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2013

Viabilidade econômica para a introdução


do sistema de irrigação na área de grãos
em Cruz Alta/RS

Avaliação de viabilidade econômica do sistema de irrigação tipo pivô


central na propriedade representativa de Cruz Alta/RS.
Viabilidade econômica para a introdução do sistema de
irrigação na área de grãos em Cruz Alta/RS

PIRACICABA
2013
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ” – ESALQ
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA – DEAS
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA – CEPEA

Coordenação:
Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros (Cepea/Esalq)

Responsável técnico:
Mauro Osaki (Cepea/Esalq)
Lucilio Rogerio Aparecido Alves (Cepea/Esalq)

Equipe Cepea:
Andreia Cristina de Oliveira Adami
Fabio Francisco de Lima
Renato Garcia Ribeiro
Victor Yoiti Ikeda

CEPEA. Relatório da safra 2012/13: Grãos – Cruz Alta/RS. Piracicaba:


Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz De Queiroz” – ESALQ,
Departamento de Economia, Administração e Sociologia, Centro de Estudos Avançados em
Economia Aplicada. 2013. 84p. Relatório técnico apresentado ao Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural – SENAR/RS.
i

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... iii


LISTA DE SIGLAS ................................................................................................. vii
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8
2 MÉTODOS DE CAPTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ....................................... 10
2.1 A técnica de levantamento de dados por painéis ....................................... 10
2.2 Descrição da estrutura e composição de custo de produção ....................... 12
2.2.1 Método de apuração de custo de produção.......................................... 13

2.3 Análise de investimentos ........................................................................ 18


2.3.1 Valor Presente Líquido – VPL .............................................................. 19

2.3.2 Tempo de Recuperação de Capital – Payback ...................................... 20

2.3.3 Taxa Interna de Retorno – TIR ........................................................... 21

2.3.4 Método Monte Carlo .......................................................................... 22

3 PANORAMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL .................. 23


3.1 SOJA: Brasil e Rio Grande do Sul ............................................................. 23
3.2 MILHO: Panorama no Brasil e Rio Grande do Sul ...................................... 26
3.3 TRIGO: Panorama do Brasil e Rio Grande do Sul....................................... 29
4 PANORAMA IRRIGAÇÃO BRASIL x RIO GRANDE DO SUL .............................. 32
5 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO E DE
RENTABILIDADES DE CADA CULTURA NA SAFRA 2012/13 ............................ 38
5.1 Propriedade padrão ................................................................................ 38
5.2 Custo de produção e Rentabilidade .......................................................... 38
5.2.1 Custos de produção de soja em área de sequeiro e irrigadas ................ 38

5.2.2 Análise da receita líquida operacional da soja ...................................... 42

5.2.3 Custos de produção de milho em áreas de sequeiro e irrigadas ............. 42

5.2.4 Análise da receita líquida operacional do milho .................................... 46

5.2.5 Custos de produção de trigo em áreas de sequeiro e irrigadas .............. 46

5.2.6 Análise da receita líquida operacional do trigo...................................... 50

5.2.7 Custos de produção de soja 2ª safra em áreas irrigadas ....................... 50

5.2.8 Análise da receita líquida operacional da soja 2ª safra .......................... 53


ii

6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO .................................. 53


6.1 Método determinístico ............................................................................ 53
6.1.1 Análise de projeto para o cultivo de sequeiro ....................................... 54

6.1.1.1 Cenário pessimista – sequeiro ...................................................... 55


6.1.1.2 Cenário médio – sequeiro ............................................................ 55
6.1.1.3 Cenário otimista – sequeiro ......................................................... 56
6.1.2 Análise de projeto para o cultivo irrigado com pivô central .................... 60

6.1.2.1 Cenário pessimista – irrigado ....................................................... 60


6.1.2.2 Cenário médio – irrigado ............................................................. 62
6.1.2.3 Cenário otimista – irrigado .......................................................... 62
6.1.2.4 Resultado geral dos cenários. ...................................................... 65
6.2 Método Estocástico – Simulação de Monte Carlo ....................................... 66
6.2.1 Simulações de Monte Carlo para o cultivo de sequeiro .......................... 68

6.2.1.1 Monte Carlo: Soja, milho e trigo................................................... 68


6.2.1.2 Monte Carlo: Sistemas ................................................................ 71
6.2.1.3 Monte Carlo: Propriedade ............................................................ 72
6.2.2 Simulações de Monte Carlo para o cultivo irrigado com pivô central ....... 73

6.2.2.1 Monte Carlo: Soja, milho, trigo e soja 2ª safra .............................. 73


6.2.2.2 Monte Carlo: Sistemas ................................................................ 76
6.2.2.3 Monte Carlo: Propriedade ............................................................ 78
6.2.2.4 Resultado geral por simulação de Monte Carlo. ............................. 79
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 82
iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Produção total de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2013/14. ............................................................................................. 24
Figura 2. Área total plantada de soja no Rio Grande dos Sul e Brasil entre as
safras 2000/01 e 2013/14. .................................................................................... 25
Figura 3. Produtividade média de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as
safras 2000/01 e 2013/14. .................................................................................... 26
Figura 4. Produção total de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as
safras 2000/01 e 2011/12. .................................................................................... 27
Figura 5. Área total plantada de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre
as safras 2000/01 e 2012/13. ................................................................................ 28
Figura 6. Produtividade média de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil
entre as safras 2000/01 e 2013/14. ....................................................................... 29
Figura 7. Produção total de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2013/14. ............................................................................................. 30
Figura 8. Área plantada de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2013/14. ............................................................................................. 31
Figura 9. Produtividade média de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as
safras 2000/01 e 2013/14. .................................................................................... 32
Figura 10. Representatividade de área irrigada dos diferentes métodos de
irrigação empregados no Brasil.............................................................................. 35
Figura 11. Distribuição percentual dos diferentes métodos de irrigação
empregados em cada região do Brasil .................................................................... 35
Figura 12. Área dos estabelecimentos agropecuários com uso de irrigação pelo
método do pivô central no Rio Grande do sul – 2009............................................... 37
Figura 13. Receita Líquida Operacional (RLO) da soja em cultivo de sequeiro e
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 42
Figura 14. Receita Líquida Operacional (RLO) de milho em cultivo de sequeiro e
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 46
Figura 15. Receita Líquida Operacional (RLO) de trigo em cultivo de sequeiro e
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 50
Figura 16. Receita Líquida Operacional (RLO) de soja 2ª safra em cultivo
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS. ................. 53
iv

Figura 17. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de soja na
região de Cruz Alta/RS – R$/saca .......................................................................... 67
Figura 18. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de milho
na região de Cruz Alta/RS – R$/saca ...................................................................... 67
Figura 19. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de trigo
na região de Cruz Alta/RS – R$/saca ...................................................................... 68
Figura 20. Valor Presente Líquido (VPL) da soja para a propriedade padrão de
Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................................................... 69
Figura 21. Valor Presente Líquido (VPL) do milho verão para a propriedade
padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................................... 70
Figura 22. Valor Presente Líquido (VPL) do trigo verão para a propriedade
padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................................... 71
Figura 23. Valor Presente Líquido (VPL) do sistema soja + trigo para a
propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................................. 71
Figura 24. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de soja, milho e
trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. .................................. 73
Figura 25. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de
soja para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ................................... 74
Figura 26. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de
milho verão para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ........................ 75
Figura 27. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de
trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. .................................. 75
Figura 28. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de
soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos. ...................... 76
Figura 29. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do
sistema soja + trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos............. 77
Figura 30. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do
sistema milho + soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
.......................................................................................................................... 78
Figura 31. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de
soja, milho, trigo e soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10
anos. .................................................................................................................. 79
Figura 32. Distribuição do Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro e
irrigado com pivô central para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos...... 81
v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos


tratores, das colhedoras e dos autopropelidos. ....................................................... 15
Tabela 2. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos
implementos. ....................................................................................................... 15
Tabela 3. Custo de produção da soja cultivada em condições de sequeiro e
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 41
Tabela 4. Custo de produção de milho cultivado em condições de sequeiro e
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 45
Tabela 5. Custo de produção de trigo cultivado em condições de sequeiro e
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 49
Tabela 6. Custo de produção de soja 2ª safra cultivada em condições de cultivo
irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha. ..... 52
Tabela 7. Preço ajustados de soja, milho e trigo para análise de cenários –
R$/saca. .............................................................................................................. 54
Tabela 8. Fluxo de caixa no cenário pessimista do cultivo em sequeiro em – R$.
.......................................................................................................................... 57
Tabela 9. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista. ................. 57
Tabela 10. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo em sequeiro – em R$. . 58
Tabela 11. Análise de viabilidade econômica do cenário médio. ..................... 58
Tabela 12. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo em sequeiro – em R$.
.......................................................................................................................... 59
Tabela 13. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista.................... 59
Tabela 14. Fluxo de caixa no cenário pessimista a do cultivo irrigado com pivô
central – em R$. .................................................................................................. 61
Tabela 15. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista. ............... 61
Tabela 16. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo irrigado com pivô central
– em R$. ............................................................................................................. 63
Tabela 17. Análise de viabilidade econômica do cenário médio. ..................... 63
Tabela 18. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo irrigado com pivô
central – em R$. .................................................................................................. 64
Tabela 19. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista.................... 64
vi

Tabela 20. Análise geral de viabilidade econômica dos cenários do cultivo de


sequeiro e irrigado. .............................................................................................. 66
Tabela 21. Valor Presente Líquido (VPL) mínimo, médio e máximo do cultivo de
sequeiro e irrigado com pivô central para a propriedade de Cruz Alta/RS – R$/10anos.
.......................................................................................................................... 81
vii

LISTA DE SIGLAS

CALT Cruz Alta (RS)


CMQ Camaquã (RS)
CRZ Carazinho (RS)
CT Custo Total
RLO Receita Líquida Operacional
TIR Taxa Interna de Retorno
TPC Tupanciretã (RS)
URG Uruguaiana (RS)
VPL Valor Presente Líquido
1 INTRODUÇÃO

O objetivo geral deste relatório foi apresentar e discutir os resultados do


levantamento de custo de produção nas principais regiões produtoras do Rio Grande
do Sul para as culturas da soja, milho, trigo em condições de cultivo em sequeiro e
irrigado no ano-safra 2012/13. Especificamente, avaliou-se a viabilidade econômica de
se investir produção de grãos sequeiro e irrigado (pivô central). Além disso, exibiram-
se as probabilidades de sucesso ao se investir capital em agricultura irrigada,
considerando o modelo de propriedade representativo de Cruz Alta/RS, por meio de
simulação.
Este trabalho faz parte do convênio entre o Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural – SENAR/RS e a Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ), cujo
objetivo foi a elaboração do relatório de viabilidade econômica de implantação de
sistema irrigado para cultivo de soja, milho e trigo. As coletas das informações de
campo ocorreram entre 12 e 16 de agosto, com a participação de pesquisadores do
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), técnicos da Farsul,
produtores agrícolas e técnicos e consultores que atuam nas localidades estudadas.
A pesquisa resultou em visita ao município de Cruz Alta no Rio Grande dos Sul,
contando no total, com 17 produtores e consultores locais para determinar o sistema
de produção agrícola da propriedade representativa na safra 2012/13 da região. Com o
levantamento, por meio da técnica de painel, foram validados o painel de soja, milho e
trigo no sistema de sequeiro e soja, milho, trigo e soja 2ª safra em condições de
irrigação com pivô central.
Para realizar o painel de soja, milho e trigo, foi visitado o município de Cruz
Alta/RS. As planilhas de custos foram preenchidas no painel, considerando o cultivo em
terras próprias em condições de sequeiro e irrigado.
Na região foram preenchidas duas planilhas do cultivo de soja no verão, sendo
uma para as condições de sequeiro e outra para irrigado com pivô central. No milho
verão e trigo também foram considerados as duas situações, com uma planilha em
sequeiro e outra no cultivo irrigado para cada cultura. Apenas no cultivo irrigado foi
realizada a planilha de custos de soja 2ª safra.
Com essa organização de dados comparou-se a competitividade das culturas
entre os dois sistemas de produção, detalhando e comparando os itens que compõe o
Custo Operacional de produção e posteriormente relatando os retornos obtidos, por
meio da Receita Líquida.
8
9

Para analise de projetos, organizaram-se os dados de custo com o fim de


elaborar os fluxos de caixas que permitissem analisar a viabilidade dos cultivos de
sequeiro e irrigado, primeiramente com um modelo determinístico e posteriormente
com um estocástico – por meio de simulações. As análises dos resultados de cada
cultura, dos sistemas envolvidos e da propriedade com um todo, foram detalhadas nas
seções seguintes.
10

2 MÉTODOS DE CAPTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

Antes de se apresentar e discutir os resultados vale algumas considerações


sobre o método de captação e tratamento dos dados. Inicialmente é apresentado o
método painel e, em seguida, a estrutura e composição do custo de produção
considerado na análise.

2.1 A técnica de levantamento de dados por painéis

O levantamento das informações do custo foi realizado através de reuniões


entre pesquisadores, técnicos e produtores em cada região de referência. Ressalta-se
que a metodologia de painéis vem sendo largamente utilizada nos Estados Unidos pelo
seu Departamento de Agricultura, com uma série de propósitos. No próprio Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), instituição executora da presente
pesquisa, a metodologia vem sendo utilizada há mais de dez anos, com resultados
bastante satisfatórios1.
No painel, os agentes discutem em conjunto e procuram desenhar um sistema
típico de produção de determinada localidade. Todos os itens do custo são detalhados:
os equipamentos, as máquinas, sua potência e consumo de combustível por unidade
de tempo; os coeficientes técnicos das máquinas e equipamentos, em especial o
número de horas necessárias por hectare para a realização de determinado trato
cultural; os insumos utilizados, quantidade e preço pago; dentre outros. Durante as
discussões, o grupo preenche uma planilha de custo que representará uma situação
típica da região.
O critério de custo de produção utilizado no estudo foi o do Custo Operacional
Total2. Por este critério estão computados como itens de custo as variáveis (insumos,
mão-de-obra, combustíveis e manutenção de equipamentos), o custo do financiamento
do capital de giro, mais a depreciação de máquinas e equipamentos e o custo de
estocagem. Também é acrescentada a remuneração de fatores fixos, como

1
Mais informações sobre descrição de painel e outras características podem ser verificadas em
DEBLITZ, C. The International Farm Comparison Network (IFCN) - bridging the gap between farmers,
science and policy. IFCN-homepage: http://www.fal.de/english/institutes/bw/ifcn/html/ifcnhome.html; e,
DE ZEN & PERES (2002).
2
Essa metodologia é uma adaptação da proposta pelo IEA, em MATSUNAGA, et al. (1976).
11

depreciação de instalações diversas. Entretanto, não foram computados a


remuneração e o custo de oportunidade do empresário.
O custo das máquinas e implementos foi alocado para a cultura segundo o
tempo que os mesmos foram utilizados nessa lavoura. Por exemplo, para a semeadura
de uma lavoura, o valor do custo da operação mecânica será determinado pelo tempo
gasto para realizar esta operação com um trator, seus respectivos implementos e a
mão de obra necessária. Considera-se no valor da hora-máquina (do trator e do
implemento), o custo de manutenção e o gasto com combustível. O método não
contempla a sub ou a super utilização das máquinas e implementos. Esse critério de
alocação de custo direto é uma forma de homogeneizar o tratamento dentro da
propriedade, considerando as outras atividades agrícolas que possam existir.
Todos os insumos considerados foram registrados com seus preços de
mercado, para pagamento à vista. Para aqueles insumos que representam maiores
parcelas de custo, como óleo diesel e fertilizantes, incluiu-se o seu custo do frete –
posto na propriedade. O prazo de pagamento é um item importante, principalmente na
análise do Fluxo de Caixa de cada cultura e/ou propriedade.
A contabilização do custo da mão de obra segue o mesmo raciocínio de
utilização das máquinas no computo da mão de obra efetiva em cada cultura, qual
seja, o de considerar o tempo que o trabalhador estará se dedicando à
lavoura/atividade. O cálculo da mão de obra contempla também as horas não efetivas
na fazenda, rateada dentre as culturas conforme a intensidade com que cada uma se
utiliza dos trabalhadores no total de hectares cultivados.
Consideram-se dois tipos de trabalho: o do empregado fixo e o do chamado
temporário. O primeiro recebe salário mensal e todos os encargos devem ser
considerados, inclusive eventuais custos com alimentação, alojamento e equipamentos
de proteção fornecidos a esses. Os trabalhadores avulsos recebem diárias, que têm um
preço fixo. Mais uma vez ressalta-se que essa forma de alocação dos custos independe
das outras atividades e também da existência de mão de obra super ou
subdimensionada para a cultura sob análise.
O custo financeiro deve ser incluído em um custo total de produção. Esse seria
o custo que o agricultor incorreria com a tomada de financiamento para custeio. No
entanto, caso sejam usados apenas recursos próprios, deve ser considerado o custo de
oportunidade do capital. Na metodologia proposta, o custo financeiro incide sobre os
custos variáveis de produção, passíveis de financiamento público e/ou privado. A taxa
12

de juros deve ser aquela equivalente às das principais linhas de financiamento


disponíveis para a atividade.
Caso o produtor tenha áreas arrendadas, deve-se acrescentar também o custo
deste arrendamento no custo operacional (variável). O valor é rateado entre a safra de
verão e a segunda safra pela receita gerada em cada uma delas. Já nas áreas próprias,
foi calculado o custo de oportunidade do investimento em terra, também representado
pelo arrendamento.
Em termos da sua organização, os dados de custos serão agrupados de acordo
com “linhas de custo”, agregando-se sucessivamente itens de forma a se poder
desagregar o custo total em termos dos seus componentes. Este sistema favorece a
comparabilidade entre os dados e permite se acomodar tradições diferentes de
apurações de custos. Adicionar estes itens como linhas individuais, permite ao analista
decidir a respeito de qual o nível de custo enfatizar (por exemplo, incluindo ou não o
custo da terra).
Também se optou por apresentar os custos em três etapas. Num primeiro
momento, é apresentado o Custo Operacional3 (CO), que inclui os gastos,
principalmente, com insumos variáveis. Posteriormente, adicionam-se os valores de
depreciação de máquinas e equipamentos, obtendo-se o Custo Operacional Total
(COT). Por fim, a remuneração do capital investido, como o custo de oportunidade da
terra e do capital de giro, é acrescentada, obtendo-se o Custo Total (CT) da atividade.
O detalhamento desta estrutura consta nas subseções seguinte.

2.2 Descrição da estrutura e composição de custo de produção

As planilhas de custo de produção têm objetivo de auxiliar na apuração e


avaliação do resultado econômico. A análise é feita a partir da mensuração dos custos
e das receitas incorridas no processo produtivo de cada atividade.
Para esse trabalho adaptaram-se as definições do Custo Operacional Efetivo
(COE), Custo Operacional Total (COT) e Custo Total (CT) descrita por Matsunaga et al.

3
Segundo Matsunaga et al. (1976), representam os gastos efetivamente realizados na condução
da atividade, excluindo-se os custos correspondentes aos serviços executados pela mão-de-obra familiar e
à depreciação do capital imobilizado em benfeitorias, equipamentos, animais de serviço e forrageiras não
anuais.
13

(1976) e o método de alocação de custo fixo discutida por Bornia (1995). Assim,
consideraram-se os seguintes critérios:
• Custo Operacional (CO): compõe todos os itens considerados variáveis ou
gastos diretos representados pelo dispêndio em dinheiro, tais como insumo
(fertilizantes, sementes e defensivos agrícolas), operação mecânica (diesel e
manutenção preventiva), mão de obra, serviço terceirizado, comercialização
agrícola, transporte, despesa financeira, despesa com tributos de
comercialização e despesa gerais.
• Custo Operacional Total (COT): trata-se da soma do CO com a parcela dos
custos indiretos representados pela depreciação, provisão da mão-de-obra e
taxas associadas ao processo de produção e mão-de-obra familiar.
• Custo Total (CT): é a soma do COT com o custo oportunidade do capital e da
terra.
Para a alocação das despesas fixas da propriedade, adotou-se o método de
centro de custo, que está composta por duas fases: a primeira divide-se a empresa em
centros de custos e distribuem-se todos os itens de custos a serem alocados aos
produtos nestes centros. Na segunda fase, os custos são alocados dos centros
produtivos para os produtos, isto é, aquele que trabalha diretamente com a produção.
As principais bases de rateio empregadas são horas de mão-de-obra, horas-máquina e
custo de mão-de-obra.

2.2.1 Método de apuração de custo de produção

O cálculo de custo de produção neste trabalho compreende o sistema de


produção da propriedade típica. As despesas incorridas abrangem desde a correção do
solo até a comercialização da produção.
Os custos operacionais foram expressos em custo médio por hectare,
considerando as seguintes subdivisões: custeio, despesa com comercialização,
despesas gerais, despesa financeira e despesa com tributos e taxas. A determinação
dos valores dos itens foi feita a partir das especificações a seguir.

a) Custeio
Compreende custo com insumos, operação mecânica, mão-de-obra, serviço
terceirizado e irrigação. O custo com insumos refere-se aos fatores de produção
14

utilizados com determinado preço no processo de produção do produto final para uma
determinada tecnologia. O custo de insumos é composto por corretivos (calcário e
gesso agrícola), fertilizantes, fertilizantes foliares, defensivos agrícolas (herbicidas,
inseticidas, fungicidas, inoculantes, óleo e adjuvantes), regulador de crescimento
(algodão), sementes e mudas. O custo foi expresso em R$/ha.
O custo com operação mecânica refere-se ao conjunto de ações com tratores e
implementos agrícolas no processo produtivo. Assim, as operações mecanizadas
terrestres com máquinas próprias podem ser: o preparo do solo (aragem, gradagem,
subsolagem, conservação de terraço e outros), distribuição de calcário, semeadura,
adubação, distribuição de adubo complementar (cobertura), pulverização (aérea e PPI
– Pré-plantio incorporado), capina mecânica, colheita, destruição de soqueira de
cultura e plantas daninhas, acero, transporte interno de água, insumos (semente e
fertilizantes). O custo da operação mecânica é o produto entre o coeficiente técnico
(em horas) e o custo por hora trabalhada em cada operação.
Para cada uma das operações mecânicas supracitadas, existe um tempo gasto
para a sua execução. Assim, o coeficiente técnico refere-se ao tempo necessário para
realização de cada operação para uma determinada unidade de área (hectare, alqueire
e outros), sendo expresso em hora-máquina/ha (h/maq/ha). O custo horário da
máquina é composto pelo gasto com diesel e manutenção preventiva da mesma. O
consumo de diesel muda de acordo com a combinação entre a máquina e o
implemento agrícola considerado. No caso desse estudo, adotou-se o consumo de 0,12
litro por hora por CV (Cavalo Vapor)4, que representa a média ponderada de consumo
nas diversas operações mecânicas para as diferentes marcas de motores.
Devido à grande dificuldade de determinar a vida útil e a taxa de manutenção
das máquinas em uso, considerou-se que todas as máquinas e os implementos
existentes na propriedade típica são novas, passando a ser utilizadas no ano-safra em
análise. Assim, o custo da manutenção das máquinas e dos implementos segue as

4
O valor 0,12 é o consumo médio de óleo diesel em litros por CV. Para obter este valor, é
preciso considerar um fator para motores diesel, de 0,163 LkW-1 h-1, e que 1 CV equivale a 735 kW. A

 L Kw 
fórmula torna-se:  0,12LHP = 0,163 * * .
 Kw 1,34CV 
Valores extraídos de: MOLIN, J.P.; MILAN, M. Trator implemento: dimensionamento,
capacidade operacional e custo. In.: GONÇALVES, J.L. de M.; STAPE, J.L. (Editores) Conservação e
cultivo de solos para plantações florestais. Piracicaba : IPEF, 2002. 498p.
15

recomendações técnicas preventivas e o tempo de durabilidade garantida pelos


fabricantes. Para determinar o custo horário da manutenção utilizou-se o valor de
venda da máquina e do implemento de 20% do valor do novo. A vida útil das
máquinas e implementos varia de acordo com o usuário, no entanto considerou valores
médios estipulados pelas fabricantes e outras instituições de pesquisas, conforme
Tabela 1 e Tabela 2.

Tabela 1. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos tratores, das
colhedoras e dos autopropelidos.
Máquinas Tx. Manutenção Vida útil
(%) (Horas)
Autopropelido 70 12.000
Colhedora de algodão 80 4.000*
Colhedora de grãos 70 4.000*
Trator de pneu 4x2 100 12.000
Trator de pneu 4x4 80 12.000
Ensiladora (autopropelido) 55 4.000*
5
Fonte: American Society of Agricultural Engineers (ASAE)
* adaptado pelos autores para a condição do Brasil (antes era 2000)

Tabela 2. Valores considerados para taxa de manutenção e vida útil dos implementos.
Máquinas Tx. Vida útil
Manutenção (%) (Horas)
Arado 100 2.000
Carreta 2 rodas (4 t) 80 3.000
Carreta 4 rodas (7 t) 80 3.000
Distribuidor de calcário (hidr) 80 1.200
Distribuidor de calcário 4 rodas (7 t) 80 1.200
Grade leve 60 2.000
Grade niveladora 60 2.000
Grade pesada 60 2.000
Pulverizador 600 litros 60 1.500
Pulverizador 2000 litros 70 1.500
Semeadora convencional 75 1.500

5
American Society of Agricultural Engineers (ASAE). Agricultural Machinery Management
Data. Asae. D497.4, janeiro/1998.
16

Semeadora para Plantio direto 75 1.500


Bass-boy 75 3.000
Prensa 75 3.000
Roçadeira 150 2.000
Enxada Rotativa 80 2.000
Cultivador de solo (sem e com adubadeira) 80 1.500
Subsolador 75 2.000
Tanque de água 50 3.000
Ensiladora lateral 60 2.500
Prensa de Feno (fardo retangular) 75 3.000
Prensa de Feno (rolo) 90 1.500
Fonte: American Society of Agricultural Engineers (ASAE)

O custo com a mão de obra fixa (permanente) refere-se ao valor pago ao


trabalhador periodicamente. Na determinação do valor da hora do trabalhador rural
fixo, adicionam-se os encargos sociais e provisionamento sobre o salário. Assim, o
valor do trabalhador permanente tem acréscimo de 45,6% sobre o salário, no qual
12,7% referem-se ao encargo social (seguro de acidente de trabalho, salário
educação, INCRA e FGTS) e 32,9% de provisionamento (férias, adicional de férias,
FGTS sobre adicional férias, 13º salário, FGTS sobre o 13º salário, aviso prévio, INSS
sobre o aviso prévio e multa rescisória do FGTS). Para o caso de safrista (empregado
rural com contrato temporário), os recolhimentos de encargo social e de
provisionamento é de 37,31% sobre o salário bruto.
O custo com serviços terceirizados refere-se à contratação de agente e/ou
serviço para a realização das atividades na propriedade. Os tipos de serviços
contratados pelo produtor podem ser: capina manual, colheita manual, colheita
mecânica, pulverização aérea, transporte da produção, beneficiamento e
armazenagem.

b) Despesa com comercialização


Refere-se às despesas do produtor como a classificação, padronização e
impostos na comercialização do produto. Assim, consideram-se também os gastos com
embalagens e comissão do corretor e o custo de transporte da produção da
propriedade até o local de venda.
17

c) Despesas gerais
Nas despesas gerais da fazenda, estão envolvidos desembolsos como: energia
elétrica, telefone, contabilidade rural, escritório de advocacia, exame médico
admissional e demissional, análise do solo, custo de empregados gerais (cozinheiras,
por exemplo) e administrativos, custo do deslocamento do produtor rural, custo com
transporte de funcionário, custo da manutenção de instalações diversas, seguro de
utilitários (caminhonete), EPI (Equipamento de proteção individual), garrafa d’agua,
enxadas, foices e outros.

d) Arrendamento6
Refere-se ao custo com aluguel da terra para o cultivo de determinado produto
num determinado período de tempo, conforme o artigo 3 da Lei 4.504/64. A lei impõe
a limitação no valor do contrato em 15% sobre o valor cadastral do imóvel arrendado,
possibilitando a ampliação do valor percentual de até 30% se o arrendamento recair
sobre área selecionada para a exploração intensa de alta rentabilidade. Contudo, em
áreas para produção de grãos no Brasil a prática mais comum é o valor do aluguel
estar fixo em sacas de soja, sendo o valor financeiro, portanto, dependente das
cotações da soja.

e) Despesa financeira
São as despesas com as instituições financeiras relacionadas ao financiamento
do custeio agrícola, de bens duráveis (máquinas, implementos, estufas e galpão) e
juros sobre o capital de giro. A despesa financeira no custo de produção é composta
pelo juro sobre capital de giro, que se refere ao montante financeiro despendido para
saldar os juros do capital desembolsado durante o ciclo de produção. Os itens
considerados são insumos, diesel, manutenção preventiva das máquinas e
implementos, irrigação, mão-de-obra, despesas com utilitários, despesas gerais da
fazenda, comercialização e assistência técnica. A taxa considerada é a média
ponderada entre as diferentes taxas de juros cobradas pelas fontes de crédito

6
Arrendamento rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa se obriga a ceder à outra, por
tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, parte(s) do mesmo, incluindo ou não outros
bens, benfeitorias e ou facilidades, com o objetivo de nele ser exercida atividade de exploração agrícola,
pecuária, agro-industrial, extrativa ou mista, mediante certa retribuição ou aluguel, observados os limites
percentuais da Lei.
18

captadas junto a terceiros (cooperativas, bancos, tradings, revendas e outros) por


produtores de cada região analisada. Os recursos próprios utilizados no custeio das
atividades agrícolas tiveram suas taxas de juros ponderadas alocadas juntamente aos
juros sobre capital investido (remuneração de fatores), que serão discutidos
posteriormente.

f) Despesas com impostos, contribuições, tributos e taxas


Despesa com tributos de comercialização trata-se de impostos, contribuições e
tributos descontados no momento da comercialização do produto, tais como o valor de
2,3% da Contribuição Especial da Seguridade Social Rural (CESSR) sobre o valor bruto
de comercialização, e tributos específicos cobrados em cada Estado.

2.3 Análise de investimentos

Quando se pretende estudar o comportamento de um empreendimento e o que


o torna mais atrativo, nada mais é do que uma analise no âmbito econômico, como é
citado por Lima Junior (1993)7. Corroborando, Casarotto e Kopitke (2006)8, aponta que
somente um estudo econômico pode confirmar a viabilidade de um projeto, ou seja,
quando é feito um investimento deve ser feito uma análise fundamentada do mesmo e
optar por aquele que retornar lucro.
Casarotto e Kopitke (2006) relatam que o planejamento estratégico das
empresas evoluiu nos últimos anos para ganhos maximizados em horizontes de longo
prazo, sacrificando dessa forma o lucro imediato com fins como a liderança do setor,
abrir novos nichos de mercado ou alterar os mecanismos de vendas.
Segundo os autores supracitados, as principais ferramentas para análise de
investimentos da engenharia econômica são o VPL (Valor Presente Líquido), Payback e
a TIR (Taxa Interna de Retorno). O uso destes três últimos métodos é bastante aceito
no âmbito de empresa agropecuária, no entanto os resultados obtidos com esses
métodos podem trazer uma realidade pouco estabelecida por este setor, visto que se

7
LIMA JUNIOR, J.R. de. Decidir sobre Investimentos no Setor da Construção Civil. Boletim
Técnico da Escola Politécnica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil. São Paulo, 74p,
1998.
8
CASAROTTO FILHO, N; KOPITKE, B.H. Análise de investimentos. 9 ed. São Paulo: Atlas,
2006.
19

trata de métodos determinísticos e não são considerados os riscos envolvidos na


atividade.
Ao se tratar do âmbito em que a agricultura está inserida, diversos riscos
podem ser ressalvados, principalmente o climático e fitossanitário, que podem
diretamente influenciar nos resultados agronômicos e econômicos do projeto.
Segundo Silva et. al (2007)9 e Casarotto e Kopitke (2006), ao avaliar
investimentos em que há riscos eminentes envolvidos, estes devem ser contabilizados
para minimizar a distorção da realidade dos resultados. Assim, a forma mais confiável
e segura de realiza-los é através de uma análise de risco por simulação.
A análise de sensibilidade é uma simulação que pode observar o impacto que
variações ocorridas em uma variável, pode influenciar na viabilidade econômica de um
projeto (BUARQUE, 1991)10. Atkinson (2000)11 e Horngren, Foster e Datar (2000)12
reforçam que a analise de sensibilidade é uma ferramenta analítica que envolve variar
uma ou mais hipóteses fundamentais de um projeto e o efeito que a mudança desse
parâmetro causa sobre uma decisão.
O método de simulação por Monte Carlo é uma técnica de amostragem
aleatória que pode dimensionar os riscos e auxiliar na tomada de decisão com valores
mais próximos a realidade (BLANK e TARQUIN, 2008)13.

2.3.1 Valor Presente Líquido – VPL

O VPL (Valor Presente Líquido) é a somatória dos fluxos de caixas descontados


a uma taxa de juros determinada, subtraído do valor do investimento inicial, em
termos matemáticos. Por definição, pode ser considerado como o valor agregado a um

9
SILVA, F.N.; FERREIRA, M.A.M.; PAZZINZ, F.L.S.; ABRANTES, L.A. Abordagem
determinística e de simulação de risco como instrumentos de análise de viabilidade financeira em
investimentos imobiliários. Revista de negócios. Blumenau, v.12, n.3, p. 03-17, 2007.
10
BUARQUE, C. A incerteza para seleção de projetos. In: BUARQUE, C. (Ed.) Avaliação
econômica de projetos. 8.ed. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p.179-196.
11
ATKINSON, A.A. et al. Contabilidade Gerencial. São Paulo: Editora Atlas. 2000.
12
HORNGREN, C.T.; FOSTER, G.; DATAR, S.M. Contabilidade de Custos. Rio de Janeiro:
Editora LTC. 2000.
13
BLANK, L.; TARQUIN, A. Engenharia econômica. 6 ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2008.
20

investimento quando realizado, ou seja, quando o VPL for positivo ele demonstra que o
valor da empresa aumentou.
Nessa linha de raciocínio, se o VPL for igual a zero, a interpretação segue que
os valores gastos com investimentos estão sendo remunerados na mesma proporção,
por outro lado se os valores forem negativos significa que o investimento não está
sendo retornado.
O método de VPL é visto com superioridade aos outros métodos de analise de
investimento de projetos. Dentre os atributos que trazem essa robustez ao método,
estão principalmente, o uso do fluxo de caixa, o fato de considerar todos os fluxos de
caixa envolvidos no projeto, evidenciar uma noção de risco envolvido e descontar os
fluxos de caixa ao longo do tempo (ROSS; WESTERFIELD; JAFFE, 200214; ABREU;
BARROS NETO; HEINECK, 200815).

2.3.2 Tempo de Recuperação de Capital – Payback

Define o número de anos necessários para que a empresa recupere o capital


investido inicial no projeto, ou seja, é o tempo preciso para que os fluxos de caixas
negativos (investimentos) sejam anulados pelos fluxos positivos (lucros) (GUIDUCCI, et
al., 2012)16. No entanto, individualmente, esse método apresenta limitações quanto a
tomada de decisão.
Noronha (1981)17, aponta que a análise de um projeto por Payback pode levar
a selecionar o investimento de forma incorreta, visto que a metodologia não inclui o
valor do dinheiro no tempo, não usa todas a informações disponíveis para o projeto e

14
ROSS, S.A.; WESTERFIELD, R.W.; JAFFE, J.F. Administração Financeira. 2. Ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
15
ABREU, C.A.C.; BARROS NETO, J.P.; HEINECK, L.F.M. Avaliação Econômica de
Empreendimentos Imobiliários Residenciais: Uma Análise Comparativa. XXVIII encontro de Engenharia
de Produção. Rio de Janeiro, 2008.
16
GUIDUCCI, R.C.N.; ALVES, E.R.A.; LIMA FILHO, J.R. de; MOTA, M.M. Aspectos
metodológicos da análise de viabilidade econômica de sistemas de produção. In: EMBRAPA. Viabilidade
econômica de sistemas de produção agropecuários: metodologia e estudos de casos. Brasília, DF:
Embrapa, 2012. cap. 1, p. 17-116.
17
NORONHA, J.F. Projetos Agropecuários: Administração financeira, orçamentação e avaliação
econômica. Piracicaba, SP: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1981. 274 p.
21

não pode ser considerada uma medida de lucratividade e sim uma preocupação com a
liquidez da empresa.
Embora o método de Payback tenha suas limitações e a escolha de aceitar ou
rejeitar seja inteiramente arbitraria quando avaliado de forma individual, este não pode
ser integralmente ignorado visto que, segundo Ross, Westerfield e Jaffe (2002), sua
simplicidade é utilizada com filtro para numerosas decisões de investimentos e indica
propriedades do ponto de vista do controle e gestão da empresa e da habilidade e
qualidade de seus administradores.

2.3.3 Taxa Interna de Retorno – TIR

A taxa interna de retorno nada mais é que a taxa de desconto que iguala o
valor presente dos fluxos líquidos ao investimento inicial (GUIDUCCI et al, 2012).
Segundo Abreu, Barros Neto e Heineck (2008), o método expressa a rentabilidade
efetiva quando o projeto for de investimentos ou o custo efetivo se referir-se a um
financiamento.
Nesse método de análise de investimento, a TIR é comparada a Taxa Mínima
de Atratividade (TMA) do mercado ou a taxa desejada de retorno, sendo aceito o
projeto em que a TIR superar essa taxa (NORONHA, 1981). Segundo Rezende Filho
(2006)18, os custos de financiamento e riscos envolvidos no projeto é que auxiliam as
empresas a calcularem suas taxas mínimas de retorno.
Segundo Laponni (2007)19 e Abreu, Barros Neto e Heineck (2008), o método de
TIR considera os fluxos de caixa completos ao longo do tempo, alem de informar se o
investimento acumula ou perde valor e ainda permiti que seja comparada a outras
taxas de mercado. Por outro lado o autor destaca a dificuldade para se determinar a
taxa mínima de atratividade especifica para cada projeto.

18
REZENDE FILHO, M. Um modelo de opções reais para avaliação de investimentos em navios
petroleiros. 2006. 115 p. Dissertação (Mestre em Engenharia Oceânica) – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
19
LAPPONI, J.C. Projetos de investimento na empresa. 3ª ed. Rio de Janeiro: Campus/Elsevier,
2007. 512 p.
22

2.3.4 Método Monte Carlo

Para Oliveira, Barros e Reis (2007)20 o método de Monte Carlo é utilizado para
analisar fenômenos com comportamento probabilístico. Adicionando, Escudeiro
(1973)21 e Blank e Tarquin (2008) define o método como substituto do estudo de um
processo não estocástico por um modelo probabilístico que possa avaliar problemas
determinísticos por meio de uma série de amostragens aleatórias.
Como os modelos determinísticos não incorporam o risco, visto que em
situações reais diversos eventos previstos e imprevistos podem ocorrer ao longo de um
investimento, seriam necessários testar todas as possibilidades, que são inúmeras e
portanto inviável. Assim Trigeorgis (2002)22 afirma que as tentativas de simulação do
método de Monte Carlo servem para reproduzir a tomada de decisão no mundo real
através de um modelo matemático que captura os riscos de um projeto e também
como ele evolui com o tempo e os eventos aleatórios.
A simulação por Monte Carlo pode ser realizada de diversas maneiras, sendo
que as formas mais aplicadas são por meio computacionais, que segundo Vargas
(2008)23 exigem conhecimentos apurados de estatística e programação.
Para executar as simulações pelo método de Monte Carlo são necessárias que
alguns procedimentos básicos sejam atendidos, como a definição das variáveis
envolvidas com base em dados passados; identificação das distribuições de
probabilidade das variáveis aleatórias irrelevantes; construção das distribuições de
probabilidade acumuladas para cada uma das variáveis, definição dos intervalos dos

20
OLIVEIRA, P.H.D.; BARROS, N.R.; REIS, S.G. dos. Aplicabilidade do método de simulação
de Monte Carlo na previsão dos custos de produção de companhias industriais: o caso companhia do Vale
do Rio Doce. In: Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade, 4.; 2007, São Paulo. Anais...
São Paulo, USP, 2007.
21
ESCUDEIRO, L.F. La simulación em la empresa. Barraincúa: Duesto, 1973.
22
TRIGEORGIS, L. Real options: managerial flelibility and strategy resource allocation. 6.Ed.
Cambrigde: The MIT Press, 2002. 427 p.
23
VARGAS, R. Podcast sobre simulação de Monte Carlo. Disponível em: www.ricardo-
vargas.com. Acesso em: outubro de 2013.
23

números aleatórios para cada variável; geração dos números aleatórios e simulação
dos experimentos (LUSTOSA; PONTES; DOMINAS, 200424; HERTZ, 196425).
Foi considerada apenas a variável preço como fator de risco e então considera
para simulação. A determinação da distribuição de probabilidade de preços foi dada a
partir da série de preços diários do Cepea entre o período de jan/2002 e set/2013.
Esses dados foram deflacionados para setembro de 2013 e ajustados para a melhor
distribuição normal.
Para essa série deflacionada, foram calculados os parâmetros média e desvio
padrão para então ser feita as simulações de Monte Carlo para os preços de soja,
milho e trigo.
As simulações foram realizadas pelo programa Excel com o auxilio do
suplemento “Análise de dados”. Por meio de Monte Carlo foram geradas dez mil
simulações para a variável preço em cada cultura.
Assim a estimação do fluxo de caixa líquido da propriedade padrão analisada foi
dada pela diferença entre a Receita Bruta (RB) e o Custo Operacional (CO) da
produção, estes que foram levantados em Painel para safra 2012/13. Por sua vez a RB
foi obtida a partir do produto da produção pela cotação da commodity.

3 PANORAMA DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA NO RIO GRANDE DO SUL

3.1 SOJA: Brasil e Rio Grande do Sul

A soja no Brasil atingiu a sua máxima produção na safra 2012/13 (Figura 1),
com 81,5 milhões de toneladas, sendo que a expectativa da safra 2013/14 promete
números acima de 87 milhões de toneladas, seguindo uma seria histórica crescente
desde 2000. Na última década, a produção brasileira só não seguiu crescente na safra
2011/12, pois houve uma grande quebra produtiva no sul do país, que reduziu a
produção final a um montante inferior ao da safra de 2009/10.

24
LUSTOSA, P.R.B.; PONTE, V.M.R; DOMINAS, W.R. Simulação. In: CORRAR, L.J.;
THEOPHILO, C.R. (Coord.). Pesquisa Operacional para decisão em contabilidade e administração:
Contabilometria. São Paulo: Atlas, 2004. p. 242-284.
25
HERTZ, O.B. Risk analysis in capital investment. Harvard Business Review, 1964, p. 95-106.
24

Nas ultimas doze safras, o Rio Grande do Sul acompanhou o crescimento da


produção brasileira da oleaginosa, se consolidando como terceiro maior produtor de
soja do Brasil, atrás somente do Mato Grosso e Paraná, com exceção a safra 2011/12
que ficou atrás também de Goiás. Da safra 2000/11 em diante, a representatividade do
estado gaúcho seguiu em média de 14% da produção final, indo de picos de 18% em
2000/11 ao mais baixo nos anos de quebra de safra, 2004/05 e 2011/12.

Figura 1. Produção total de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras 2000/01
e 2013/14.
Fonte: Conab (2013)26.

A posição representativa do estado gaúcho se manteve, principalmente, em


virtude do aumento de área, sendo que nos últimos dez anos houve 41% de ganho,
conforme pode ser observado na Figura 2. Quanto às variações de área plantada com
soja no Brasil nas ultimas doze safras, pode-se dividir em três momentos significativos.
O primeiro deles ocorreu entre 2001 e 2003, em que a expansão de área seguia em
média de 10% por safra no Rio Grande do Sul. No entanto a introdução da ferrugem
nas lavouras de soja brasileira freou essa evolução fazendo que as áreas começassem

26
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:
<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2&Pagina_objcmsconteudos=3#A_objc
msconteudos>. Acesso em: setembro de 2013.
25

a recuar em média 1,7% por safra entre 2005 e 2008. A retomada, o terceiro
momento, ocorreu após a crise, em 2009, seguindo crescimento de 3%. Com o
advento dos preços altos em 2012, o aumento de área tomou ainda mais força,
fechando a área da safra 2012/13 em 4,6 milhões de hectares, 10% acima da safra
2011/12. Para a safra 2013/14, estima-se um aumento 140 mil hectares no território
gaúcho, sendo semeado em 4,8 milhões de hectares.

Figura 2. Área total plantada de soja no Rio Grande dos Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2013/14.
Fonte: Conab (2013).

A produtividade também teve participação significativa nesse avanço, no


entanto, o rendimento por área do estado sempre esteve abaixo da média ponderada
brasileira. Cabe ressaltar, que nas últimas doze safras analisadas, quatro delas
sofreram quebra produtivas em virtudes de eventos climáticos ou fitossanitários. Com
destaque para a safra 2004/05, em que a produtividade média (Figura 2) do estado
ficou 69% abaixo da brasileira, em decorrência da maior estiagem do estado atrelada a
alta pressão da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi) no país, assim como na
safra 2003/04 quando se efetivamente iniciou as perdas com a ferrugem. Nas safras
2008/09 e 2011/12, as quebras de produção resultaram do fenômeno climático “La
Niña”. Como resultado, nessas safras ocorreram longos períodos de estiagem durante
26

o desenvolvimento das lavouras seguido de altos volumes pluviométricos na colheita,


causando quebras de produtividade e perdas de qualidade do grão, principalmente nas
lavouras da região sul brasileira.

Figura 3. Produtividade média de soja no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2013/14.
Fonte: Conab (2013).

3.2 MILHO: Panorama no Brasil e Rio Grande do Sul

Do ano 2000 em diante, a produção de milho verão no Brasil oscilou durante as


safras em decorrência eventos climáticos, competitividade com a soja e com o milho 2ª
safra, resultando em perdas produtivas ou variação na área plantada. A maior
produção de milho verão brasileira ocorreu na safra 2007/08, quando atingiu 36,6
milhões de toneladas, no entanto a safra rio-grandense atingiu seu pico em 5,96
milhões de toneladas, na safra 2006/07, conforme pode ser analisado na Figura 4.
Nas safras seguintes a 2007/08, o milho verão reduziu a produção em
decorrência da falta de competitividade da soja pela área de verão e pela opção do
cultivo de cereal na segunda safra. A maior participação do milho de segunda safra fez
com que a produção de milho total brasileira crescesse enquanto a de verão recuasse.
O Rio Grande do Sul também reduziu sua produção nos anos posteriores a safra
2006/07, no entanto em perdas de área para soja, visto que a segunda safra não é
uma opção do estado.
27

Figura 4. Produção total de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2011/12.
Fonte: Conab (2013)27.

As variações da área de milho verão (Figura 5) foram muito distintas nas


ultimas doze safras, dependendo principalmente da perspectiva dos preços de
mercado. Duas safras marcaram redução significativa de área plantada modificando o
cenário gaúcho. Na safra 2001/02, os preços do milho praticados no mercado em 2001
estavam baixos favorecendo a atratividade da soja, com isso a tomada de decisão dos
produtores tomou o caminho da produção da oleaginosa, reduzindo a área de milho
em 12% no Rio Grande do Sul. Na safra 2009/10 a área plantada rio-grandense
comprimiu 17% em relação a anterior, enquanto que a brasileira 16%. O raciocínio é o
mesmo apontado para a safra 2001/02: no momento do plantio os preços do milho
eram menos atrativos que o da soja.

27
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:
<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2&Pagina_objcmsconteudos=3#A_objc
msconteudos>. Acesso em: setembro de 2013.
28

Figura 5. Área total plantada de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as
safras 2000/01 e 2012/13.
Fonte: Conab (2013).

Na série historia do milho verão iniciada em 2000, três safras apresentaram


quebra produtiva expressiva no Rio Grande do Sul (Figura 6). A primeira ocorrida na
safra 2003/04, em que uma estiagem assolou o desenvolvimento inicial das lavouras
prejudicando a produtividade e o montante final produzido, que foi 28% e 34% menor
que a safra anterior, respectivamente.
Na safra seguinte, 2004/05 outra estiagem frustrou as lavouras gaúchas de
milho, ainda mais prejudicada pelas chuvas no final do ciclo que também causou
perdas qualitativas na produção, deixando a produtividade abaixo 1.300 kg/ha. Assim
nessa safra a produção reduziu 55% em relação a anterior, que já somava quebras, e
70% de diminuição em relação a safra cheia de 2002/03. A safra 2011/12 marcou
outro período de seca no desenvolvimento do milho do Rio Grande do Sul com
produtividade média no estado de 3.002 kg/ha, reduzindo em 42% a produção final
em relação a boa safra de 2010/11.
Desconsiderando os períodos de quebra, o Rio Grande do Sul segue o histórico
de terceiro maior produtor brasileiro de milho verão, estando atrás dos estados do
Paraná e Minas Gerais e concentrando em média 15% da oferta nacional, quando
retirada os anos de quebra. Sua evolução diante desses estados, esta na limitação de
29

seu potencial produtivo, que nos últimos 11 anos esteve inferior a média desses
estados e também a do Brasil.

Figura 6. Produtividade média de milho verão no Rio Grande do Sul e Brasil entre as
safras 2000/01 e 2013/14.
Fonte: Conab (2013).

3.3 TRIGO: Panorama do Brasil e Rio Grande do Sul

Embora a produção do trigo no Brasil não seja expressiva no cenário mundial, o


cereal tem importância fundamental para o estado do Rio Grande do Sul. Introduzido
inicialmente no Brasil pelo estado gaúcho, o trigo representa uma das poucas opções
de cultivo de inverno para o estado.
Historicamente, o Rio Grande do Sul assume o papel de segundo maior
produtor do cereal no país, perdendo apenas para o Paraná, sendo que na safra
2011/12 atuou a frente dos paranaenses, representando 47% da oferta nacional. Na
média das últimas treze safras, o estado compôs 37,4% da produção brasileira, com
menor participação na safra 2000/01 de 32%.
A série histórica de produção nacional apresenta grande amplitude de oscilação,
sem obedecer a um padrão crescente ou decrescente por entre as safras. O mesmo
raciocínio é aplicado à série do estado gaúcho. Entre as safras 2000/01 e 2011/12, a
produção no Rio Grande teve mínima de 728 mil toneladas e máxima de 2,7 milhões
30

de toneladas (Figura 7), diferença de 277%. Essas variações nos números efetivos da
cultura se aplicam devido à instabilidade da área de plantio e a quebras de
produtividades ocorridas ao longo dos anos.

Figura 7. Produção total de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras 2000/01
e 2013/14.
Fonte: Conab (2013)28.

Nas ultimas treze safras, o Rio Grande do Sul manteve a área de produção de
trigo, consolidando como segundo maior produtor de trigo do Brasil, atrás somente do
Paraná, com exceção a safra 2012/13 que superou o Paraná. A estimativa para a safra
13/14 é uma ocupação de 1,03 milhão de hectares, que equivale a 47% da área
nacional.

28
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em:
<http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252&t=2&Pagina_objcmsconteudos=3#A_objc
msconteudos>. Acesso em: setembro de 2013.
31

Figura 8. Área plantada de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras 2000/01
e 2013/14.
Fonte: Conab (2013).

A produtividade apresentou redução em relação ao potencial produtivo em


cinco safras: 2001/02, 2002/03, 2004/05, 2005/06 e 2006/07. Conforme a Figura 8,
em todos esses períodos a produtividade do trigo não ultrapassou os 1.940 kg/ha,
sendo a pior situação em 2006/07 quando o rendimento por área mal conseguiu
estabelecer a média de 1.050 kg/ha por causa de insuficiência de chuvas no plantio e
geadas na floração e frutificação do grão. No mais, as outras safras tiveram redução
de produtividade por problemas climáticos, em sumo na fase final da cultura, seja por
danos de geadas ou por excesso de chuvas que aumentaram a pressão de doenças.
Por outro lado, da safra 2007/08 a 2011/12 o Rio Grande do Sul o clima
favoreceu as produtividades do trigo e as médias estabeleceram o patamar acima dos
2.000 kg/ha. O pico ocorreu em 2011/12 quando a média do estado gaúcho atingiu a
marca de 2.941 kg/ha, superando o Paraná, que até então detinha as melhores
médias.
A área de plantio (Figura 9) também apresentou grande variação ao longo das
safras, que influenciaram diretamente na produção do estado e brasileira. No entanto
o clima não foi fator tão influente quanto a decisão da expansão ou contração do
32

espaço semeado com trigo. Nesse caso o comportamento do mercado foi a argumento
principal na modificação das áreas de plantio.
Na safra 2006/07, além da quebra produtiva, houve a disposição da menor área
plantada de trigo no estado nas ultimas doze safras, retratada pelos baixos preços
praticados no mercado e pela falta de incentivo do estado para o desenvolvimento do
produtor tritícola. O advento dos preços baixos retornou nas safras 2009/10 e 2010/11,
afetando a tomada de decisão do produtor rio-grandense, fomentando dessa forma a
redução de área por duas safras seguidas.

Figura 9. Produtividade média de trigo no Rio Grande do Sul e Brasil entre as safras
2000/01 e 2013/14.
Fonte: Conab (2013).

A grande variação no rendimento da lavoura de soja e milho no Rio Grande do


Sul nessas últimas décadas tem motivado os produtores a procurar investimento em
sistema de irrigação. A principal razão do investimento é manter a rentabilidade da
fazenda.

4 PANORAMA IRRIGAÇÃO BRASIL x RIO GRANDE DO SUL

Cerca de 1,54 bilhão de hectares do mundo são destinados a produção agrícola,


sendo que apenas 18% desse total estão sob cultivo irrigado. No entanto essa baixa
33

área cultivada representa mais que 44% da produção mundial agrícola, enquanto o
restante é de sequeiro (CHRISTOFIDIS, 2006)29.
O Brasil é apenas o décimo sexto em exploração de área irrigada do mundo
(Banco Mundial, 2013)30, no entanto apresenta 12% do montante dos recursos hídricos
mundiais disponíveis (ANA, 2009)31. No último censo agropecuário de 2006, o Brasil
registrou o total de 4,5 milhões de hectares explorados com irrigação na agricultura, o
que representa 8,3% das áreas de lavouras do país.
Por outro lado, os dados do MMA/SRH/DDH – 1999 (revisado por Christofidis,
2013)32 indicam um vasto potencial brasileiro no aumento de área irrigada, que pode
chegar a expansão de mais 25,1 milhões de hectares, ou seja, atualmente é explorado
apenas 15% desse potencial que é capaz de atingir a totalidade de 29,6 milhões.
No Brasil, as questões quanto ao desenvolvimento de área irrigada são
extremamente discutidos, pois esta representa 69% da água consumida no país,
segundo os números publicados na Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil 2011,
elaborado pela Agencia Nacional de Águas – ANA33.
Em relação as discussões de sustentabilidade do consumo de água, um estudo
realizado por Christofidis (2003)34, aponta que embora tenha ocorrido 33% aumento
de área irrigada no período de 1990-2000, o consumo de água em m³/ano reduziu em
30%. Esses, números nada mais expressam a opção dos produtores irrigantes por

29
CHRISTOFIDIS, D. Água: Gênese, gênero e sustentabilidade alimentar no Brasil.
2006. Disponível em: <
http://www.pt.genderandwater.org/content/download/2996/33129/file/Aguaesustentabilidadeali
mentarBrasil1.pdf>. Acesso em: setembro de 2013.
30
BANCO MUNDIAL. World Bank Data. Disponível em: <
http://data.worldbank.org/indicator/AG.LND.IRIG.AG.ZS>. Acesso em: setembro de 2013.
31
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil,
2009. Brasília, DF, 2009. Disponível em:
<http://conjuntura.ana.gov.br/conjuntura/download.aspx>. Acesso em: setembro de 2013.
32
CHRISTOFIDIS, D. Água, irrigação e agropecuária sustentável. Brasília: Política
Agrícola, ano XXII, n.1, p. 115-127. 2013.
33
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil,
2011. Brasília, DF, 2011. Disponível em:
<http://conjuntura.ana.gov.br/conjuntura/download.aspx>. Acesso em: setembro de 2013.
34
CHRISTOFIDIS, D. Água, ética, segurança alimentar, sustentabilidade ambiental.
Bahia: Análise e Dados, Salvador, v.13, n. especial, p. 317-382. 2003.
34

melhorias no manejo e adoção de tecnologias que aumentaram expressivamente a


otimização do uso da água.
Nos dados do censo agropecuário de 199635 para 200636 divulgado pelo IBGE, a
expansão da área irrigada deu um salto de 42%, passando de 3,1 milhões de ha para
4,5 milhões ha, ou seja, um aumento de 1,3 milhões de hectares no período de 10
anos, o que representa o crescimento médio de 150 mil ha por ano.
Desse total apresentado no ultimo censo brasileiro, a região Sul ocupa o
segundo lugar em área irrigada, sendo que no censo 1996 atuava como primeiro, a
frente da região Sudeste. Segundo os últimos números do censo 2006, a região
Sudeste encontra-se com 1,58 ha área irrigada e a região Sul uma área de 1,22 ha,
representando 35,6% e 27,5% do total do país respectivamente. A Secretaria
Extraordinária da Irrigação e Usos Múltiplos da Água – SEIUMA divulgou em 201037,
que além de a região Sudeste ocupar a maior porcentagem de área agricultável, tem
potencial exploratório de 5,9 milhões de ha, enquanto o Sul apenas 4,5 milhões de ha.
Mesmo com o Sudeste sendo a região com maior área irrigada do país, a
segregação dos dados em estados deixa o Rio Grande do Sul a frente do ranking,
seguido do estado de São Paulo e Minas Gerais, que juntos somam mais de 50% de
toda a área de agricultura com irrigação. O estado gaúcho é responsável por 984,1 mil
ha irrigados, enquanto que São Paulo representa 770 mil ha e Minas Gerais 525,3 mil
ha.
No Brasil, a irrigação é caracterizada pelos métodos de aspersão sem pivô, por
pivô central, inundação, sulcos, localizada e outros diferentes métodos. Segundo o
Censo 2006, a aspersão é meio mais empregado na irrigação brasileira, 35% da área
total, seguido da inundação (24%) e pivô central (19%), conforme pode ser
visualizado na Figura 10.

35
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo
agropecuário – 1995-1996. Rio de Janeiro, 1998.
36
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo
agropecuário – 2006. Rio de Janeiro, 2009.
37
SECRETARIA EXTRAORDINÁRIA DA IRRIGAÇÃO E USOS MÚLTIPLOS DE ÁGUA –
SEIUMA. Potencial brasileiro para desenvolvimento sustentável da irrigação. Disponível em:
<http://www.siuma.rs.gov.br/index.php?action=noticia&cod=191>. Acesso em: setembro de 2013.
35

Figura 10. Representatividade de área irrigada dos diferentes métodos de irrigação


empregados no Brasil
Fonte: IBGE (2006).

Analisando apenas a região Sul (Figura 11), os números apontam a inundação


com 75% da composição da área irrigada, que se deve ao fato dos mais de 812,8 mil
ha inundados no cultivo de arroz irrigado e outras culturas no Rio Grande do Sul
(IBGE, 2006). Nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste a predominância é do
método de aspersão sem pivô central.

100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Sudeste Sul Nordeste Centro-Oeste Norte

Inundação Sulcos Pivô central Aspersão Localizada Outros

Figura 11. Distribuição percentual dos diferentes métodos de irrigação empregados em


cada região do Brasil
Fonte: IBGE (2006).
36

Se fragmentados esses dados agregados da região Sul, a representatividade da


inundação no estado gaúcho supera os 82%, seguido dos métodos de sulcos com 7%
e pivô central com 5%.
Embora a inundação seja visivelmente representativa no Rio Grande do Sul
devido o cultivo de arroz, as aspersão com pivô central vem sendo empregado para o
cultivo de milho, trigo, soja e feijão no estado. Fato este que remete a possibilidade
melhorias quanto ao uso sustentável da água, visto que incrementos relevantes quanto
a eficiência do uso da água são mais significativos quando aplicados a estrutura de
irrigação pressurizada (PAULINO et al., 2011)38.
Como na região Sul do Brasil, um dos principais fatores que afetam o sucesso
das lavouras é o El Niño Oscilação Sul (ENOS), fenômeno que afeta o clima e o tempo
em diversas regiões do globo terrestre. Em anos de La Niña, em que a estiagem
avariou os cultivos do estado gaúcho, como em 2012, os produtores irrigantes do
município de Cruz Alta/RS conseguiram escapar as adversidades climáticas colhendo
médias produtivas de soja 100% superiores aos produtores de sequeiro, utilizando o
método do pivô central. Na média dos últimos 10 anos do estado essa diferença
representou 85% a mais para a soja irrigada (EMATER/RS, 2012 apud BISOGNIN,
2012)39.
Segundo Berlato e Fontana (1999)40 e Berlato, Farenzena e Fontana (2005)41, o
ENOS é o elemento fundamental na variabilidade dos números de produção agrícola do
Rio Grande do Sul, pois a regime pluviométrico é a principal fonte de água para as
lavouras.

38
PAULINO, J.; FOLEGATTI, M.V; ZOLIN, C.A.; ROMÁN-SANCHEZ, R.M.; JOSÉ, J.V.
Situação da agricultura irrigada no Brasil de acordo com o censo agropecuário 2006. Irriga, Botucatu, v.
16, n. 2, p. 163-176, abril-junho, 2011.
39
BISOGNIN, D.A. Irrigação no Rio Grande do Sul. Secretaria da Agricultura, Pecuária e
Agronegócio, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 2012. Palestra.
40
BERLATO, M.A.; FONTANA, D.C. Variabilidade interanual da precipitação pluvial e
rendimento da soja no Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v.7, p.119-
125, 1999.
41
BERLATO, M.A.; FARENZENA, H.; FONTANA, D.C. Associação entre El Niño Oscilação
Sul e a produtividade do milho no Estado do Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.40,
p.423-432, 2005.
37

De acordo com os dados do IBGE/SIDRA (2013)42, a área com pivô central no


Rio Grande do Sul foi de 44,9 mil ha. O destaque de maior área plantada com cultivo
irrigado fica para a mesorregião Noroeste do estado, conforme pode ser observado na
Figura 12. Os municípios de Santa Barbara do Sul, Cruz Alta e Santo Antônio do
Planalto representam os três municípios com maior a área irrigada por aspersão (pivô
central) rio-grandense, com 4.216, 3.697 e 2.564 hectares, respectivamente
(IBGE/SIDRA, 2013).

Figura 12. Área dos estabelecimentos agropecuários com uso de irrigação pelo método
do pivô central no Rio Grande do sul – 2009.
Fonte: IBGE/SIDRA (2013).

42
SISTEMA IBGE DE RECUPERAÇÃO AUTOMATICA – SIDRA. Tabela 1819 - Número de
estabelecimentos agropecuários com uso de irrigação e Área dos estabelecimentos por método utilizado
para irrigação e grupos e classes de atividade. Disponível em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/tabela/listabl3.asp?c=1819&n=0&u=0&z=t&o=11&i=P>. Acesso em:
setembro de 2013.
38

5 ANÁLISE DAS ESTRUTURAS DE CUSTOS DE PRODUÇÃO E DE


RENTABILIDADES DE CADA CULTURA NA SAFRA 2012/13

Nesta seção, são apresentados e analisados os principais resultados econômicos


encontrados para cada cultura nas regiões pesquisadas. A avaliação envolverá a
composição do custo de produção, receita bruta e a receita líquida de cada cultura.

5.1 Propriedade padrão


A propriedade padrão representativa da região de Cruz Alta/RS levantada em
painel apresentou 218,75 ha de área própria e 175 ha de área arrendada. Deste total
próprio 175 ha foram destinados ao cultivo de soja e milho no verão e trigo no inverno
no caso do cultivo em sequeiro; já no caso irrigado com pivô central o a soja e milho
são semeados no verão e trigo e soja 2ª safra no inverno.
Dos 300 ha destinados ao cultivo de culturas na propriedade padrão de Cruz
Alta, foram considerados 280 ha semeados com cultivares geneticamente modificadas
(resistente ao herbicida glifosato), mais 70 ha com híbridos de milho geneticamente
modificados (resistente a lagartas) e 93,33 ha com trigo – no caso de cultivo em
sequeiro. Enquanto que no irrigado foram adicionados outros 50 ha de soja 2ª safra.
Quanto a produtividade no cultivo de sequeiro, foram observados o rendimento
médio por área de 45 sc/ha para a soja, 110 sc/ha no milho e 40 sc/ha no trigo. No
cultivo irrigado sob pivô a soja apresentou produtividade média de 70 sc/ha na
primeira safra e 45 sc/ha na segunda safra, enquanto milho fechou com rendimento de
200 sc/ha e o trigo 50 sc/ha.

5.2 Custo de produção e Rentabilidade

5.2.1 Custos de produção de soja em área de sequeiro e irrigadas

Os custos operacionais (CO) de produção (desembolsos) de soja na safra


2012/13 em áreas não irrigadas na região de Cruz Alta/RS fechou R$ 1.342,92/ha, do
qual R$ 766,99/ha correspondem ao dispêndio com insumos e representa 57% na
composição do CO. Já nas áreas de soja sob condição de irrigação com pivô central o
CO foi de R$ 2.095,73/ha, diferença de 56% em relação ao de sequeiro. Os insumos
somaram custo de R$ 1.133,94/ha o que também representa 56% do CO. Além disso,
39

nesse sistema de cultivo houve um custo de R$ 200/ha com irrigação que contribuiu
significadamente para esse aumento.
A seguir, a
Tabela 3 detalha os custos de produção que apresentaram diferença na região
de Cruz Alta em condições de sequeiro e irrigado analisadas nessa pesquisa. Os
fertilizantes são os itens com maior representatividade na composição dos custos da
soja, sendo de 25% no sequeiro e 32% no irrigado. Em valores absolutos o gasto para
com fertilizantes e corretivos na cultura ficou em R$ 393,00/ha e R$ 731,76/ha
respectivamente. Na cultura de sequeiro foram adicionados ao solo 6 kg de N, 60 Kg
de P205 e 60 kg de K2O, enquanto que no irrigado foram 20 kg de N, 100 Kg de P205 e
mais 100 kg de K2O. Sob condições de irrigação a soja é planejada com potencial
produtivo acima do esperado para condições não irrigada, o que explica a diferença
entre quantidades de adubos utilizadas.
Os gastos com defensivos agrícolas na safra 2012/13 da soja de sequeiro e
irrigado foram próximos, R$ 244,50/ha e R$ 292,85/ha, respectivamente, sendo o
ultimo 20% mais oneroso ao produtor.
Em ambas condições de cultivo o gasto com fungicidas foi o defensivo mais
dispendioso ao produtor de soja de Cruz Alta. As chuvas constantes no final do ciclo da
cultura aumentou a pressão de doenças, principalmente a ferrugem asiática
(Phakopsora pachyrhizie), fazendo com que houvesse em média 4 e 5 aplicações
respectivamente para o sequeiro e irrigação. Dessa forma foi observado o gasto de R$
110,70/ha no não irrigado e R$ 143,20/ha na soja sobre o pivô.
O menor desembolso com sementes foi verificado nas propriedades típicas
sob condições irrigadas, R$ 109,33/ha enquanto que no sequeiro esse valor foi de R$
129,00/ha. A diferença é baseada na quantidade de sementes de soja espalhadas no
solo. Sob o pivô as condições de germinação são mais propicias portanto são
semeados 40 kg/ha, em contrapartida no sequeiro os riscos climáticos são maiores e
menos controlados o que explica a disposição de 50 kg de semente por hectare.
Em termos de operações mecânicas, no cultivo irrigado sob pivô central os
custos se destacam em relação as condições de sequeiro, R$191,60/ha e R$
142,26/ha, respectivamente.
A diferença nos custos com operações mecânicas são observados na
semeadura, pulverização e colheita, sendo que a discrepância é baseada nos
coeficientes técnicos, visto que foi considerado o mesmo parque de máquinas para
ambos os casos. Na semeadura e colheita os custos são superiores no cenário irrigado,
40

pois a quantidade de sementes utilizadas e o montante da produção são superiores


aos do sequeiro. Na questão pulverização, houve uma aplicação menos de defensivos
no caso não irrigado – 7 entradas na soja irrigada.
Seguindo a análise dos custos operacionais, o transporte da produção é feito
de forma terceirizada com custo baseado no volume de produção transportada.
Portanto no ambiente irrigado, com produtividade maior que no sequeiro, o custo foi
superior, R$ 70,00/ha contra R$ 45,00/ha do caso sem irrigação.
Os desembolsos com mão de obra foi maior nas condições de sequeiro do que
sob o pivô central, R$114,89/ha e R$ 111,78/ha. A pequena diferença observada é
resultado do cálculo da mão-de-obra geral, que é partilhada entre o uso da área de
cultivo. Como no caso irrigado houve maior área cultivada, devido a segunda safra de
soja ou feijão, este custo foi mais diluído. No caso da mão-de-obra utilizada em
preparo de solo, semeadura, tratos culturas e colheita apresentou custo menor no
sequeiro.
A comercialização faz referência aos desembolsos com padronização,
armazenagem e beneficiamento da soja. Esse ponto foi bem distinto entre as regiões
analisadas. Como foi considerado a mesma região para as duas condições de cultivo, a
comercialização da oleaginosa corresponde a 2,5% da produção. Com a produtividade
sendo a base do calculo, o sistema irrigado apresentou maior custo com o item do CO,
em virtude da maior produção obtida por hectare.
Com relação aos impostos, contribuições e tributos os valores se
diferenciaram no sistema irrigado e sequeiro. Como este item é baseado na quantidade
produzida, o custo foi 55% superior na soja sob irrigação com pivô em relação ao de
sequeiro.
O seguro leva em conta as máquinas e implementos próprios, considerando
sua intensidade de uso, e benfeitorias presentes na propriedade rateada pela área
ocupada pela cultura. Dessa forma, os custos com este item foram muito próximos nos
dois sistemas de cultivo, R$ 26,45/ha no sequeiro e R$ 28,07/ha no irrigado, visto que
o parque de máquinas é o mesmo nos dois casos, diferenciando apenas no
investimento com benfeitorias de irrigação.
O desembolso considerado com assistência técnica, que leva em conta 2%
do gasto com insumos agrícolas, operações mecânicas, mão de obra e operações
terceirizada, ficou em R$ 21,38/ha e R$ 30,15/ha.
Na questão dos juros sobre capital de giro registrado no sequeiro foi de R$
93,11/ha, enquanto que no cultivo irrigado foi de R$ 123,39/ha. No cultivo de soja sob
41

pivô central exige maior investimento capital por hectare de fertilizantes, defensivos e
também mão-de-obra, o que consequentemente gera maior custo com juros sobre o
capital de giro.

Tabela 3. Custo de produção da soja cultivada em condições de sequeiro e irrigado em


pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.
Soja Sequeiro Soja Irrigada
Fertilizantes 393,16 731,76
Defensivos agrícolas 244,50 292,85
Sementes 129,33 109,33
Adjuvantes/oleos 17,30 21,05
Operação mecânica 142,26 191,76
Irrigação 0,00 200,00
Transporte 45,00 70,00
Mão-de-obra 114,89 111,78
Comercialização 69,19 107,63
Arrendamento 0,00 0,00
Impostos 63,65 99,02
Seguro 26,45 28,07
Assistência técnica 21,38 30,15
Juros sobre capital de giro 93,11 123,39
CO 1.342,92 2.095,73
COT 1.457,31 2.293,40
CT s/ terra 1.590,49 2.476,96
CT 2.248,94 3.102,52
Fonte: Dados da pesquisa.
42

5.2.2 Análise da receita líquida operacional da soja

Embora tenha ocorrido queda no nível de produtividade no cultivo de sequeiro


devido a adversidades climáticas, as receitas obtidas nos cultivos irrigado e não-
irrigado foram suficientes para quitar os custos operacionais.
A Figura 13 apresenta as receitas líquidas operacionais (RLO) da cultura da soja
em área de sequeiro e irrigada para a safra 2012/13 em Cruz Alta. Observam-se
ótimos resultados nas duas condições de cultivo, em que no sequeiro obteve-se RLO
de R$ 1.424,58/ha e no cultivo sob pivô R$ 2.209,27/ha, diferença de 55% entre as
margens, garantindo a mesma proporção de diferença entre os custo que foi de 56%.
Cabe ressaltar que embora o CO seja maior no cultivo da oleaginosa irrigada a
margem de retorno é também, visto que o maior gasto implica em maior investimento
na cultura e consequentemente em maior produtividade e receita.

Figura 13. Receita Líquida Operacional (RLO) da soja em cultivo de sequeiro e irrigado
em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.
Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.3 Custos de produção de milho em áreas de sequeiro e irrigadas

O Custo Operacional (CO) de produção do milho em cultivo de sequeiro para


safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS foi de R$ 2.359,33/ha. Por outro lado o CO do
cultivo sob condições de irrigação com pivô central foi 51% maior, R$ 3.553,96/ha.
42
43

Assim como no caso da soja, os insumos representam o maior custo de produção, no


caso estudado 64% da composição do CO de sequeiro e 61% no irrigado. Em termos
monetários equivale respectivamente a R$ 1.517,97/ha e R$ 2.151,12/ha, sendo o
ultimo 42% maior que o primeiro.
A Tabela 4 apresenta o detalhamento dos custos de produção do milho de
sequeiro e irrigado. Na desagregação dos itens do CO de produção, os fertilizantes são
os de maior de representatividade, assim como na soja, sendo no sequeiro equivalente
a 35% do CO e no cultivo sob pivô a 37%. Dessa forma pode-se observar um custo de
R$ 853,29/ha em fertilizantes e corretivos no cultivo não-irrigado e de R$
1.326,69/ha no caso irrigado, que se caracteriza com 56% mais investimentos de
capital. Visando potencial produtivo maior que no cultivo irrigado foram adicionados ao
solo 252,5 kg de N, 150 kg de P2O5 e 190 kg de K2O. Já no caso de sequeiro foi feito
menor investimento em adubação, devido ao risco que esse sistema de cultivo
apresenta, dessa forma a adubação se configura com 152 kg de N, 105 kg de P2O5 e
130 kg de K2O.
Os gastos com defensivos agrícolas apresentaram diferença de 22% do
cultivo irrigado para o de sequeiro, R$ 189,35/ha e R$ 232,10/ha, respectivamente. A
diferença observada nos custos é apoiada integralmente no custo com fungicidas,
sendo que no sequeiro este foi nulo e no milho sobre o pivô central de R$ 39,00/ha. A
intensidade de molhamento do cereal no sistema de irrigação favorece o aparecimento
de doenças e sua disseminação cujo veiculo é água e consequentemente o uso de
fungicidas e o aumentando do custo de produção.
Nas sementes o custo ficou em R$ 475,33/ha e R$ 592,33/ha respectivamente
para o cultivo em sequeiro e irrigado. A diferença que ultrapassa os R$ 100/ha é
baseada na quantidade de sementes utilizadas na semeadura, sendo que enquanto no
cultivo não-irrigado foram utilizados 1,2 sacos por hectare no sistema de cultivo sobre
o pivô central foram semeados 1,5 sacos/ha.
Nas operações mecânicas, destaca-se o custo 26% maior no sistema com
irrigação, que registrou R$ 255,06/ha, enquanto que no sequeiro esse valor foi de R$
202,10/ha. Essa discrepância de custos se fundamenta principalmente no número de
pulverizações realizadas nos diferentes sistemas de cultivo, que somaram 5 no irrigado
com pivô e 2 no não-irrigado. Os coeficiente técnicos de semeadura e colheita,
juntamente com as pulverizações, fazem parte desse aumento de custo do irrigado.
Considerando que no milho sobre pivô foram utilizados maior número de sacos por
hectare na semeadura e na colheita o montante colhido também é significadamente
44

maior, tem-se menor rendimento de máquinas e consequentemente maior custo com


operações mecânicas.
Com produtividade 82% superior ao de sequeiro, na irrigação o transporte da
produção também seguiu a mesma proporção, viso que o calculo desse custo é
baseado no montante de milho transportado. Dessa forma tem-se o custo do cultivo de
sequeiro em R$ 110,00/ha e do irrigado em R$ 200,00/ha.
Os desembolsos com mão de obra foi maior no sequeiro, R$ 144,72/ha contra
R$ 134,43/ha no cultivo de milho irrigado. A distinção entre os custos dos dois
sistemas de cultivo é fundamentada na diluição dos custos de mão-de-obra geral entre
as áreas de cultivo. Como já citada anteriormente nas descrições do custo de soja, no
sistema irrigado a maior área de cultivo e o que consequentemente gera maior
distribuição da mão-de-obra.
A comercialização é caracterizada pelos desembolsos com padronização,
armazenagem e beneficiamento do milho. Como a produtividade é o fator
predominante da base do calculo desse item, no cultivo sob condição de irrigação o
custo foi superior ao de sequeiro, R$ 228,80/ha e R$ 125,84/ha, respectivamente.
Os impostos, contribuições e tributos foram maiores no sistema de cultivo
irrigado, visto que sua produção foi maior que no sequeiro. Essa diferença representa
exatamente a variação da produtividade entre os dois sistemas de cultivo, 82%.
O seguro é relativo ao parque de máquinas e benfeitorias, bem como sua
intensidade de uso. Como foi considerado o mesmo parque de máquinas, com
diferença apenas nas benfeitorias, sendo que no sistema irrigado é adicionado o pivô
central e barragem como investimento. Sendo assim, os custos foram próximos: R$
26,45/ha no sequeiro e R$ 28,07/ha no irrigado.
O desembolso considerado com assistência técnica, que leva em conta 2%
do gasto com insumos agrícolas, operações mecânicas, mão de obra e operações
terceirizada, ficou em R$ 39,50/ha e R$ 54,81/ha.
O calculo dos juros sobre capital de giro é baseado no volume de capital
investido na atividade e nas taxas de juros das diferentes formas de custeio. Como as
fontes de financiamento da lavouras foram as mesmas para o milho, a diferença nos
custos são explicadas pelas custo de produção. Assim no sequeiro, o custo de juros
sobre o capital foi de R$ 120,38/ha e no irrigado R$ 170,11/ha, sendo maior no ultimo
devido ao maior investimento aplicado.
45

Tabela 4. Custo de produção de milho cultivado em condições de sequeiro e irrigado


em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.
Sequeiro Irrigada
Fertilizantes e corretivos 853,29 1.326,69
Defensivos agrícolas 189,35 232,10
Sementes 475,33 592,33
Adjuvantes/óleos 3,75 7,50
Operação mecânica 202,10 255,06
Irrigação 0,00 200,00
Transporte 110,00 200,00
Mão-de-obra 144,72 134,43
Comercialização 125,84 228,80
Arrendamento 0,00 0,00
Impostos 72,36 131,56
Seguro 26,45 28,07
Assistência técnica 39,50 54,81
Juros sobre capital de giro 120,38 170,11
CO 2.359,33 3.553,96
COT 2.514,82 3.797,02
CT s/ terra 2.659,31 3.987,87
CT 3.317,77 4.613,43
Fonte: Dados da pesquisa.

45
46

5.2.4 Análise da receita líquida operacional do milho

Os resultados econômicos foram satisfatórios nos dois sistemas de cultivo,


embora a diferença entre o irrigado e sequeiro na safra 2012/13 foi de 175%. O milho
cultivado em sequeiro sofreu com as intempéries climáticas durante o desenvolvimento
das lavouras reduzindo significadamente a produtividade
A Figura 14 apresenta as receitas líquidas operacionais (RLO) da cultura do
milho sob condições de irrigação com pivô central e em condições de sequeiro. No
primeiro o a RLO foi de 2.166,04/ha, enquanto que no segundo o valor foi de
786,67/ha. Diferentemente do caso da soja, a diferença de 51% entre os custos foi
bem menor que a diferença entre as margens obtidas pelos produtores, o que sugere
que a perda produtiva do milho no sequeiro teve maior impacto econômico que no
caso da soja.

Figura 14. Receita Líquida Operacional (RLO) de milho em cultivo de sequeiro e


irrigado em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.
Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.5 Custos de produção de trigo em áreas de sequeiro e irrigadas

Para a safra 2012/13 o Custo Operacional (CO) observado no cultivo de trigo


em condição de sequeiro foi de R$ 1.540,67/ha, enquanto que no cultivo irrigado sob
47

pivô central foi de R$ 1.829,68/ha, diferença de 19%. No trigo não-irrigado, R$


1.042,25/ha são referentes ao desembolso com insumos, o que representa 68% do
CO. Já no irrigado esse valor passa para R$ 1.122,52/ha, porém com
representatividade de 61%.
A Tabela 4 apresenta o detalhamento dos custos de produção do trigo sob
cultivo de sequeiro e irrigado. Os fertilizantes e corretivos, no caso do trigo,
também registraram a maior representatividade na composição do custo operacional,
sendo observado o valor de R$ 581,05/ha no caso do sequeiro e R$ 578,92/ha no caso
irrigado. Ambos os casos foram adicionados ao solo a quantidade de 120 kg de N, 150
kg de P2O5 e 150 kg de K2O. A diferença nesse item ficou por conta dos corretivos, que
apresentou menor valor no cultivo sob condições de irrigação, em virtude do cultivo de
soja 2ª safra, que acabou por melhor diluir esse desembolso. Somente em fertilizantes
foram gastos R$ 560,00/ha, representando 36% no trigo não-irrigado e 31% no
irrigado.
O desembolso com defensivos agrícolas foi consideravelmente discrepantes
entre os cultivos de trigo em Cruz Alta. Enquanto no sequeiro este custo registrou
valor de R$ 253,20/há, no trigo sob pivô central este número chegou a R$ 335,60/ha.
A variação de custos é fundamentada na utilização de fungicidas que é mais intensa no
caso irrigado, devido as condições propicias para o desenvolvimento de doenças – alta
umidade e temperatura – que esse sistema apresenta, alem das chuvas constantes
ocorridas no estádio de desenvolvimento das espigas do trigo. Com controle de
doenças foram gastos R$ 99,70/ha no cultivo não-irrigado e R$ 178,10/ha no sistema
sob pivô central, diferença significativa de 78,6%, sendo constatada apenas uma única
aplicação a mais no caso irrigado, ficando o peso da diferença sobre a dosagem
utilizada dos produtos.
Com sementes não houve diferença nos custos e nem nos coeficientes
técnicos considerados no painel. Sendo assim o custos nos dois cultivos foi de R$
208,00/ha.
O trigo irrigado apresentou maior dispêndio com as operações mecânicas,
sendo este de R$ 157,95/ha contra R$ 152,81/ha em condições de sequeiro,
registrando diferença de 3,3% entre os custos. Essa pequena variação diz respeito a
maior aplicação de defensivos realizada no sistema irrigado, fundamentalmente
relacionado ao controle de doenças. No caso, as pulverizações de sequeiro somaram
R$ 25,70/ha e no cultivo irrigado por aspersão o total de R$ 30,84/ha.
48

No calculo de transporte da produção é considerado a produtividade como


fator determinante, visto que é cobrado o mesmo preço nos dois casos. Dessa forma
tem-se o custo do cultivo de sequeiro em R$ 40,00/ha e do irrigado em R$ 50,00/ha.
O custo com mão de obra foi 23% menor no caso irrigado em relação ao de
sequeiro. Os valores reduzidos do trigo cultivado sobre pivô é confirmado pelo calculo
de mão-de-obra geral que pondera o item de acordo com a utilização dos cultivos da
terra. Sendo no irrigado considerado o plantio de soja segunda safra e portanto melhor
utilização da terra, o custo de é diluído em maior numero de hectares.
A comercialização foi maior no trigo com tecnologia irrigada, apresentando
um custo de R$ 32,20/ha, valor 25% maior que o custo de sequeiro, que foi de R$
25,76/ha. A comercialização dos grãos de trigo refere-se a padronização e
armazenamento da produção, portanto no calculo, a produtividade interfere
integralmente nos valores finais, o que explica a diferença visto que o rendimento do
cultivo irrigado foi superior.
O gasto com impostos, contribuições e tributos foram 25% superior no
trigo irrigado. Enquanto neste o desembolso foi de R$ 37,03/ha, no não-irrigado o
valor foi de R$ 29,62/ha.
O desembolso considerado com assistência técnica, que leva em conta 2%
do gasto com insumos agrícolas, operações mecânicas, mão de obra e operações
terceirizada, ficou em R$ 26,45/há no trigo em condições de sequeiro e R$ 28,07/ha
para o caso irrigado.
O desembolso com juros sobre capital de giro foi maior no trigo sob irrigado
com pivô, no caso o valor ficou em R$ 83,32/ha. No trigo de sequeiro este valor
passou para R$ 79,06/ha, soma 5% menor que o primeiro. Notavelmente a diferença
refere-se ao custo de produção maior do irrigado, visto que o calculo é baseado nesse
valor e nas diferentes fontes de financiamento, que foram as mesmas nas duas formas
de cultivo.
49

Tabela 5. Custo de produção de trigo cultivado em condições de sequeiro e irrigado em


pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.

Sequeiro Irrigada
Fertilizantes e corretivos 581,05 578,92
Defensivos agrícolas 253,20 335,60
Sementes 208,00 208,00
Adjuvantes/oleos 12,00 16,00
Operação mecânica 152,81 157,95
Irrigação 0,00 200,00
Transporte 40,00 50,00
Mão-de-obra 117,65 90,18
Comercialização 25,76 32,20
Arrendamento 0,00 0,00
Impostos 29,62 37,03
Seguro 26,45 28,07
Assistência técnica 27,05 28,41
Juros sobre capital de giro 79,06 83,32
CO 1.540,67 1.829,68
COT 1.657,97 2.003,60
CT s/ terra 1.798,57 2.186,29
CT 1.878,11 2.298,74
Fonte: Dados da pesquisa.
50

5.2.6 Análise da receita líquida operacional do trigo

Os desempenhos econômicos do trigo não foram satisfatórios, tanto no cultivo


em condições de sequeiro quanto no irrigado. As margens observadas na safra
2012/13 do cereal ficaram no negativo em ambos casos. Em sumo, a perda produtiva
causada por geadas tardias e excesso de chuvas no final do ciclo explicam os
resultados econômicos desfavoráveis.
Na Figura 15 podem ser observadas as receitas líquidas operacionais (RLO) da
cultura do trigo cultivado com tecnologia de irrigação e em condições não-irrigantes.
Na cultura de sequeiro a RLO registrou -R$ 252,67/ha, enquanto que no irrigado esse
valor subiu para -R$ 219,68/ha, diferença de 13%.

Figura 15. Receita Líquida Operacional (RLO) de trigo em cultivo de sequeiro e irrigado
em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.
Fonte: Dados da pesquisa.

5.2.7 Custos de produção de soja 2ª safra em áreas irrigadas

O cultivo de soja 2ª safra 2012/13 foi apenas realizado no sistema com


tecnologia irrigada, desconsiderando, portanto a analise comparativa entre os dois
modelos como para a soja, milho e trigo. O Custo Operacional (CO) da soja segunda
51

safra ficou em R$ 1.460,71/ha, em que os insumos representaram 50%, apresentando


valor real de R$ R$ 735,74/ha.
Na Tabela 6 pode ser observado os custos operacionais da soja segunda safra
detalhadamente. Os fertilizantes e corretivos custaram ao produtor na safra
2012/13 o equivalente a R$ 310,14/ha e representando 21% do custo. Ao todo foram
aplicados ao solo a quantidade de 12,5 kg de N, 50 kg de P2O5 e 50 kg de K2O. O custo
com esse item foi menor nesse sistema de cultivo do que na safra verão de soja
irrigada ou de sequeiro, constatando melhor investimento na segunda safra. Os riscos
e a menor capacidade produtiva da segunda safra é que justificam o desempenho..
O custo com defensivos agrícolas da soja irrigada na segunda safra foi de R$
345,60/ha, número superior ao gasto na safra verão irrigada de R$ 292,85/ha. A
diferença é fundamentada na questão do uso de herbicidas e fungicidas, que foram
mais onerosos na segunda safra, devido às condições climáticas.
As sementes atingiram o gasto de R$ 80,00/ha cultivado com segunda safra
de soja, contra R$ 109,33/ha no caso da soja irrigada no verão. As condições que
diferenciam o custo estão nas sementes utilizadas na cobertura pós safra de verão,
que não são consideradas no gasto de segunda safra. Quanto aos coeficientes
técnicos, os mesmos foram considerados nos dois cultivos.
O gasto com operações mecânicas para soja segunda safra ficou em R$
134,44/ha, enquanto que na safra verão esse gasto foi de R$ 191,76/ha. Embora
tenha ocorrido maior numero de pulverizações na segunda, a acréscimo do plantio de
cobertura, da colheita e adubação de cobertura é sustentaram o maior gasto na safra
irrigada de verão.
O transporte da produção somou gasto de R$ 45,00/ha, custo que é
baseado no volume de produção transportado da lavoura até a unidade armazenadora.
O dispêndio com mão de obra foi de R$ 83,10/ha, valores 25% menores que
no caso de verão irrigado. A diferença é devido a representatividade da área de cultivo
da cultura em relação a área total.
A comercialização foi de R$ 69,19/ha, valor 35,7% inferior ao mesmo item da
safra irrigada de verão. A diferença nos números é devido a produtividade, visto que o
calculo de comercialização é fundamentado nesse item.
O desembolso com juros sobre capital de giro ficou em R$ 81,56/ha,
enquanto que na soja verão irrigada esse gasto foi de R$ 123,39/ha, diferença de
34%. A variação dos custos por hectare se baseiam no fato do cultivo de verão ter
52

maior investimento e demandar maior volume de capital e consequentemente maior


gasto com juros sobre o capital investido.

Tabela 6. Custo de produção de soja 2ª safra cultivada em condições de cultivo irrigado


em pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS – R$/ha.

Irrigada
Fertilizantes e corretivos 310,14
Defensivos agrícolas 345,60
Sementes 80,00
Adjuvantes/oleos 24,80
Operação mecânica 134,44
Irrigação 200,00
Transporte 45,00
Mão-de-obra 83,10
Comercialização 69,19
Arrendamento 0,00
Impostos 63,65
Seguro 28,07
Assistência técnica 19,97
Juros sobre capital de giro 81,56
CO 1.460,71
COT 1.618,98
CT s/ terra 1.799,59
CT 1.912,04
Fonte: Dados da pesquisa.
53

5.2.8 Análise da receita líquida operacional da soja 2ª safra


O resultado econômico da soja segunda safra 2012/13 foi satisfatórios,
principalmente quando comparado ao trigo, que é a outra opção cultivada após a safra
de verão.
A Figura 16 apresenta a receita líquida operacional (RLO) da cultura de soja 2ª
safra cultivada sob condições de irrigação com pivô central. Na oleaginosa a RLO foi de
1.306,79/ha. A RLO da segunda safra irrigada foi 40% que no caso de verão, no
entanto a produtividade apresentou diferença de 35%. Contudo a segunda safra,
ajudou indiretamente na diluição dos custos da soja, como no item mão-de-obra por
exemplo.

Figura 16. Receita Líquida Operacional (RLO) de soja 2ª safra em cultivo irrigado em
pivô central para a safra 2012/13 na região de Cruz Alta/RS.
Fonte: Dados da pesquisa.

6 ANÁLISE DE VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROJETO

6.1 Método determinístico


Para análise de investimentos no modelo determinísticos, foram considerados
três cenários que avaliassem as condições de viabilidade segundo os resultados dos
cálculos de Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback.
54

Os diferentes cenários foram definidos como pessimista, médio e otimista,


sendo o preço da soja, milho e trigo a variável determinante para as diferentes
realidades em análise.
Foram utilizadas as séries de preços médias mensais coletadas pelo Cepea, em
que foi considerado o período entre jan/2002 e set/2013. Estes dados foram então
deflacionados para set/2013.
A partir dessa serie deflacionada, calcularam-se as médias e os desvios padrão
de cada commodity, sendo que estes valores médios calculados serviram como base
para determinar os cenários em análise. Para o cenário pessimista e otimista foi
considerado ao preço médio um desvio padrão pra baixo (subtração) e um desvio pra
cima (adição), respectivamente – Tabela 7.

Tabela 7. Preço ajustados de soja, milho e trigo para análise de cenários – R$/saca.

soja milho trigo


desvio padrão 12,60 5,81 5,96
mínima 42,15 8,22 11,46
média 54,75 14,03 17,41
máxima 67,34 19,85 23,37
Fonte: Dados da pesquisa.

O preço médio da soja ficou em R$ 54,75/sc e o desvio padrão de R$ 12,60/sc,


o que gerou um valor mínimo de R$ 42,15/sc para o cenário pessimista e um máximo
de R$ 67,34/sc para o otimista.
No milho, a média de preços seguiu em R$ 14,03/sc, com desvio padrão de
5,81/sc. Dessa forma o valor utilizado no cenário pessimista foi de R$ 8,22/sc,
enquanto que no otimista o valor foi de R$ 19,85/sc.
Para o trigo a média calculada na série foi de R$ R$ 17,41/sc, em que o desvio
padrão foi de R$ 5,96/sc. Com isso, o valor mínimo calculado foi de R$ 11,46/sc e o
máximo de R$ 23,37/sc.

6.1.1 Análise de projeto para o cultivo de sequeiro


Na análise determinística do cultivo de sequeiro, foi registrado o investimento
R$ 1.446.500,00 em máquinas e implementos e outros R$ 335.000,00 em benfeitorias,
somando o total de R$ 1.781.500,00, que foram adotados para todos os cenários do
sequeiro. Ao fim do projeto foi considerado o resgate desses bens, que somaram renda
positiva de R$ 456.800,00.
55

O Custo Operacional (CO) da produção, também considerado em todos os


cenários do cultivo de sequeiro, foi de R$ 675.532,49/ano, sendo que a soja participou
com R$ 372.174,45/ano, o milho com R$ 160.666,00/ano e o trigo com R$
142.692,04/ano. Estes custos foram adotados como constante ao longo do período de
dez anos do projeto.

6.1.1.1 Cenário pessimista – sequeiro


Considerando os preços mínimos demonstrados na seção anterior, o cenário
pessimista registrou Receita Bruta (RB) de R$ 637.107,74/ano, o que gerou um fluxo
operacional líquido de -R$ 38.424,75/ano, como pode ser observado na Tabela 8.
Levando em consideração o investimento de R$ -1.781.500,00 e esse fluxo de
caixa anual, o Valor Presente Líquido (VPL) gerado para esse projeto foi de -R$
454.344,89 para o período de 10 anos, à uma taxa de juros de 10% a.a.
Diante desses resultados econômicos, o projeto se enquadra como inviável,
visto que não há esperança de Payback dentro desse período e a Taxa Interna de
Retorno (TIR) fica abaixo de zero.

6.1.1.2 Cenário médio – sequeiro


Com a introdução dos preços médios, a RB da produção cresceu para R$
862.858,77/ano, gerando dessa forma um fluxo de caixa operacional positivo, em R$
187.326,29/ano, conforme pode ser observado na Tabela 10.
Embora os fluxos de caixa anuais tenham apresentado valores positivos ao
longo do 10 anos de projeto, o VPL somou o resultado de -R$ 454.344,89, o que já o
configura como inviável, visto que os retorno total ao período de dez anos será
negativo.
Mesmo com fluxo de caixa positivos ao longo dos anos o Payback foi de 9 anos
e 1,8 meses, o que o caracteriza por este parâmetro como viável a longo prazo. Por
outro lado a TIR ficou em 4%, o que configura o projeto como descartável, visto que o
valor se encontra abaixo da Taxa Mínima de Atratividade (TMA) do mercado, que nesta
análise seguiu um investimento mais conservador, no caso a poupança com taxa de
6,20% a.a.
56

6.1.1.3 Cenário otimista – sequeiro


Em um cenário otimista, o cultivo de sequeiro apresentou resultados
econômicos satisfatórios. Com a receita da produção em R$ 1.088.609,80/ano, pode
cobrir os custos anuais e ainda gerar lucro. Alem disso, ao final dos dez anos de
projeto avaliados, gerou VPL sobre a taxa de 10% a.a. de R$ R$ 932.797,48.
Além de o resultado do VPL o configurar como viável economicamente, a TIR
apresentada foi de 20% para o caso otimista da propriedade, tornando o projeto mais
atrativo que a poupança.
Diante desse cenário, o Payback foi de 4 anos e 3,8 meses, ou seja, o
investimento em uma lavoura de soja, milho e trigo em cultivo de sequeiro pode ser
paga em mais de 4 anos e daí em diante o fluxo operacional líquido irá gerar lucros ao
produtor
57

Tabela 8. Fluxo de caixa no cenário pessimista do cultivo em sequeiro em – R$.


Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receita Bruta soja 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12 531.049,12
Receita Bruta milho verão 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67 63.280,67
Receita Bruta trigo 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95 42.777,95
Receita Bruta (produção) 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74 637.107,74
Custo soja -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45
Custo milho verão -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00
Custo trigo -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04
Custo (produção) -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49
Receita Líquida (produção) -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75
Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00
Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00
Investimento irrigação 0,00 0,00

Fluxo Caixa -1.781.500,00 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 -38.424,75 418.375,25
Fluxo de Caixa Acumulado -1.781.500,00 -1.819.924,75 -1.858.349,50 -1.896.774,25 -1.935.198,99 -1.973.623,74 -2.012.048,49 -2.050.473,24 -2.088.897,99 -2.127.322,74 -1.708.947,49

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 9. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista.


Parâmetro Resultado
VPL -R$ 1.841.487,27
TIR -
Payback inviável
Fonte: Dados da pesquisa.
58

Tabela 10. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo em sequeiro – em R$.


Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receita Bruta soja 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64 689.794,64
Receita Bruta milho verão 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28 108.050,28
Receita Bruta trigo 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86 65.013,86
Receita Bruta (produção) 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77 862.858,77
Custo soja -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45
Custo milho verão -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00
Custo trigo -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04
Custo (produção) -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49
Receita Líquida (produção) 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29
Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00
Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00
Investimento irrigação 0,00 0,00

Fluxo Caixa -1.781.500,00 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 187.326,29 644.126,29
Fluxo de Caixa Acumulado -1.781.500,00 -1.594.173,71 -1.406.847,43 -1.219.521,14 -1.032.194,86 -844.868,57 -657.542,29 -470.216,00 -282.889,72 -95.563,43 548.562,85

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 11. Análise de viabilidade econômica do cenário médio.


Parâmetro Resultado
VPL -R$ 454.344,89
TIR 4%
Payback 9 anos 1,8 meses
Fonte: Dados da pesquisa.
59

.
Tabela 12. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo em sequeiro – em R$.
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receita Bruta soja 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15 848.540,15
Receita Bruta milho verão 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89 152.819,89
Receita Bruta trigo 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77 87.249,77
Receita Bruta (produção) 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80 1.088.609,80
Custo soja -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45 -372.174,45
Custo milho verão -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00 -160.666,00
Custo trigo -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04 -142.692,04
Custo (produção) -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49 -675.532,49
Receita Líquida (produção) 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32
Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00
Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00
Investimento irrigação 0,00 0,00

Fluxo Caixa -1.781.500,00 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 413.077,32 869.877,32
Fluxo de Caixa Acumulado -1.781.500,00 -1.368.422,68 -955.345,36 -542.268,04 -129.190,72 283.886,60 696.963,92 1.110.041,23 1.523.118,55 1.936.195,87 2.806.073,19

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 13. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista.


Parâmetro Resultado
VPL R$ 932.797,48
TIR 20%
Payback 4 anos 3,8 meses
Fonte: Dados da pesquisa.
60

6.1.2 Análise de projeto para o cultivo irrigado com pivô central


Na análise determinística do cultivo com pivô central para irrigação, foi
computado o investimento R$ 1.446.500,00 em máquinas e implementos e outros R$
335.000,00 em benfeitorias e mais R$ 700.000,00 com emprego da compra do sistema
de irrigação (pivô, bomba e barragem), somando o total de R$ 2.481.500,00, que
foram adotados para todos os cenários do cultivo irrigado. Ao termino do projeto o
resgate desses bens gera ao fluxo de caixa do décimo ano o total de R$ 668.800,00.
O Custo Operacional (CO) da produção, também considerado em todos os
cenários do cultivo deste modelo de cultivo, foi de R$ 1.069.416,47/ano, sendo que a
soja participou com R$ 583.495,32/ano, o milho com R$ 243.875,41/ano, o trigo com
R$ 169.390,03/ano e a soja 2ª safra com outros R$ 72.655,70/ano. Assim como no
sequeiro, estes custos foram constantes ao longo do período de análise.

6.1.2.1 Cenário pessimista – irrigado


No cenário pessimista do cultivo irrigado a Receita Bruta (RB) somou R$
1.089.434,81/ano, sendo suficiente para cobrir os custos, mas não para amortizar o
investimento realizado, conforme pode ser observado na Tabela 14.
Embora a receita total tenha quitado o Custo Operacional (CO) da fazenda, o
investimento feito pra o cultivo de milho e trigo não puderam ser cobertos pela receita
de seus respectivos. Isso porque o preço mínimo considerado nesta analise chegou a
um patamar que não justificaria o uso da irrigação, ou seja, na questão a alta
produtividade não mantém a segurança que a baixa cotação de mercado das
commodities pode causar sobre o investimento.
Portanto o VPL observado foi de -R$ 2.101.415,71 (Tabela 15), ou seja, o
projeto é inviável no prazo de dez anos. A Taxa Interna de Retorno (TIR) retornou o
valor de -11%, configurando o projeto como inviabilizado, independente dos outros
parâmetros de avaliação. No caso o Payback do projeto não foi contabilizado no
período de dez anos de análise, visto que , mesmo com fluxo de caixa operacional
positivo anualmente, o investimento inicial não pode ser quitado.
Cabe ressaltar, que embora a produtividade do cultivo irrigado tenha sido maior
que o de sequeiro, em situações em que o preço das commodities é relativamente
baixo para o mercado, o prejuízo ao final do projeto é maior para o cultivo de maior
investimento, no caso o irrigado com pivô.
61

Tabela 14. Fluxo de caixa no cenário pessimista a do cultivo irrigado com pivô central – em R$.
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receita Bruta soja 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42 826.076,42
Receita Bruta milho verão 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76 115.055,76
Receita Bruta trigo 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43 53.472,43
Receita Bruta soja 2ª safra 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20 94.830,20
Receita Bruta (produção) 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81 1.089.434,81
Custo soja -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32
Custo milho verão -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41
Custo trigo -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03
Custo soja 2ª safra -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70
Custo (produção) -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47
Receita Líquida (produção) 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34
Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00
Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00
Investimento irrigação -700.000,00 210.000,00

Fluxo Caixa -2.481.500,00 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 20.018,34 686.818,34
Fluxo de Caixa Acumulado -2.481.500,00 -2.461.481,66 -2.441.463,32 -2.421.444,98 -2.401.426,64 -2.381.408,30 -2.361.389,96 -2.341.371,62 -2.321.353,29 -2.301.334,95 -1.614.516,61

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 15. Análise de viabilidade econômica do cenário pessimista.


Parâmetros Resultados
VPL -R$ 2.101.415,71
TIR -11%
Payback inviável
Fonte: Dados da pesquisa.
62

6.1.2.2 Cenário médio – irrigado


Neste cenário a produtividade e preço corroboraram pra que a RB da produção
total de R$ 1.473.913,86/ano superasse o CO da fazenda gerando lucro – Tabela 16.
Com isso o VPL gerado foi de R$ 261.041,66 (Tabela 17), considerando a taxa de
desconto de 10% a.a. Tambem neste cenário o milho e trigo não recuperaram os
custos e somaram valores negativos ao fluxo de caixas, sendo sustentados pela soja e
soja 2ª safra. O que supõe que a introdução da soja 2ª safra ao sistema é que
viabilizou o cenário médio.
Já no cenário médio, a TIR atingiu 12% superando a TMA – poupança de 6,2%
- caracterizando o projeto como atrativo para o mercado. Não o bastante, o Payback
deste caso foi de 6 anos e 1,6 meses, ou seja, no 7 ano em diante o fluxo de caixa
operacional já rendia lucro ao produtor desse modelo de propriedade em Cruz Alta.
Diferentemente da análise do cultivo de sequeiro, o irrigado apresentou os três
parâmetros indicando viabilidade econômica a valores das cotações de commodities na
média do mercado.

6.1.2.3 Cenário otimista – irrigado


O cenário ótimo de preços das commodities modificou todo o sistema da
fazenda. Alem da RB da propriedade total de R$ 1.858.392,92/ano conseguir cobrir o
custo de produção e gerar lucros, o milho dessa vez também o fez superando o custo
de R$ 243.875,41/ano com a receita de R$ 277.854,34/ha. Este caso sugere que a alta
produtividade do milho irrigado nada adianta se os preços do cereal não forem alto.
Com os dados deste cenário, gerou-se o VPL de R$ 2.623.499,03, aceitando o
projeto como viável. A TIR registrou o valor de 30% superando ainda mais a TMA eu o
cenário de preços médios. Assim, a Payback deste ambiente para a propriedade
padrão de Cruz Alta foi de 3 anos e 1,7 meses.
No cenário otimista, o cultivo irrigado apresentou melhor atratividade que o
sequeiro a medida que teve Payback menor. Esses dados demonstram, que em anos
que as cotações atingem médias altas, o cultivo irrigado é a melhor opção que
consegue progredir a lucratividade do milho e saldar seus investimento, ao período de
dez anos.
63

Tabela 16. Fluxo de caixa no cenário médio do cultivo irrigado com pivô central – em R$.
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receita Bruta soja 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88 1.073.013,88
Receita Bruta milho verão 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05 196.455,05
Receita Bruta trigo 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32 81.267,32
Receita Bruta soja 2ª safra 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61 123.177,61
Receita Bruta (produção) 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86 1.473.913,86
Custo soja -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32
Custo milho verão -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41
Custo trigo -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03
Custo soja 2ª safra -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70
Custo (produção) -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47
Receita Líquida (produção) 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40
Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00
Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00
Investimento irrigação -700.000,00 210.000,00

Fluxo Caixa -2.481.500,00 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 404.497,40 1.071.297,40
Fluxo de Caixa Acumulado -2.481.500,00 -2.077.002,60 -1.672.505,21 -1.268.007,81 -863.510,41 -459.013,02 -54.515,62 349.981,77 754.479,17 1.158.976,57 2.230.273,96

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 17. Análise de viabilidade econômica do cenário médio.


Parâmetros Resultados
VPL R$ 261.041,66
TIR 12%
Payback 6 anos 1,6 meses
Fonte: Dados da pesquisa.
64

Tabela 18. Fluxo de caixa no cenário otimista do cultivo irrigado com pivô central – em R$.
Ano 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Receita Bruta soja 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34 1.319.951,34
Receita Bruta milho verão 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34 277.854,34
Receita Bruta trigo 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21 109.062,21
Receita Bruta soja 2ª safra 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03 151.525,03
Receita Bruta (produção) 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92 1.858.392,92
Custo soja -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32 -583.495,32
Custo milho verão -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41 -243.875,41
Custo trigo -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03 -169.390,03
Custo soja 2ª safra -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70 -72.655,70
Custo (produção) -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47 -1.069.416,47
Receita Líquida (produção) 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45
Investimento máquinas -1.446.500,00 289.300,00
Investimento benfeitorias -335.000,00 167.500,00
Investimento irrigação -700.000,00 210.000,00

Fluxo Caixa -2.481.500,00 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 788.976,45 1.455.776,45
Fluxo de Caixa Acumulado -2.481.500,00 -1.692.523,55 -903.547,09 -114.570,64 674.405,81 1.463.382,27 2.252.358,72 3.041.335,17 3.830.311,63 4.619.288,08 6.075.064,53

Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 19. Análise de viabilidade econômica do cenário otimista.


Parâmetros Resultados
VPL R$ 2.623.499,03
TIR 30%
Payback 3 anos 1,7 meses
Fonte: Dados da pesquisa.
65

6.1.2.4 Resultado geral dos cenários.


Na avaliação geral dos resultados obtidos com a análise de projetos, a melhor
opção de investimento foi a com irrigação, visto que quando comparado cenário a
cenário o modelo de cultivo com pivô central superou o em condições de sequeiro.
Nos resultados, tanto no cenário otimista do sequeiro quanto do irrigado o VPL
gerado foi positivo, mas o valor encontrado para do irrigado foi 2,81 vezes superior ao
registrado em condições de sequeiro. A diferença do retorno foi superior em R$
1.690.701,55 no caso com aspersão com pivô em relação ao sequeiro. Os dados de
superioridade do irrigado também seguem com os valores da TIR em que foi de 30%
neste modelo de cultivo contra 20% no sequeiro. O Payback – período necessário para
quitar o investimento –, também foi mais curto no irrigado otimista, em que são
necessários apenas 3 anos enquanto no sequeiro são 4 anos, embora o sistema
irrigado necessite de R$ 700.000 a mais de capital inicial investido.
Com o cenário médio é mais fácil visualizar a viabilidade do projeto irrigado e a
dificuldade do sequeiro em manter seu investimento rentável. Mesmo a longo prazo –
10 anos – o cenário médio do cultivo de sequeiro não retornou VPL positivo e precisou
de mais de 9 anos para pode quitar o custo de implantação do projeto. Cabe
considerar que a quitação para mais de 9 anos só foi possível quando vendido o capital
amortizado (valor de sucata) ao final do período de análise.
Já com o cenário médio do irrigado, as condições de investimentos são mais
seguras e ultrapassam a TMA. O VPL ao período de 10 anos retornou R$ 261.041,66,
com TIR em 12%, configurando o projeto como viável e aceitável, mesmo que seu
tempo para quitar os investimentos tenha sido de 6 anos.
O cenário pessimista de ambos os casos não conseguiu viabilizar o projeto.
Neste caso destaca-se que quando o investimento passar por uma conjuntura de
preços baixos em que a receita não cobre os custos o prejuízo é maior no projeto com
maior investimento, visto que o capital aplicado inicialmente não foi pago durante o
período considerado.
Com base nessa afirmação, o quadro pessimista irrigado retornou VPL de -R$
2.101.415,71, enquanto o pessimista de sequeiro -R$ 1.841.487,27. Ou seja, como
citado anteriormente, maior investimento implica em maior risco, caso o cenários de
preços não contribua.
É obvio que os cenários, o qual a analise determinista se baseia, não responde
ao padrão da realidade, em que os ambientes mudam a cada ano.
66

Tabela 20. Análise geral de viabilidade econômica dos cenários do cultivo de sequeiro e
irrigado.
Sequeiro Irrigado
Parâmetro Pessimista Médio Otimista Pessimista Médio Otimista
VPL -R$ 1.841.487,27 -R$ 454.344,89 R$ 932.797,48 -R$ 2.101.415,71 R$ 261.041,66 R$ 2.623.499,03
TIR - 4% 20% -11% 12% 30%
Payback inviável 9 anos 4 anos inviável 6 anos 3 anos
Fonte: Dados da pesquisa.
*TMA= 6,2% a.a.

6.2 Método Estocástico – Simulação de Monte Carlo


Usar as técnicas de repetição de amostragem aleatória da distribuição de
probabilidade faz parte das técnicas tradicionais de simulação, que por sua vez afetam
os fluxos de caixas do projeto e, consequentemente, os resultados finais do Valor
Presente Líquido (VPL) do mesmo (ZILLI, 2010). Segundo Trigeorgis (2002), essas
simulações servem para reproduzir um cenário real, usando um modelo matemático
para auxiliar na tomada de decisão.
Buscou-se então realizar simulações baseadas na serie histórica de preços de
soja, milho e trigo observado para região de Cruz Alta/RS, caracterizado com base nas
médias e nos desvios padrão. Por método de Monte Carlo foram realizadas dez mil
simulações para variável preço (mil por ano e para dez anos) em cada cultura,
considerando que as distribuições do preço foram independentes entre as culturas.
A Figura 17, Figura 18 e Figura 19 apresentam as distribuições das simulações
para o preço balcão da soja, milho e trigo, respectivamente na região da propriedade
padrão analisada. Os parâmetros considerados para soja foram a média de preço
balcão de R$ 55,31/sc, com desvio padrão de R$ 7,95; no milho a média de preço
balcão de R$ 12,33 e desvio padrão de R$2,48; e média de R$ 16,31/sc com desvio
padrão de R$ 3,51 para o trigo.
O comportamento dos preços para as culturas se diferiram um pouco nas
simulações de preços das commodities para a região de Cruz Alta/RS. Assim, o
resultado após simulações apresentaram para a soja a média de R$ 55,41/sc,
enquanto que para o milho e trigo foi de R$ 12,31/sc e R$ 16,30/sc , respectivamente.
Simulações Simulações
10%
12%

0%
2%
4%
6%
8%

10%

0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
3,49 24,77
4,08 27,13
4,66 29,49
5,25 31,85
5,83 34,21

Fonte: Dados da pesquisa.


Fonte: Dados da pesquisa.
6,41 36,57
7,00 38,93
7,58 41,29
8,17 43,66
8,75 46,02
9,34 48,38

de Cruz Alta/RS – R$/saca


9,92 50,74
10,51 53,10
11,09 55,46

região de Cruz Alta/RS – R$/saca


11,67 57,82
12,26 60,18
R$/sc

R$/sc
12,84 62,54
13,43 64,90
14,01 67,27
14,60 69,63
15,18 71,99
15,77 74,35
16,35 76,71
16,93 79,07
17,52 81,43
18,10 83,79
18,69 86,15
19,27 88,51
19,86 90,87
20,44 93,24
21,02 95,60
Mais Mais
Figura 17. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de soja na região
67

Figura 18. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de milho na
68

10%
9%
8%
7%
6%
Simulações

5%
4%
3%
2%
1%
0%
3,63
4,44
5,24
6,05
6,85
7,65
8,46
9,26
10,06
10,87
11,67
12,48
13,28
14,08
14,89
15,69
16,49
17,30
18,10
18,91
19,71
20,51
21,32
22,12
22,92
23,73
24,53
25,34
26,14
26,94
27,75
Mais
R$/sc

Figura 19. Distribuição das simulações de Monte Carlo para os preços de trigo na
região de Cruz Alta/RS – R$/saca
Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.1 Simulações de Monte Carlo para o cultivo de sequeiro


As simulações realizadas serviram de base para estudar o comportamento dos
preços das commodities dentro da região. Assim como os valores simulados foram
utilizados para simular o VPL das diferentes culturas empregadas, dos sistemas delas
envolvidos e da propriedade como um todo.
A seguir serão apresentados a distribuições das simulações do Valor Presente
esperado considerando a taxa de juros real de 2,2% a.a. Para o VPL esperado utilizou-
se o fluxo de caixa operacional líquido, desconsiderando dessa forma os custos com
depreciação de máquinas e benfeitorias, a remuneração do capital e o custo de
oportunidade da terra.

6.2.1.1 Monte Carlo: Soja, milho e trigo


Para a soja, foi considerado o Custo Operacional (CO) de R$ 372.173,20/ano
em 280 ha cultivados, ou R$ 1.329,19/ha, para cada ano dos 10 anos considerados
para o investimento. Assim, gerou um VPL médio de R$ 2.005.852,55 para toda área
semeada com soja em 10 anos (Figura 20), o que equivale R$ 7.163,76/ha, com
desvio padrão observado de R$ 263.210,48 ou R$ 940,04/ha.
Esses números expressam a integral condição de lucratividade positiva da
oleaginosa em cultivo de sequeiro. Pode-se constatar pela distribuição dos VPLs na
69

Figura 20 que há a possibilidade de 50% de chances de se obter um Valor Presente


esperado acima R$ 2.000.000,00 ao se investir neste projeto com soja.

10%
9%
8%
7%
6%
Simulações

5%
4%
3%
2%
1%
0%

Mais
1.167.804,13
1.219.211,12
1.270.618,11
1.322.025,10
1.373.432,09
1.424.839,07
1.476.246,06
1.527.653,05
1.579.060,04
1.630.467,03
1.681.874,01
1.733.281,00
1.784.687,99
1.836.094,98
1.887.501,97
1.938.908,96
1.990.315,94
2.041.722,93
2.093.129,92
2.144.536,91
2.195.943,90
2.247.350,88
2.298.757,87
2.350.164,86
2.401.571,85
2.452.978,84
2.504.385,82
2.555.792,81
2.607.199,80
2.658.606,79
2.710.013,78
VPL

Figura 20. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro da soja para a
propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

No milho verão, o CO considerado foi de R$ 160.666,10/ano para os 70 ha


semeados, o mesmo que R$ 2.295,23/ha/ano. Diante deste custo, o cereal registrou
VPL médio calculado de -R$ 756.464,25 para área semeada ou -R$ 10.806,63/ha, em
que o desvio padrão foi de R$ 52.354,52 ou R$ 747,92/ha. Este resultado do desvio
padrão merece atenção, visto que registra uma alta variabilidade nos resultados, o que
distancia o prejuízo entre R$ -909.114,01 até R$ R$ 603.452,18.
De acordo com a Figura 21 não apresenta probabilidade real de a atividade de
milho na região de Cruz Alta ter margem positiva em cultivo de sequeiro. Cabe
ressaltar, que há a 89%% de chances de o VPL estar abaixo dos -R$ 700.000,00,
constatando que a cultura é bem menos atrativa que a oleaginosa para o cultivo de
verão.
70

10%
9%
8%
7%
6%
Simulações

5%
4%
3%
2%
1%
0%
-909.114,01
-899.253,96
-889.393,90
-879.533,84
-869.673,78
-859.813,72
-849.953,66
-840.093,60
-830.233,54
-820.373,48
-810.513,42
-800.653,36
-790.793,30
-780.933,24
-771.073,18
-761.213,13
-751.353,07
-741.493,01
-731.632,95
-721.772,89
-711.912,83
-702.052,77
-692.192,71
-682.332,65
-672.472,59
-662.612,53
-652.752,47
-642.892,41
-633.032,35
-623.172,29
-613.312,24
Mais
VPL

Figura 21. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de milho verão para a
propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

O desembolso do trigo levantado em painel e considerado para os 10 anos de


investimento foi de R$ 142.691,73/ano ou R$ 1.528,84/ha/ano. Assim, o VPL médio
calculado, para este custo e a Receita Bruta (RB) simulada, foi de -R$ 968.896,54, o
equivalente à -R$ 10381,41/ha. O desvio padrão calculado para este VPL esperado foi
de R$ 36.837,05 ou R$ 394,70/ha.
O trigo também não apresenta probabilidade de margem positiva sobre o
investimento, como pode ser observado na Figura 22. O VPL pode variar entre -R$
899.434,72 e -R$ 742.235,19, sendo que 65% das simulações do VPL se concentram
entre os valores de -R$ 833.512,34 e -R$ 787.873,76.
Simulações Simulações

0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%

199.527,89 -1.086.430,49
251.827,60 -1.079.101,62
304.127,32 -1.071.772,75
356.427,03 -1.064.443,88
408.726,75 -1.057.115,01

Fonte: Dados da pesquisa.


Fonte: Dados da pesquisa.
461.026,46 -1.049.786,14
513.326,18 -1.042.457,27
565.625,89 -1.035.128,40
617.925,61 -1.027.799,53
670.225,32 -1.020.470,66

6.2.1.2 Monte Carlo: Sistemas


722.525,04 -1.013.141,79
774.824,75 -1.005.812,93
827.124,47 -998.484,06
879.424,18 -991.155,19
931.723,90 -983.826,32
984.023,61 -976.497,45

VPL
VPL

1.036.323,33 -969.168,58
1.088.623,04 -961.839,71

mesmos COs relatados nas culturas individualmente.


1.140.922,76 -954.510,84
1.193.222,47 -947.181,97
1.245.522,19 -939.853,10
propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.

1.297.821,91 -932.524,23
1.350.121,62 -925.195,36
1.402.421,34 -917.866,49
1.454.721,05 -910.537,62

para a propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.


1.507.020,77 -903.208,75
1.559.320,48 -895.879,88
1.611.620,20 -888.551,01
1.663.919,91 -881.222,14
1.716.219,63 -873.893,27
1.768.519,34 -866.564,40
Mais Mais
soja semeada no verão sucedido de trigo no inverno. Para isso foram considerados os
71

Para a propriedade padrão de Cruz Alta/RS, o único sistema envolvido foi o da

Figura 23. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro do sistema soja + trigo
Figura 22. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de trigo para a
72

Dessa forma, observou-se o VPL médio esperado de R$ 1.191.934,85 ou R$


3.192,71/ha, em que o desvio padrão foi de R$ 277.468,80 ou R$ 743,23/ha. Segundo
a Figura 23, o sistema registrou probabilidade integral de apresentar Valor Presente
esperado superior a zero, sendo que há mais de 97,7% de chances de o sistema
retornar VPL maior que R$ 513.326,18 e 50% de chances de o valor ser superior a R$
1.000.000,00.

6.2.1.3 Monte Carlo: Propriedade


Pensando na propriedade como um todo, foram considerados o cultivo de soja,
milho e trigo em condições de sequeiro. Dessa forma foram utilizados os resultados
individuais de cada cultura e ponderados para analisar a propriedade.
Diante desses cenários simulados para a propriedade padrão de Cruz Alta/RS, o
VPL médio registrado foi de R$ 280.491,77 ou R$ 801,41/ha, sendo o desvio padrão de
R$ 269.094,59 ou R$ 768,84/ha. Com esse alto desvio padrão, a variação do VPL foi
alta, registrando valores negativos e positivos.
Diante da análise da propriedade, é possível dizer que há 16,9% de
probabilidade de o investimento retornar valores negativos, conforme constatado na
Figura 24, sendo considerado o preço como variável. No entanto, o cultivo das três
culturas ainda pode retornar com mais de 83% de chance um VPL superior a zero, em
que o VPL pode chegar a R$ 1.070.399,84.
Conforme analisado anteriormente, o milho e trigo não atingiram VPL positivo,
sendo que a soja individualmente conseguiu suprir esse prejuízo, exceto em 16,9%
dos casos simulados.
Sendo assim não assume que o projeto do cultivo de sequeiro de soja, milho e
trigo nesse modelo de propriedade de Cruz Alta/RS, é totalmente viável, visto que o
cultivo de cereais pode estabelecer quase um quinto de chance de retornar valores
negativos.
73

10%
9%
8%
7%
Simulações

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
-600.204,14
-546.313,69
-492.423,24
-438.532,79
-384.642,34
-330.751,89
-276.861,44
-222.970,99
-169.080,54
-115.190,09

100.371,72
154.262,17
208.152,62
262.043,07
315.933,52
369.823,97
423.714,42
477.604,87
531.495,33
585.385,78
639.276,23
693.166,68
747.057,13
800.947,58
854.838,03
908.728,48
962.618,93
1.016.509,38
-7.409,18
-61.299,63

46.481,27
VPL

Figura 24. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro de soja, milho e trigo
para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2 Simulações de Monte Carlo para o cultivo irrigado com pivô central
Assim como no cultivo em sequeiro, serão apresentadas nas seções a seguir as
distribuições das simulações do Valor Presente Líquido (VPL) esperado, considerando a
taxa real de desconto de 2,2% a.a. Com a utilização do método do fluxo de caixa
operacional líquido foram calculados os VPLs esperados desconsiderando a depreciação
de máquinas e benfeitorias, a remuneração do capital investido e o custo de
oportunidade da terra.

6.2.2.1 Monte Carlo: Soja, milho, trigo e soja 2ª safra


Para calcular o VPL do cultivo de soja irrigada, foi considerado o Custo
Operacional (CO) de R$ 583.495,32/ano, ou seja, R$ 2.083,91/ha.ano. Assim o Valor
Presente Líquido médio gerado foi de R$ 3.364.935,87, o que equivale a R$
12.017,63/ha, em que o desvio padrão calculado foi de R$ 409.438,53 ou R$
1.462,28/ha.
Com o alto valor apresentado pelo desvio padrão os VPLs simulados variaram
entre R$ 2.061.305,00 e R$ 4.540.264,20, conforme pode ser constatado na Figura 25.
Com esses valores, a soja apresentou 100% de probabilidade de gerar VPL positivo,
74

concentrando 80% dos valores acima de R$ 3.020.902,11 e 5,2% dos valores


superiores a R$ 4.060.465,65.

10%
9%
8%
7%
Simulações

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
2.061.305,00
2.141.271,42
2.221.237,85
2.301.204,27
2.381.170,70
2.461.137,13
2.541.103,55
2.621.069,98
2.701.036,40
2.781.002,83
2.860.969,26
2.940.935,68
3.020.902,11
3.100.868,53
3.180.834,96
3.260.801,39
3.340.767,81
3.420.734,24
3.500.700,66
3.580.667,09
3.660.633,52
3.740.599,94
3.820.566,37
3.900.532,79
3.980.499,22
4.060.465,65
4.140.432,07
4.220.398,50
4.300.364,92
4.380.331,35
4.460.297,78
Mais
VPL

Figura 25. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de soja
para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

Com o milho, foi considerado o CO de R$ 243.875,41/ano para o projeto de 10


anos, o que ponderado por área plantada equivale a R$ 3.483,93/ha.ano. Diante deste
cenário de custos e das simulações de receita, o VPL médio gerado foi de -R$
911.521,63 ou -R$ 13.021,74/ha, com desvio padrão de R$ 95.190,03 ou R$
1.359,86/ha. Esses resultados médios foram inferiores ao caso de sequeiro, o que
sugere que a irrigação, mesmo garantindo melhores produtividades, não consegue
compensar as oscilações de preço do milho, não sendo possível quitar o investimento
para o cultivo irrigado.
Conforme pode ser observado na Figura 26, o VPL simulado pode variar entre -
R$ 1.189.066,66 e -R$ 633.317,87, ou seja, não há chances de o projeto do cultivo de
milho nesse modelo padrão de propriedade ser viabilizado.
O trigo também não atingiu resultados satisfatórios para o investimento em
irrigação para dez anos. Com o custo de R$ 169.390,03/ano ou R$ 1.814,89/ha, gerou
o Valor Presente médio de -R$ 1.135.778,13 ou o equivalente a -R$ 12.169,49/ha. O
desvio padrão para esse valor foi de R$ 46.046,32, ou seja, R$ 493,371/ha. Nota-se
que o VPL por hectare é muito próximo ao valor do milho, porem em termos absolutos
75

da propriedade o trigo apresentou resultados ainda mais negativos que o cereal de


verão por representar maior área semeada.
Com todos VPLs apresentados com valor negativos para todas as simulações
descritas na Figura 27, o trigo irrigado não apresentou chance alguma de retorno do
investimento em irrigação. Além disso os valores não são superiores a -R$ 998.701,86,
sendo que 15,7% se concentram em valores inferiores a -R$ 1.009.792,86.

10%
9%
8%
7%
Simulações

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
-991.865,48
-973.938,10
-956.010,72
-938.083,34
-920.155,95
-902.228,57
-884.301,19
-866.373,81
-848.446,43
-830.519,05
-812.591,67
-794.664,29
-776.736,91
-758.809,53
-740.882,15
-722.954,77
-705.027,39
-687.100,01
-669.172,63
-651.245,25
-1.189.066,66
-1.171.139,28
-1.153.211,90
-1.135.284,52
-1.117.357,14
-1.099.429,76
-1.081.502,38
-1.063.575,00
-1.045.647,62
-1.027.720,24
-1.009.792,86

Mais
VPL

Figura 26. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de milho
verão para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

10%
9%
8%
7%
6%
Simulações

5%
4%
3%
2%
1%
0%
-1.282.695,57
-1.273.534,48
-1.264.373,40
-1.255.212,31
-1.246.051,22
-1.236.890,13
-1.227.729,05
-1.218.567,96
-1.209.406,87
-1.200.245,78
-1.191.084,70
-1.181.923,61
-1.172.762,52
-1.163.601,44
-1.154.440,35
-1.145.279,26
-1.136.118,17
-1.126.957,09
-1.117.796,00
-1.108.634,91
-1.099.473,82
-1.090.312,74
-1.081.151,65
-1.071.990,56
-1.062.829,48
-1.053.668,39
-1.044.507,30
-1.035.346,21
-1.026.185,13
-1.017.024,04
-1.007.862,95
Mais

VPL

Figura 27. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de trigo
para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.
76

A soja segunda safra considerou um CO de R$ 72.655,70/ano, ou seja, R$


1.453,11/ha.ano. Para esta cultura em 50 ha, foram utilizados os mesmo preços
simulados na soja semeada no verão. Assim gerou o VPL médio esperado de R$
301.997,12, o mesmo que R$ 6.039,94/ha, com desvio padrão de R$ 67.729,83 ou R$
1.354,60/ha.
De acordo com a distribuição das VPLs gerados na simulação é possível afirmar
que a soja 2ª safra, cultivada nesse modelo de propriedade, possuiu integral chance
de retornar valores acima de zero, sendo que há 50% de probabilidade de ocorrer
valores do VPL acima de R$ 300.000,00, podendo ultrapassar, mesmo com pouca
probabilidade, a casa dos R$ 500.000,00. Com esse cenário a soja 2ª safra apresentou
maior atratividade que o trigo, que no caso anteriormente discutido, não apresentou
probabilidade de valores positivos.

10%
9%
8%
7%
Simulações

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
100.605,56
114.788,58
128.971,60
143.154,63
157.337,65
171.520,67
185.703,69
199.886,71
214.069,73
228.252,75
242.435,77
256.618,80
270.801,82
284.984,84
299.167,86
313.350,88
327.533,90
341.716,92
355.899,95
370.082,97
384.265,99
398.449,01
412.632,03
426.815,05
440.998,07
455.181,10
469.364,12
483.547,14
497.730,16
511.913,18
526.096,20
Mais

VPL

Figura 28. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de soja 2ª
safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2.2 Monte Carlo: Sistemas


No sistema de cultivo irrigado sob pivô central são considerados os sistemas de
soja seguido de trigo e de milho sucedido por soja na 2ª safra. Os custos utilizados
para o cálculo dos fluxos de caixas líquidos e VPLs foram os citados anteriormente nas
análises individuais.
77

Com isso no sistema soja seguido por trigo pode ser observado 100% de
chances de obter VPLs superior a zero – Figura 29. Além de apresentar cenários
simulados economicamente favoráveis, o sistema registrou que 99,8% dos valores de
VPL apresentados ficaram acima de R$ 1.012.309,42, 65,1% superiores ao patamar
dos R$ 2.000.000,00 e 3% ultrapassou a casa dos R$ 3.000.000,00.
O resultado dos VPLs do sistema mostra que o investimento em soja compensa
os prejuízos provenientes do cultivo de trigo no inverno. E embora o cereal de inverno
tenha apresentado resultados econômicos insatisfatórios nas simulações, a escolha da
cultura ao sistema se faz pelos ganhos agronômicos envolvidos na rotação de culturas,
sem comprometer o investimento.

10%
9%
8%
7%
Simulações

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
931.391,24
1.012.309,42
1.093.227,59
1.174.145,76
1.255.063,94
1.335.982,11
1.416.900,28
1.497.818,46
1.578.736,63
1.659.654,80
1.740.572,98
1.821.491,15
1.902.409,32
1.983.327,50
2.064.245,67
2.145.163,84
2.226.082,01
2.307.000,19
2.387.918,36
2.468.836,53
2.549.754,71
2.630.672,88
2.711.591,05
2.792.509,23
2.873.427,40
2.954.345,57
3.035.263,75
3.116.181,92
3.197.100,09
3.278.018,27
3.358.936,44
Mais
VPL

Figura 29. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do sistema
soja + trigo para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

No caso do sistema irrigado de milho verão seguido por soja segunda safra foi
constatada que a probabilidade de o VPL ser maior que zero foi nula. No caso desse
cenário 82,3% dos valores simulados foram superiores ao patamar dos -R$ 700.000,00
e apenas 15,1% foram maiores que -R$ 500.000,00.
Diferentemente dos resultados observados no outro sistema, os valores
positivos da soja não compensou os do milho, que como o trigo também apresentou
valores de VPL abaixo de zero. Sendo assim, quando tratado do ponto de vista
econômico, o sistema soja + trigo foi fundamentalmente mais atrativo.
78

10%
9%
8%
7%
Simulações

6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
-946.393,12
-923.559,65
-900.726,19
-877.892,72
-855.059,25
-832.225,79
-809.392,32
-786.558,85
-763.725,39
-740.891,92
-718.058,46
-695.224,99
-672.391,52
-649.558,06
-626.724,59
-603.891,12
-581.057,66
-558.224,19
-535.390,73
-512.557,26
-489.723,79
-466.890,33
-444.056,86
-421.223,39
-398.389,93
-375.556,46
-352.722,99
-329.889,53
-307.056,06
-284.222,60
-261.389,13
Mais
VPL

Figura 30. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central do sistema
milho + soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS – R$/10
anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

6.2.2.3 Monte Carlo: Propriedade


No caso do sistema com irrigação são considerados as culturas de soja, milho,
trigo e soja 2ª safra. Os resultados individuais obtidos anteriormente foram utilizados
conjuntamente nessa seção para avaliar a propriedade como um todo.
Sendo assim, a propriedade padrão de Cruz Alta/RS, sob condições de
irrigação, apresentou 100% de probabilidade de retornar valores positivos para o VPL
de um projeto para o período de 10 anos, ou seja, considerando essa proporção de
cultura plantada, é possível cobrir o valor do investimento com irrigação e ainda obter
margem positiva ao prazo estabelecido.
Essa margem positiva pode variar até R$ 2.931.904,95, sendo que também
pode retornar – no pior dos cenários – valores ainda positivos de R$ 241.007,49,
conforme pode ser observado na Figura 31. O gráfico das simulações ainda demonstra
que 92,1% das simulações apontaram um cenário que retorne valores superiores ao
patamar de R$ 1.000.000,00 no prazo de dez anos.
79

10%
9%
8%
Simulações 7%
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
241.007,49
327.810,64
414.613,78
501.416,93
588.220,07
675.023,21
761.826,36
848.629,50
935.432,65
1.022.235,79
1.109.038,93
1.195.842,08
1.282.645,22
1.369.448,36
1.456.251,51
1.543.054,65
1.629.857,80
1.716.660,94
1.803.464,08
1.890.267,23
1.977.070,37
2.063.873,52
2.150.676,66
2.237.479,80
2.324.282,95
2.411.086,09
2.497.889,23
2.584.692,38
2.671.495,52
2.758.298,67
2.845.101,81
Mais
VPL

Figura 31. Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo irrigado com pivô central de soja,
milho, trigo e soja 2ª safra para propriedade padrão de Cruz Alta/RS –
R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

Por meio de Monte Carlo, assume-se que a viabilidade do projeto de irrigação


para o cultivo de soja, milho, trigo e soja 2ª safra nesse modelo de propriedade, é
consideravelmente viável, visto o empreendimento não apresenta chances reais de
prejuízo.

6.2.2.4 Resultado geral por simulação de Monte Carlo.


Os resultados finais pelo método de Monte Carlo apontaram o cultivo com
irrigação uma melhor opção que o de sequeiro, assim como no determinístico. No
entanto, esse modelo por simulação pode captar as variações de preço a cada ano
mesclando com os cenários pessimistas, médio e otimistas no período de 10 anos
retornando mil possibilidades de VPL, neste caso.
Com isso o VPL mínimo do cultivo de sequeiro foi de -R$ 600.204,14,
diferentemente do caso irrigado em que os valores ficaram acima de zero, R$
241.007,49 (Tabela 21 e Figura 32). Diferentemente do que o ocorreu no caso
determinístico, na simulação o resultado do VPL não foi menor no caso irrigado.
O VPL máximo observado no cultivo irrigado foi de R$ 2.931.904,95, valor
173% superior aos R$ 1.070.399,84 do caso de sequeiro. Embora esse resultado
80

apresente poucas chances de ocorrer, demonstra a superioridade que a irrigação pode


trazer em casos de cenários otimistas.
Sobre a viabilidade econômica da propriedade padrão de Cruz Alta/RS, por
simulação de Monte Carlo, no caso de sequeiro ocorre com 83% de chance, atingindo
no máximo valores próximos a um milhão de reais, com pode ser observado na Figura
32. Já no caso irrigado essa chance salta para os 100% de ocorrência, podendo
retornar valores superiores a um milhão em 92% dos casos, que já é maior que o
máximo possível de o investimento de sequeiro gerar.
A diferença basicamente se fundamenta na produtividade garantida pelo cultivo
irrigado com pivô central. Sob o pivô, os rendimentos produtivos por área superam o
do contexto do sequeiro, e sustentam os fluxos de caixas em momentos em que o
preço cai. No entanto, observou-se que nos dois casos podem ocorrer cenários em que
há prejuízos, no entanto o sequeiro apresenta maior risco no projeto.
Cabe ressaltar, que dentro desse modelo de propriedade o milho e o trigo não
retornaram valores de VPL positivos em nenhuma das analises, demonstrando a
fraqueza dos riscos envolvidos com essa cultura. No entanto, é importante destacar
que os custos e produtividade considerados foram os da safra 2012/13, que então
apresentaram um dos maiores custos dos últimos cinco anos da série Cepea.
Apesar dos resultados do milho e trigo, a soja sustentou o sistema da
propriedade, sobretudo no caso irrigado com pivô.
81

100% 100%
90%
Sequeiro 90%
Irrigado
80% 80%
70% 70%
60% 60%

50% 50%
40%
40%
30%
30%
20%
20%
10%
10%
0%
0%

241.007,49
327.810,64
414.613,78
501.416,93
588.220,07
675.023,21
761.826,36
848.629,50
935.432,65
1.022.235,79
1.109.038,93
1.195.842,08
1.282.645,22
1.369.448,36
1.456.251,51
1.543.054,65
1.629.857,80
1.716.660,94
1.803.464,08
1.890.267,23
1.977.070,37
2.063.873,52
2.150.676,66
2.237.479,80
2.324.282,95
2.411.086,09
2.497.889,23
2.584.692,38
2.671.495,52
2.758.298,67
2.845.101,81
Mais
-600.204,14
-546.313,69
-492.423,24
-438.532,79
-384.642,34
-330.751,89
-276.861,44
-222.970,99
-169.080,54
-115.190,09

100.371,72
154.262,17
208.152,62
262.043,07
315.933,52
369.823,97
423.714,42
477.604,87
531.495,33
585.385,78
639.276,23
693.166,68
747.057,13
800.947,58
854.838,03
908.728,48
962.618,93
1.016.509,38
-7.409,18
46.481,27
-61.299,63

Mais
VPL
VPL

Figura 32. Distribuição cumulativa do Valor Presente Líquido (VPL) do cultivo de sequeiro e irrigado com pivô central para propriedade padrão
de Cruz Alta/RS – R$/10 anos.
Fonte: Dados da pesquisa.

Tabela 21. Valor Presente Líquido (VPL) mínimo, médio e máximo do cultivo de sequeiro e irrigado com pivô central para a propriedade de Cruz
Alta/RS – R$/10anos.
Sequeiro Irrigado
Soja Milho Trigo Soja + Trigo Soja+Milho+Trigo Soja Milho Trigo Soja2sf Soja + Trigo Milho + Soja2sf Soja+Milho+Trigo+Soja2sf
Área 280 70 93,33 373,33 443,33 280 70 93,33 50 373,33 120 493,33
CO 372.173,20 160.666,10 142.691,73 514.864,93 675.531,03 583.495,32 243.875,41 169.390,03 72.655,70 752.885,35 316.531,11 1.069.416,46
VPL Max 2.761.420,76 -603.452,18 -859.235,53 1.820.819,06 1.070.399,84 4.540.264,20 -633.317,87 -998.701,86 540.279,22 3.439.854,61 -238.555,66 2.931.904,95
VPL MED 2.005.852,55 -756.464,25 -968.896,54 1.036.956,02 280.491,77 3.364.935,87 -911.521,63 -1.135.778,13 301.997,12 2.229.157,75 -609.524,51 1.619.633,23
VPL Min 1.167.804,13 -909.114,01 -1.086.430,49 199.527,89 -600.204,14 2.061.305,00 -1.189.066,66 -1.282.695,57 100.605,56 931.391,24 -946.393,12 241.007,49

Fonte: Dados da pesquisa.


82

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O relatório conseguiu finalizar com os objetivos propostos, estimando e
discutindo o custo de produção da região de Cruz Alta/RS para soja, milho, trigo e soja
2ª safra nos cultivos de sequeiro e irrigado com pivô central, em que as Receita
Líquidas Operacionais (RLO) obtidas com a produção da safra 2012/13 foram
suficientes para cobrir os custos e gerar margens positivas para o cultivo de soja, milho
e soja 2ª safra, tanto para produção em sequeiro quanto irrigado. Por outro lado o
trigo apresentou desempenho econômico negativo sobre o desembolso.
Na análise determinística, o retorno econômico foi positivo para o cenário
otimista do caso sequeiro e para os cenários médio e otimista no caso irrigado. No
outro caso, em que foram projetadas simulações (análise estocástica), os dois projetos
apresentaram viabilidade econômica, no entanto, para o cultivo irrigado não foi
observado chances de o investimento ficar em déficit, enquanto que no caso de
sequeiro essa probabilidade de não ter sucesso girou em torno de 16,9%.
Sobre a safra 2012/13, o clima prejudicou o andamento das culturas levantadas
na região. Na soja e no milho verão, as chuvas no final de ciclo causaram grande
pressão de doenças e, consequentemente, um impacto negativo na produtividade. Já
no trigo, foi registrada uma geada no período de floração e enchimento de grão, o que
gerou danos quantitativos e também na qualidade do grão.
Em termos de resultado econômico, a safra 2012/13 da região apresentou de
forma geral, desempenho satisfatório. A soja, o milho e a soja 2ª safra retornaram
Receita Líquida Operacional (RLO) positivas, garantindo o lucro da propriedade mesmo
que o trigo tenha deixado RLO negativa.
Para analise de projeto, foram realizadas analises de forma determinística e
com simulação por Monte Carlo para um período de dez anos. A primeira gerou três
cenários (pessimista, médio e otimista) em que foi possível diferenciar em que situação
o cultivo de sequeiro e irrigação, a custo e receita constante ao longo dos anos é
viável.
O método probabilístico por simulação vai alem da outra forma de avaliação,
com a possibilidade de criar cenários em que há chances de o projeto ser viável
economicamente ou descartado, frente a fontes mais seguras de investimento, como a
poupança.
No modelo determinístico, a região de Cruz Alta/RS se demonstrou viável nos
cenários otimista de sequeiro e irrigado e também no médio para o sistema com
83

irrigação. A produtividade superior obtida no irrigado assegurou a rentabilidade da


propriedade padrão da região no cenário médio, demonstrando garantias de menor
risco as oscilações dos preços das commodities, mesmo com o custo de produção
superior ao caso de sequeiro.
Já nas simulações por Monte Carlo, o cenário se demonstrou mais sensível às
variações de preço das commodities. No caso do cultivo de sequeiro e irrigado, o milho
verão o trigo não retornaram VPL positivos os enquadrando como inviáveis
individualmente. O fato é que a soja introduzida ao sistema retornou lucros suficientes
para pagar o investimento dos dois casos e viabilizar o projeto para este prazo de 10
anos.
No geral as simulações apontaram que ambos os projetos tem condições de
viabilidade econômica e mais atrativa que investimentos mais seguros disponíveis no
mercado, como a poupança. Contudo, pelo método estocástico, a probabilidade do
sequeiro retornar VPL positivo chegou próximas aos 83%, enquanto a irrigação paga
seu investimento e retorna margem positiva desde o cenário mais pessimista ao mais
otimista.
Dentro dos resultados finais, para o produtor que optou pelo sistema irrigado,
as simulações apontaram 99% de chance de retornar valores superiores ao capital
investido com benfeitorias do sistema de irrigação (R$ 700.000,00), alem disso, esses
números podem chegar a 406% desse valor, ao período de 10 anos.
No caso de sequeiro o VPL esperado pode retornar até 57% do capital investido
inicialmente com a atividade (R$ 1.781.500,00), enquanto que no caso irrigado esse
número chega a 114%, ou seja, o dobro de outro. Em outras palavras, além de se
esperar uma situação de maior risco no cultivo sem irrigação, ainda há a certeza de
menores retornos nominais quando comparados aos do cultivo com pivô central.
O milho e trigo apresentaram resultados individuais interessantes para as
analises de projetos. No caso, não retornaram VPL positivo, se configurando como
atividade insustentável para a região. No milho o alto custo para aquisição de
sementes de alta tecnologia na temporada 2012/13 limitou a resultados econômicos,
juntamente com a quebra produtiva. Quanto ao trigo, a lavoura não expressou seu
potencial produtivo esperado, em virtude da geada, mesmo no caso irrigado. Nesse
caso, a adversidade climática suscita uma reflexão sobre o cronograma atual de
produção com segunda safra ou cultura de inverno na região de Cruz Alta.
84

Concluiu-se que alem de a irrigação ser um investimento viável


economicamente, retorna margens positivas superiores ao cultivo de sequeiro,
tratando de um investimento mais seguro às oscilações nos preços das commodities.

Cabe ressaltar, o trabalho apresentam limitações, pois em todas as analises


realizadas foram consideradas as produtividades da safra 2012/13, visto que não existe
série histórica do cultivo irrigado na região. Além disso, o ciclo de vida de uma
variedade de milho e soja é curto e ao admitir uma série de longo prazo para essas
culturas poderia apresentar resultados fora da atual realidade tecnológica do campo.
Outro ponto é os que os preços considerados para simulação respeitaram a série com
período de dez anos, no entanto o custo utilizado para a análise foi o da safra
2012/13, que de acordo com as series históricas do Cepea – iniciada em 2008 – foi o
maior, devido principalmente ao alto valor das commodities durante o período de
compra para essa safra.

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