudo da Dor (Iasp), dor é definida pela “sensação
desagradável, subjetiva, relacionada a uma lesão real ou potencial, ou
descrita em termos de tal lesão” (ARANTES, 2008, pp. 287‑288).
Pela sua subjetividade, é muito difícil estabelecer o grau e a intensidade de uma dor sentida por outra
pessoa. Entretanto, apesar de sua subjetividade, a dor não é algo abstrato, conforme afirma Carvalho
(1999). De acordo com o autor, ela é sentida e precisa ser compreendida e respeitada na sua totalidade,
para assim poder ser tratada. As características da dor e suas variações podem se apresentar da seguinte
maneira:
29
Unidade I
• dor aguda: de acordo com diversos autores, a dor aguda é o desconforto que tem duração de
alguns segundos a menos de seis meses. Ela está associada ao trauma ou lesão tecidual, algum
processo inflamatório ou doenças. São exemplos: se machucar, lesão ou trauma muscular, situação
de pós‑operatório, entre outros;
• dor crônica: é o desconforto com duração superior a seis meses, podendo durar muitos anos.
Geralmente acompanha alguma doença ou está associada a uma lesão tratada. Como exemplo,
temos a fibromialgia, a artrite reumatoide, alguns tipos de câncer e outros tantos, inclusive a dor
fantasma. Como visto anteriormente, esta é a dor que ocorre na pessoa que teve um membro
amputado, mas continua sentido dores ou latejamento apesar de saber que o membro não mais
existe;
• dor recorrente: Carvalho (1999) escreve que a dor recorrente é também aguda, porque ocorre
em episódios de curta duração, mas tem uma característica crônica, já que se repete ao longo
de muito tempo (às vezes ao longo de quase uma vida) e não está claramente associada a uma
etiologia específica, tal como ocorre com as dores agudas e crônicas. O exemplo mais conhecido
de dor recorrente é a enxaqueca, na qual o paciente sofre de forte dor de cabeça intercalada por
períodos livres de qualquer dor.
30
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Figura 3 – O grito
Podemos ilustrar o sentimento da pessoa com dor crônica por meio da conhecida pintura de Edvard
Munch intitulada O grito. Nela, vemos a figura de uma pessoa em desespero, o que nos leva a pensar
sobre o sofrimento físico e psíquico da dor como algo imensurável. Logo, merece de todo profissional
cuidado e atenção na busca de melhor qualidade de vida para o doente, principalmente aquele com dor
crônica.
O assunto da dor é tão sério que diversos estudos são realizados a esse respeito. Seu acompanhamento
e tratamento exigem a participação de diversos profissionais num trabalho de equipe, em função do
alívio da dor.
É fundamental que sejam oferecidos todos os recursos possíveis para o alívio e que a pessoa nunca
seja banalizada em suas queixas, pois é comum a pessoa ter seu humor alterado e a própria percepção
da realidade se compromete diante de todo sofrimento que a dor provoca.
3 A formação da autoimagem
Para dar início ao tema sobre a autoimagem é necessário conhecer o seu significado, e como a
própria palavra determina, autoimagem é a imagem que a pessoa tem de si mesma.
Aparentemente parece ser algo simples e de fácil compreensão, e de fato seria se parássemos apenas
no significado da palavra. Ocorre que a autoimagem compreende algo maior e mais profundo, por se
tratar da relação que a pessoa estabelece com o seu corpo e consigo mesma.
E aí surge uma pergunta importante: será que a imagem que a pessoa tem si mesma corresponde
ao que ela realmente é? Seria essa imagem positiva ou negativa? Um exemplo da distorção que pode
ocorrer nesse interstício é o caso da pessoa que sofre de anorexia nervosa (AN). A percepção de si e a
31
Unidade I
realidade de como ela realmente é está tão distorcida e comprometida que em muitos casos a situação
pode ser fatal para a pessoa.
Inicialmente, vamos entender o significado da palavra imagem no seu sentido psicológico: ela pode
ser definida como o “[...] produto da transposição psíquica da percepção de um objeto externo ou
interno” (CABRAL; NICK, 2001, p. 150).
Podemos entender, de acordo com a definição dos autores, que imagem é algo que pode estar tanto
internamente em nós quanto ser algo externo, como é a autoimagem. Assim, temos a percepção de
como é nosso corpo, mas não há garantias de que tal imagem seja a mesma que as pessoas vêm. Assim,
podemos considerar a autoimagem como algo pessoal, singular.
[...] imagem corporal é a maneira pela qual nosso corpo aparece para nós
mesmos. É a representação mental do nosso próprio corpo. A abordagem
da imagem corporal incrementa a convergência de intervenções motoras
e psíquicas na busca do desenvolvimento da pessoa. A questão central se
refere ao cerne da identidade do ser humano.
Toda identidade pessoal é construída em consonância com a imagem corporal e abarca tudo aquilo
que a pessoa sente e percebe de si mesma.
Para melhor compreensão entre a autoimagem e a imagem corporal, citamos Silva (2006, p. 74), que
escreve que “a autoimagem é o que pensamos de nós mesmos e parte importante dela é nossa imagem
corporal”.
32
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Quando nos referimos à imagem corporal, estamos objetivamente discorrendo sobre o corpo físico,
e é sobre ele que a autoimagem, e consequentemente a imagem corporal, é construída.
Em casos em que a pessoa não consegue se perceber dentro de suas medidas reais, mesmo quando
o seu peso também está adequado, podemos dizer que está havendo uma distorção na autoimagem e
ela pode estar desenvolvendo a doença conhecida como anorexia.
Estar bem consigo mesmo e ter uma relação saudável com o próprio corpo é a essência para uma
vida com equilíbrio. A relação do sujeito com seu corpo é tão importante que Tavares (2003, p. 23)
escreve:
[...] percebemos o mundo e nós mesmos com nosso corpo. Nosso corpo carrega
a memória de nossa existência. Cada memória representa uma história de
relação com o mundo. Cada memória pode ser revivida, implicando uma
pequena mudança em nosso corpo. Percebemos com esse mesmo corpo que
se mostra aos outros. Ora nosso foco de percepção está no nosso corpo, ora
está no mundo externo. E esse movimento de expansão e recolhimento é
dimensionado pela nossa imagem corporal.
Como vemos, todo corpo carrega em si a história de uma existência, conforme podemos entender
daquilo que afirma a autora. No percurso do desenvolvimento humano e na própria trajetória da
existência, são deixadas inscritas no corpo as suas marcas.
Sobre a imagem corporal, de acordo com diversos autores, esse é o período considerado como o
mais crítico para o curso da formação da imagem corporal. As transformações corporais nessa fase
ocorrem de maneira muito rápida e na maior parte das vezes a maturidade psicológica e a mental não
acompanham as mudanças físicas.
Lembrete
O aumento da produção hormonal leva à maturação, fazendo com que surja um “novo corpo”, com
outra forma, um “novo rosto”, não mais de criança, mas de alguém que necessita se reconhecer e dele
se apoderar.
33
Unidade I
3.1 A autoestima
Entender o significado da autoestima é simples, basta sabermos que estima significa, de acordo com
o dicionário Michaelis (1998), o “[...] ato ou efeito de estimar. 2 Apreço, consideração. 3 Apreciação,
avaliação. 4 Afeição, amizade”.
Acompanhando o interesse do nosso estudo, podemos entender que autoestima é a estima, o apreço,
a apreciação, a afeição que a pessoa tem por si mesmo. Confirmando tal interpretação, Beraquet et al.
trazem a seguinte definição:
Podemos entender, a partir da citação das autoras, que há em todas as pessoas um potencial favorável
ou não para o desenvolvimento da autoestima, tendo em vista que a relação que a pessoa tem consigo
mesma pode ser de amor e afeto ou de desprezo e desprazer.
Podemos pensar, por exemplo, em uma pessoa com autoestima positiva. Com certeza ela enfrenta
as dificuldades com confiança e acredita que é possível superar as adversidades, mesmo quando elas
parecem intransponíveis.
Ao contrário, as pessoas com autoestima negativa encaram a vida como um fardo. Sua confiança é
inexistente e os problemas são encarados como impossíveis de serem superados.
Podemos afirmar que pessoas com baixa autoestima são aquelas que apresentam maior dificuldade
no relacionamento interpessoal. A crença na vida e no sucesso pessoal são metas inalcançáveis para
esse tipo de pessoa, pois o sentimento que os move é o de inferioridade, tanto com relação às pessoas
como consigo mesmo.
Todo profissional deve estar atento a pessoas que apresentam as características de baixa
autoestima, afinal, recuperar‑se pode representar algo que não condiz com o seu “merecimento”.
Desta forma, o tratamento pode arrastar‑se por muito tempo e dificilmente será sentido como
uma melhora significativa.
Iniciaremos nosso tema sobre a personalidade explicando cientificamente o seu significado, pois
encontramos comumente pessoas discutindo sobre esse tema e afirmando que determinada pessoa tem
personalidade fraca ou o contrário, que sua personalidade é forte.
Personalidade é uma palavra de origem latina, cujo significado é persona, e está na raiz de ressoar;
portanto, persona significa soar através de.
Para melhor compreensão é necessário pensar que aquilo que somos reflete em nossas ações e
naquilo que somos.
Este termo, entre todos os que a Psicologia moderna emprega, é, talvez, o que
tenha sofrido maior número de variações em seu significado. Allport (1937)
enumerou cinquenta acepções diferentes. O que personalidade representa
essencialmente é a noção de unidade integrativa de um ser humano, pelo
que inclui todo o conjunto de suas características (atributos) diferenciais
permanentes (constituição, temperamento, inteligência, caráter) e suas
modalidades específicas de comportamento. A definição dada por Sheldon,
inspirada nas definições de Warren e Allport, corresponde suficientemente
a essa noção: personalidade é a “organização dinâmica dos aspectos
cognitivos, afetivos, conativos, fisiológicos e morfológicos do indivíduo
(PIÉRON, 1978, p. 329).
Mesmo sendo estudada e definida por diferentes autores, podemos entender que personalidade
corresponde ao conjunto de características de uma pessoa, abrangendo todos os seus aspectos, como os
sentimentos, o comportamento e os pensamentos, fazendo o sujeito ser único e singular.
35
Unidade I
• aspectos inconscientes: forças que não estão na consciência imediata. Por exemplo,
poderíamos dizer ou fazer coisas para outras pessoas que nossos pais costumavam dizer ou
fazer para nós, sem nos darmos conta de estarmos motivados pelo desejo de ser semelhantes
a eles;
• forças do ego: que oferecem um sentimento de identidade ou self. Por exemplo, na maioria das
vezes nos esforçamos por manter um senso de domínio e consistência em nosso comportamento;
• biológico: como uma única natureza genética, física, fisiológica e temperamental. A espécie
humana vem evoluindo há milhões de anos e ainda assim cada um de nós é um sistema biológico
único;
• as pessoas são condicionadas e modeladas pelas experiências e pelo ambiente à sua volta. Ou
seja, as circunstâncias à nossa volta, às vezes, nos ensinam a responder de determinada forma,
possibilitando nosso crescimento em diversas culturas. A cultura é um aspecto fundamental na
determinação de quem somos;
• conjunto de habilidade e predisposição. Não há como negar que cada um de nós tem
determinadas capacidades e inclinações;
• dimensão espiritual em relação à própria vida, que os enobrece e os induz a ponderar sobre
o significado de sua existência. As pessoas não são meros robôs programados por computador;
a natureza do indivíduo é uma interação contínua entre a pessoa e determinado ambiente
(FRIEDMAN; SCHUSTACK, 2007, p. 2).
Podemos entender que é a interpretação e a influência de cada um desses fatores que formam a
personalidade da pessoa e, a partir da observação do comportamento humano, é que pesquisadores
escreveram as suas teorias.
Podemos afirmar que não há entre essas teorias aquela que melhor explique o desenvolvimento
da personalidade de uma pessoa. Cada uma delas possui sua importância, tendo em vista que as
abordagens se fundamentam em aspectos relevantes e trazem sua contribuição para a compreensão do
comportamento humano.
Além dos aspectos até aqui estudados sobre as influências na formação da personalidade e as teorias
que buscam explicações a respeito do comportamento humano, há também outras influências, como a
as relações da pessoa com o seu meio familiar desde o seu nascimento.
Nesse sentido, encontramos a teoria do vínculo ou vinculação, que estuda sobre as primeiras relações
do bebê com o seu cuidador principal, seja ela a mãe ou a pessoa que a substitua.
37
Unidade I
De acordo com estudiosos, para que haja um vínculo positivo da pessoa com o mundo, é necessário
que suas primeiras relações com o meio tenham sido desenvolvidas em uma base segura, que fará com
que a criança sinta que o mundo é um lugar confiável. Nesse sentido, é fundamental o estudo da teoria
do apego, que tem seu campo de pesquisa nessas relações.
38
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
[...] o termo vínculo às vezes é usado como sinônimo de apego, mas os dois
são fenômenos diferentes. O vínculo diz respeito aos sentimentos da mãe
para com seu bebê. As mães, em grande parte, não precisam de seus bebês
como fonte de segurança, como no caso do comportamento de apego.
Muitas pesquisas revelam que o vínculo ocorre quando há contato de pele
entre os dois ou quando outros tipos de contato são feitos, como pela voz
ou pelo olhar. Alguns pesquisadores concluíram que a mãe que tem contato
de pele com seu bebê imediatamente após o nascimento apresenta um
padrão de vínculo mais forte e pode proporcionar um cuidado com mais
atenção do que aquela que não teve essa experiência (KAPLAN; SADOCK;
GREBB, 2007, p. 164).
Podemos concluir que para que a pessoa desenvolva uma personalidade saudável, é necessário que
exista uma pessoa, não necessariamente a mãe biológica, mas alguém que sirva de apoio oferecendo
confiança desde o seu nascimento.
Para que o desenvolvimento ocorra da maneira como explicam os autores, existem algumas etapas
que devem ser vencidas pelo bebê na sua relação com a mãe ou cuidador. Tais etapas são divididas por
Bowlby e apresentadas por Kaplan, Sadock e Grebb da seguinte maneira:
Podemos concluir que a formação de uma personalidade saudável exige uma série de etapas e
assimilações por parte da pessoa. A teoria do apego, a formação do vínculo, a influência dos fatores,
todos são aspectos fundamentais nesse desenvolvimento.
39
Unidade I
Para tratarmos do tema sobre a ambivalência e sua importância para a formação da personalidade,
vamos entender o que significa ambivalência. Cabral e Nick (2006, p. 18) escrevem que se trata do:
Nesse momento irão ocorrer sentimentos de medo e insegurança pela figura perdida. A criança
normalmente chora, mas se houver vínculo seguro ela irá gradativamente percebendo que sua mãe
estará de volta depois de algum tempo. Em situações como esta os sentimentos se alternam, mas deve
prevalecer a confiança, garantindo o desenvolvimento psíquico saudável da criança.
Diante de situações de frustrações também podemos observar que os sentimentos se alternam, num
misto de desejo e repulsa, amor e ódio, prazer e desprazer. Todas essas experiências provocam emoções
e para a criança ainda em desenvolvimento será de fundamental importância aquilo que ela introjetar
dentro de si. É necessário avaliar quais os sentimentos que irão prevalecer.
Afinal, o mundo e o meio em que os seres humanos vivem oferece sempre situações das mais
diversas e nem sempre é possível sentir‑se realizado.
Quando nos referimos à personalidade de uma pessoa, habitualmente usamos adjetivos para designar
suas características. Falamos que uma pessoa é agressiva, ambiciosa ou calma, por exemplo. Há uma
40
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
infinidade de termos que podem ser usados para definir alguém, mas todos eles sinalizam características
coerentes com comportamentos esperados, que podem incomodar em determinados momentos, mas
que não irão interferir na dinâmica do ambiente com o qual ela convive.
Os critérios que irão determinar o diagnóstico dos transtornos de personalidade estão descritos no
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental
Disorders – DSM‑IV‑TR), elaborado pelos psiquiatras da Associação de Psiquiatria Norte‑Americana.
41
Unidade I
Com base no DSM‑IV‑TR, Kaplan, Sadock e Grebb (2007, pp. 856‑870), apresentam as características
dos transtornos de personalidade que veremos a seguir:
A partir das descrições apresentadas, é importante considerar que cada uma das características dos
transtornos da personalidade são uma referência para o diagnóstico da psicopatologia apresentada,
sendo muito importante uma avaliação criteriosa para se estabelecer o diagnóstico. Tão importante
43
Unidade I
quanto a avaliação da pessoa é o cuidado com a família, pois toda doença, tanto física como psíquica,
afeta também o ambiente onde a pessoa vive.
Observação
Como estudamos anteriormente, a Psicologia é uma ciência que tem como objetivo estudar o
comportamento humano. Assim, vimos que ela se baseia em estudos de diversos autores que se debruçaram
na análise de determinados aspectos da pessoa, a fim de entender suas reações e comportamentos.
A partir de profundas análises, o trabalho foi tomando corpo e acabaram resultando em teorias
psicológicas, a respeito das quais passamos a discorrer.
Embora já tenhamos citado os trabalhos de Sigmund Freud, vamos nesse momento conhecer as
bases de sua teoria, que recebeu o nome de psicanálise.
Desenvolvida por Freud, seu método de estudo sobre o comportamento humano surgiu a partir
das observações e investigações como médico psiquiatra. Conforme Bock, Furtado e Teixeira (1999), a
teoria caracteriza‑se por um conjunto de conhecimentos sistematizados sobre o funcionamento da vida
psíquica. O método de investigação usado por Freud caracteriza‑se pelo método interpretativo, que tem
como objetivo buscar o significado oculto daquilo que é manifestado por meio de ações e palavras ou
por meio das produções imaginárias, como os sonhos e os delírios.
Saiba mais
44
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Freud produziu uma ampla obra sobre o desenvolvimento da mente humana com base no inconsciente.
Em 1900, escreveu sobre a estrutura do aparelho psíquico, que segundo ele refere‑se a três sistemas ou
instâncias psíquicas, divididas em inconsciente, pré‑consciente e consciente. Entre os anos de 1920 e
1923, reformulou este trabalho, chamando‑o de Segunda teoria do aparelho psíquico. Conforme Bock,
Furtado e Teixeira (1999, p. 77), tal trabalho se apresenta do seguinte modo:
45
Unidade I
Ao se referir ao princípio do prazer, Freud afirma que o homem sempre busca, por meio do id
(inconsciente), o prazer pela satisfação dos instintos. Ao mesmo tempo, o ego (consciência) tem que
realizar a regulação, que é não permitir que todos os prazeres sejam satisfeitos, visto que isso seria
também impossível – mesmo porque há o superego, que não permite que todos os desejos sejam
realizados, agindo como uma força moral.
Nesse conflito que se instala, já que o ego parece pressionado tanto pelo id como pelo superego,
Freud vai buscar nos mecanismos de defesa do ego os recursos para que essa pressão seja “resolvida”.
No caso, o ego usa de tais mecanismos de modo inconsciente, ou seja, independente de sua vontade. Os
principais mecanismos são:
• reacalque: neste caso, o indivíduo “não vê” e “não ouve” o que aconteceu, existindo uma supressão
da realidade. No recalque, a percepção da pessoa sofre uma distorção. Por exemplo: ao ler um
documento, a pessoa “não vê” algumas palavras ou frases, comprometendo sua compreensão ou
lendo apenas aquilo que ela gostaria que estivesse ali;
• formação reativa: no caso, o ego afasta o desejo real para uma direção oposta. Um exemplo é o
excesso de atenção, a superproteção. De acordo com Freud, o desejo é exatamente inverso daquilo
que a pessoa demonstra;
• regressão: é o retono a etapas anteriores ao do desenvolvimento atual. Por exemplo, quando uma
pessoa adoece, ela pode apresentar um comportamento que não condiz com a sua idade, ficando
mais infantilizada;
• projeção: conforme explicam Bock, Furtado e Teixeira (1999, p. 79), é uma confluência de
distorções do mundo externo e interno. A pessoa projeta algo que é do seu interior e que ela não
reconhece como sendo seu para outra pessoa, por exemplo;
46
Psicologia Aplicada à Fisioterapia
Essa foi uma apresentação básica sobre a teoria de Freud. Em outro momento do nosso estudo
discorreremos sobre as etapas do desenvolvimento humano e voltaremos a discutir o seu trabalho.
Passaremos agora a estudar sobre outro teórico importante para a Psicologia e para a compreensão da
Psicologia humana.
Jean Piaget (1896‑1980), biólogo, iniciou seu trabalho na área da Educação observando a interação
dos seus filhos com o meio. Ele percebeu que as crianças possuem uma forma particular de pensar e
aprender, ocupando‑se em estudar de que maneira se desenvolve a inteligência – o que resultou em um
extenso trabalho.
Figura 8
Para Piaget, o conhecimento construído pelo homem é resultado do seu esforço de compreender e
dar significado ao mundo. O autor escreve que:
Por entender o desenvolvimento como construção, Piaget escreve as etapas nas quais o conhecimento
é construído, sempre de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento da criança.
Todo conhecimento tem início a partir do nascimento do bebê e se estende até a vida adulta.
Piaget usou o modelo biológico para explicar o desenvolvimento intelectual, afirmando que o homem
caminha na busca entre suas necessidades biológicas de sobrevivência e as restrições do ambiente para
a satisfação de tais necessidades. Nessa relação ocorre a organização, que é a capacidade que permite
ao sujeito ter condutas eficientes para atender às suas necessidades, consequentemente levando‑o a
uma adaptação.
47
Unidade I
Assim, conforme a criança vai se desenvolvendo física e intelectualmente, ela vai passando por
diversos estágios que caracterizam a sua relação com o meio ambiente. Bock, Furtado e Teixeira (1999)
afirmam que cada período do desenvolvimento é caracterizado por aquilo de melhor que o indivíduo
consegue fazer naquela faixa etária (p. 101).
Mais adiante detalharemos os períodos do desenvolvimento escritos por Piaget. Por enquanto,
iremos apenas citá‑los:
As pesquisas realizadas por Piaget resultaram em amplo trabalho e farto material, servindo até
os dias de hoje como referência para outros autores da área da Educação, como Emília Ferreiro, que
aprofundou‑se no estudo da aprendizagem da escrita pela criança.
Erick Erickson (1902‑1994), médico psiquiatra, desenvolveu sua teoria partindo do aprofundamento
da teoria psicossexual de Freud, mas rejeitando que se explique a personalidade apenas com base na
sexualidade. Erickson acreditava na importância da infância para o desenvolvimento da personalidade,
mas para ele a personalidade continua a se desenvolver além dos cinco anos de idade, o que o diferencia
também de outros teóricos.
Em seu trabalho, Erickson propõe oito estágios do desenvolvimento psicossocial pelos quais um ser
humano em desenvolvimento saudável deve passar da infância para a idade adulta e, posteriormente,
quando idoso.
De acordo com o autor, é importante que cada fase do desenvolvimento seja bem resolvida
para que a fase seguinte possa ser superada sem problemas. O desenvolvimento acontece de
maneira crescente e sequencial, e quando algo não acontece da maneira esperada, podemos
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Psicologia Aplicada à Fisioterapia
pensar que há uma tendência de, na fase seguinte, aquilo interferir negativamente ou ocorrer o
seu oposto.
Assim como Piaget, Erickson concluiu que o desenvolvimento da criança não dever ser apressado, pois
é importante que se dê a ela o tempo necessário para cada fase, já que cada uma é fundamental para a
saúde mental. Isso significa dizer que apressar o desenvolvimento da criança pode trazer consequências
emocionais para a sua vida futura.
Assim como as teorias anteriormente apresentadas, esta também será detalhada mais adiante neste
livro‑texto.
Os estudos de Gesell apontam para outros aspectos do desenvolvimento que até então haviam sido
pouco valorizados, tendo em vista que para ele a integração dos fatores genéticos, o sistema nervoso
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Unidade I
e o social estão intrinsecamente ligados, relacionados para o desenvolvimento do indivíduo. Daí seus
estudos apontarem para quatro dimensões de conduta do desenvolvimento, sendo elas: motora, verbal,
adaptativa e social.
Para que possamos entender o desenvolvimento a partir da perspectiva de Gessel, Berns (2002, p. 9)
explica:
A importância dos trabalhos de Gesell está extamente na compreensão que ele oferece do
comportamento motor da criança, o qual detalharemos mais adiante, quando serão apresentadas as
características de cada idade.
Conhecida também como teoria behaviorista ou experimental, teve seu início nos Estados Unidos
com John Watson (1878‑1958).
Como estudioso do comportamento humano, Watson defendeu a ideia de que a Psicologia deveria
se ocupar apenas dos comportamentos possíveis de serem observados e medidos. Tais ideais foram ao
encontro daquilo que muitos psicólogos da época procuravam, visto que até então a Psicologia era
apenas subjetiva e vinculada às tradições filosóficas.
Como sabemos, para que um estudo se torne científico é necessário que alguns critérios rigorosos
sejam cumpridos, e a dificuldade da Psicologia estava exatamente em cumprir tais critérios, devido à
sua subjetividade.
Watson apresentou seus estudos defendendo uma perspectiva funcionalista para a Psicologia, ou
seja, o estudo do comportamento em função de certas variáveis do meio. Isso significa que, de acordo
com os estímulos que o organismo recebe, haverá uma determinada resposta, porque o organismo se
ajusta ao ambiente por meio da hereditariedade e pela formação de hábitos (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
1999).
Watson tentava construir uma Psicologia livre de conceitos mentalistas e da subjetividade, sem alma
e sem mente, com capacidade de prever e controlar o comportamento.
Sobre a evolução da teoria comportamental, Bock, Furtado e Teixeira (1999, pp. 46‑47) escrevem:
Podemos entender que, com o passar do tempo, a teoria foi tomando corpo e aprimorando suas
descobertas científicas.
Assim, tendo em vista que o objeto de estudo estava centrado no comportamento do indivíduo, a
partir de observações os estudiosos chegaram aos termos resposta e estímulo, o que significa dizer que
o homem é resultado do ambiente onde ele está inserido: ele responde aos estímulos que recebe do seu
meio, mas ao mesmo tempo é ele quem faz o ambiente; portanto, o indivíduo tem uma ação sobre ele.
•
comportamento respondente: conhecido também como
comportamento reflexo. São todas as respostas que ocorrem
na interação estímulo‑resposta e são incondicionadas, ou seja,
o sujeito não tem controle sobre o seu comportamento quando
recebe determinado estímulo. Por exemplo, quando estamos em um
ambiente onde há a incidência de uma luz forte, nossos olhos irão
controlar a entrada de luz através do “retraimento” ou diminuição
das pupilas. Existe uma infinidade de situações às quais somos
expostos e reagimos independentemente da nossa vontade ou
controle, ou seja, não estamos condicionados a responder desta
ou daquela maneira quando recebemos o estímulo. Isso significa
que o comportamento respondente independe de aprendizagem
para que ele ocorra;
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Unidade I
Concluindo, vemos que há outras teorias que se debruçaram no estudo sobre o desenvolvimento
humano, mas nos ativemos àquelas que estarão servindo de base para a compreensão do indivíduo a
partir dos objetivos propostos na disciplina de Psicologia Aplicada à Fisioterapia.
Resumo
Muitas vezes a doença traz consigo, além das dores psíquicas, as dores
físicas, que podem ser divididas em aguda, que tem curta duração, crônica,
com duração acima de seis meses, ou recorrente, com episódios de curta
duração, mas que possui as características da dor crônica.
Exercícios
Após alguns minutos, Mauro é chamado e relata ao médico os motivos de sua ida até lá:
— Doutor, como todo final de semana, fui com os amigos para um joguinho de futebol. Sempre
gostei do esporte e, apesar de estar com 48 anos, não abro mão dessa atividade, já que trabalho a
semana toda e levo uma vida muito sedentária. Acontece que no último sábado perdi o equilíbrio
enquanto corria no campo atrás da bola e cai. Desde então estou com muita dor na perna e no ombro.
Não estou aguentando andar e não suporto mais tanta dor.
Após solicitar alguns exames, o médico diagnosticou uma lesão muscular, receitou algumas
medicações e dispensou Mauro, recomendando que ele se não se sentisse melhor até os próximos dias,
retornasse.
— Doutor, tenho 38 anos e faço tratamento há um ano porque sou portador do vírus HIV (vírus de
imunodeficiência). Eventualmente sinto náuseas e não consigo ir para o trabalho porque sinto fortes
dores de cabeça. Acho que é enxaqueca, pois de tempos em tempos tenho tido essa dor. O médico
conversa com Luciano, prescreve as medicações de acordo com suas queixas e o orienta para que procure
o ambulatório de especialidade, visto que Luciano já faz acompanhamento lá.
De acordo com os relatos, identifique qual o tipo de dor que cada um dos personagens apresenta e
também a característica da doença de cada um.
A) Tanto Mauro como Luciano apresentam o mesmo tipo de dor, que é aguda. Embora as queixas
sejam diferentes, ambos também apresentam o mesmo tipo de doença, que é crônica.
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Psicologia Aplicada à Fisioterapia
B) Mauro apresenta sintomas de doença aguda e suas dores têm características de dor crônica. Já
Luciano apresenta uma doença aguda e dores crônicas.
C) Toda queixa apresentada por Mauro traz características de dor aguda e seu diagnóstico é de
doença crônica. As queixas de Luciano são de dor crônica e sua doença é crônica.
D) As características das dores de Mauro são de dor aguda e seu diagnóstico é de doença aguda.
Mauro apresenta o diagnóstico de dor recorrente e o diagnóstico é de doença crônica.
E) Pelas características dos sintomas, Mauro apresenta uma doença crônica e suas dores podem ser
classificadas como recorrentes. Luciano tem o diagnóstico de uma doença também crônica e suas
dores têm características de aguda.
A) Alternativa incorreta.
Justificativa: assim como o tipo de doença, as características das dores descritas por cada um dos
personagens são diferentes, o que não condiz com o que se afirma na alternativa.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: a característica das queixas de Mauro é de dor aguda, mas ao contrário do que se afirma
na alternativa, sua doença não é crônica, e sim aguda. Luciano, por sua vez, apresenta o diagnóstico de
doença crônica e sua dor é recorrente, inviabilizando a alternativa.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: as características das queixas apresentadas por Mauro são de doença e dor agudas; já
Luciano apresenta o diagnóstico de doença crônica, mas sua dor é recorrente, visto que a enxaqueca
não é uma dor constante (crônica), mas se repete de tempos em tempos.
D) Alternativa correta.
Justificativa: Mauro apresenta dor aguda, pois ela se caracteriza pelo desconforto, tem duração de
alguns segundos e menos de seis meses. Geralmente está associada a algum trauma ou lesão tecidual.
Com relação ao diagnóstico que recebeu, também é do tipo agudo, pois é um problema que em pouco
tempo estará sanado. Luciano apresenta dor recorrente, pois de acordo com as características da dor
da enxaqueca, ela ocorre em episódios de curta duração mas se repete ao longo de muito tempo. Por
ser portador do vírus de imunodeficiência, Luciano tem o diagnóstico de uma doença crônica, que se
caracteriza por seu desenvolvimento lento e duração acima de seis meses.
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Unidade I
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: a dor apresenta por Mauro não é recorrente, conforme se afirma na alternativa, bem
como seu diagnóstico não apresenta as características de doença crônica. Já no caso de Luciano, embora
ele tenha diagnóstico de doença crônica, sua dor não é aguda, mas recorrente.
Tabela 1
Agora, relacione a coluna numérica (das características das teorias) com a alfabética (dos autores) e
assinale a alternativa que traz a sequência correta:
A) Alternativa incorreta.
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Psicologia Aplicada à Fisioterapia
B) Alternativa correta.
C) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora a afirmação sobre Sigmund Freud esteja correta, as demais estão invertidas.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: embora a afirmação sobre Erick Erickson esteja correta, as demais estão invertidas.
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