O TOYOTISMO E AS NOVAS FORMAS DE ACUMULAÇÃO DE CAPITAL
“Transformações decorrentes da própria concorrência intercapitalista {num momento de crises e disputas intensificadas entre os grandes grupos transnacionais e monopolistas} e, por outro lado, da própria necessidade de controlar as lutas sociais oriundas do trabalho, acabaram por suscitar a resposta do capital à sua crise estrutural”. P.49-50 Com intuito de retomar de fato o poder sobre a sociedade, o capital utilizou artifícios que iam de encontro a qualquer forma de coletivismo, de solidariedade, para maturar e universalizar a forma mais plena possível do capitalismo; “No contexto das economias capitalistas avançadas seria possível perceber uma reconfiguração do “poder no local de trabalho e no próprio mercado de trabalho, muito mais em favor dos empregadores do que dos trabalhadores”. P.50 “A necessidade imperiosa de reduzir o tempo de vida útil dos produtos, visando aumentar a velocidade do circuito produtivo e desse modo ampliar a velocidade da produção de valores de troca, faz com que a “qualidade total” seja, na maior parte das vezes, o invólucro, a aparência ou o aprimoramento do supérfluo, uma vez que os produtos devem durar pouco e ter uma reposição ágil no mercado. ” P.52 Sobre a liofilização organizacional e do trabalho na fábrica toyotizada: “(...) trata-se de um processo de organização do trabalho cuja finalidade essencial, real, é a intensificação das condições de exploração da força de trabalho, reduzindo muito ou eliminando tanto o trabalho improdutivo, que não cria valor, quanto suas formas assemelhadas, especialmente nas atividades de manutenção, acompanhamento, e inspeção de qualidade, funções que passaram a ser diretamente incorporadas ao trabalho produtivo.” P.54-55 “O toyotismo (ou ohnismo, de Ohno, engenheiro que o criou na fábrica Toyota), como via japonesa de expansão e consolidação do capitalismo monopolista industrial, é uma forma de organização do trabalho que nasce na Toyota, no Japão pós-45, e que, muito rapidamente, se propaga para as grandes companhias daquele país. ” P.56 “Inspirando-se inicialmente na experiência do ramo têxtil, em que o trabalhador operava ao mesmo tempo várias maquinas e depois na importação das técnicas de gestão dos supermercados dos EUA, que deram origem ao kanban, o toyotismo também ofereceu uma resposta à crise japonesa do pós-guerra, aumentando a produção sem aumentar o continente de trabalhadores”. P.57 “Sendo o processo de reestruturação produtiva do capital a base material do projeto ideopolítico neoliberal, a estrutura sob a qual se erige o ideário e a pragmática neoliberal, não foi difícil perceber que desde fins dos anos 70 e início dos 80 o mundo capitalista ocidental começou a desenvolver técnicas similares ao toyotismo.” P 60 A experiência não exitosa da GM em relação a da Toyota foi causada devido a utilização de alta tecnologia, além de frequentemente demonstrar inadequação entre a tecnologia avançada e a força de trabalho; “O projeto de implantação de uma fábrica altamente tecnologizada foi, então, abandonado pela GM/Saturno, que passou investir mais recursos mais recursos na melhor qualificação e preparação da sua força de trabalho, do trabalho humano em equipe” (p. 61) “Essa assimilação do toyotismo vem sendo realizada por quase todas as grandes empresas, a princípio no ramo automobilístico e, posteriormente, propagando-se também para o setor industrial em geral e para vários ramos do setor de serviços, tanto nos países centrais quanto nos de industrialização intermediária. ” P.61