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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

ELTON LIMA MAXIMIANO

VERIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE DE INSTALAÇÕES E SERVIÇOS DE


ELETRICIDADE EM UMA MARCENARIA SEGUNDO A NORMA
REGULAMENTADORA N° 10

VITÓRIA
2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

ELTON LIMA MAXIMIANO

VERIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE DE INSTALAÇÕES E SERVIÇOS DE


ELETRICIDADE EM UMA MARCENARIA SEGUNDO A NORMA
REGULAMENTADORA N° 10

Monografia apresentada ao Departamento


de Engenharia Ambiental da Universidade
Federal do Espírito Santo, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Especialista em Engenharia de Segurança
do Trabalho.
Orientador: Prof. Me. Felipe Demuner
Magalhães.

VITÓRIA
2021
VERIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE DE INSTALAÇÕES E SERVIÇOS DE
ELETRICIDADE EM UMA MARCENARIA SEGUNDO A NORMA
REGULAMENTADORA N° 10

Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade


Federal do Espírito Santo, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Aprovada em 29 de junho de 2021.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Me. Felipe Demuner Magalhães


Universidade Federal do Espírito Santo
Orientador

Prof. Dr. Daniel Rigo


Universidade Federal do Espírito Santo
RESUMO

Nos dias de hoje, a aplicação da segurança do trabalho em todos os ambientes


laborais está tomando uma proporção muito grande e importante devido ao fato de
oferecer aos trabalhadores envolvidos o direito à saúde ocupacional. Uma das fontes
de energia mais utilizadas na atualidade é a eletricidade e, portanto, ela deve sempre
estar de acordo com as normas vigentes para proporcionar aos colaboradores um
ambiente sem riscos. Por isso, o presente estudo tem por objetivo analisar as
principais consequências da não aplicação das normas e procedimentos prescritos na
NR 10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade) em instalações
elétricas de baixa tensão em uma marcenaria. Além disso, apontar os principais riscos
ao exercer atividades com eletricidade, listar os principais equipamentos de proteção
utilizados em serviços com eletricidade e descrever as multas e penalizações que se
referem ao não cumprimento da NR 10 segundo a lei vigente.

Palavras-chave: NR 10. Riscos Elétricos. Perícia Técnica.


ABSTRACT

Nowadays, the application of occupational safety in all work environments is taking a


very large and important rate due to the fact that workers are guaranteed the right to
occupational health. One of the most used energy sources today is electricity, and
therefore, it must always be in accordance with current regulations to provide
employees with a risk-free environment. Therefore, the present study aims to analyze
the main consequences of the non-application of the norms and procedures prescribed
in NR 10 (Safety in Installations and Services in Electricity) in low voltage electrical
installations in a joinery. In addition, point out the main risks when carrying out activities
with electricity, list the main protective equipment used in electricity services and
describe them as fines and penalties that apply for non-compliance with NR 10
according to the current law.

Keywords: NR 10. Electrical Hazards. Technical Expertise.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Alguns dos caminhos da corrente elétrica ................................................ 15


Figura 2 – Distribuição da Indústria moveleira no Brasil ............................................ 19
Figura 3 – Filtro de linha em péssimas condições ..................................................... 25
Figura 4 – Fiação sem cobrimento e sinalização de tomadas ................................... 25
Figura 5 – Fiação sem acabamento na área externa ................................................ 25
Figura 6 – Circuito exposto........................................................................................ 25
Figura 7 – Circuito sem proteção na área externa .................................................... 26
Figura 8 – Aparelhagem de iluminação e segurança da área externa ...................... 26
Figura 9 – Circuito em péssimas condições .............................................................. 26
Figura 10 – Interruptores e tomadas na área externa próxima ao galpão ................. 27
Figura 11 – Equipamento de serralheria ................................................................... 29
Figura 12 – Maquinário com fiação exposta e sem proteção .................................... 29
Figura 13 – Máquina oxidada e com fiação exposta ................................................. 29
Figura 14 – Maquinário sujo ...................................................................................... 29
Figura 15 – Quadro de disjuntores oxidado e sem sinalização ................................. 30
Figura 16 – Quadro de disjuntores sem sinalização .................................................. 30
Figura 17 – Tomada sem indicação de tensão .......................................................... 30
Figura 18 – Disjuntores sem sinalização ................................................................... 30
Figura 19 – Equipamentos pesados sujos e fios soltos ............................................ 31
Figura 20 – Máquina de corte e serragem com fios fora de eletroduto ..................... 31
Figura 21 – Galpão de armazenamento de materiais e utilização de equipamentos 31
Figura 22 – Ligação elétrica equivocada do ventilação no galpão ............................ 31
Figura 23 – Uso de filtro de linha no escritório .......................................................... 33
Figura 24 – Equipamentos de refrigeração ligado sem sinalização........................... 33
Figura 25 – Tomada de ar condicionado sem sinalização ......................................... 33
Figura 26 – Equipamentos de informática ligados corretamente ............................... 34
Figura 27 – Escritório ................................................................................................ 34
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Corrente elétrica x Efeitos no organismo ................................................ 16


Quadro 2 – Classificação de queimaduras ................................................................ 16
Quadro 3 – Atividades x Áreas de Risco ................................................................... 17
Quadro 4 – Dimensionamento do SESMT ................................................................ 20
Quadro 5 – Dimensionamento da CIPA .................................................................... 21
Quadro 6 – Checklist Área Externa ........................................................................... 24
Quadro 7 – Checklist Oficina Pesada ........................................................................ 28
Quadro 8 – Checklist Área Administrativa ................................................................. 32
Quadro 9 – Cálculo da Multa ..................................................................................... 36
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CPNSP Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor


Elétrico no Estado de São Paulo

EPC Equipamento de Proteção Coletiva

EPI Equipamento de Proteção Individual

NBR Norma Técnica Brasileira

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PMOC Plano de Manutenções, Operação e Controle

PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

SEC Sistema Elétrico de Consumo

SEP Sistema Elétrico de Potência

SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em


Medicina do Trabalho

SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho

UFIR Unidade Fiscal de Referência

VRTE Valor de Referência do Tesouro Estadual


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
1.1 TEMA DA PESQUISA ......................................................................................... 10
1.2 PROBLEMA ........................................................................................................ 10
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 10
1.4 OBJETIVOS ........................................................................................................ 10
1.4.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 10
1.4.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 10
1.5 MÉTODO............................................................................................................. 11
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 12
2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO ........................................................................... 12
2.2 NORMA REGULAMENTADORA Nº 10 ............................................................... 13
2.3 ACIDENTES E RISCOS ...................................................................................... 14
2.4 PERICULOSIDADE ............................................................................................. 16
2.5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL ...................................... 17
2.6 SETOR MOVELEIRO .......................................................................................... 18
2.7 SESMT E CIPA ................................................................................................... 19
2.7.1 Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho ................................................................................................................... 19
2.7.2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ............................................ 20
3 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 23
3.1 ÁREAS ANALISADAS ......................................................................................... 23
3.1.1 Área Externa ................................................................................................... 23
3.1.2 Oficina Pesada ................................................................................................ 27
3.1.3 Área Administrativa........................................................................................ 31
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 35
4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 35
4.2 SUGESTÕES DE MELHORIA ............................................................................ 38
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 40
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 41
APÊNDICE A – CHECKLIST .................................................................................... 44
9

1 INTRODUÇÃO

Desde meados do século XVII, onde se inicia a Revolução Industrial até a era da
contemporaneidade, o assunto da saúde ocupacional e acidentes de trabalho vem
tomando uma proporção destacada, pois os trabalhadores ficam expostos a riscos
constantes relacionados às tarefas diárias, onde são criadas situações improváveis e
desconhecidas para o colaborador (GERALDI, 2017).

Levando em consideração essa perspectiva, a fonte de energia mais utilizada em


todas as fábricas e empresas é a eletricidade, e devido à essa notoriedade, é de
extrema importância o correto manuseio desse perigoso meio de energia. Por outro
lado, a eletricidade é imperceptível aos sentidos dos homens, podendo comprometer
a segurança e expor os trabalhadores à riscos incalculáveis (CANOVA, 2007).

No Brasil, a norma que regula esse tipo de atividade envolvendo eletricidade é a


NR10, que aponta os quesitos mínimos de segurança necessários dos trabalhadores
que operam instalações elétricas, seja da etapa de instalação e operação até em
reformas e ampliações. Cumprir o que é estabelecido na norma é obrigatório,podendo
haver a sanção de multas e penalidades, caso exista divergência.

Um dos ambientes laborais que mais preocupam os engenheiros são as marcenarias,


devido ao fato desses espaços possuírem diversas máquinas e equipamentos com
alta circulação de energia e ser considerada uma atividade relativamente antiga. Com
isso, as empresas localizadas em cidades pequenas nos interiores dos estados, por
exemplo, não cumprem as devidas normativas estabelecidas pela Norma
Regulamentadora nº 10 (NR 10) (BRASIL, 2004).

Neste sentido, inicialmente será apresentado um histórico a respeito da importância


da segurança do trabalho e acerca de trabalhos em eletricidade, apontando a
importância de estudar os riscos e medidas de proteção envolvidos. Em seguida, será
exposto um estudo de caso conduzido em uma marcenaria localizada na região
Noroeste do Estado do Espírito Santo, com o intuito de mostrar as divergências à
norma e como isso pode impactar a empresa e os trabalhadores.
10

1.1 TEMA DA PESQUISA

Perícia técnica em uma marcenaria com instalação de baixa tensão, de acordo com a
Norma Regulamentadora (NR) 10.

1.2 PROBLEMA

Este trabalho se propõe a responder os seguintes questionamentos: Como são


analisados os riscos elétricos em instalações e serviços em eletricidade? Existem
capacitações específicas dos profissionais que trabalham com serviços de
eletricidade? Quais os possíveis riscos elétricos relacionados a uma marcenaria? Para
responder a essas perguntas, será apresentado um estudo de caso.

1.3 JUSTIFICATIVA

No município de Marilândia, onde o estudo de caso foi realizado, pode-se dizer que
as fábricas de móveis (ou marcenarias) são consideradas familiares, ou seja, de
pequeno porte, quando comparadas com indústrias de regiões metropolitanas. Nesse
contexto, corrobora para este estudo a possível não observância parcial ou completa
da norma regulamentadora, com altas chances de serem identificado riscos iminentes
para a vida dos trabalhadores.

Além disso, é possível justificar a escolha do assunto da pesquisa pelo fato de que a
verificação da não implementação da norma pode ocasionar incidência de multas, que
variam de acordo com o grau de infração e o número de trabalhadores envolvidos,
podendo atingir valores consideráveis.

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Analisar as principais consequências da não aplicação das normas e procedimentos


prescritos na NR 10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade) em
instalações elétricas de baixa tensão em uma marcenaria.

1.4.2 Objetivos Específicos

Foram adotados como objetivos específicos os seguintes itens:


11

1. Apontar os principais riscos ao exercer atividades com eletricidade;


2. Listar os principais equipamentos de proteção utilizados em serviços com
eletricidade;
3. Descrever as multas e penalizações que se referem ao não cumprimento da
NR 10 segundo a lei vigente;
4. Enumerar e avaliar os principais efeitos da não aplicação da NR 10;
5. Sugerir melhorias para a aplicabilidade da NR 10.

1.5 MÉTODO

O método utilizado para esta pesquisa contou com a realização de uma revisão
bibliográfica, com o propósito de fornecer subsídios para a identificação da NR 10 e
as medidas voltadas para prevenção de acidente de trabalho em ambientes com
instalações e serviços de eletricidade.

Em seguida, foi desenvolvido um estudo de caso por meio de uma perícia técnica
laboral, realizada em uma marcenaria localizada no município de Marilândia, no
Espírito Santo, com o objetivo de entender e avaliar todas as instalações de baixa
tensão e suas relações com a NR 10.

A partir do estudo de caso foram tecidas análises e discussões acerca dos resultados
verificados, sugerindo-se melhorias no ambiente estudado, com vistas ao
aprimoramento dos processos e aumento da segurança dos trabalhadores. Por fim,
foram explanados, na conclusão, os principais riscos da não aplicação da norma,
oferecendo suporte à empresa e aos trabalhadores para melhorias futuras.
12

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 SEGURANÇA DO TRABALHO

A Segurança do Trabalho pode ser entendida como um conjunto de ações


estabelecidas com o intuito de minimizar e/ou evitar os acidentes de trabalho e as
doenças ocupacionais, assim como manter a integridade e a capacidade de trabalho
das pessoas envolvidas em suas tarefas elaborais. No mundo contemporâneo, a
relação entre empresa e trabalhador deixou de ser considerada apenas uma relação
de trabalho, passando a ter um foco maior, implicando numa gestão total. Ou seja, o
vínculo deixou de ser apenas empregatício, com compromissos financeiros,
abrangendo também o compromisso com qualidade de vida e de trabalho, além de
promoção da qualidade global que compreende ações sistemáticas na preservação
do ambiente, do homem, da empresa e da comunidade (PEIXOTO, 2010).

Silva (2010) afirma que segurança do trabalho é definido como um conjunto de


atividades que engloba desde a verificação de possíveis riscos para acidentes na
esfera laboral, assim como sua avaliação, intervenção e monitoramento.
Considerando o ponto de vista legal, o artigo 19 da Lei nº 8.213, de 1991 (alterado
pela Lei Complementar nº 150, de 2015) define acidente do trabalho da seguinte
forma:

“É o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou de


empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos
no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
temporária, da capacidade para o trabalho.” (BRASIL, 2015).

No dia 8 de junho de 1978 criou-se a Portaria número 3.214 do Ministério do Trabalho


(BRASIL, 1978), que aprovou as Normas Regulamentadoras (NR), definidas como um
grupo de requisitos e procedimentos ligados à segurança e medicina do trabalho, com
cumprimento obrigatório para as empresas privadas, públicas e até mesmo órgãos do
governo que contam com colaboradores dirigidos pela Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT). Tais normas contemplam muitos assuntos relacionados ao ambiente
de trabalho e a saúde do trabalhador (MARTINS, 2008).

Para Porto (2000 apud SANTOS, 2013), no Brasil é comum as empresas tomarem
alguma atitude somente após a ocorrência de acidentes. Porém, isso não é mais
13

admitido, pois em 2009 a Portaria nº 84 (BRASIL, 2009) retirou a expressão “ato


inseguro” da regulamentação, assim como os subitens que atribuíam ao trabalhador
a culpa pelo acidente. Com a revisão, a norma obriga a elaboração de ordens de
serviço sobre segurança e saúde ocupacional.

2.2 NORMA REGULAMENTADORA Nº 10

O objetivo da NR 10 é determinar os requisitos e condições mínimas favoráveis para


a realização de serviços relacionados com a eletricidade, objetivando a
implementação de medidas de controle e sistemas preventivos, a fim de garantir a
segurança e a saúde dos trabalhadores que atuam na área, pontuando, em seu
primeiro tópico, a intenção de prevenir os acidentes de trabalho (BRASIL, 2004).

Esta Norma Regulamentadora pode ser aplicada em todas as fases: geração,


transmissão, distribuição e consumo, integrando também as etapas de projeto,
construção, montagem, operação e manutenção das instalações elétricas. Todos os
trabalhos realizados nas suas adjacências devem seguir as normas técnicas legais
determinadas pelos órgãos competentes e, caso seja verificada a falta ou omissão
destas, as normas internacionais admissíveis (PEIXOTO, 2010).

No glossário da NR 10, a definição de risco e perigo são distintas. Risco é definido


como a capacidade de uma grandeza com potencial para causar danos à saúde das
pessoas. Perigo, por sua vez, é a situação/condição de risco com probabilidade de
causar lesões às pessoas por ausência de medidas de controle (BRASIL, 2004).

Ainda de acordo com a NR 10, em todas as atividades com instalações elétricas


devem ser adotadas medidas preventivas, através das análises técnicas dos riscos e
com o objetivo de garantir a segurança do local e do trabalhador. Conforme o subitem
10.2.4, as empresas devem manter o Prontuário de Instalações Elétricas, contendo
no mínimo:

a) conjunto de procedimentos e instruções técnicas e administrativas de


segurança e saúde, implantadas e relacionadas a esta NR e
descrição das medidas de controle existentes;
b) documentação das inspeções e medições do sistema de proteção
contra descargas atmosféricas e aterramentos elétricos;
c) especificação dos equipamentos de proteção coletiva e individual e o
ferramental, aplicáveis conforme determina esta NR;
14

d) documentação comprobatória da qualificação, habilitação,


capacitação, autorização dos trabalhadores e dos treinamentos
realizados;
e) resultados dos testes de isolação elétrica realizados em
equipamentos de proteção individual e coletiva;
f) certificações dos equipamentos e materiais elétricos em áreas
classificadas; e
g) relatório técnico das inspeções atualizadas com recomendações,
cronogramas de adequações, contemplando as alíneas de "a" a "f".
(BRASIL, 2004).

Além da norma regulamentadora, as instalações elétricas devem atentar as seguintes


normas técnicas:

 NBR 5410 – Instalações elétricas de baixa tensão;


 NBR 14039 – Instalações elétricas de média tensão de 1,0 kV a 36,2kV;
 NBR 5418 – Instalações elétricas em atmosferas explosivas;
 NBR 13534 – Instalações elétricas em estabelecimentos assistenciais de saúde
Requisitos para segurança;
 NBR 13570 – Instalações elétricas em locais de afluência de público –
Requisitos específicos;
 NBR 14639 – Posto de serviço – Instalações elétricas.

2.3 ACIDENTES E RISCOS

Como dito anteriormente, para a NR 10 a definição de risco e perigo são distintas. Os


riscos são classificados baseados em sua fonte, como por exemplo: arco elétrico e
choque. Com isso, para mitigar os acidentes e riscos nas empresas, o profissional que
trabalha com as instalações elétricas precisa entender e saber como se portar diante
dos possíveis riscos que ele está exposto no dia a dia.

Para Lourenço (2010), um dos motivos mais comuns para acidentes com eletricidade
é a energização acidental. Ela pode acontecer em decorrência de erros de manobra,
tensões induzidas, contato acidental com circuitos energizados e até por descargas
atmosféricas. Quando falamos sobre os riscos notados com maior frequência nos
trabalhos com eletricidade, podemos evidenciar:

 Riscos físicos – ruído, calor e radiações;


 Riscos químicos – poeira e produtos químicos;
 Riscos adicionais – ergonomia e quedas em altura.
15

Outro tipo de acidente provável é a ocorrência de choque elétrico, que é definido como
uma perturbação de natureza e afeta o organismo através de uma corrente elétrica
que ultrapassa o corpo humano. A definição das consequências depende do percurso
que essa corrente fará (Figura 1), da intensidade, do tempo de duração do choque e
da frequência (KINDERMANN, 1995 apud GERALDI, 2017).

Figura 1 – Alguns dos caminhos da corrente elétrica

Fonte: Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de São Paulo
(CPNSP) (2005)

(KINDERMANN, 1995 apud GERALDI, 2017) ainda afirma que os principais efeitos
são:

 Tetanização;
 Parada respiratória;
 Fibrilação ventricular;
 Queimadura, de origem térmica e não térmicas.

Lourenço (2010) conseguiu elencar alguns dos principais e mais recorrentes efeitos
no organismo que dependem da intensidade em Hz de cada corrente, conforme
Quadro 1.

Na grande maioria dos casos de acidentes com energia elétrica, como cita a CPNSP
(2005), os trabalhadores apresentam queimaduras, que acontece quando a corrente
elétrica atinge o revestimento cutâneo. As queimaduras podem ser classificadas de
diferentes formas, conforme Quadro 2.
16

Quadro 1 – Corrente elétrica x Efeitos no organismo


Corrente Elétrica
Efeito
(mA) – 60 Hz
0,1 a 1 Limiar da sensação
1a5 Formigamento
5 a 10 Sensação desagradável
10 a 20 Pânico, sensação muito desagradável
20 a 30 Paralisia muscular
30 a 50 A respiração é afetada
50 a 100 Dificuldade extrema em respirar, ocorre a fibrilação ventricular
Acima de 100 Morte e queimaduras severas
Fonte: Furnas (2006 apud GERALDI, 2017)

Quadro 2 – Classificação de queimaduras


Tipo de queimadura Descrição
Acontece pelo fluxo da corrente de eletricidade por
Queimaduras por arco voltaico meio do ar, e é produzido na conexão e desconexão
de aparelhos elétricos e em caso de curto-circuito.
Acontece quando há o contato em uma superfície
Queimaduras por contato
energizada.
Acontece quando ocorre a fusão de um condutor ou
Queimaduras por vapor metálico
elo fusível.
Fonte: Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de São Paulo
(CPNSP) (2005)

Devido a esses motivos e acidentes apresentados, a NR 10 define a obrigatoriedade


do uso dos EPIs para proteção dos membros superiores, inferiores e tronco.

2.4 PERICULOSIDADE

De acordo com Vianna (2007), deve-se implementar o adicional de periculosidade a


todo o trabalhador que tenha contato com explosivos, inflamáveis e eletricidade. A
Norma Regulamentadora nº 16 (NR 16) trata desse assunto e o seu Anexo 4
exemplifica as atividades e operações perigosas com energia elétrica (BRASIL, 2014),
que se relaciona com o estudo de caso desse trabalho.

Conforme o Anexo 4 da NR 16, os trabalhadores têm direito ao adicional de


periculosidade quando executarem atividades em instalações elétricas de alta tensão;
quando realizarem atividades em proximidade; quando realizarem atividades em
instalações de baixa tensão no sistema elétrico de consumo (SEC), no caso de
17

descumprimento do item 10.2.8; e quando as empresas operam no sistema elétrico


de potência (SEP).

Ainda de acordo com o Anexo 4, não têm direito ao adicional os trabalhadores que
operam sistemas desenergizados e que operam sistemas de extrabaixa tensão.
Segundo o quadro 1 do Anexo 4 da NR 16, as principais atividades são comparadas
às suas principais áreas de risco, conforme Quadro 3:

Quadro 3 – Atividades x Áreas de Risco


ATIVIDADES ÁREA DE RISCO
- Equipamentos e estruturas dos sistemas;
Construção, operação e - Salas de operação e pátios;
manutenção de linhas aéreas - Cabines de distribuição;
ou subterrâneas de alta ebaixa - Equipamentos de tração elétrica;
tensão - Banco de dutos, valas, câmaras, galerias...
- Áreas aquáticas submersas;
Construção, operação e - Cabinas e pontos de medição;
manutenção em cabines de - Casa de máquinas e salas de controle;
distribuição - Pátios de operações;
- Áreas laborais de oficinas e laboratórios;
Atividades de inspeção, testes, - Salas de controle;
ensaios, calibração, medição - Salas de operação;
- Salas de ensaios;
- Áreas laborais de oficinas e laboratórios;
Treinamento em - Salas de controle;
equipamentos ou instalações - Salas de operação;
- Salas de ensaios;
Fonte: Portaria MTE nº 1.078/2014 (BRASIL, 2014)

2.5 MEDIDAS DE PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL

Como a NR 10 mesmo relata, de acordo com o item 10.2.8.1, em todas as atividades


realizadas em instalações elétricas é obrigatória a adoção de medidas de proteção
coletiva nos ambientes de trabalho e nas atividades desenvolvidas. Levando em
consideração o direto do trabalhador à saúde ocupacional em todo o local laborativo,
os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) auxiliam a garantir a segurança dos
colaboradores.

Além disso, para os casos em que o uso de medidas de proteção coletiva não forem
viáveis ou não garantirem a proteção integral do colaborador, a NR 10 cita também os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para uso adequado durante as atividades
18

executadas. Com isso, podemos elencar alguns dos principais EPIs para trabalho com
energia elétrica:

 Protetor Facial Contra Arco Elétrico;


 Vestimentas Especiais;
 Capacete de segurança classe B;
 Botina de segurança capaz de isolar a eletricidade;
 Luva de segurança, de vaqueta e de proteção condutiva;
 Manga Isolante de Borracha;
 Cinto de Segurança.

Além dos EPIs, é importante enfatizar que os EPCs são muito fundamentais também
para ajudar na mitigação dos acidentes. Alguns exemplos de EPCs são: sinalizadores,
barreiras, redes de proteção, sistema de seccionamento automático de rede elétrica,
entre outros. Vale ressaltar que de acordo com a norma em questão, as medidas de
proteção compreendem prioritariamente a desenergização do sistema elétrico.

2.6 SETOR MOVELEIRO

Em sua obra, Pereira (2009) afirma que a indústria moveleira brasileira, quando
comparada com os demais setores, é formada principalmente por inúmeras micro e
pequenas empresas e um número considerado de mão de obra. Se considerarmos o
ano de 2005 e considerarmos apenas as empresas formais, 16.298 firmas do ramo
podiamser encontradas no Brasil, empregando mais de 200 mil pessoas.

Fazendo a comparação com a América do Sul, o Brasil contempla uma porcentagem


de 75% da produção de móveis. Esse alto número é explicado devido ao fato de o
Brasil possuir grande disponibilidade da matéria prima e uma mão de obra mais
barata. Mesmo assim, quando a análise é feita mundialmente, o Brasil representa
apenas 1% do mercado moveleiro. Levando em consideração os estados do Brasil,
os estados da região sudeste concentram 90% da produção nacional, sendo a cidade
de Linhares um dos principais polos moveleiros (ALBINO et al., 2008). A Figura 2
retrata a distribuição da indústria moveleira no país.
19

Figura 2 – Distribuição da Indústria moveleira no Brasil

Fonte: Abimóvel (2005 apud ALBINO; SOUZA, 2008)

2.7 SESMT E CIPA

2.7.1 Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do


Trabalho

Segundo Teles (2018), a criação do Serviço Especializado em Engenharia de


Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) aconteceu devido a pressões
externas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Embora em 1943 o serviço
especializado já era previsto no artigo 164 da Lei do Processo Civil, o SESMT só foi
realmente instituído com o Decreto nº 3.237, promulgado em 27 de junho de 1972.

A NR 4 (BRASIL, 1983), que descreve sobre os Serviços Especializados em


Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), define que todas as
empresas, sejam elas públicas ou privadas, que possuem colaboradores contratados
por CLT devem obrigatoriamente promover a saúde e proteger a integridade dos
20

trabalhadores, realizando a manutenção dos serviços profissionais em engenharia de


segurança e medicina do trabalho (BRASIL, 1983).

Para calcular o dimensionamento do SESMT, de acordo com o Quadro 1 do Anexo 2


da NR 4, a norma analisa o grau de risco da atividade da empresa com o número de
funcionários que a mesma possui, conforme pode ser verificado no Quadro 4.

Quadro 4 – Dimensionamento do SESMT

Fonte: Brasil (1987)

O SESMT então, é uma ferramenta indispensável para a proteção da saúde dos


trabalhadores, pois utiliza a ação teórica com a prática interdisciplinar, de forma a
proteger todos os diversos profissionais que estejam relacionados às áreas e propiciar
uma melhor análise dos riscos adicionais no ambiente laboral (TELES, 2018).

2.7.2 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

A CIPA, por sua vez, teve início em meados dos anos 70, quando o Ministério do
Trabalho decidiu que era necessário adotar medidas para minimizar os acidentes de
trabalho. A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) de uma empresa, de
acordo com a NR 5 (BRASIL, 1999), tem como objetivo principal prevenir acidentes e
21

doenças causadas pelo trabalho, de forma que a atividade possa ser realizada
preservando a saúde dos trabalhadores.

Conforme a NR 5, a comissão é formada por membros da própria empresa que


possuem o propósito de realizar atividades a fim de reduzir os acidentes e situações
propícias à exposição indevida do trabalhador. Em sua formação, a CIPA conta com
funcionários elegidos pela empresa e outros votados pelos próprios colaboradores,
com o intuito de ter um grupo multidisciplinar. Seu dimensionamento é calculado de
acordo com a relação entre o grupo de atividade que sua empresa executa, com a
quantidade de funcionários, e conforme exemplificado no Quadro 5.

Quadro 5 – Dimensionamento da CIPA

Fonte: Brasil (1999)

Como descrito na NR 5, em seu artigo 5.16, as principais atribuições da CIPA são:

 Reconhecer e indicar os riscos no processo de cada atividade;


 Criar ações preventivas;
 Controlar a qualidade das medidas de prevenção;
22

 Inspecionar, periodicamente, os ambientes de trabalho;


 Disseminar informações sobre segurança e saúde para os trabalhadores;
 Ajudar o SESMT nas ações;
 Implementar, junto com o SESMT, o Programa de Controle Médico de Saúde
Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA);
 Controlar os certificados de acidentes;
 Promover a Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT);
 Realizar campanhas de prevenção da AIDS.
23

3 ESTUDO DE CASO

Com objetivo de analisar as inconformidades que envolvem eletricidade na


marcenaria em estudo, foi realizada uma visita técnica com análise dos locais
laborativos e depoimentos com os trabalhadores. A marcenaria estudada é dividida
em três principais áreas:

 Área externa (pátio);


 Oficina pesada;
 Área administrativa.

3.1 ÁREAS ANALISADAS

Para uma análise concisa e objetiva de cada área, foi desenvolvido o quadro em
formato de checklist (APÊNDICE A) para realizar as observações técnicas e pontuas
os itens em conformidade ou não. O checklist foi preenchido para cada uma das áreas
da marcenaria, a fim de exercer uma análise criteriosa e observar todos os detalhes.

3.1.1 Área Externa

Após a vistoria técnica realizada na área externa, é apresentado no Quadro 6 o


checklist da área com as observações e conformidades com a NR 10. Pode-se
analisar pelo checklist que a área externa possui quadros de distribuição em situação
precária, apresentando sinais de corrosão e possibilitando possíveis infiltrações.

Além disso, nenhum dos documentos obrigatórios notados pela NR 10 foi observado
na visita. Em conversa com o proprietário, averiguou-se que nenhuma manutenção no
sistema elétrico é feita há anos. Nenhum dos itens estão com a sinalização corretapara
segurança dos trabalhadores e identificação dos quadros, fios, áreas e acessos.A falta
de limpeza é também é bastante latente.
24

Quadro 6 – Checklist Área Externa


CHECKLIST
TIPO DESCRIÇÃO SIM NÃO OBSERVAÇÃO
Manual do proprietário; X
Diagrama unifilar atualizado; X
DOCUMENTAÇÃO

Projeto básico ou executivo das instalações elétricas; X


Relatório de inspeção anual do Sistema de Proteção
X
contra Descargas Atmosféricas (SPDA/MPS/PDA);
Relatórios dos acompanhamentos das manutenções
das instalações elétricas e dos sistemas específicos de X
utilidades;
Plano de manutenção das instalações elétricas e dos
X
sistemas específicos de utilidades;
Identificação de circuitos e quadros elétricos; X
Restrições e impedimentos de acesso; X
Delimitações de áreas; X
SINALIZAÇÃO

Sinalização de impedimento de energização. X


Fiação com identificação; X
Interruptores, tomadas ou disjuntores com
X
identificação;
Sinalização equivocada ou fora do padrão especificado
X
em norma;
Tomadas com identificação da tensão; X
Aumento da temperatura dos cabos e/ou
X
componentes;
Deterioração dos componentes; X
Falta de fixação dos componentes; X
Eletrodutos abertos em área externa
Excesso de cabos em eletrodutos e eletrocalhas em
X possibilitando contato com
desacordo com as normas;
intempéries
Falta de manutenção ou manutenção inapropriada; X
INSTALAÇÃO

Ausência de aterramento ou aterramento inadequado


X
do sistema elétrico;
Emendas ou conexões malfeitas; X
Falta de limpeza nas instalações elétricas; X
Fiação exposta; X
Instalações improvisadas; X
Utilização de plástico para segurar
Materiais que não atendem às normas técnicas; X
fios
Peças ou componentes oxidados; X
Presença de umidade nas instalações elétricas; X Umidade Atmosférica
Utilização de benjamins, filtros de linha, barramentos e
X
réguas elétricas;
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

As Figuras 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 representam algumas das situações verificadas no


local.
25

Figura 3 – Filtro de linha em péssimas Figura 4 – Fiação sem cobrimento e


condições sinalização de tomadas

Fonte: Fotografado pelo autor (2021) Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 5 – Fiação sem acabamento na área Figura 6 – Circuito exposto


externa

Fonte: Fotografado pelo autor (2021) Fonte: Fotografado pelo autor (2021)
26

Figura 7 – Circuito sem proteção na área externa

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 8 – Aparelhagem de iluminação e segurança da área externa

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 9 – Circuito em péssimas condições

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)


27

Figura 10 – Interruptores e tomadas na área externa próxima ao galpão

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

3.1.2 Oficina Pesada

Durante a inspeção realizada na oficina pesada, o mesmo comportamento foi


observado com relação à falta de documentações obrigatórias listadas na NR 10,
como projeto básico/executivo das instalações elétricas, relatórios de inspeção e
manutenção e plano de manutenção. Embora alguns itens de sinalização estejam em
conformidade mínima, falta identificação na grande maioria dos elementos, sendo
eles: fiações, quadros de distribuição, tomadas, circuitos, interruptores e limitadores
de acesso/área.

Ao analisar os elementos de instalação, os itens mais agravantes são a falta de


manutenção e/ou manutenção inadequada dos equipamentos, sujeira e componentes
oxidados nas aparelhagens elétricas, assim como instalações inadequadas. O
checklist do ambiente com as anotações e conformidades com a NR 10 é apresentado
no Quadro 7.
28

Quadro 7 – Checklist Oficina Pesada


CHECKLIST
TIPO DESCRIÇÃO SIM NÃO OBSERVAÇÃO
Manual do proprietário; X
Diagrama unifilar atualizado; X
DOCUMENTAÇÃO

Projeto básico ou executivo das instalações


X
elétricas;
Relatório de inspeção anual do Sistema de Proteção
X
contra Descargas Atmosféricas (SPDA/MPS/PDA);
Relatórios dos acompanhamentos das
manutenções das instalações elétricas e dos X
sistemas específicos de utilidades;
Plano de manutenção das instalações elétricas e
X
dos sistemas específicos de utilidades;
Alguns apresentam identificação, porém
Identificação de circuitos e quadros elétricos; X
precisam ser substituídos
Restrições e impedimentos de acesso; X
Delimitações de áreas; X
SINALIZAÇÃO

Sinalização de impedimento de energização. X


Fiação com identificação; X
Com exceção de alguns disjuntores que
Interruptores, tomadas ou disjuntores com
X possuem sinalização escrita em um
identificação;
adesivo
Sinalização equivocada ou fora do padrão
X
especificado em norma;
Tomadas com identificação da tensão; X
Aumento da temperatura dos cabos e/ou
X
componentes;
Deterioração dos componentes; X
Falta de fixação dos componentes; X
Excesso de cabos em eletrodutos e eletrocalhas em
X
desacordo com as normas;
Falta de manutenção ou manutenção inapropriada X
Ausência de aterramento ou aterramento
X
INSTALAÇÃO

inadequado do sistema elétrico;


Emendas ou conexões malfeitas; X
Falta de limpeza nas instalações elétricas; X
Fiação exposta; X
Instalações improvisadas; X
Materiais que não atendem às normas técnicas; X
Peças ou componentes oxidados; X
Como a oficina pesada está dentro do
Presença de umidade nas instalações elétricas; X galpão principal, não apresenta sinais
de umidade
Utilização de benjamins, filtros de linha, barramentos Todas as máquinas possuem ligação
X
e réguas elétricas; direta
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

As Figuras 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22 apresentam imagens do
ambiente onde se encontram a maioria dos equipamentos na marcenaria, assim como
as situações averiguadas no levantamento realizado.
29

Figura 11 – Equipamento de serralheria Figura 12 – Maquinário com fiação exposta e


com fiação sem proteção

Fonte: Fotografado pelo autor (2021) Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 13 – Máquina oxidada e com fiação Figura 14 – Maquinário sujo


exposta

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)


Fonte: Fotografado pelo autor (2021)
30

Figura 15 – Quadro de disjuntores oxidado e Figura 16 – Quadro de disjuntores sem


sem sinalização sinalização

Fonte: Fotografado pelo autor (2021) Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 17 – Tomada sem indicação de tensão Figura 18 – Disjuntores sem sinalização

Fonte: Fotografado pelo autor (2021) Fonte: Fotografado pelo autor (2021)
31

Figura 19 – Equipamentos pesados Figura 20 – Máquina de corte e serragem


sujos e fios soltos com fios fora de eletroduto

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)


Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 21 – Galpão de armazenamento de Figura 22 – Ligação elétrica equivocada da


materiais e utilização de equipamentos ventilação no galpão

Fonte: Fotografado pelo autor (2021) Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

3.1.3 Área Administrativa

Embora a área administrativa do posto de trabalho desse estudo de caso não tenha
equipamentos de alta tensão e/ou de risco elevado, suas instalações elétricas também
precisam estar em conformidade com a NR 10. Novamente, quando o assunto é
documentação, não foi observado nenhum projeto básico/executivo, ou sequer
relatórios e planos técnicos de manutenção dos equipamentos de escritório. Alguns
32

itens de sinalização também estavam inadequados, como a identificação da fiação,


interruptores, tomadas e disjuntores.

Com relação à instalação, observou-se apenas a falta de limpeza dos equipamentos


elétricos, assim como a falta de manutenção e vistoria e o uso de benjamins e filtros
de linha, que aumentam a corrente circulante, podendo ocasionar superaquecimento
e curtos-circuitos. O checklist dessa área é apresentado no Quadro 8.

Quadro 8 – Checklist Área Administrativa


CHECKLIST
TIPO DESCRIÇÃO SIM NÃO OBSERVAÇÃO
Manual do proprietário; X
Diagrama unifilar atualizado; X
DOCUMENTAÇÃO

Projeto básico ou executivo das instalações elétricas; X


Relatório de inspeção anual do Sistema de Proteção contra
X
Descargas Atmosféricas (SPDA/MPS/PDA);
Relatórios dos acompanhamentos das manutenções das
X
instalações elétricas e dos sistemas específicos de utilidades;
Plano de manutenção das instalações elétricas e dos sistemas
X
específicos de utilidades;
Identificação de circuitos e quadros elétricos; X
Restrições e impedimentos de acesso; X
SINALIZAÇÃO

Delimitações de áreas; X Não se aplica


Sinalização de impedimento de energização. X Não se aplica
Fiação com identificação; X
Interruptores, tomadas ou disjuntores com identificação; X
Sinalização equivocada ou fora do padrão especificado em
X
norma;
Tomadas com identificação da tensão; X
Aumento da temperatura dos cabos e/ou componentes; X
Deterioração dos componentes; X
Falta de fixação dos componentes; X
Excesso de cabos em eletrodutos e eletrocalhas em desacordo
X
com as normas;
Falta de manutenção ou manutenção inapropriada X
Ausência de aterramento ou aterramento inadequado do sistema
INSTALAÇÃO

X
elétrico;
Emendas ou conexões malfeitas; X
Falta de limpeza nas instalações elétricas; X
Fiação exposta; X
Instalações improvisadas; X
Materiais que não atendem às normas técnicas; X
Peças ou componentes oxidados; X
Presença de umidade nas instalações elétricas; X
Utilização de benjamins, filtros de linha, barramentos e réguas Para ligar os computadores
X
elétricas; e impressora
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

As Figuras 23, 24, 25, 26 e 27 apresentam algumas situações identificadas no local.


33

Figura 23 – Uso de filtro de linha no escritório Figura 24 – Equipamentos de refrigeração


ligado em tomada sem sinalização

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)


Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 25 – Tomada de ar condicionado sem sinalização

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)


34

Figura 26 – Equipamentos de informática ligados corretamente

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)

Figura 27 – Visão geral do escritório

Fonte: Fotografado pelo autor (2021)


35

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Em relação às documentações necessárias de acordo com a NR 10, como diagramas


unifilares, projetos, memoriais descritivos, relatórios de manutenção e manuais de
operação, a marcenaria não possui nenhuma delas. Além disso, não existe um plano
de manutenção e limpeza programada para as instalações elétricas, resultando,
assim, em equipamentos sujos e com indícios de oxidação.

Para que haja fiscalização e cumprimento do conjunto de Normas Regulamentadoras,


a Norma Regulamentadora nº 28 (NR 28) (BRASIL, 1992) fornece as diretrizes
técnicas a serem seguidas pelos agentes de trabalho, estabelecendo as penalidades
que devem ser aplicadas pelo descumprimento dessas normas. Pode-se dizer
também que o propósito principal é de orientação e adaptação das condições de
trabalho, a fim de alcançar circunstâncias mais seguras, ergonomicamente mais
corretas e sem insalubridade.

Em cenário onde ocorre a notificação para adequação de irregularidades identificadas,


o prazo máximo de correção é de 60 dias, podendo ser prorrogado para 120 dias
contados a partir do término da notificação, sendo necessário apresentar solicitação
formal escrita com justificativas plausíveis que justifiquem a prorrogação (BRASIL,
1992).

Ainda de acordo com a NR 28, os valores finais das multas por descumprimento de
itens listados nas normas são calculados a partir da interseção entre números de
funcionários da empresa e o código de infração, ambos disponibilizados nos Anexos
I e II do documento. É permitido anexar documentos que evidenciam a infração,
incluindo arquivos audiovisuais feitos durante a inspeção do trabalho.

Sendo assim, com base na NR 28 é determinado o grau de penalidade em relação ao


atendimento da NR 10. É analisado cada local de trabalho separadamente e, então,
calcula-se o percentual de itens que não atendem à norma, utilizando-se o valor da
Unidade Fiscal de Referência (UFIR) para o cálculo da multa. Conforme o Decreto nº
4772-R, de 08 de dezembro de 2020 (ESPÍRITO SANTO, 2020), o valor do Valor de
Referência do Tesouro Estadual (VRTE) (substituto da UFIR) a vigorar no exercício
36

de 2021 é de R$ 3,6459. Como a empresa possúi 50 funcionários, seguem os


resultados obtidos:

Quadro 9 – Cálculo da Multa Possível


Classificação da Mínimo Máximo
Item/Subitem Mínimo (R$) Máximo (R$)
Infração (UFIR) (UFIR)
10.2.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.2.2 1 831 963 R$ 3.029,74 R$ 3.511,00
10.2.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.2.4 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.2.4. a 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.4. b 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.4. c 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.4. d 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.4. e 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.4. f 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.4. g 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.5 OK OK OK R$ - R$ -
10.2.5. a OK OK OK R$ - R$ -
10.2.5. b OK OK OK R$ - R$ -
10.2.6 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.2.7 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.2.8.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.2.8.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.2.8.2.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.2.8.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.2.9.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.2.9.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.2.9.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.3.1 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.5 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.6 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.7 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.3.8 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. a 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. b 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. c 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. d 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. e 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. f 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.9. g 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.3.10 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.4.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.4.2 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.4.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.4.3.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.4.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.4.4.1 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
37

Classificação da Mínimo Máximo


Item/Subitem Mínimo (R$) Máximo (R$)
Infração (UFIR) (UFIR)
10.4.5 OK OK OK R$ - R$ -
10.4.6 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.5.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.5.2 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.5.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.6.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.6.1.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.6.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.6.3 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.6.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.6.5 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.7.1 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.2 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.3 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.4 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.5 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.6 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.7 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.7.1 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.8 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.7.9 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.8.5 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.8.6 Não aderente Não aderente Não aderente R$ - R$ -
10.8.7 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.8.8 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.8.8.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.8.8.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.8.8.3 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.8.8.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.8.9 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.9.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.9.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.9.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.9.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.9.5 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.10.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.10.1. a 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.10.1. b 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.10.1. c 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.10.1. d 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.10.1. e 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.10.1. f 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.10.1. g 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.11.1 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.11.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.11.3 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.11.4 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.11.5 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.11.6 1 831 963 R$ 3.029,74 R$ 3.511,00
10.11.7 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.11.8 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
38

Classificação da Mínimo Máximo


Item/Subitem Mínimo (R$) Máximo (R$)
Infração (UFIR) (UFIR)
10.12.1 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.12.2 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.12.3 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.12.4 3 2496 2898 R$ 9.100,17 R$ 10.565,82
10.13.2 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.13.3 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.14.1 4 3335 3876 R$ 12.159,08 R$ 14.131,51
10.14.2 1 831 963 R$ 3.029,74 R$ 3.511,00
10.14.4 2 1665 1935 R$ 6.070,42 R$ 7.054,82
10.14.5 1 831 963 R$ 3.029,74 R$ 3.511,00
OBS: Considerando 50 funcionários e UFIR R$ 3,6459
com valor de:
TOTAL R$ 737.529,17 R$ 856.684,62
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)
R$ 856.684,62

Como pode-se verificar no Quadro 9, é possível perceber que a marcenaria em


questão está passiva a aplicação de multa, devido à não conformidade aos itens da
NR 10, podendo o valor desta chegar a até R$ 856.684,62.

4.2 SUGESTÕES DE MELHORIA

Através das análises dos resultados é possível verificar que existe uma grande
quantidade de itens não conformes com a NR 10 na marcenaria em questão, sendo
possível até prever uma multa que poderia chegar ao valor de R$ 867.073,55, caso a
empresa seja autuada.

Para sanar os problemas encontrados nas instalações elétricas e consequentemente


ter um ambiente seguro para os colaboradores, seguem algumas soluções de
aplicabilidade urgente:

 Contratar de forma imediata uma empresa especializada de manutenção


corretiva;
 Implantar um Plano de Manutenções, Operação e Controle (PMOC) dos
equipamentos elétricos da empresa;
 Realizar a compra de novos EPIs para todos os funcionários que fazem contato
com equipamentos elétricos;
 Realizar treinamentos trimestrais sobre saúde e segurança do trabalhador e
treinamentos semestrais sobre os riscos e medidas de controles com
eletricidade.
39

Além dessas ações, faz-se necessária a criação e implementação da CIPA na


empresa. Conforme a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), a
companhia é classificada como Fabricação de móveis com predominância de
Madeira, fazendo parte do grupo C-6. Portanto, de acordo com quadro de
dimensionamento, faz-se necessário obter um efetivo e um suplente para compor a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes. Com isso, sugere-se a criação da CIPA
e a implementação das seguintes atividades em caráter emergencial:

 Reconhecer e indicar os riscos no processo de cada atividade;


 Criar ações preventivas para prevenir acidentes;
 Inspecionar, periodicamente, os ambientes de trabalho;
 Disseminar informações sobre segurança e saúde para os trabalhadores;
 Promover a SIPAT.

Verifica-se que ainda não há necessidade da criação do SESMT na empresa, pois de


acordo com a CNAE, a marcenaria possui grau de risco 3, não havendo necessidade
de nenhum profissional especializado no momento. Levando em conta também que
não há histórico de acidentes com eletricidade.
40

5 CONCLUSÃO

A realização desse estudo viabilizou a análise de um importante problema que é


bastante visível em empresas de pequeno porte localizadas nos interiores do estado
do Espírito Santo, que é a não aplicabilidade da NR 10 em sua operação. A vistoria
local foi realizada com o objetivo de apontar os principais riscos ao exercer atividades
com eletricidade em não conformidade com as normas vigentes, descrever as multas
e penalizações e sugerir melhorias para a aplicabilidade da norma.

Após a análise dos resultados obtidos, conclui-se que a empresa estudada opera em
não conformidade com a Norma Regulamentadora nº 10, apresentando apenas 5%
de compatibilidade com o checklist realizado. Essa situação demonstra que a empresa
está com alto risco de sofrer uma multa devido a essas incompatibilidades, que, de
acordo com a NR 28, poderia chegar ao valor de R$ 856.684,62, caso a empresa seja
autuada.

Por fim, foram apresentadas algumas medidas de carácter imediato para direcionar a
empresa a atender os direcionamentos da norma, como por exemplo a contratação
de uma empresa especializada em manutenções preventivas e corretivas da parte
elétrica, a compra de novos EPIs devidamente aprovados e a realização de
treinamentos com o intuito de mitigar os riscos à saúde do trabalhador e promover a
segurança operacional.
41

REFERÊNCIAS

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24 de julho de 1991, e no 11.196, de 21 de novembro de 2005; revoga o inciso I do
art. 3o da Lei no 8.009, de 29 de março de 1990, o art. 36 da Lei no 8.213, de 24 de
julho de 1991, a Lei no 5.859, de 11 de dezembro de 1972, e o inciso VII do art. 12
da Lei no 9.250, de 26 de dezembro 1995; e dá outras providências. Diário Oficial
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fiscalização e penalidades, aprovada pela Portaria 3.214 de 08 de junho de 1978 e
alterada pela Portaria SSMT nº 07, de 15 de março de 1983. DiárioOficial da União:
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2014. Aprova o Anexo 4 – Atividades e operações perigosas com energia elétrica –
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Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 135, p. 56-57, 17 jul. 2014.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria nº 598, de 7 de dezembro de


2004. Altera a Norma Regulamentadora nº 10 que trata de Instalações e Serviços em
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- NR 5, que dispõe sobre a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes-CIPA e dá
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44

APÊNDICE A – CHECKLIST

CHECKLIST
TIPO DESCRIÇÃO SIM NÃO OBSERVAÇÃO
Manual do proprietário;
Diagrama unifilar atualizado;
Projeto básico ou executivo das instalações
DOCUMENTAÇÃO

elétricas;
Relatório de inspeção anual do Sistema de
Proteção contra Descargas Atmosféricas
(SPDA/MPS/PDA);
Relatórios dos acompanhamentos das
manutenções das instalações elétricas e dos
sistemas específicos de utilidades;
Plano de manutenção das instalações elétricas e
dos sistemas específicos de utilidades;
Identificação de circuitos e quadros elétricos;
Restrições e impedimentos de acesso;
Delimitações de áreas;
SINALIZAÇÃO

Sinalização de impedimento de energização.


Fiação com identificação;
Interruptores, tomadas ou disjuntores com
identificação;
Sinalização equivocada ou fora do padrão
especificado em norma;
Tomadas com identificação da tensão;
Aumento da temperatura dos cabos e/ou
componentes;
Deterioração dos componentes;
Falta de fixação dos componentes;
Excesso de cabos em eletrodutos e eletrocalhas
em desacordo com as normas;
Falta de manutenção ou manutenção
inapropriada
INSTALAÇÃO

Ausência de aterramento ou aterramento


inadequado do sistema elétrico;
Emendas ou conexões malfeitas;
Falta de limpeza nas instalações elétricas;
Fiação exposta;
Instalações improvisadas;
Materiais que não atendem às normas técnicas;
Peças ou componentes oxidados;
Presença de umidade nas instalações elétricas;
Utilização de benjamins, filtros de linha,
barramentos e réguas elétricas;

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