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UNIP- UNIVERSIDADE PAULISTA

campus- Araraquara

UM OLHAR SOBRE O DESENHO INFANTIL

TEMA: O GRAFISMO INFANTIL

Alice Cristini de Sousa Pereira - F276CA2


Ana Carolina Costa Buzeli - N658223
Camila Regina Demari Rodrigues - N673BF0
Renata Julia Marques - N5435CA2
Victoria de Marchi Gracindo - N666390

Psicologia Construtivista - Professora Juliane

Araraquara, 2021

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SUMÁRIO

*Introdução …………………………………………………………………...3

*Um olhar sobre o desenho e suas análises ……………………………..4

*Considerações Finais ………………………………………………………9

*Bibliografia …………………………………………………………………..10

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INTRODUÇÃO.

O desenho é a maior forma de comunicação dentro do universo infantil, entretanto os


adultos não levam a sério esse processo de criação. A criança utiliza o desenho para
comunicar-se. Através dele, transmite a sua experiência subjetiva e o que está ativo em sua
mente, registrando aquilo que é significativo para ela.
Segundo ( PILLOTTO, Silvia ; SILVA, Maryahn ; MOGNOL, Letícia 2004) as crianças são
únicas em seus processos e vivências, fazendo com que cada uma possa se expressar de
uma forma individual, sendo assim, dentro de suas especificidades todas são capazes de
transformar tudo em representações gráficas.
Nesse momento citado acima é papel do educador ou responsável apresentar
oportunidades para que esse momento possa acontecer de forma lúdica, bonita e o mais
natural possível.

As oportunidades dadas a crianças de representar coisas ao seu redor possibilita que essa
criança possa observar tudo de um jeito mais criativo, fazendo com que ela consiga se
expressar seja como for e da forma que for, esse processo é extremamente importante para
o seu desenvolvimento intelectual e cognitivo.

Segundo (BOMBONATO, G; FARAGO, A. 2016.) é necessário entender o desenho como a


primeira forma de se dizer algo sem a necessidade de escrever, mas sim colocar em
formas, rabiscos, cores etc, cada criança irá no seu processo encontrar a melhor forma para
ela, o papel e as cores vem então como forma de comunicação criativa, atividade que todos
nós passamos e que provavelmente usamos até hoje para expressar o que não podemos
dizer ou escrever.
Diante ao espaço educativo, o professor precisa compreender as características dos
caminhos construídos, segundo o desenvolvimento simbólico das crianças. Observando
suas particularidades através dos desenhos,rabisco,cores.
É possível e necessário para o educador encarar o desenhos infantis como instrumento de
estudo, para que através dele possa ser observado o processo e forma com que a crianças
está evoluindo, é possível entender seus sentimentos e vontades, conhecer seus gostos,
dia a dia, a forma como é tratado, o que ele tem imaginado.

Este trabalho tem por objetivo analisar e compreender os períodos de desenvolvimento


através do grafismo, buscando uma relação entre os autores e os desenhos escolhidos de
acordo com cada etapa de aprendizagem.

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UM OLHAR SOBRE OS DESENHOS E SUAS ANÁLISES.

Alice, 2 anos e 9 meses.

Desenho 1 - A princípio Alice diz


que vai desenhar uma árvore, sem
saber como se desenha pede ajuda
a sua mãe, ela se nega ajudar a
fazer o desenho. Alice começa a
desenhar e diz estar fazendo um
“ Poing “ sua mãe sem entender
pergunta o que seria esse desenho
e ela diz ser uma bola, ou seja, ela
assimilou o barulho de bola caindo
no chão e assim a chamou de
“Poing”( de seu próprio vocabulário)
a mãe, no entanto, interferiu na sua
fala que acabou pensando em uma
ponte, fazendo com que a criança mude o pensamento do desenho, em seguida Alice diz
que está fazendo um coração e depois volta a dizer que desenho “Poing” (bola).

Portanto, analisando a fase do desenvolvimento, conclui-se que o desenho da Alice está no


estágio de garatuja ordenada com movimentos circulares, que caracteriza o início do
interesse pelas formas. A criança percebe certa semelhança entre os traços e o objeto real.
Ela demonstra a interpretação que o desenho lhe dá. Então, percebe que pode representar,
através do desenho, tudo o que deseja.

A criança, relaciona o seu mundo real e imaginário.“Passa a olhar o que faz, começa a
controlar o tamanho, a forma e a localização dos desenhos no papel” (OLIVEIRA, 1994, p.
44).

Observando atentamente o desenho, percebemos que Alice está em um segundo estágio


denomina-se de realismo falhado ou incapacidade sintética é estágio que a criança se
preocupa em representar cada objeto de forma diferenciada, não integra o que desenha
num conjunto coerente e exagera ou omite partes, por considerar, apenas, o seu ponto de
vista.

"A criança não tem a simultaneidade das ações em pensamento, ela as


considera como independentes umas das outras, sem estarem coordenadas
num todo que as reúna.” (PILLAR, 1996, p. 46).

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Alice se encontra no estágio Objetivo- simbólico de acordo com o desenvolvimento de
Piaget(1976), seu interesse passa do subjetivo para o objetivo, ou seja, interessa-se pelo
que está ao seu redor, de algo que lhe simboliza, que é representativo.

Helena, 2 anos e 2 meses.

Desenho 2 - Observando
atentamente o desenho, ele
consiste em movimentos amplos,
desordenados, sendo coberto
com novos rabiscos, Helena está
vivenciando o seu “primeiro
contato” (tendo a intervenção da
mãe em entregá-lo o papel e o
lápis) com o material e o seu foco
inicial está no prazer pelos
movimentos, usando sua mão como um material de apoio, sem uma preocupação com
representações definidas em traços. A criança desenha linhas, uma vez que ainda não tem
consciência de que o conjunto delas não atribui significado aos seus grafismos, mas o faz
pelo prazer em repetir os gestos em função da atividade motora adquirida.

Por meio deste podemos analisar as fases dos desenvolvimentos, Lowenfeld (1977)
denomina a primeira fase como Estágio de Garatujas, ocorre por volta de dois anos aos
quatros anos. Nesta etapa a organização e o controle do traçado são percebidos aos
poucos pela criança, realizando-se uma evolução gradativa que vai dos rabiscos às formas
controladas. Piaget (1976) tendo uma semelhança com a teoria de Luquet (1969), dois
autores relatam que a criança em seu primeiro período da vida, desenha por extremo prazer
e não tendo uma concepção de figura humana, ou seja, é inexistente e não tem valor.

Evidenciando esse estágio a criança passa por várias fases de desenvolvimento,


explorando espaço e corpo. Portanto, Helena se encontra no estágio de garatuja
desordenada e como o próprio nome diz, remete às características de movimento amplo e
desordenado e não tendo uma preocupação com o que foi desenhado anteriormente,

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passando traços em cima de traços. As garatujas desordenadas correspondem a simples
traçados feitos pela criança, linhas que seguem em todas as direções.

A criança rabisca sem planejamento prévio ou controle de suas ações. Nem sempre olha
para a folha para desenhar, ultrapassa o limite do papel e utiliza vários métodos para
segurar o lápis. “Seu maior prazer está em explorar o material e riscar o chão, as portas, o
próprio corpo e os brinquedos” (OLIVEIRA, 1994, p. 44).

Concretizando a análise do desenho, segundo Piaget (1976) Helena está na fase de


desenvolvimento sensório-motor, neste período a criança realiza o processo adaptativo
básico e tenta compreender o meio em que vive. Assimilando informações e
fundamentando suas próprias experiências. Piaget relata que esse é o ponto de partida do
desenvolvimento da criança. Podendo concretizar essa etapa como desenvolvimento das
coordenações motoras, a criança aprende a diferenciar os objetos do próprio corpo e os
vincula ao concreto. Vai aprimorando as habilidades de acordo com o que é oferecido e tem
maturação do sistema nervoso central.

Sophia, 6 anos.

Desenho 3 - A criança desenhou um


céu, uma nuvem grande ocupando a
parte de cima da folha e mais três
nuvens menores, todas azuis e o sol
amarelo no canto da folha.

Embaixo, na folha, temos grama verde e


algumas flores. Flores rosas, vermelhas,
amarelas e roxas. Temos também, no
canto, uma árvore com um tronco alto,
na cor marrom, e folhas verdes, não
está pintada.

Nesta paisagem temos duas pessoas,


uma com roupa vermelha e outra com
roupa rosa, penso que são vestidos. Estão sorrindo! Não consigo ver os braços dessas
pessoas e também não vejo nariz e orelhas, os cabelos são curtos.
Elas aparecem no meio da folha e com um sentimento de amor, pois ao lado tem um
coração vermelho.

O desenvolvimento de Sophia se encontra na etapa Esquemática, quando a criança tem


exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Os desenhos se baseiam em

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roteiros com começo, meio e fim, as figuras humanas aparecem vestidas e a criança dá
grande atenção a detalhes como as cores. Existe uma relação de descobertas com as cores
de objetos reais passados para o desenho, como por exemplo a grama, flores, sol e
coração, houve uma assimilação do imaginário com a vida real.

Luquet (1969) acredita que as crianças mesmo não considerando as imperfeições de


seus desenhos, ou seja, os erros, estes por sua vez são essenciais para o desenvolvimento
da aproximação com a realidade, pois enfatiza que através destes é que elas conseguem
chegar aos objetos reais. E há também as características desenvolvidas por eles, que
representam o espaço em si em um único desenho, estas características são conhecidas
por: “Rebatimento,transparência, planificação e mudança de ponto de vista” (IAVELBERG,
2013, p. 39).

Lorena, 6 anos.

Desenho 4 -Foi desenhado uma menina (provavelmente)


pois contém um laço em sua cabeça - que é muito menor
comparado ao tamanho da cabeça - no desenho não
vemos pescoço e nem o nariz, os braços se encontram
em posições e tamanhos diferentes. Lorena usou, para
representar o corpinho da menina um triângulo com a
cabeça bem na ponta, o cabelo foi representado como
rabiscos (garatujas), em movimentos circulares e zig-zag
talvez para representar a bagunça desse cabelo.

Lorena está no estágio Pré- Operacional segundo a teoria


de desenvolvimento de Piaget(1976).Diante do desenho
observado é possível verificar que a menina está entre o
Realismo Gorado e o intelectual, entre esses dois
processos não há como determinar o início de um e o término de outro.
O estádio pré-operacional se dá entre os dois e sete anos de idade, o Realismo gorado é o
momento da representação gráfica onde a crianças têm noção básica do ser humano mas
não vê a sua totalidade entretanto o Realismo intelectual apresenta uma organização, ou
seja o desenho é visto em sua totalidade,há apenas o que pode ser visto.
chegamos na conclusão de que essa criança está na evolução de uma para o outro, a
crianças vive esse processo constantemente em seu dia-a-dia, descobrindo novas formas,
vendo e reproduzindo que outros jeitos.

Já segundo Lowenfeld (1977, apud Pillotto ; Silva ; Mognol ), podemos dizer que a menina
se encontra no estágio de seu desenvolvimento, denominado por ele de pré-esquemático.

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Neste período a criança tenta desenhar o real, desenhar o que ela vê, nesse momento
podemos ver que a criança é capaz de usar formas diferentes, tamanhos, mas ainda não é
possível que ela consiga organizar todas essas formas e tamanhos de acordo com as
proporcionalidades.

“ A segunda etapa, Estágio Pré Esquemático, tem início por volta


dos quatro anos e estende-se até sete, aproximadamente. Apresenta
as primeiras tentativas de representação do real. A criança
desenvolve a consciência da forma e transmite isso pela imagens
dos seus desenhos, embora as figuras ou objetos apareçam, ainda,
de forma desordenada, podendo haver variações consideráveis nos
seus tamanhos. “ ( Pillotto; Silva; Mognol; 2004 )

Otávio, 9 anos

Desenho 5 - Pode-se observar uma moça desenhada,


que provavelmente seja alguém familiar da criança que
fez o desenho; a criança que a desenhou usou os
pequenos detalhes, desde bijuterias (brinco e tiara), até
as tatuagens, tanto a do lado superior do cotovelo até
na parte inferior do outro braço.

Já na parte de cima da folha, com caneta mesmo, a


criança escreveu de letra de mão um nome composto
(Renata Julia), no desenho é possível observar que a
criança já tem noção de tamanho e de realidade, pois é
visível o nariz, a boca, o cabelo, o braço, as mãos.

Para Piaget esse estágio de desenho seria o estágio de


Esquematismo que faz parte das operações concretas
e ocorre entre a idade de 7 a 10 anos; a criança nesse
estágio já tem o conceito de figura humana. Já para
Luquet isso seria visto como Realismo Intelectual que
ocorre entre a idade de 4-5 aos 12 anos, onde a criança consegue alcançar algo mais
realista e já que ela consegue ir além do concreto ela consegue desenhar não só aquilo que
está presente ali, mas também aquilo que ela já viu e tem guardado consigo mesmo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

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Quão lindo é observar o processo de construção de uma crianças, neste trabalho conforme
foi visto, analisamos crianças de fases diferentes, que por sua vez se comunicam através
da arte de forma tão simples, mas com muitos significados.
Compreendemos a necessidade da criança de se comunicar com o mundo e com o seu
próprio interior, e vimos com clareza a falta do olhar do adulto em relação a essa
comunicação.

Segundo o texto ( Pillotto; Silva; Mognol; 2004 ), elas deixam nítido a importância da
compreensão de que a criança é um ser pensante, um ser sensível e sem dúvidas um ser
que constrói dentro e fora da sua realidade, pois a sua imaginação tão aguçada e rica lhes
dão asas para um mundo já esquecido por nós,adultos.
Diante aos estudos ressaltamos que o rabisco é como uma representação simbólica inicial a
criança ganha ainda mais o seu espaço de observação, pois ao carregar o lápis sobre o
papel não acontece apenas com a sensação de satisfação e sim o desenvolvimento motor,
coordenação motora fina. A partir dessas considerações podemos ressaltar que as crianças
precisam ter a liberdade de expressão, criatividade, imaginação e aperfeiçoando seus
gostos.

Todas as crianças são únicas nas suas formas de percepção e expressão, ao desenhar,
desenvolvem seus processos criativos, aumentando seus traços de expressão. Sua
imaginação desenha objetos significativos, sejam eles reais ou frutos da sua fantasia,
expressando suas criações e significados. Quando organizam e controlam os seus rabiscos,
são percebidos aos poucos, havendo uma evolução contínua que vai dos riscos às formas
controladas, trazendo simbolismo objetivo, a fim de reproduzir uma imagem ou objeto
presente na realidade da criança.

A criança deve ser protagonista do seu conhecimento, tendo o educador e os pais como
auxiliares dessa formação de conhecimento, o fato de desenhar e ser livre para isso apenas
irá auxiliar a criança no seu desenvolvimento, até o momento da escrita. Tudo é processo, e
dentro desses processos é impossível determinar o fim de um e o começo de outro, a
criança irá assimilar e colocar em prática aos poucos, podendo ser rápido ou não, tudo
dependerá do seu meio e estímulos. “ Não há melhor palco para o pensamento que dança
do que o lado de dentro das cabeças das crianças. “ (EMICIDA, 2018)

BIBLIOGRAFIA.

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- PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 2ª. Ed. Trad.
Octavio Mendes Cajado. RIO DE JANEIRO : Difel, 2006.

- PILLOTTO, S; SILVA, M; MOGNOL, L. Grafismo infantil: linguagem do


desenho. joinville - SC, 2004.

- BOMBONATO, G; FARAGO, ALESSANDRA. As Etapas do Desenho


Infantil Segundo Autores Contemporâneos. Cadernos de Educação:
Ensino e Sociedade, Bebedouro-SP, 3 (1): 171-195, 2016.

- EMICIDA. AMORA. 1°.ed. São Paulo. Companhia das Letrinhas, 2018.

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