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1.

INTRODUÇÃO

O presente relatório tem a finalidade de descrever a inspeção objetivando a elaboração de projeto de classificação de área da
unidade industrial da empresa, situada à .
A inspeção executada no período de 10 a 17 de maio de 2019 baseou-se nos requisitos das Normas NFPA 497, Edição 2017 e
ABNT NBR IEC 60079-10, Edição 2006.

2. OBJETIVO

 Atender ao prescrito nas Normas:

NFPA 497 Recommended Practice for the Classification of Flammable Liquids, Gases or Vapor and of Hazardous
(Classified) Locations for Electrical Installations in Chemical Process Areas, 2017 Edition da National Fire Protection
Association, Quincy, Massachussets, USA e;

ABNT NBR IEC 60079-10, Equipamentos elétricos para atmosferas explosivas - Parte 10 Classificação de áreas, 2006, Rio
de Janeiro(RJ) Brasil.

3. METODOLOGIA

3.1 - ÁREAS SOB ANÁLISE

Os locais da unidade industrial sob análise são aqueles destinados a guarda e armazenagem de cilindros de gases inflamáveis
acetileno (C2H2) e de recipientes contendo solvente líquido inflamável.
A unidade constitui-se de uma edificação estruturada em concreto e alvenaria e estruturas metálicas onde, em áreas específicas
são alocados cilindros vazios e cheios de gases C2H2 e recipientes de solventes utilizados no processo de pintura de cilindros
metálicos.

3.2 - MATERIAIS

3.2.1 – O GÁS ACETILENO (C2H2)

O gás acetileno é produzido através da reação química entre o carbeto de cálcio (CaC2) e a água (H2O), no interior de um
gerador. O gás assim originado, absorve diversas impurezas (fosfina, arsina, sulfeto de H2 e outras) que são concomitantemente
eliminadas através de processos coordenados de resfriamento, secagem e filtração. Posteriormente o gás acetileno é
comprimido em recipientes cilíndricos metálicos. Estão ainda inclusas no processo as etapas de requalificação, acetonagem e
pesagem do cilindro.

3.2.2 – SOLVENTE

Material derivado de processo de destilação do petróleo; é um solvente utilizado para processos de diluição de tintas e vernizes
e para limpeza de partes. Na sua composição um dos principais componentes é o tolueno.

3.2.3 - MATERIAIS COMBUSTÍVEIS

A Tabela 1 apresenta as propriedades físicas do material Acetileno, com dados obtidos da Tabela 4.4.2 Selected Chemicals da
Norma NFPA 497:2017.

Designação Acetileno
CAS Nº 74-86-2
Classe I
Grupo da divisão Classe I A
Tipo Gás inflamável
Temp. de auto ignição (AIT) 305ºC
Densidade relativa do vapor (21ºC/1 atm) 0,90 (Ar=1)
Pressão do vapor (mmHg) 36.600
Peso molecular (g/mol) 26,038
Limite inferior de inflamabilidade (LEL) 2,0% (0,022 Kg/m³)
Tabela 1 – Características do material acetileno (C2H2)

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A Tabela 2 apresenta as propriedades físicas do material Solvente, com dados obtidos da Tabela 4.4.2 Selected Chemicals da
Norma NFPA 497:2017.

Designação Solvente
CAS N/D
Classe 3
Grupo D
Tipo Líquido inflamável
Temp de auto-ignição (AIT) 145ºC
Densidade relativa do vapor (21ºC/1 atm) 0,774 +- 0,03 g/m³ (Ar=1)
Pressão do vapor (mmHg) 22,00
Peso molecular (g/mol) 58,08
Limite inferior de inflamabilidade (LEL) 0,6% a 0,9% (0,01 Kg/m³)

Tabela 2 – Características do solvente

3.3 - ÁREA CLASSIFICADA

De acordo com o National Electrical Code - NEC, uma área é classificada como atmosfera explosiva, quando um material
combustível está - ou poderá estar - presente na atmosfera do ambiente com uma concentração suficiente para produzir uma
mistura inflamável.
Em uma área classificada como Classe I, o material combustível presente é um gás ou vapor inflamáveis.
A área definida como Classe I é subdividida em Classe I – Divisão 1 e Classe I – Divisão 2; ou Classe I, Zona 0, Zona 1 e Zona
2.

3.3.1 – ÁREA CLASSE 1, DIVISÃO 1

Uma área classificada como Classe I, Divisão 1 é definida como:

3.3.1.1 Área na qual as concentrações de gases e vapores inflamáveis podem existir sob condições normais de operação;
3.3.1.2 Área na qual as concentrações inflamáveis de gases, vapores acima de seus flash points podem existir frequentemente
devido a manutenções corretivas e preventivas ou vazamentos em tubulações e conexões;
3.3.1.3 Área na qual falhas operacionais de equipamentos ou de processos poderão liberar gases ou vapores inflamáveis,
podendo também provocar simultaneamente falhas de equipamentos elétricos, tornando-se a origem das fontes de
ignição;

3.3.2 – ÁREA CLASSE 1, DIVISÃO 2

Uma área classificada como Classe I, Divisão 2 é definida como:

3.3.2.1 Área na qual gases ou vapores voláteis e inflamáveis serão manuseados, processados ou utilizados; mas que estarão
normalmente confinados em recipientes ou sistemas fechados, dos quais poderão escapar em casos de ruptura acidental
ou falhas dos mesmos, ou ainda em caso de operação anormal;
3.3.2.2 Área na qual as concentrações de vapores e gases inflamáveis serão normalmente evitadas por efeitos de ventilação
mecânica e nas quais possam tornar-se perigosas devido a falhas ou operação anormal dos equipamentos de produção
da ventilação;
3.3.2.3 Área vizinha a Classe I, Divisão 1 e na qual as concentrações inflamáveis de gases e vapores acima de seus flash points
poderão ser ocasionalmente registradas, a menos que sejam neutralizadas por ventilação mecânica adequada, de fonte
de ar limpo e com garantias de não ocorrência de falhas dos equipamentos.

3.4 - CLASSIFICAÇÃO DE EQUIPAMENTOS

A Norma NFPA 497 apresenta a Tabela 5.8.4 (transcrita abaixo na Tabela 3.4) para enquadramento de equipamentos de
processos de acordo com o porte, pressão e vazão nominais de operação.

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Process
Units Small(Low) Moderate Large (High)
Equipment
Size gal < 5000 5000-25,000 > 25,000
Pressure psi < 100 100-500 > 500
Flow rate gpm < 100 100-500 > 500

Tabela 3.4 – Dados da Tabela 5.8.4 NFPA 497 – Enquadramento de


equipamentos que manipulam materiais combustíveis

3.5 - DIAGRAMAS MODELOS

A Norma NFPA 497/17 apresenta modelos de diagramas como sugestão para o estudo de classificação de áreas, identificados
pelas numerações de 5.10.1 (a) à 5.11, e que serão utilizados como base neste trabalho.

4 CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS

As áreas da unidade industrial definidas como “áreas classificadas” estão a seguir caracterizadas:

4.1 PLATAFORMA DE ARMAZENAGEM DE CILINDROS DE GÁS ACETILENO (C2H2)

A Figura 4.1 a seguir mostra a vista frontal da plataforma de armazenagem de cilindros de gas acetileno (C2H2)

Cilindros de gases
C2H2

Figura 4.1 Plataforma de Cilindros de gases C2H2

4.1.1 FONTE(S) DE RISCO(S):

As fontes de riscos presentes na área classificada são determinadas pela existência de válvulas de controle nos cilindros de
acetileno que poderão vir a falhar e, por conseguinte gerar uma atmosfera explosiva no ambiente.

4.1.1.1 CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS

O ambiente apresenta as seguintes características operacionais:

Material combustível: Gás acetileno (C2H2)


Fator de segurança (k): 0,5
Fator de qualidade (f): 2
Coef. temp (T/293K): 1,0
Disponibilidade da ventilação: Satisfatória
Condição: Natural e artificial
Velocidade assumida do vento: 0,5 m/s
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Número de trocas de ar (C): 20/h (0,0055/s)
Ambiente / Vo (m³): Interno / 456,0
Taxa de liberação (dG/dt): 2x10-5 (Norma)

4.1.1.1 CONDIÇÕES DE PROJETO

Os parâmetros de projeto conforme definido pela Norma ABN NBR IEC 60079-10:2006 estão validados a seguir:

 Taxa de vazão mínima volumétrica de ar (volume por unidade de tempo, m³/s) - (dV/dt):

(dG / dt ) max T 0, 00002 3


(dV / dt ) min     1, 0  1,81 m³ s
k  LEL 293 0,5  0, 022
 Volume hipotético (Vz):

f  (dV / dt ) min 2  1,813


Vz    0, 65m³
C 0, 0055
 Tempo de persistência (t):

f LEL  k 2 0, 022  0,5


t ln  ln  0,9h
C X0 20 100

De acordo com os resultados obtidos, tem-se:

Vz << Vo. Pode-se considerar portanto o grau de ventilação médio (VM) em relação à área em análise.

Como a disponibilidade de ventilação é satisfatória e, considerando o baixo tempo de persistência, então a área pode ser
classificada como Zona 2 (Divisão 2).

 Aberturas:
Tipo A. Grau de risco secundário para divisões adjacentes.

 Diagrama de classificação:

Adotou-se como representação esquemática da área classificada o modelo típico da Figura 5.10.15– NFPA 497/17, para material
combustível mais leve que o ar, características operacionais conforme Tabela 5.8.4 e com preenchimento de volume para a
Divisão 2 equivalente a 4,57m de raio em torno da(s) fonte(s).

4.2 BANCADA DE ARMAZENAGEM DE RECIPIENTES DE SOLVENTE LÍQUIDO

A Figura 4.1 a seguir mostra a vista frontal da bancada de armazenagem de recipientes de solvente líquido

Figura 4.1 Bancada de acondicionamento de recipientes com solvente líquido

4.2.1 FONTES DE RISCOS:

As fontes de riscos presentes na área classificada são determinadas pela existência de recipientes metálicos com solvente
líquido que poderão sofrer avarias e por conseguinte gerar uma atmosfera explosiva no ambiente.

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4.2.1.1 CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS

O ambiente apresenta as seguintes características operacionais:

Material combustível: solvente líquido


Fator de segurança (k): 0,5
Fator de qualidade (f): 2
Coef. temp (T/293K): 1,0
Disponibilidade da ventilação: Satisfatória
Condição: Natural
Velocidade assumida do vento: 0,5 m/s
Número de trocas de ar (C): 20/h (0,0055/s)
Ambiente / Vo (m³): Interno / 518,0
Taxa de liberação (dG/dt): 2x10-5 (Norma)

4.2.1.2 CONDIÇÕES DE PROJETO

Os parâmetros de projeto definidos pela Norma ABN NBR IEC 60079-10:2006 estão validados a seguir:

 Taxa de vazão mínima volumétrica de ar (volume por unidade de tempo, m³/s) - (dV/dt):

(dG / dt ) max T 0, 00002 3


(dV / dt ) min     1, 0  4, 0 m³ s
k  LEL 293 0,5  0, 01

 Volume hipotético (Vz):

f  (dV / dt ) min 2  4, 03


Vz    1, 45m³
C 0, 0055

 Tempo de persistência (t):

f LEL  k 2 0, 01  0,5
t ln  ln  0,9h
C X0 20 100

De acordo com os resultados obtidos, tem-se:

Vz << Vo. Pode-se considerar portanto o grau de ventilação médio (VM) em relação à área analisada.

Como a disponibilidade de ventilação é satisfatória e, considerando o baixo tempo de persistência, então a área pode ser
classificada como Zona 2 (Divisão 2).

 Aberturas:

Tipo A. Grau de risco secundário para divisões adjacentes.

 Diagrama de classificação:
Adotou-se como representação esquemática da área classificada o modelo típico da Figura 5.11.1(c)– NFPA 497/17, para líquido
inflamável, características operacionais conforme Tabela 5.8.4 e com preenchimento de volume para a Divisão 2 equivalente a
1,52m de raio em torno da(s) fonte(s).

5. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS - Ex

Tendo sido definidas as áreas classificadas da unidade, faz-se mister observar que, as instalações elétricas de força e comando
de todos os equipamentos, dispositivos e instrumentação integrantes dos ambientes, deverão obrigatoriamente atender o que
prescreve as Normas:
a) NR-10:2004, Segurança em instalações e serviços em eletricidade, MTE;
b) NBR 5410:2004, Instalações elétricas de baixa tensão, ABNT;
c) NBR 5419:2015, Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas, ABNT.
Adicionalmente às recomendações da NBR 5410, as instalações elétricas em atmosferas explosivas devem atender os requisitos
da Norma ABNT NBR IEC 60079-14.

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 Para a seleção dos equipamentos elétricos, devem ser observados os seguintes procedimentos:
5.1) Os equipamentos elétricos e suas interligações devem ser protegidos contra influências externas de origem química,
mecânica ou térmica, a que possam estar sujeitos. Esta providência deve garantir que o tipo de proteção seja mantido quando
os equipamentos elétricos e suas interligações forem utilizados sob as influências externas especificadas.
5.2) Os equipamentos elétricos devem ser selecionados de tal modo que, sua temperatura máxima de superfície não exceda a
temperatura de ignição do gás ou vapor que possa estar presente na atmosfera onde serão instalados.
5.3) Os equipamentos elétricos para aplicação na Divisão 1 devem ter certificado de conformidade, como definido na Portaria
INMETRO Nº 164/91. Nas áreas classificadas como Divisão 2, somente devem ter certificado de conformidade os equipamentos
que atenderem aos tipos de proteção definidos na NBR 9518.
5.5) Os equipamentos elétricos, a menos que indicado de modo diferente, devem ser usados dentro de uma faixa de temperatura
ambiente de -20°C a +40°C.
 A fim de se evitar centelhamento capaz de inflamar uma atmosfera explosiva, devem ser prevenidos quaisquer contatos
com partes vivas, exceto no caso de circuitos de segurança intrínseca Ex i.
 A equalização de potencial é sempre necessária para instalações elétricas em áreas classificadas. Seu objetivo é evitar o
centelhamento perigoso entre as partes metálicas de estruturas. Todas as partes condutoras expostas e estranhas devem
ser conectadas ao sistema de ligação eqüipotencial. Este sistema pode incluir condutores de proteção, eletrodutos,
proteções metálicas de cabos, armação metálica e partes metálicas de estruturas, mas não deve incluir condutores de
neutro. A condutância entre partes metálicas de estruturas deve corresponder a uma seção mínima de 10 mm² de cobre.
Se os invólucros e carcaças estiverem firmemente fixados e em contato metálico com partes estruturais ou tubulações que
estejam ligadas ao sistema de ligação eqüipotencial, não é necessária uma nova ligação independente a este sistema.
 Para equipamentos elétricos portáteis ou móveis, com tensão nominal que não exceda 1000Vca entre fases (ou 600Vca
para terra) ou 1500Vcc entre pólos (ou 900Vcc para terra), o cabo de alimentação deve ter uma cobertura de borracha,
policloropreno, polietileno clorossulfonado, polietileno clorado ou polímeros similares para serviços pesados, ou deve ter
construção igualmente robusta. Se for necessário um condutor de proteção, ele deve ser isolado separadamente, de modo
similar aos demais condutores, e deve ser reunido com os condutores fase e/ou neutro, exceto onde o condutor de proteção
estiver na forma de malha. A armação ou malha metálica flexível dos cabos não deve ser usada como condutor de proteção,
a menos que tenha condutibilidade suficiente e seus elementos sejam contínuos.

 Equipamentos elétricos portáteis, com corrente nominal não superior a 6A, para uso com tensão não superior a 250 V para
o terra, podem ser conectados através de cabos com cobertura de borracha ou policloropreno, polietileno clorossulfonado,
polietileno clorado ou polímeros similares para serviços leves, ou ter construção igualmente robusta. Estes cabos não são
admissíveis para equipamentos portáteis ou móveis, sujeitos a esforços mecânicos pesados.

 No caso de invólucros contendo dispositivos capazes de produzir arcos, centelhas ou altas temperaturas, cujos contatos de
interrupção de corrente estejam imersos em óleo, conforme a NBR 8601, somente é necessária a aplicação de unidades
seladoras em eletrodutos de tamanho nominal maior ou igual a 60 mm (2 polegadas).

6. ANEXOS

Foram produzidas pranchas de desenhos em Anexo, identificando-se as áreas classificadas, conforme especificado no ítem
4.1.3.2 Class I, Division 2 da Norma NFPA 497/17 e, baseados nas sugestões de diagramas aplicados, de acordo com o item
5.10 Classification Diagrams for Class I, Divisions.

7. REFERÊNCIAS

NFPA. NFPA 497:2017, “Recommended Practice for the Classification of Flammable Liquids, Gases or Vapors and of Hazardous
(Classified) Locations for Electrical Installations in Chemical Process Areas”. Massachussets, USA, 2017.
ABNT. NBR IEC 60079-14 “Atmosferas explosivas - Parte 14: Projeto, seleção e montagem de instalações elétricas”. Rio de
Janeiro, 2007.
ABNT. NBR 5410:2004, “Instalações elétricas de baixa tensão”. Rio de Janeiro, 2004.
ABNT. NBR 5419:2015, “Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas”. Rio de Janeiro, 2015.
MTE. NR 10, “Segurança em instalações e serviços em eletricidade”. Brasília, 2004.

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