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654/18
1
MENDES, Glimar Ferreira; COELHO, Inocêncio Martires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de
Direito Constitucional. Sã o Paulo: Saraiva, 2009, p. 141.
1
Nacional. Contudo, os documentos disponibilizados no endereço eletrô nico do
Senado demonstram o contrá rio.
Altera o Código Penal para prever aumento de pena para o crime de roubo praticado
com o emprego de arma de fogo ou de explosivo ou artefato análogo que cause
perigo comum.
2
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=585251&disposition=inline. Acessado
em 06.06.18.
2
Ou seja, desde o início da tramitaçã o foi prevista a supressã o dessa
causa de aumento.
Mas nã o é só .
3
Todos os textos ilustrados nas letras abaixo foram retirados de
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/120274. Acessado em 06.06.18,
4
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=3599802&disposition=inline. Acessado
em 06.06.18.
5
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=3599811&disposition=inline. Acessado
em 06.06.18.
3
C – Em 08/11/17 foi apresentada uma emenda aditiva ao projeto. Foi mantido o
texto inicial, já ilustrado nesta peça. Todavia, a ele foram acrescentadas, (e nã o
modificadas) outras previsõ es, diversas e nã o conflitantes com a redaçã o original
(houve adiçã o quanto ao furto e mais um inciso para o roubo circunstanciado) 6;
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=7275778&disposition=inline. Acessado
em 06.06.18.
8
http://legis.senado.leg.br/diarios/BuscaDiario?
tipDiario=1&datDiario=10/11/2017&paginaDireta=00133. Acessado em 06.06.18.
4
endereço eletrô nico dessa Casa demonstrou. Afinal, o texto publicado nã o condiz
com o tramitado.
9
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2163149;
http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=23FC1CD981DBB9B
D5F241C41E916CAF1.proposicoesWebExterno2?codteor=1642561&filename=Tramitacao-
PL+9160/2017. Acessados em 06.06.18.
10
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/132413. Acessado em
06.06.18.
5
A modificação realizada pela Câmara foi em relação à Lei 7.102/83, que disciplina a
segurança para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e
funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte
de valores, e não em relação ao Código Penal.
Ainda assim, o projeto retornou à casa primeva e foi aprovado em sua totalidade pelo
(....) Importante notar, prontamente, que desde a proposta inicial estava clara e taxativa a
intenção de derrogar a cogitada causa de aumento de pena anteriormente prevista no Código
Penal.
A matéria foi incluída na pauta da CCJ e, então, na sessão do dia 13/09/2017, após a leitura
do relatório do Senador Antonio Anastasia, foi concedida vista do projeto aos Senadores
Eduardo Amorim e Vanessa Grazziotin. Não houve, portanto, naquela sessão, qualquer
11
https://www.conjur.com.br/2018-mai-08/constitucionalidade-formal-lei-136542018#_ftn2.
Acessado em 06.06.18.
6
deliberação a respeito do mérito do projeto de lei11.
Aqui, aparentemente, repousa o ponto nodal de toda a celeuma, qual seja, o descompasso
entre o que foi aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado
Federal e o texto publicado no Senado Federal, que, repita-se, não retratou aquilo que foi
deliberado.
Mais à frente, o Plenário da Câmara dos Deputados, aprovou o Projeto de Lei tal qual
encaminhado pelo Senado Federal, acrescido, apenas, de um artigo que dispôs acerca da
inutilização de cédulas de moeda corrente depositadas no interior dos caixas eletrônicos em
7
caso de arrombamento19. Isto quer dizer que a única alteração material feita pela
Câmara dos Deputados nada disse respeito à revogação da majorante prevista no
artigo 157, §2º, inciso I, do Código Penal. Aliás, a derrogação da aludida causa de aumento
de pena, constante na proposta vinda do Senado de República, manteve-se intocável, e restou
prevista no artigo 4º do PL 9.160/2017, aprovado pela Casa Revisora.
Como se pode ver, a revogação da majorante prevista no artigo 157, §2º, inciso I, do Código
Penal, além de constar no texto original do PLS 149/2015, permaneceu no Texto Final
aprovado pela CCJ no Senado Federal, depois, constou no PL 9.160/2017 aprovado pela
Câmara dos Deputados, bem como no Substitutivo da Câmara dos Deputados n° 1, de 2018,
ao PLS nº 149, de 2015, aprovado, em sua integralidade, pelo Senado Federal.
12
https://mpmt.mp.br/conteudo/58/74732/a-celeuma-acerca-da-inconstitucionalidade-formal-
do-art-4-da-lei-136542018. Acessado em 06.06.18.
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x. O AFASTAMENTO DA MAJORANTE DO ART. 157, §2º, I, DO CP
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Isso leva ao afastamento dessa majorante.
“Denomina-se mais benigna a lei mais favorável ao agente, no tocante ao crime e a pena,
sempre que, ocorrendo sucessão de leis penais no tempo, o fato previsto como crime tenha
sido praticado na vigência da lei anterior. Será mais benigna a que “de qualquer modo
favorecer o agente”, podendo, portanto, ser a lei anterior ou a posterior. Nos termos do art.
5.°, XL, da Constituição, a lei mais benigna prevalecera sempre, em favor do agente, quer seja
“ (....)
5. Extrai-se dos autos, ainda, que o delito foi praticado com emprego de arma branca,
situação não mais abrangida pela majorante do roubo, cujo dispositivo de regência foi
recentemente modificado pela Lei n. 13.654/2018, que revogou o inciso I do § 2º do art. 157
do Código Penal.
6 . Diante da abolitio criminis promovida pela lei mencionada e tendo em vista o disposto no
art. 5º, XL, da Constituição Federal, de rigor a aplicação da novatio legis in mellius,
excluindo-se a causa de aumento do cálculo dosimétrico.
13
TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Bá sicos de Direito Penal. Sã o Paulo: Saraiva, 1994, p. 35.
10
Diante do exposto, a majorante do art. 157, §2º, I, do CP, nã o deve incidir.
11
Por conseguinte, se hoje inexiste o aumento em virtude do emprego de
arma, ele surte efeito também para fatos anteriores à estrada em vigor na nova lei.
Vale ressaltar que nenhuma arma pode gerar o aumento, inclusive de fogo.
12
que o emprego de todo tipo de arma, até 23/04/18, nã o constitui a majorante
anteriormente disposta no art. 157, §2º, I do CP.
“(....) Nesse sentido, no caso do roubo, se no tipo revogado constava que era crime subtrair
mediante ameaça com emprego de arma, e no tipo trazido pela nova lei o crime é subtrair
mediante ameaça com arma de fogo, constata-se que foi inserido um elemento
especializador (e não apenas especificador), qual seja “de fogo”, o qual provoca a abolitio.
(4)
As justificativas são incontestáveis: sob o prisma penal, a nova elementar “de fogo” não pode
retroagir para alcançar fatos anteriores à sua vigência, pois é consolidada a irretroatividade
da lei que não favorece o réu. Sob o ângulo processual, se no momento do fato a circunstância
de ser arma “de fogo” era irrelevante penal, a produção de prova sobre tal detalhe era
irrelevante, e as providências, pelas partes, aleatórias. Para ilustrar a conjuntura, pense-se na
hipótese de réu acusado por roubo praticado com utilização de uma arma de pressão. Nesse
13
caso, antes da alteração legislativa não havia qualquer interesse defensivo na produção de
prova relacionada à peculiaridade de ser a arma de fogo ou de pressão. Por outro lado, após
a reforma, pode ser de interesse da defesa comprovar que o artefato não era arma de fogo,
mas tal prova será, em muitos casos, inviável.
Como bem apontam esses autores no mesmo texto, o STF decidir de forma
similar ao tratar da contravençã o do art. 32 da LCP.
Essa infraçã o penal prevê o seguinte: “Art. 32. Dirigir, sem a devida
habilitação, veículo na via pública, ou embarcação a motor em aguas públicas”.
Porém, fato similar foi disciplinado posteriormente pelo art. 309 do CTB:
“Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem a devida Permissão para
Dirigir ou Habilitação ou, ainda, se cassado o direito de dirigir, gerando perigo de
dano”.
14
http://www.ibccrim.org.br/site/boletim/pdfs/Boletim307.pdf. Acessado em 06.06.18.
14
À luz do claro conflito normativo, no que tange vias terrestres, o STF
concluiu o seguinte, na sú mula 720: “O art. 309 do Código de Trânsito Brasileiro,
que reclama decorra do fato perigo de dano, derrogou o art. 32 da Lei das
Contravenções Penais no tocante à direção sem habilitação em vias terrestres” (g.n.).
15
O emprego de _______ é incapaz de embasar qualquer majoraçã o de pena.
Essa é uma derivaçã o do princípio da reserva legal.
De acordo com o artigo 5º, XXXIX, da CF, “não há crime sem lei anterior que o
defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Assim também o art. 1º do CP.
Pois bem.
16
Com isso, se o emprego de arma nã o configura mais uma causa de aumento,
nã o é possível sua utilizaçã o para fundamentar qualquer majoraçã o da pena.
Ocorreu a abolitio criminis dessa conduta.
Mas nã o é só .
17
taxatividade, derivado da reserva legal 15, nã o há como utilizá -lo para a avaliaçã o da
pena.
E mesmo que fosse buscada uma resposta, ela nã o viria da seara penal.
15
Como assevera PRADO: “Desse modo, torna-se imperiosa para o Poder Legislativo a proibição de
utilização excessiva e incorreta de elementos normativos, de casuísmos, cláusulas gerais e de conceitos
indeterminados ou vagos na construção dos tipos legais de delito. Visa cumprir a exigência de certeza
(lex certa), no sentido de que o conteúdo da lei possa ser conhecido por seus destinatários, permitindo-
lhes diferenciar entre o penalmente licito e o ilícito” (PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal
Brasileiro, vol. 1. Sã o Paulo: RT, 2009. P. 143)
18
“ (...) Assim, abstraído qualquer impulso hipócrita para justificar o injustificável, dificilmente
– para não dizer nunca – haverá espaço para detectar e avaliar o comportamento do agente
em seu meio social (conduta social). O levantamento desses dados não é feito entre nós.
Igualmente, se diga sobre a pesquisa da personalidade do criminoso. A sua boa ou má
índole e sua sensibilidade ético-social, ou mesmo seu eventual desvio de caráter, não
encontram comprovação processual em nosso meio. Não se realiza, enfim, uma análise
da personalidade do criminoso, por profissional capacitado a tanto. Não fugindo a isso,
jamais se sabe, com a segurança desejada, o móvel do crime (seus motivos determinantes), à
“Mais difícil ainda será, como assinala Paganella Boschi, a avaliação da personalidade do
réu, seja porque como regra o juiz não domina conteúdos de psicologia, antropologia ou
psiquiatria, seja porque possui, como todo individuo, atributos próprios de personalidade,
por isso que a valoração que se faz nas sentenças criminais e quase sempre precária,
superficial, e não raro preconceituosa, limitada a afirmações genéricas do tipo
16
ZAFFARONI, Eugênio Raú l; PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro. v.1.
7.ed. Sã o Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p.107
19
“personalidade ajustada”, “desajustada”, “agressiva”, impulsiva”, “boa”, “má”, que nada dizem
tecnicamente.51
Já não bastassem tais dificuldades, aliada a sua irrelevância mesma, semelhante avaliação e
de todo ilegítima no contexto de um direito penal do fato, pois, além de possibilitar ao
julgador invadir arbitrariamente âmbito da liberdade onde não lhe e licito opinar
(interioridade da pessoa), estabelece uma verdadeira porta aberta para a perversão do
principio da culpabilidade pelo fato.52 Logo, e de acordo com um direito penal garantista,
são admissíveis apenas normas que proíbam e previnam fatos, e não normas que proíbam ou
desmoralizem identidades, apenas juízos que acertem a prova de uma ação e não valorações
sobre a personalidade do réu; apenas tratamentos punitivos relacionados ao fato previsto
como crime e resolvido mediante provas e não tratamentos individualizados e modelados
sobre a personalidade do imputado ou recluso,53 em geral argumentos potestativos e, por
“(....)
VII - A existência de condenação definitiva também não é fundamento idôneo para desabonar
a personalidade do paciente, sob pena de bis in idem. Ademais, não é possível que o
magistrado extraia nenhum dado conclusivo, com base em tais elementos, sobre a
personalidade do agente. Assim, não havendo dados suficientes para a aferição da
personalidade, mostra-se incorreta a sua valoração negativa, a fim de supedanear o aumento
da pena-base (precedentes).
Habeas corpus não conhecido. Contudo, ordem concedida de ofício apenas para afastar a
valoração negativa da conduta social e da personalidade, reduzindo-se a pena imposta para
17
Direito Penal. Parte Geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 338.
18
GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. Rio de Janeiro: Impetus, 2011, p. 556.
20
1 (um) ano, 6 (seis) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, mantidos os demais termos da
condenação.
(HC 366.639/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 28/03/2017,
DJe 05/04/2017)
Ela constitui outra circunstâ ncia judicial inaplicá vel, pelos mesmo
motivos já dispostos para a personalidade.
Ademais, mesmo que seja superado esse obstá culo, a conduta social
“compreende o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho
e no relacionamento com outros indivíduos” 19. E o emprego de ___ está estritamente
ligado à conduta criminosa, e nã o ao contexto que a antecede. Tanto é assim que
“revela-se inidônea a invocação de condenações anteriores transitadas em julgado
para considerar a conduta social desfavorável ”20. Portanto, nã o há subsunçã o à essa
circunstâ ncia, o que leva à rejeiçã o do aumento.
19
STF. RHC 130132, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Segunda Turma, julgado em 10/05/2016,
PROCESSO ELETRÔ NICO DJe-106 DIVULG 23-05-2016 PUBLIC 24-05-2016.
20
Idem.
21
O art. 157, caput, dispõ e como uma de suas elementares a “grave ameaça”,
que é “aquela capaz de atemorizar a vitima, viciando sua vontade e impossibilitando
sua capacidade de resistencia. A. grave ameaca objetiva criar na vitima o fundado
receio de iminente e grave mal, fisico ou moral, tanto a si quanto a pessoas que lhe
sejam caras” (Bitencourt, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal, Parte Especial.
Sã o Paulo: Saraiva, 2010. pp. 99).
Definido seu conteú do, verifica-se que o emprego da ____ se adequa a ele,
sem qualquer trasbordo, excesso. Foi ato capaz de unicamente viciar a vontade da
pessoa. Nem mais, nem menos.
“(....)
(....)
22
(STJ. HC 374.363/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
01/03/2018, DJe 07/03/2018)
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;(Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)”
23
Portanto, para a escolha da fraçã o de pena a ser adotada em qualquer das
fases da dosimetria, o Juiz deve se atentar à s circunstâ ncias judiciais. Esse é o
parâ metro para tanto.
21
Explanaçã o de Alberto Silva Franco citada em GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, Rio de
Janeiro: Impetus, 2011. p. 557.
24
Portanto, nos termos do art. 59, II, do CP, o emprego da arma deve ser
utilizado para a realizaçã o da dosimetria da causa de aumento prevista no art. 157,
§2º do CP.
Dessa forma, O MESMO FATO, regido pela LEI MAIS GRAVE, resulta PENA
MENOR do que o ocorrido durante a lei menos grave.
Isso nã o é o que o princípio da reserva legal e seus consectá rios impõ em.
Claro atentado ao art. 5º, XXXIX e XL da CF, além dos artigos 1º e 2º do CP. Ainda, o
resultado evidentemente destoa da ló gica hermenêutica-penal e da proibiçã o do
excesso. Ninguém pode ser punido de forma mais grave diante de lei mais branda.
25
Diante de todo o exposto, deve ser afastado o aumento da pena-base com
fulcro nessa circunstâ ncia, e a fraçã o a ser escolhida nã o deve suplantar 3/8, fraçã o
mínima acima da inicial, dada a gravidade concreta da conduta.
26
ainda mais rigorosa do que aquele destinado a averiguar a legitimidade
constitucional de outros tipos de intervençã o legislativa em direitos fundamentais.
27
revelar a intervenção em um dado direito fundamental, maiores hão de se revelar os
fundamentos justificadores dessa intervenção” 22. Nesse sentido já decidiu o STF:
22
ALEXY, Robert. Teoria de los Derechos Fundamentales. Madri: Centro de Estú dios Políticos y
Constitucionales, 2001, p.160.
28
Noutro giro, vale ressaltar que a resposta estatal à determinada conduta
deve estar em harmonia com o sistema punitivo como um todo e nã o pode ir além
do necessá rio para garantir a proteçã o do bem jurídico penalmente tutelado. Como
mostra Lenio Streck:
23
STRECK, Lenio Luiz. A dupla face do princípio da proporcionalidade: da proibiçã o de excesso
(Ü bermassverbot) à proibiçã o de proteçã o deficiente (Untermassverbot) ou de como nã o há
blindagem contra normas penais inconstitucionais. Revista da Ajuris, Ano XXXII, nº 97,
marco/2005, p.180
29
Desse modo, qualquer roubo com emprego de arma de fogo
receberá , na terceira fase da dosimetria da pena, um aumento de 2/3.
Mas nã o é só .
30
Sua pena mínima é praticamente idêntica à do roubo no qual
ocorra a lesão corporal grave: 7 anos.
31
teor representa ofensa à condição humana, atingindo-a de modo contundente, na
sua dignidade de pessoa. O princípio da proporcionalidade exige que se faça um juízo
de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado ou posto em
perigo (gravidade do fato) e o bem de que pode alguém ser privado (gravidade da
pena). Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, estabelece-se
em consequência, uma inaceitável desproporção” 24
1. A intervenção estatal por meio do Direito Penal deve ser sempre guiada pelo
princípio da proporcionalidade, incumbindo também ao legislador o dever de
observar esse princípio como proibição de excesso e como proibição de proteção
insuficiente.
24
Có digo Penal e sua Interpretaçã o Jurisprudencial, Sã o Paulo: RT, 2007. p. 36.
32
reclusão) se comparado, por exemplo, com o crime de tráfico ilícito de drogas -
notoriamente mais grave e cujo bem jurídico também é a saúde pública.
33
É impossível a combinaçã o das causas de aumento em apreço.
“A analogia in malam partem é a que aplica ao caso omisso uma lei prejudicial ao réu.
Reguladora de caso semelhante. É impossível empregar essa analogia no direito penal
moderno, que é pautado pelo princípio da reserva legal,. Sobremais, a lei que incrimina
restringe direitos. De acordo com a hermenêutica, lei que restringe direitos não admite
analogia” 25
25
BARROS, Flá vio Augusto Monteiro. Direito Penal, Parte Geral. Sã o Paulo: Saraiva, 1999. P.21.
26
Direito Penal. Parte Geral. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 332.
34
Assim também caminha o STJ. Afinal, ao tratar do furto privilegiado, que
traz o mesmo verbo – “pode” – concluiu que ele traduz direito subjetivo do réu:
“(....)
6. No que se refere à figura do furto privilegiado, o art. 155, § 2º, do Código Penal impõe a
aplicação do benefício penal na hipótese de adimplemento dos requisitos legais da
primariedade e do pequeno valor do bem furtado, assim considerado aquele inferior ao
salário mínimo ao tempo do fato. Trata-se, em verdade, de direito subjetivo do réu, não
configurando mera faculdade do julgador a sua concessão, embora o dispositivo legal
empregue o verbo "poder".”
(....)
Mesmo que sua redaçã o tenha sido confeccionada sob a égide da lei
anterior, sua premissa persiste: nã o é possível o aumento somente pela existência
de mais de uma majorante.
35
Nesse caminho segue a manifestaçã o de Gustavo Octaviano Diniz Junqueira
e Rafael Folador Strano:
“Tudo indica, porém, que o novo diploma legislativo ocasionará nova celeuma relacionada à
matéria. Isso porque, originalmente, todas as causas de aumento do roubo eram fixadas no §
2º, do art. 157, do Código Penal e possibilitavam o incremento de 1/3 até metade de pena.
Ocorre que a Lei 13.654/18 incluiu nova “espécie” de majorantes no § 2º-A, o qual prevê que a
reprimenda da situação descrita em seus incisos poderá ser acrescida em 2/3.
A resposta é óbvia e legalmente prevista no art. 68, parágrafo único, do Código Penal: “no
concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz
limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais
aumente ou diminua”. Aliás, foi o referido artigo o orientador da Súmula 443 do STJ, e é a
baliza legal e vinculante para a interpretação do aparente conflito de normas.” 27
27
http://www.ibccrim.org.br/site/boletim/pdfs/Boletim307.pdf. Acessado em 06.06.18.
36
"(...) o princípio da proporcionalidade quer significar que o Estado nã o deve agir com
demasia, tampouco de modo insuficiente na consecuçã o dos seus objetivos"
“Essa repulsa doutriná ria e jurisprudencial a preceitos legais, como esses que venho de
mencionar, decorre da premissa de
que o Poder Pú blico, especialmente em sede penal, não pode agir imoderadamente, pois
a atividade estatal, ainda mais em tema de liberdade individual, acha-se essencialmente
condicionada pelo princípio da razoabilidade.
Como se sabe, a exigência de razoabilidade traduz limitação material à açã o normativa
do Poder Legislativo. O exame da adequaçã o de determinado ato estatal ao princípio da
proporcionalidade, exatamente por viabilizar o controle de sua razoabilidade, com
fundamento no art. 5º, LV, da Carta Política, inclui-se, por isso mesmo, no âmbito da
pró pria fiscalizaçã o de constitucionalidade das prescriçõ es normativas
emanadas do Poder Pú blico.(...)
Coloca-se em evidência, neste ponto, o tema concernente ao princípio da
proporcionalidade, que se qualifica – enquanto coeficiente de aferição da
razoabilidade dos atos estatais (CELSO ANTÔ NIO BANDEIRA DE MELLO, “Curso de
Direito Administrativo”, p. 56/57, itens ns. 18/19, 4ª ed., 1993, Malheiros; LÚ CIA VALLE
FIGUEIREDO, “Curso de Direito Administrativo”, p. 46, item n. 3.3, 2ª ed., 1995,
Malheiros) - como postulado básico de contenção dos excessos do Poder Pú blico.
Essa é a razão pela qual a doutrina, após destacar a ampla incidência desse postulado
sobre os múltiplos aspectos em que se desenvolve a atuaçã o do Estado - inclusive sobre
a atividade estatal de produção normativa - adverte que o princípio da
proporcionalidade, essencial à racionalidade do Estado Democrá tico de Direito e
imprescindível à tutela mesma das liberdades fundamentais, proíbe o excesso e veda o
arbítrio do Poder, extraindo a sua justificaçã o dogmá tica de diversas clá usulas
constitucionais, notadamente daquela que veicula, em sua dimensão substantiva ou
material, questõ es pertinentes ao direito penal fundamental (RAQUEL DENIZE STUMM,
“Princípio da Proporcionalidade no Direito Constitucional Brasileiro”, p. 159/170,
1995, Livraria do Advogado Editora; MANOEL GONÇALVES FERREIRA FILHO, “Direitos
37
Humanos Fundamentais”, p. 111/112, item n. 14, 1995, Saraiva; PAULO BONAVIDES,
“Curso de Direito Constitucional”, p. 352/355, item n. 11, 4ª ed., 1993, Malheiros) (grifos
originais)
(STF. HC 106442 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em
30/11/2010, PROCESSO ELETRÔ NICO DJe-036 DIVULG 22-02-2011 PUBLIC 23-02-2011)
Claro o excesso.
38