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A humanidade desde seu surgimento biológico, social e econômico viveu

múltiplas transformações, encantadoras e conseqüentemente desencantadoras


no seu arredio percurso histórico. Essas mudanças surgem de acordo com os
processos evolucionistas da espécie humana e dos seus mundos.

Contudo, para que haja história devem existir fenômenos e essências. Ideais e
luta, luta no sentido biossocial, evolucionista; existencial e filosófico.

A vida é vivida em processos retro alimentares de conhecer e desconhecer, o


desconhecido é o motivador primordial do encantamento, esse move a
humanidade. Diante de tamanha importância, as lutas sociais tornaram-se
também objeto de estudo, surgem assim, as correntes filosóficas e os estudos
profundamente sociológicos, que seguem as tendências norteadoras das
questões sociais da contínua e tardia contemporaneidade.

Dentro deste contexto reavaliamos nossas inter-relações e todos os crus e


industrializados produtos destas. As filosofias contemporâneas além de escalar
o realismo pós - moderno recapturando o modelo social defendido e analisado
anteriormente por Marx e seguidores se apruma as políticas sociais e capitais
adentradas violentamente em nosso cotidiano e por fim em nossas diretas e
indiretas lutas sociais.

Nesse debate o autor aborda dois lados de uma moeda ou ainda os dois lados
de um estudo de caso. O real e o ideal nas grandes linhas do debate ideológico
contemporâneo.

Primeiramente os filósofos das correntes mais conservadoras pressupõem que


nós somos em essência mesquinhos, egoístas e individualistas; assim,
correspondendo diretamente ao sistema capitalista que nos mesmos criamos e
redimensionamos a nossa realidade. Desta forma eles consideram impossível
a alteração do sistema já que o capitalismo traduz os retratos desses homens e
mulheres essencialmente individualizados.

Na outra vertente encontramos os revolucionários, que enfatizam a real


possibilidade e a urgente necessidade de nos libertarmos desse sistema,
especialmente desumanizado e em continua promoção das desigualdades.
Marx, afirma que nós somos em essência a história, nós fazemos a história;
somos os autores e atores.

Assim, o mesmo, reafirma a possibilidade de quebrarmos as coleiras


simbólicas nas quais nos aprisionamos e entendermos que podemos
reconstruir os paradigmas do sistema capitalista.

Em conseqüência, o texto repassa a relação do homem com a natureza, diante


a idéia marxista onde o trabalho é o fundamento do ser social.

Ou seja, a partir do trabalho no sentido físico e cognitivo estabelecemos


relações diretas com a natureza, transformando-a e conseqüentemente nos
transformando como em um processo mecânico. Nos, para Marx, quando
transformamos a natureza e sempre a transformamos para suprirmos alguma
necessidade concreta humana, construímos uma realidade objetiva e outra
realidade subjetiva.

No processo dessa construção, ou, no trabalho de acordo com Marx, nós


entrelaçamos a capacidade humana de racionalizar, idealizar, enfim, de fazer
valer nossos processos evolutivamente cognitivos; é o que ele chama de
prévia-ideação e objetivação. Primeiramente pensamos e temos a idéia, a luz,
posteriormente objetivamos, ou seja, construímos concretamente nossa idéia
que parte de uma necessidade determinada.

Com tudo, o autor refaz a discussão respondendo mais concretamente a


provocação reafirmando a importância do trabalho na formação do ser,
idealizando que o trabalho é o fundamento do ser social porque este
transforma a natureza na base material do mundo humano.

O homem transforma a natureza e se transforma junto, construindo


paralelamente novas situações históricas, novos conhecimentos, novas
relações sociais.

Nesse sentido Marx afirma, é ineliminável a dimensão social, já que a base


histórica passada, faz parte da vida da sociedade, logo, faz parte da história
dos homens em generalidade. Assim, relaciona-se a objetivação individual da
coletividade social.
Com este fato outro aspecto de profunda relevância é referenciado: a
objetivação e o conhecimento que se traduz legitimamente a seguinte frase “
todo ato de trabalho possui uma dimensão social”; o ato de trabalho resume-se
a construção de conhecimento singular e a dimensão social na transformação
desse conhecimento de maneira genérica e processualmente histórica.

Inicia-se a idéia de síntese como conceito filosófico que unifica o tudo ao uno.
Sendo síntese, a articulação da ação de um individuo no mundo natural, essa
ação transforma a natureza, o individuo e posteriormente o coletivo e se traduz
em síntese de trabalho. Nesse sentido, elabora-se a distinção entre prévia
ideação e causalidade; a prévia-ideação são os resultados das produções
humanas, a objetivação e as causas são as conseqüências que este produto
sofre dentro da temporalidade, influenciando a realidade.

Com isso entendemos, idealizamos, objetivamos e objetivamente


compreendemos que o produto evolui movido por causas e efeitos próprios,
alterando o percurso histórico. O “ser humano” é produto de suas relações
sociais e de suas ações afins.

Frente a esse debate deve-se entender a abordagem teórica e conceitual a


respeito das duas vertentes filosóficas: o materialismo mecanicista e o
idealismo subjetivo de Kant.

Para o materialismo mecanicista os humanos e suas relações sociais são


decorrência direta e imediata da natureza. Esses filósofos afirmavam que tudo
é matéria, inclusive nossas próprias idéias. Com isso eles entendem que a
história não é um processo resultante do desenvolvimento das causas e efeitos
sociais e naturais.

Na outra vertente denomina-se o idealismo, que pressupõe que todo o universo


e o mundo/submundo humano advêm da ação da consciência. E para Kant
essa ação é decorrente da percepção subjetiva que temos do mundo através
de nossas sensações. Assim, o homem dá sentido as coisas, racionaliza, e, a
razão é portadora universal dos conceitos de tempo e espaço. O idealismo de
Kant nada mais é que a retro-alimentação de idéias num processo constante
que sintetiza a história dos homens.
Nesse sentido Marx, percebe dentro de um contexto histórico potencialmente
mais favorável, que é um equivoco duelar o idealismo e o materialismo, já que
estes se constituem simultaneamente em nossa historicidade.

Marx percebeu que dentro da história humana, o homem atua de forma


independente da natureza contradizendo os materialistas e por outro lado o
entendimento que as idéias complementam a composição histórica do homem,
mas, que não únicas nesse processo, já que o homem é matéria.

No texto encontramos uma citação de Marx que descreve a afirmação, “ o


mundo dos homens nem é pura idéia nem é só matéria, mas sim uma síntese
da idéia e matéria que apenas poderia existir a partir da transformação da
realidade conforme um projeto previamente ideado na consciência.”

O materialismo histórico - dialético ideado e materializado por Marx, refere-se a


síntese das idéias com a materialidade natural resultando a sociedade humana,
sob seus mundos, olhares e transições históricas. No sentido político Marx,
enfatiza que o materialismo histórico - dialético permite superar os impasses do
idealismo e do materialismo, entendendo que a luta de idéias é extremamente
relevante para fomentar a necessidade de ações revolucionárias que
evidenciam novas possibilidades na compreensão das re-produções de
conhecimentos.

A fomentação do conhecimento se dá primeiramente pelas idéias e


posteriormente pelos produtos objetivos resultados destas. É então através da
consciência resultado de uma realidade subjetiva que construímos o
conhecimento da realidade objetiva. Sob essa perspectiva nos deparamos com
o que Lukács caracterizou como “período de conseqüências” que é posterior ao
período de conhecimento, mas é anterior a ressignificação deste mesmo
conhecimento. Ou seja, se o conhecimento é fruto da objetivação e esta da
prévia ideação, entendemos que os efeitos das realidades (objetiva e subjetiva)
alteram os resultados, estes, sempre sofredores de mutações de acordo com o
contexto e da necessidade humana contida naquela real temporalidade. isto
leva o conhecimento a ser inevitavelmente reconstruído em novos
conhecimento reais e em determinados processos históricos.
Percebemos assim os resultados desses transitórios conhecimentos nas
nossas construções sociais.

Marx aborda o assunto com bases antropológicas e evolucionistas, afirmando


que as sociedades primitivas herdam a organização coletiva advinda de seus
antepassados, os primatas.

Refere-se ao modelo de trabalho desta sociedade como processual no


desenvolvimento da exploração do homem pelo homem. Assim, denominamos
esse processo como a primeira grande revolução do homem que ao modificar a
natureza a fim de modela-lá, mudou fatalmente sua organização e fez surgir as
primeiras sociedades de classe.

O exemplo é dado em torno das sociedades asiáticas que se emergiram em


torno de interesses antagônicos e inconciliáveis tendo de um lado os
exploradores e do outro os explorados. Por isso o modo de produção asiático
marcou o pioneirismo enquanto criação de mecanismos de exploração
humana.

Logo em seguida encontramos as sociedades escravistas que tem como


principais nomes a Grécia e Roma. Essas sociedades se caracterizaram com
as atualizações das formas de trabalho, com a descoberta da agricultura e
pecuária, fazendo surgir os processos lucrativos e a efetivação da exploração
do homem pelo homem.

Dentro desta perspectiva existiam duas classes sociais, os senhores de


escravos e os escravos; existiam também o estado e o direito que detinham da
mesma funcionalidade das sociedades asiáticas, a manutenção do poder e o
controle do trabalho escravo.

Os senhores de escravos tinham cada vez mais escravos para aumentar suas
riquezas e assim houve também o aumento do trabalho de apoio dado pelo
exercito e policia que controlava qualquer tipo de revolta dos escravos; com
isso os senhores não conseguiram suprir todas as despesas e o escravismo
entrou em crise, elaborando em novo conhecimento e alterando
revolucionariamente a sociedade. Depois dessa crise ocorreu um longo período
de transição até surgi um novo modelo de sociedade a chamada sociedade
feudal, que surgiu de forma caótica e abastarda de qualquer revolução das
classes.

Essa sociedade era distinta em sentido geográfico e tinha como princípios uma
nova estrutura auto-suficiente, com a prioridade na agricultura na garantia da
sobrevivência e das fortificações militares para a defesa que era necessária. A
sociedade feudal era dividida: senhores feudais, feudo (que eram os militares)
e servos (a mão de obra); os servos detinham de uma parte da produção e de
suas ferramentas de produção. O senhor feudal ficava com a maior parte da
produção e os servos recolhiam um pequeno percentual dessa produção.
Como os servos agora eram os donos de suas ferramentas eles se sentiram
estimulados a aprimorá-las então, eles aprimoram suas técnicas e ferramentas
aumentando a produção e melhorando suas vidas. Nesse momento ressurgi o
comercio e desabrocha um novo modelo de sociedade a burguesia.

A burguesia diferente do feudalismo chega junto com a revolução da sociedade


e da economia desencadeando as articulações em todo o mundo, o mundo
agora é uno mercado, essa força possibilita a revolução industrial trazendo
maturidade a burguesia e fazendo duas classes se destacarem: a burguesia e
o proletariado.

A maior distancia desse modelo burguês para os demais esta na diminuição da


força braçal, do trabalho manual, muito recorrente a revolução industrial e a era
mecanicista. Nesse momento, ocorre à desvalorização do trabalho humano e o
individualismo capital e social começam a globalizar.

Nesse encontro sintetiza-se a reprodução social, apontando quatro tendências


dessa perspectiva ao longo da história. Inicialmente surgi à coletividade social,
sob aspectos contemporâneos as aldeias globais, em seqüência o
entendimento da complexidade que são as relações sociais, que se perpassam
heterogeneamente junto as evoluções e involuções do homem e suas inter-
relações; em penúltimo as exigências que essa sociedade complexa em uno
requer dos indivíduos enquanto partes, estes precisam de muito mais
capacitação em meio aos caminhos do progresso conhecimento para
sobreviver e continuar evoluindo; e por fim a relevância do capital na esfera
social. Ou seja, a economia é prioridade na possibilidade de se continuar o
desenvolvimento social, é a razão de toda a sociedade.

Dentro desse contexto Marx critica massivamente a posição exaltante do


individualismo burguês. A evolução da sociedade que se inicia
processualmente na sociedade primitiva, na sociedade asiática, no escravismo,
no feudalismo e por fim no capitalismo re - configura a relação homem e
sociedade. É a desumanização do homem pelo homem.

O capitalismo traz na veia o individualismo selvagem, o que acarreta na


dimensão de coletividade e humanização. As pessoas agora vêem a razão de
sobreviver pelo e por capital, devassando anos, séculos de construções
coletivizadas entre homens, mulheres e natureza. É a hipocrisia do homem em
sua prepotente soberba, é a perca da essência humana, o começo do fim de
um modelo animal, social e cultural. Nessa discussão o autor faz uma análise
entre esses percursos históricos em torno da política e do estado democrático.

Ressaltando que o capitalismo converge dos outros sistemas econômicos


enquanto potencializador da reprodução capital no âmbito privado
desconstruindo qualquer modelo ou desejo de igualdade entre as classes
prevalentes e sobressaltando a protagonização do próprio homem no
surgimento deste fim.

A organização burguesa sugere que sejamos iguais, porém, dentro das


desigualdades gritantes o capitalismo se mantém como sobre uma fantasia,
que ao contrário do que propõe cada vez mais evidência o opressor e o
oprimido.

Isso é parte da alienação tão reescrita por diversos autores contemporâneos. é


de disso que se trata quando Marx, se refere a alienação. Aponta uma auto-
analise do homem como sendo o objetivador de sua própria desumanização,
como sendo totalmente falsas essas ideações humanas. O homem se aliena
quando perde sua essência, ou a vende. O homem se reduz a mercadoria.

Não somos em essência mercadoria!

Assim, pensa Marx em uma revolução social: o sistema comunista.


Os dois capítulos conclusivos nos remete a profunda análise do que é
conceituadamente o comunismo e como esse poderia re-construir o homem
enquanto humano.

Inicialmente entendemos que o comunismo é um sistema social, político e


econômico baseado na propriedade comum dos meios de produção e na
eliminação da luta entre as classes sociais, em síntese o comunismo associa
os trabalhadores em todo o processo de produção e distribuição das riquezas.

É exatamente esse verbo “associa”, que muda todo um contexto sistêmico e


nos faz refletir sobre uma modificação na relação do homem com o homem, do
homem com a natureza, do homem com o trabalho e enfim, do homem com a
sociedade. É repensar na ressignificação do homem em sua essência humana,
humanizada.

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