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Os sentidos do trabalho de Ricardo Antunes

O TOYOTISMO E AS NOVAS FORMAS DE ACUMULAÇÃO DE CAPITAL


“Transformações decorrentes da própria concorrência intercapitalista {num momento de
crises e disputas intensificadas entre os grandes grupos transnacionais e monopolistas} e, por
outro lado, da própria necessidade de controlar as lutas sociais oriundas do trabalho,
acabaram por suscitar a resposta do capital à sua crise estrutural”. P.49-50
Com intuito de retomar de fato o poder sobre a sociedade, o capital utilizou artifícios que iam
de encontro a qualquer forma de coletivismo, de solidariedade, para maturar e universalizar a
forma mais plena possível do capitalismo;
“No contexto das economias capitalistas avançadas seria possível perceber uma
reconfiguração do “poder no local de trabalho e no próprio mercado de trabalho, muito mais
em favor dos empregadores do que dos trabalhadores”. P.50
“A necessidade imperiosa de reduzir o tempo de vida útil dos produtos, visando aumentar a
velocidade do circuito produtivo e desse modo ampliar a velocidade da produção de valores de
troca, faz com que a “qualidade total” seja, na maior parte das vezes, o invólucro, a aparência
ou o aprimoramento do supérfluo, uma vez que os produtos devem durar pouco e ter uma
reposição ágil no mercado. ” P.52
Sobre a liofilização organizacional e do trabalho na fábrica toyotizada: “(...) trata-se de um
processo de organização do trabalho cuja finalidade essencial, real, é a intensificação das
condições de exploração da força de trabalho, reduzindo muito ou eliminando tanto o trabalho
improdutivo, que não cria valor, quanto suas formas assemelhadas, especialmente nas
atividades de manutenção, acompanhamento, e inspeção de qualidade, funções que passaram
a ser diretamente incorporadas ao trabalho produtivo.” P.54-55
“O toyotismo (ou ohnismo, de Ohno, engenheiro que o criou na fábrica Toyota), como via
japonesa de expansão e consolidação do capitalismo monopolista industrial, é uma forma de
organização do trabalho que nasce na Toyota, no Japão pós-45, e que, muito rapidamente, se
propaga para as grandes companhias daquele país. ” P.56
“Inspirando-se inicialmente na experiência do ramo têxtil, em que o trabalhador operava ao
mesmo tempo várias maquinas e depois na importação das técnicas de gestão dos
supermercados dos EUA, que deram origem ao kanban, o toyotismo também ofereceu uma
resposta à crise japonesa do pós-guerra, aumentando a produção sem aumentar o continente
de trabalhadores”. P.57
“Sendo o processo de reestruturação produtiva do capital a base material do projeto
ideopolítico neoliberal, a estrutura sob a qual se erige o ideário e a pragmática neoliberal, não
foi difícil perceber que desde fins dos anos 70 e início dos 80 o mundo capitalista ocidental
começou a desenvolver técnicas similares ao toyotismo.” P 60
A experiência não exitosa da GM em relação a da Toyota foi causada devido a utilização de alta
tecnologia, além de frequentemente demonstrar inadequação entre a tecnologia avançada e a
força de trabalho;
“O projeto de implantação de uma fábrica altamente tecnologizada foi, então, abandonado
pela GM/Saturno, que passou investir mais recursos mais recursos na melhor qualificação e
preparação da sua força de trabalho, do trabalho humano em equipe” (p. 61)
“Essa assimilação do toyotismo vem sendo realizada por quase todas as grandes empresas, a
princípio no ramo automobilístico e, posteriormente, propagando-se também para o setor
industrial em geral e para vários ramos do setor de serviços, tanto nos países centrais quanto
nos de industrialização intermediária. ” P.61

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