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ANHANGUERA

TRABALHO PRIMEIRO BIMESTRE


ODONTOLOGIA – MATUTINO
ALUNO THIAGO HENRIQUE MARTINS
RA 395069973497

PROFESSORA JULIANA

CREMES DENTAIS: PRINCIPAIS COMPONENTES E CUIDADOS

TRABALHO DISSERTATIVO
CAMPINAS
2021
THIAGO HENRIQUE MARTINS

CREMES DENTAIS: PRINCIPAIS COMPONENTES E CUIDADOS

Trabalho apresentado no curso de


Odontologia da faculdade Anhanguera.
Professora: Prof. Juliana Francisco

TRABALHO DISSERTATIVO
CAMPINAS
2021
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1 INTRODUÇÃO A COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO DOS CREMES DENTÁRIOS

Em 3500 a.C. na Mesopotâmia, o estudo da Cavidade Oral, suas Microbiotas


e Patologias, já havia sido concebido e permeava as discussões intelectuais da época
sob a alcunha de Arte Dentária. Neste período, começavam os estudos sobre os
elementos que destroem a homeostase bucal: evidencia-se por meio de estudos
clínicos, a presença de um elemento estranho, que se alojava na cavidade oral dos
enfermos, absorvia os nutrientes oriundos de resíduos alimentícios e causava
destruição dos dentes. Tal estudo clínico culminou na gênese da Patologia Bucal: a
identificação da primeira doença dental, o gusano dentário.
Diante da presença dessas doenças bucais, urgia-se pela cura de tais
doenças. Devido ao estudo primitivo da Odontologia e a Medicina nesta época, os
tratamentos utilizados eram a alquimia e as preces religiosas, em especial a prece ao
verme gusano: “Que me darás de comer, que me darás para destruir?; Te darei figos
maduros e a carne de figos grandes; Na verdade que são para mim estes figos
grandes e maduros; levanta-me e deixa-me residir entre os dentes e gengivas, de
modo que eu possa sugar o sangue do dente e corroer a cartilagem das gengivas;
Posto que tenha dito isto, gusano, que e a ti golpeie com a força de seu punho; Este
é o ritual mágico; Misture cerveja, azeite e planta de sa-kil-bir, coloque no dente e
repita a invocação três vezes”
Já em 2000 a.C., na civilização Egípcia, surgiram os primeiros métodos
profiláticos baseados em estudos experimentais: a mistura de cinzas de ossos de boi,
pó de arroz e cascas de ovos queimados, para realizar a confecção dos primeiros
dentifrícios. Os povos da antiga Índia, China e Egito mostraram que os gregos e
romanos foram os que aperfeiçoaram a mistura, com o uso por exemplo de mel,
sangue, carvão, ossos moídos da cabeça de coelhos e urina humana para o
branqueamento dos dentes.
Porém, foi somente por volta de 1800 d.C. que ocorreu a criação do primeiro dentifrício
fruto da Ciência Odontológica, Química e Biologia: Creme dentifrício do Dr. Sheffield.
Foi comercialmente distribuído na forma de pó, logo foi modificado em forma de pasta.
Os dentifrícios de 1800 até 1940 não eram fluoretados, foi somente com os estudos
de McKay e Churchill, com o achado dos benefícios do flúor para a manutenção da
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saúde bucal, que os primeiros e os mais eficientes dentifrícios foram criados: Os


Dentifrícios Fluoretados.
Sua composição básica se manteve e desenvolveu-se até alcançar a atual
composição de 8 elementos: Abrasivo, Umectante, Aglutinante, Solvente, Corante,
Espumante, Edulcorante e Agente Terapêutico.
Outra importante invenção responsável por manter a homeostase bucal ocorreu
na China: por meio da junção de cerdas dos fios dos porcos e bambu, criou-a primeira
escova de dentes. Sem a escova de dentes o creme dental não é eficiente, visto que,
é um agente auxiliar na escovação, cuja a finalidade é realizar a limpeza dos dentes.

2 ACERCA DOS COMPONENTES ESSENCIAIS DO CREME DENTAL

Em 1990, Harry definiu os requisitos básicos de um creme dental: Limpar os


dentes de modo adequado, eliminando os resíduos alimentícios, as suas manchas e
biofilme dentário; uma sensação de frescor e limpeza à boca; ser inóxio e fácil de usar.
Seguir os padrões de abrasividade ao a dentina e ao esmalte; e em aplicações
profiláticas, estas devem estar fundamentadas em ensaios clínicos comprovados.
Diante disso, faz-se necessário o estudo e a definição de cada um dos
elementos essenciais do creme dental, diante da vigente norma do Comitê Técnico
de Odontologia da Organização Mundial de Normalização (ISO/TC-106).

2.1 Abrasivos
São os elementos apolares utilizados como meios de limpeza e
polimento, compõem de 25 a 50% do creme dental; sua principal função é a de
remoção de manchas, biofilme dentário e partículas residuais que se alojam no
esmalte dentário. Os abrasivos são criados levando em conta o grau de
agressividade em relação a dentina e ao esmalte, visto que seu funcionamento
ocorre devido aos movimentos mecânicos de escovação.
Os abrasivos mais comuns são: fosfato dicálcico dihidratado (DCPD),
fosfato tricalcico(TCP), carbonato de cálcio, fosfato tricalcico, meta fosfato de
sódio, dióxido desilício, carbonato de magnésio, compostos de alumínio e
pirofosfato de cálcio.
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O carbonato de cálcio foi um dos compostos mais utilizados como


abrasivos, são diferenciados pela forma cristalina, tamanho de partícula e pela
densidade. A ocorrência de cristais de Quartzo na forma cristalina e a variação
dessas partículas faz desse composto um dos mais agressivos ao esmalte
dentário(PRISTA; BAHIA; VILAR, 1995).
2.2 Umectantes
Constituintes de 2 a 30% das pastas, é um componente que garante
ao dentifrício seu aspecto cremoso, e evita que o mesmo seque após a
exposição ao ar.
As substâncias mais comuns que são empregadas como componentes
Umectantes são: glicerol ou glicerina, o sorbitol e o polietilenoglicol. Os mais
utilizados são o glicerol e o sorbitol pelo sabor levemente adocicado, que facilita
a composição de elementos edulcorantes e aromatizantes. Dentre os dois,
glicerol e sorbitol, podemos aferir que o glicerol se destaca pela consistência
mais desenvolvida, essencial para manufatura de dentifrícios com alto teor de
umectantes (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1995)
2.3 Detergentes
Com uma concentração de 2 a 6%, o componente espumante que
reduz a tensão superficial local, aumentando a eficiência da ação dos
abrasivos. A redução de tensão superficial por meio desses tensoativos,
permite o maior contato dos cremes dentais com o esmalte dentário, facilitando
a dispersão residual das partículas que se alojaram nos seios dentários.
Os detergentes devem ser insípidos, não tóxicos e inertes em relação
a mucosa gengival. Seus tipos dividem-se em dois, os naturais e os sintéticos:
Os naturais mais comuns utilizados, foram os sabões de sódio e potássio, mas
devido ao pH neutro-distal, não insipidez e reatividade com outros
componentes, foram substituídos por componentes sintéticos. Os sintéticos
utilizados são: lauril sulfato de sódio, lauril sulfato de magnésio e o lauril
sarcosinato de sódio; estes compostos não são inertes e ainda causam danos
a cavidade bucal, porém, a utilização destes compostos em pequenas
porcentagens (de dois a seis porcento) e a ação da saliva, torna viável sua
aplicabilidade em dentifrícios. Destes sintéticos, a utilização mais recomendada
é a do lauril sulfato de sódio, pois, testes clínicos comprovaram função
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antimicrobiana e ação inibidora de biofilme dentário, similar ao agente


bacteriostático Triclosano, com vantagem de toxicidade logarítmica reduzida.
Por outro lado, o lauril sulfato de magnésio, ainda que menos eficaz
que seu semelhante composto de sódio, é menos agressivo a mucosa gengival,
e desta maneira, mais recomendado a pacientes com maior grau de
sensibilidade na cavidade oral.
2.4 Aromatizantes
Seguindo a definição de Harry, 1990, a pasta dentifrícia deve gerar uma
sensação de frescor e limpeza à boca durante um certo período, daí a
importância dos aromatizantes. Este componente representa de 1 a 3% da
composição dos cremes dentais.
Os aromas mais utilizados são os de caráter cítrico como de hortelã,
laranja, limão, pinheiro, eucalipto e mentol.
2.5 Edulcorantes
Em menor quantidade no dentifrício, de 0,03 a 0,31%, os edulcorantes
tem a função de neutralizar os sabores não desejáveis das substâncias ativas,
do sabor amargo dos detergentes e dos abrasivos.
Para inserção de edulcorantes, pelo caráter neutralizador de hidrato de
carbono, consideram-se apenas os de baixo ou improvável potencial
cariogênico.
As substâncias edulcorantes podem ser: sacarina, sorbitol, xilitol,
manitol e sais de glicerina; além disso, faz-se a recomendação da utilização de
xilitol e sorbitol (LOVEREN, 2004) por comprovações clínicas. Em especial o
xilitol, que possui potencial cariogênico nulo, já que inibe o desenvolvimento da
Streptococus mutans (Sintes et al, 1995).
2.6 Espessantes
Também chamados de aglutinantes, constituem cerca de 2% do
dentifrício. São geralmente substâncias arenosas (colóides) e consistência
gelatinosa, cuja funcionalidade é aumentar a consistência ou espessividade do
dentifrício.
As substâncias podem ser: alginato de sódio, amido, derivados da
celulose, goma adraganta, carragenato de sódio e ácidos carboxivilínicos.
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A substância espessante deve ser cuidadosamente selecionada para


garantir uma melhor consistência, gosto e espuma durante a escovação
(Petersson et al, 1991)
2.7 Conservantes
Devido a quantidade de água e a possibilidade de processo cariogênico
devido a unidade dos compostos do dentifrício, urge-se pela necessidade de
um agente que busque conservar a homeostase na cavidade oral e no creme
dental o conservante. Um conservante adequado deve possuir potencial
antibactericida e fugicida.
Entre os mais comuns estão: metilparabeno, propilparabeno, silicato de
sódio, formaldeido e ácido hidroxibenzóico (PRISTA; BAHIA; VILAR, 1992).
Além disso, segundo Prista e Vilar, dentifrícios que possuem em sua
composição glicerina e sobritol em altas quantidades, não necessitam
necessariamente de conservantes, pelo grau de ação antibactericida destas
substâncias.
2.7 Solventes
Os solventes, ou meios químicos, mais utilizados são o álcool e água,
encontrados em concentrações de 20 a 40% na confecção do creme dental. O
ácool também pode ser empregado como diluente de essências nos dentifrícios
(pg. 49, PRISTA, BAHIA, VILAR, 1992).

3 AS SUBSTÂNCIAS ATIVAS

São substâncias incorporadas nos cremes dentais a fim de promover um


tratamento individualizado ao paciente, dessa forma, cada tipo de dentifrício tem sua
utilização adequada e não deve ter seu uso feito de maneira indiscriminada. Pelo risco
de desiquilíbrio da homeostase bucal, todo dentifrício deve ser utilizado apenas com
as devidas instruções de um profissional odontologista.

3.1 Agentes protetores


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Basicamente conhecidos como fluoretos, nesta categoria estão incluídos


o fluoreto de sódio, mono flúorfosfato de sódio, fluoreto estanhoso e
hexametafosfato.
São utilizados para prevenção da cárie dental. No momento, o flúor dos
dentifrícios é considerado a razão principal do declínio da cárie observado em
todo o globo (GIORGI; MICHELI, 1992).
O mecanismo de ação baseia-se na composição do Flúor Solúvel Total
– FST (íon flúor + íon MFP), que é hidrolisado e interage diretamente com a S.
mutans e S. sobrinus.

3.2 Agentes de Sensibilidade


Nesta categoria temos os dentifrícios a base de cloreto de estrôncio,
nitrato de potássio e fluoreto de estanho;
Dentifrícios com agentes dessensibilizantes devem ser uma das
primeiras alternativas para o paciente com hipersensibilidade dentária, já que
são de fácil aquisição, baixo custo e uso rotineiro para o paciente; seu
mecanismo de ação atua obstruindo os túbulos dentários e criando uma
barreira impermeável, devido a sua afinidade com tecidos calcificados,
estimulam a formação de dentina reparadora e diminuindo a sensibilidade local.
3.3 Outros agentes
3.3.1 Agentes antisépticos
Agentes antimicrobianos, com atividade contra bactérias Gram-
positivas, Gram-negativas e fungos bucais.
Possíveis componentes: Triclosan, Clorexidina, Bicarbonato de
sódio.
3.3.1 Agentes antitártaro
São utilizados com a necessidade de adição de substancias químicas
aos dentifrícios que interfiram com a formação de tártaro. Os agentes antitártaro
não removem o biofilme dentário, mas dificultam a progressão do cáculo, inibindo
o fenômeno de mineralização e retardando a formação da placa em 20-50% da
velocidade original (CURY et al., 1997).
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Tem-se a preferência na utilização de agentes antitártaro a base de


pirofosfato e zinco, desta maneira algumas substâncias utilizadas para este fim
são: Pirofosfato de sódio e Citrato de zinco.

4 A IMPORTÂNCIA DA INDIVIDUALIZAÇÃO DOS DENTIFRÍCIOS

Como demonstrado anteriormente, além da presença dos elementos


essenciais, temos a composição dos elementos ativos, que desempenham funções
individualizadas, desta maneira, cada paciente deve optar por utilizar um dentifrício
com substância ativa adequada a situação da respectiva cavidade oral.
Sobre as substâncias essenciais do creme temos: Abrasivo, Umectante,
Aglutinante, Solvente, Corante, Espumante, Edulcorante e Agente Terapêutico.
Acerca das substâncias ativas, temos: agentes de sensibilidade, agentes de
proteção, agentes antissépticos, agentes clareadores.
Para cada um destes agentes, temos um tipo de reação da microbiota oral,
assim como seus componentes anatômicos como esmalte, cemento, dentina e
mucosa gengival e lingual.
Desta maneira, é de suma importância que o profissional odontologista
entenda as necessidades de cada paciente, assim como a respectiva resposta para
tratamento, seguindo sempre as normas vigentes da Secretaria de Vigilância Sanitária
do Ministério da Saúde e das resoluções RDC emitidas pela Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária).

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