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Terceira idade e velhice – Caderno 1

Curso Profissional de Técnico de Apoio Psicossocial


3º ano
Disciplina: Psicopatologia Geral
Docente: Céu Kemp
Terceira idade e velhice

Índice

Objetivos e conteúdos .................................................................................................................................................................. 4

Conceito de velhice e população idosa .................................................................................................................................. 5

A geriatria e a gerontologia, seus precursores ................................................................................................................ 15

Mitos e estereótipos acerca da velhice ............................................................................................................................... 19

Fases do processo de envelhecimento: pré-senescência, senescência e velhice .............................................. 22

O processo de envelhecimento: causas e consequências............................................................................................ 24

Aspetos demográficos do envelhecimento ....................................................................................................................... 27

A diversidade cultural do envelhecimento ....................................................................................................................... 33

Dificuldades económicas, sociais, culturais e psicológicas do idoso ...................................................................... 35

Bibliografia .................................................................................................................................................................................... 42

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Terceira idade e velhice

Objetivos:
✓ Identificar os principais conceitos associados à terceira idade e velhice.

✓ Caracterizar o processo de envelhecimento e fases associadas.

✓ Explicar os acontecimentos da vida na velhice como fatores de risco na saúde mental.

Conteúdos
✓ Conceito de velhice e população idosa

✓ A geriatria e a gerontologia, seus precursores

✓ Mitos e estereótipos acerca da velhice

✓ Fases do processo de envelhecimento: pré-senescência, senescência e velhice

✓ O processo de envelhecimento: causas e consequências

✓ Aspetos demográficos do envelhecimento

✓ A diversidade cultural do envelhecimento

✓ Dificuldades económicas, sociais, culturais e psicológicas do idoso

✓ A geriatria e a gerontologia, seus precursores

✓ Mitos e estereótipos acerca da velhice

✓ Fases do processo de envelhecimento: pré-senescência, senescência e velhice

✓ O processo de envelhecimento: causas e consequências

✓ Aspetos demográficos do envelhecimento

✓ A diversidade cultural do envelhecimento

✓ Dificuldades económicas, sociais, culturais e psicológicas do idoso

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Terceira idade e velhice

Conceito de velhice e população idosa


A velhice surge na nossa sociedade como um problema inédito que se coloca às famílias, em
tantos anos de história. A velhice atual é um centro de preocupações devido à dependência
tida pelos mais idosos relativamente aos filhos, netos ou familiares.

A velhice aparece como uma desgraça: mesmo nas pessoas que consideramos conservadas, a
decadência física que ela traz salta aos olhos. A espécie humana é aquela em que as mudanças
causadas pelos anos são as mais espetaculares.

Segundo Papaleo Netto:

 O envelhecimento é um processo;

 A velhice é uma fase da vida;

 E o velho ou idoso é o resultado final.

Envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo, com modificações morfológicas,


funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do
indivíduo ao meio ambiente ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de
processos patológicos que terminam por levá-lo à morte.

Envelhecimento são as mudanças morfofuncionais ao longo da vida, que ocorrem após a


maturação sexual e que, progressivamente, comprometem a capacidade de resposta dos
indivíduos ao estresse ambiental e à manutenção da homeostasia.

Diversas teorias tem sido desenvolvidas sobre o envelhecimento.

Julga-se que o envelhecimento físico é resultante da ação de vários mecanismos:

➢ Disfunção do sistema imunológico;

➢ Programação genética e lesões celulares;

➢ Modificações das moléculas de DNA e de radicais livres; e

➢ Controle neuro endócrino da atividade genética e neurofuímico.

Todo o ser vivo nasce, reproduz-se e morre… Ou seja, o ciclo vital começa com conceção e
termina com a morte!

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O aumento da esperança média de vida gerou um crescimento acentuado da população idosa,
o que criou problemas, devido à falta de preparação da sociedade para esta realidade. Como
se pode verificar, por exemplo, ao nível dos sectores – social e da saúde.

Para melhor compreendermos esta realidade é importante perceber as diversas etapas de


desenvolvimento do ser humano, que se caracterizam por tarefas biopsicossociais.

➢ Tarefas de desenvolvimento – são aquelas que a pessoa deve cumprir para garantir o
seu desenvolvimento e consequente ajustamento psicológico e social.

São tarefas com as quais as pessoas satisfazem as suas necessidades pessoais e garantem o
desenvolvimento e manutenção de padrões sociais e culturais. Desta forma dão sustentação
ao progresso social e cultural e em consequência ao bem-estar do indivíduo.

Segundo Netto, são “lições” que as pessoas devem aprender ao longo da sua existência para se
desenvolverem de forma satisfatória e terem êxito na vida.

As tarefas não são estanques em cada etapa, embora algumas sejam preferencialmente
típicas de uma determinada fase. Em cada fase todas se relacionam entre si e o prejuízo numa
das tarefas pode comprometer o desenvolvimento futuro dessa tarefa ou de outras.

Assim, como o individuo, a família passa por estágios de desenvolvimento, conduzindo ao


crescimento e à transição para um novo nível necessário e importante no ciclo vital:

 Formação do casal

 Família com filhos pequenos;

 Família com filhos na escola;

 Família com filhos adolescentes

 Família com filhos adultos

Em muitas culturas e civilizações, a velhice é vista com respeito e veneração: representa a


experiência, o valioso saber acumulado ao longo dos anos, a prudência e a reflexão. A
sociedade urbana moderna transformou essa condição, pois a atividade e o ritmo acelerado da
vida marginalizam aqueles que não os acompanham.

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Velhice é o último período da evolução natural da vida. Implica um conjunto de situações


-- biológicas e fisiológicas, mas também psicológicas, sociais, económicas e políticas -- que
compõem o quotidiano das pessoas que vivem essa fase.

Não há uma idade universalmente aceita como o limiar da velhice.

As opiniões divergem de acordo com a classe socioeconómica e o nível cultural, e mesmo


entre os estudiosos não há consenso. Para efeitos estatísticos e administrativos, a idade em
que se chega à velhice costuma ser fixada em 65 anos em diversos países, após o que se
encerra a fase economicamente ativa da pessoa, com a aposentadoria. Atualmente, nas nações
mais desenvolvidas, esse limite não parece absolutamente adequado do ponto de vista
biológico, pelo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou-o para 75 anos.

Para compreender tal transformação, é preciso ter em conta o aumento progressivo da


longevidade -- e, portanto, da expectativa de vida -- que se produziu nas últimas décadas do
século XX, fato sem precedentes na história. O fenômeno se deve aos avanços na área de saúde
pública e da medicina em geral, e à melhoria das condições de vida em seus mais variados
aspetos. Por isso, é cada vez maior o número de pessoas que ultrapassam a idade de sessenta
e setenta anos e, mais que isso, que atingem essa idade em boas condições físicas e mentais.

O crescimento do percentual de idosos, sobretudo nos países desenvolvidos, pôs em


evidência a problemática relacionada à velhice, tanto do ponto de vista estritamente médico
quanto do socioeconómico. A questão ganhou, assim, nova relevância entre as preocupações
dos governos, da sociedade e dos meios científicos.

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Durante o envelhecimento, os principais fatores de influência da sociedade sobre o
indivíduo são:

➢ A resposta social ao declínio biológico,

➢ O afastamento do trabalho,

➢ A mudança da identidade social,

➢ a desvalorização social da velhice e

➢ A falta de definição sociocultural de atividades em que o idoso possa perceber-se útil e


alcançar reconhecimento social.

A vida do idoso é, portanto, dominada por um alto nível de stress, devido às expectativas e
obrigações formalizadas.

O conceito de velhice remete-nos, em primeira análise, para a noção de idade,


indiciando que a velhice se constitui num grupo de idade homogéneo; Fernandes (2000) diz-
nos que a idade não é um fator que pode, por si só, medir as transformações dependentes do
envelhecimento. As alterações surgidas com a idade dependem também do estilo de vida que
cada um teve ao longo do seu percurso.

A Organização Mundial da Saúde classifica cronologicamente como idosos as pessoas com


mais de 65 anos de idade.

Determinar o início da velhice é, sem dúvida, uma tarefa complexa, pois é difícil a
generalização em relação à velhice e há distinções significativas entre diferentes tipos de
idosos e velhices.

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A velhice não é um processo, é um estado que caracteriza a condição de ser; O registo
corporal é aquele que fornece as características do idoso: cabelos brancos, calvície, rugas,
diminuição dos reflexos, compressão da coluna vertebral e outros.

O envelhecimento é um processo complexo e universal que resulta da interação entre


diversos fatores:

 Biológicos (relativos às mudanças operadas no organismo com a idade),

 Psicológicos (relativos às mudanças no comportamento) e

 Sociais (relativos às mudanças com origem nas forças sociais e nas respostas dadas
pelo indivíduo a essas forças).

Embora o processo de envelhecimento seja universal para todos os indivíduos, constata-se


que este é variável, pois a progressão e intensidade diferem ao longo do processo individual e
entre indivíduos. As alterações causadas pelo envelhecimento desenvolvem-se a ritmos
diferentes de pessoa para pessoa, podendo iniciar-se prematuramente e conduzir à senilidade
precoce, ou então produzir-se de forma lenta e levar a um vida saudável por muito tempo.

É um processo diferencial, pois varia de indivíduo para indivíduo e assume ritmos diferentes,
porque na mesma pessoa podem-se processar tipos distintos de envelhecimento. · Processo
contínuo, que companha o indivíduo ao longo de toda a vida, tratando-se, portanto, de um
fenómeno normal e inerente ao ser humano.

Os termos envelhecimento e velhice são termos distintos, pois o envelhecimento é


um processo contínuo iniciado no momento em que nascemos e a velhice é a última etapa da
vida que pode ser mais ou menos retardado de acordo com o indivíduo e a sua trajetória de
vida.

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A nossa sociedade tem por norma ver a terceira idade como uma triste e penosa
decadência. Mas é possível encarar esta fase da vida como um momento oportuno para dar
um rumo melhor à existência e para superar todos os obstáculos que se vão acumulando ao
longo da vida.

Existem sete mitos sobre os idosos enumerados por Ebersole:

➢ A maioria das pessoas idosas é senil ou doente;

➢ A maior parte dos idosos é infeliz;

➢ No que se refere ao trabalho, as pessoas idosas são menos produtivas do que os jovens;

➢ A maior parte dos idosos está doente e tem necessidade de ajuda para as suas
atividades quotidianas;

➢ Os idosos mantêm obstinadamente os seus atos de vida, são conservadores e incapazes


de mudar;

➢ Todas as pessoas idosas se assemelham;

➢ A maioria das pessoas idosas está isolada e sofre de solidão.

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Início da velhice e aptidões da velhice

A personalidade sofre modificações ao longo do processo de envelhecimento?

Estudos de Havighurst, Neugarten & Tobin (1968): primeiros dados sobre a personalidade
nos idosos. Estes autores descobriram 4 grandes tipos de personalidade presentes em
indivíduos entre os 50 e os 90 anos.

➢ Integrado: pessoas apresentando um bom funcionamento psicológico geral, com uma


“vida cheia”, interesses variados, com as suas competências cognitivas intactas e retirando um
elevado nível de satisfação dos papéis desempenhados;

➢ Defensivo-combativo: pessoas orientadas para a realização, lutadoras e controladas,


experimentando níveis de satisfação entre o moderado e o elevado;

➢ Passivo-dependente: dependendo do tipo de funcionamento ao longo da vida, assim


estas pessoas apresentam na velhice uma orientação passiva ou dependente, mostrando graus
de satisfação muito variados;

➢ Desintegrado: pessoas com lacunas no funcionamento psicológico, pouca atividade,


controlo pobre de emoções e deterioração dos processos cognitivos, com baixa satisfação de
vida.

Para estes autores, as pessoas diferem muito na forma como vivem os últimos anos das suas
vidas, acabando a sua personalidade por ser influenciada e modelada por fatores em linha
com aquilo que sempre foram as reações e os comportamentos ao longo da vida.

Os idosos com características de personalidade mais voltadas para si próprias, menos


interativas e pouco dominantes, apresentaram menos sintomas de depressão em relação
àquelas que são mais voltadas e interessadas no outro, mais deferentes, organizadas,
persistentes e interativas

Passada a idade adulta, o ser humano enfrenta a terceira idade, etapa do ciclo vital na qual
há um número maior de perdas, colaborando para que o idoso pense mais sobre sua finitude
(KOVÁCS, 2005). A perda de amigos e familiares, perda da sua ocupação, de parte de sua força

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física, redução do aparelho sensório e, em alguns casos, perda do funcionamento cerebral são
comuns nesta idade (SILVA; CARVALHO; SANTOS; MENEZES, 2007).

Em decorrência da terceira idade ser uma fase constituída por perdas, a morte nessa
idade, pode ser vista como natural e aceitável. Diante disso, é possível perceber que o tema
morte é algo que acompanha frequentemente os indivíduos de terceira idade. Bee (1997) nos
diz que na velhice as pessoas tendem a pensar e falar mais sobre o assunto se comparadas a
pessoas de qualquer outra faixa etária. Porém, tal facto não quer dizer que a temam menos do
que pessoas de outras idades (ROSENBERG, 1992

Negatividades da velhice

Existem dois lados (positivo e negativo) do envelhecimento

Em relação à memorização, com o envelhecimento aumenta a dificuldade em recordar


factos mais recentes e mantém-se a capacidade de recordar factos do passado longínquo. Pela
positiva, o aspeto mais valorizado na velhice é a sabedoria a capacidade de observar, a
perspicácia, a habilidade de comunicação e julgamento (é fonte de bons conselhos,
compreensivo, capaz de entender a vida, apto a abranger todas as opiniões numa decisão e
competente a pensar cuidadosamente antes de decidir). Mas, de facto, o envelhecimento físico
ganha especial relevo porque a vivência da velhice faz-se, em grande parte, pelas condições
corporais. Portanto, existem fatores que tornam as pessoas mais vulneráveis na vivência da
idade avançada: deterioração da saúde, problemas de memória, mobilidade e relacionamento
social.

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Isolamento e solidão na velhice

O aparecimento de doenças degenerativas, ex: Alzheimer, Parkinson entre outras, associadas


à morte de um elemento do casal, assim como o abandono de familiares ou pessoas próximas
que não se sentem preparados, não tem condições ou simplesmente recusam cuidar do idoso,
que padece da doença, pode constituir uma das causas da solidão nesta fase.

Contudo é importante ter em consideração que em determinados casos, é por vontade


própria, ou por se resignarem a esta condição de vida, que alguns idosos rejeitam o apoio
social e psicológico, não permitindo a ajuda de centros de dia, a integração em lares ou outras
entidades e instituições que poderiam assegurar a higiene, alimentação e outros aspetos
básicos, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida;

Outro dos aspetos relevantes é o número reduzido de vagas que é desproporcional ao número
elevado de idosos que fazem parte de infindáveis listas de espera, aguardando pela sua
entrada em lares de idosos ou centros de dia, onde poderão estar ocupados e na presença de
profissionais que contribuem para diminuir ou atenuar o estado de solidão muitas vezes
sentida por estes.

Algumas formas de lidar ou superar a solidão:

➢ Aprender a gerir as mudanças de diferentes estilos de vida;

➢ Consultas de psicoterapia, que são encaradas como sendo um método bem-sucedido de


tratar a solidão:

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➢ Compreender a causa da solidão e tratar pensamentos distorcidos associados a
sentimentos e atitudes negativas causadoras deste estado;

➢ A Terapia de grupo é considerada por alguns especialistas como uma forma eficaz de
tratamento de pessoas que identificam os mesmos sintomas e partilham os mesmos
sentimentos.

Acima de todos estes aspetos inerentes aos sintomas, causas e tratamento da SOLIDÃO cabe a
cada um de nós evitar e lutar contra este estado emocional que afeta e perturba uma grande
parte da população.

Urge prevenir situações de idosos abandonados que sobrevivem sem o mínimo de condições,
acabando por falecer, tendo como única companhia a SOLIDÃO.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma pessoa é considerada idosa


quando tem 60 anos ou mais. Essa definição foi revista para variar conforme o estado de
desenvolvimento do país onde a pessoa reside: em países desenvolvidos uma pessoa é
considerada idosa a partir dos 65 anos e em países em desenvolvimento uma pessoa é
considerada idosa a partir dos 60 anos.

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A geriatria e a gerontologia, seus precursores


A geriatria é um ramo da medicina. O seu objetivo é acompanhar o utente de idade superior
a 60 anos, utilizando três abordagens diferentes:

Abordagem de prevenção: o médico educa o utente para hábitos de saúde saudáveis


no momento de transição do utente adulto para idoso, modera a sua terapêutica (caso exista)
e acompanha o utente num processo de senescência

Abordagem de acompanhamento: o utente já se encontra num processo de


senescência e é acompanhado pelo médico de uma forma preventiva e assente também na
educação para a saúde

Abordagem de tratamento: o médico acompanha e trata doenças pré-existentes,


trabalha no sentido de prevenir sequelas de doenças atuais e atua sempre de forma
preventiva baseada na educação para a saúde sobre a potencialidade de novas doenças
associadas

Desta forma podemos dizer que a geriatria não é um tratamento. A geriatria é uma
abordagem médica aos utentes idosos que visa estudar, prevenir e tratar doenças e
incapacidades permanentes ou não.

Principal objetivo da geriatria

Após esta abordagem teórica, podemos com segurança afirmar que o objetivo da geriatria é
acompanhar o utente idoso no seu processo de envelhecimento, estudando, prevenindo e
tratando doenças, com o objetivo final de prolongar a sua vida e otimizar a sua qualidade de
vida, sem esquecer o bem-estar e a qualidade de vida dos cuidadores.

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A geriatria deve ser multidisciplinar

Face às exigências patológicas de muitos utentes, geralmente são feitas associações


formais ou informais entre os médicos de forma a melhor diagnosticar o utente. Por isso
mesmo, o médico especializado em geriatria faz-se acompanhar por médicos especialistas
noutras áreas relacionadas (cardiologia, ortopedia, entre outras), garantindo um melhor
diagnóstico para um melhor tratamento.

O médico deve trabalhar junto também com outras especialidades não médicas para
melhores resultados no tratamento, como por exemplo, a enfermagem, a fisioterapia, terapia
da fala, entre outras áreas.

A geriatria e os cuidadores

Além do próprio utente, são os cuidadores e familiares os principais interessados na


qualidade de vida do idoso, sendo por isso necessária a sua intervenção no que diz respeito à
procura de um médico capaz de lidar com utentes nesta faixa etária. É, por isso, importante,
que o cuidador procure ajuda especializada com o objetivo de melhorar a qualidade de vida
do utente e melhorar a sua própria qualidade de vida como cuidador.

O cuidador poderá então sentir um apoio mais técnico e científico por parte dos médicos.
É, assim, muito importante que o cuidador (e não apenas o utente) seja orientado pelo
geriatra, criando limites na sua responsabilidade e ajudando-o em momentos críticos de ação,
educando-o para as situações previsíveis.

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Mitos sobre a geriatria

Devo apenas procurar um médico em casos agudos

Não o deve fazer por diversos motivos, sendo o principal o facto de ser importante para o
médico ter um historial clínico do utente. Para além disso, como vimos anteriormente, o
médico pode atuar de forma preventiva, preparando o utente para a senescência.

O envelhecimento começa aos 65 anos

Não sendo necessário procurar um médico especializado em geriatria por esses motivos, na
verdade o envelhecimento começa tão cedo como os 30 anos. A diminuição da capacidade
pulmonar, as alterações na audição e na visão, por exemplo, são sintomas do envelhecimento.

Um utente saudável de mais de 65 anos não precisa de geriatria

Cabe ao utente e aos seus cuidadores escolherem os profissionais de saúde que os


acompanham, no entanto, é importante ter em mente que um médico especializado em
geriatria está mais preparado para a multiplicidade de patologias que são características de
idades avançadas. Além disso, servem como mediadores entre diversas especialidades
médicas, doseando a medicação e ajustando-a caso a caso para bem estar do utente.

Geriatria é para pessoas acamadas

Longe de ser verdade. A geriatria é importantíssima para pessoas que querem manter a sua
independência e autonomia, sendo as consultas feitas sob uma forma preventiva e de
tratamento/controlo de patologias. A educação para a saúde é fundamental para o utente
adquirir hábitos de saúde que permitam a sua senescência.

Algumas doenças são normais nos idosos

Não existem patologias normais na terceira idade, apenas hábitos de saúde que levam a
patologias mais comuns entre determinadas populações. Por exemplo, a diabetes é uma
doença com elevada incidência em Portugal (matando 12 pessoas por dia em 2015). Não é,
por isso, considerada uma doença “normal” mas sim comum entre populações mais
envelhecidas e com educação para a saúde insuficiente que lhes permita ter cuidados de
saúde preventivos.

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A gerontologia é a ciência que estuda o processo de envelhecimento humano com
atenção às necessidades físicas, emocionais e sociais que surgem com a idade. Com a
gerontologia pretende-se planear e organizar projetos que visem ao bem-estar do idoso e a
melhoria da sua qualidade de vida.

Este profissional serve como elo entre os médicos especialistas em geriatria e os que atuam na
atenção básica.

A importância dos serviços geriátricos cresce à medida que aumenta a população idosa nas
nossas comunidades, pois muitos dos idosos não dispõem de toda a ajuda que necessitam por
via da família e da sua rede social.

Ou porque requerem cuidados de saúde contínuos ou porque não têm condições de estar
sozinhos em casa sem se colocarem em risco, muitos idosos precisam do apoio de instituições
de suporte que prestam esses serviços de uma forma profissional.

Vejamos alguns exemplos das modalidades que o apoio aos idosos pode assumir e do tipo de
instituições que os presta.

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➢ Apoio Domiciliário

Apoio ao domicílio pode incluir o fornecimento de refeições, serviços de limpeza, cuidados de


higiene pessoal, apoio na realização de tarefas como ir às compras, aos correios, ao banco, etc.

É frequente este tipo de apoio ser realizado sem custos ou a custos muito baixos para o idoso
por instituições particulares de solidariedade social (IPSS). Várias dessas instituições têm
uma natureza religiosa mas muitas outras são associações e cooperativas laicas de âmbito
local.

O apoio domiciliário também pode estar relacionado com a prestação de cuidados


médicos ou de enfermagem. Essa é uma responsabilidade dos centros de saúde das
localidades, porém, estes lutam com falta de recursos humanos e materiais para oferecer este
tipo de serviços de uma forma consistente e suficiente para as necessidades.

Se houvesse um investimento sério nesta área, haveria menos internamentos e os cuidados


seriam muito mais adequados e personalizados.

O profissional das unidades de saúde geriátrica devem estar cientes de que trabalham com
pessoas, todas elas diferentes, muitas delas com dificuldades de adaptação à mudança e a
quem o stress pode resultar no agravamento do estado de saúde.

Os funcionários dos hospitais estão tão habituados aos espaços e às rotinas que, por vezes,
esquecem como estes locais podem ser hostis para quem não os conhece e para quem tem
dificuldades em deslocar-se e orientar-se.

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Mitos e estereótipos acerca da velhice


O envelhecimento é um processo que está repleto de conceções falsas, temores, crenças, mitos
e preconceitos. “ O nosso inconsciente ignora a velhice, alimenta a ilusão da eterna juventude.”
(Simone de Beauvoir, 1908)

MITO:

 A velhice começa aos 65 anos; O reformado passou a uma fase de não produtividade;

FACTO:

 A velhice não começa numa idade cronológica uniforme, mas sim variável e
individualizada; A não produtividade pode interpretar-se de diversas formas, dependendo das
circunstâncias de cada indivíduo;

MITO:

 Progressivo afastamento dos interesses; Os mais velhos acham-se muito limitados nas
suas aptidões da vida;

FACTO:

 Muitas pessoas não só continuam interessadas nos diversos planos sociais e familiares,
como também é nesta etapa que participam ainda mais; Os mais velhos têm muitas faculdades
vitais;

MITO:

 Os mais velhos são inflexíveis e incapazes de mudar e adaptar-se a novas situações; O


envelhecimento vem acompanhado da perda de memória. A inteligência diminui;

FACTO:

 Muitos não só são capazes de adaptar-se continuamente a novas situações, mas


ensinam-nos através do seu exemplo; A perda de memória pode existir em qualquer Idade.
Existe modificação;

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MITO:

 O envelhecimento é uma etapa totalmente negativa; O mais velho é conservador e


defensor da tradição; Envelhecer implica ter que renunciar á sexualidade, perde o interesse e a
capacidade sexual;

FACTO:

 O envelhecimento é uma etapa vital peculiar; Cada pessoa reflete a essência da sua
personalidade á medida que cumpre os seus anos; Com a idade não desaparece a sexualidade.
Ocorre redução da frequência, falta de interesse, de parceiros;

MITO:

 O velho não aprende, é desatento, não presta atenção a nada; “ Caduco…” Velho não
tem futuro. Já deu o que tinha para dar; “ Isso já não é para a minha idade…”

FACTO:

 Aprendem e prestam atenção ao que lhes interessa, ao que corresponde às suas


necessidades, aos seus anseios; As pessoas devem preparar-se para envelhecer, fazer planos e
projetos. O projeto da vida pressupõe criatividade, autonomia, educação permanente;

Atitudes relacionadas com a pessoa idosa - Mitos e estereótipos - perigos


potenciais

➢ Respeitar as individualizações, evitando generalizações;

➢ Não infantilizar;

➢ Não tratar como doentes e incapazes;

➢ Oferecer-lhe cuidados específicos para a sua faixa etária;

➢ Reservar a sua independência e autonomia;

➢ Ajudá-lo a desenvolver aptidões;

➢ Promover a estimulação psicossocial;

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Terceira idade e velhice
➢ O idoso deve ser interpretado como um sujeito singular dotado de inteligência e
vontade;

➢ Sujeito com direitos (pode reivindicar);

➢ Os idosos são livres de escolher como e onde querem viver;

➢ A grande maioria dos idosos é em geral saudável;

➢ A maior parte dos idosos é membro ativo na sociedade e deseja continuar a sê-lo;

➢ As necessidades de saúde e as necessidades de serviços sociais variam muito entre os


“jovens idosos” e os “velhos idosos” e também entre os homens idosos e as mulheres
idosas;

➢ A manutenção da autonomia da pessoa idosa está mais ligada a fatores


socioeconómicos e familiares que a serviços profissionais.

A velhice é uma parte do período vital com valores e gratificações próprias; Não há fórmulas
milagrosas nem remédios para a eterna juventude; Chegar a esta etapa da vida pode ser
interpretado como voltar a começar, a realizar projetos que noutra etapa da vida não se
chegou a concretizar; A atitude que adotamos ao olhar para esta etapa marcará a forma
como a viveremos e a desfrutemos.

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Terceira idade e velhice

Fases do processo de envelhecimento: pré-


senescência, senescência e velhice
Pré-senescência:

Expressão médica utilizada para designar a fase dos 45 aos 65 anos de idade.

Este grupo da população (pré-senescentes) constitui-se como grupo vulnerável,


sobretudo pela fragilidade económica e desinserção social, mais do que por um novo estado
resultante da sua idade.

Senescência:

A senescência é um processo metabólico ativo associado ao processo de


envelhecimento. Ocorre por meio de uma programação genética que envolve redução do
tamanho dos telómeros e ativação de genes de supressão tumoral. As células que entram
em senescência perdem a capacidade proliferativa após um determinado número de divisões
celulares.

O envelhecimento do organismo como um todo está relacionado com o facto das células
somáticas do corpo irem morrendo e não serem substituídas por novas como acontece na
juventude.

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Terceira idade e velhice
Em virtude das múltiplas divisões celulares que a célula individual regista ao longo do
tempo, para esse efeito, o telómero (extensão de ADN que serve para a sua proteção) vai
diminuindo até que chega a um limite crítico de comprimento, ponto em que a célula perde a
capacidade proliferativa, com a consequente diminuição do número de células do organismo,
das funções dos tecidos, das funções dos órgãos e das funções do próprio organismo.

Como consequência, há o surgimento das chamadas doenças da velhice. Uma enzima


endógena (telomerase) encarrega-se de manter o tamanho dos telómeros. A cada divisão
celular, acrescenta a parte do telómero que se perde em virtude da mesma, de modo que o
telómero não diminui e a célula pode-se dividir sempre que precisa. O que acontece é que ela
faz essa função unicamente nas células germinativas (ou em células cancerosas) fazendo com
que estas sejam permanentemente jovens independentemente do organismo ser já velho.

Senescência é o processo natural de envelhecimento ao nível celular.

A senescência celular consiste no processo da paragem da divisão celular, fazendo com


que não haja mais substituição de células que pararam, assim, de metabolizar.

Velhice:

Período da vida humana que se sucede à idade madura (em geral, considerada acima
dos 65 anos) e em que já se verifica alguma deterioração progressiva física e psíquica.

É um processo essencial para a fase do envelhecimento.

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O processo de envelhecimento: causas e
consequências
Tal como em todas as fases da vida, também a velhice implica perdas e ganhos.

Um equilíbrio entre as perdas e os ganhos é fundamental para um envelhecimento ótimo, o


que implica um ajustamento ao declínio das capacidades físicas e da saúde e ao mesmo tempo
desenvolver sentimentos de autovalorizarão e satisfação em áreas sem ser o trabalho.

Aspetos físicos exteriores

➢ Redução da agilidade e da força física

➢ Falta de firmeza nas mãos e nas pernas

➢ Rugas e cabelos brancos

➢ Aparecimento de manchas escuras na pele

➢ Cabelos mais finos

➢ Queda de cabelo

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Aspetos físicos internos

➢ Entrada na menopausa / andropausa

➢ Visão ao perto piora

➢ Fadiga durante o dia / insónia durante a noite

➢ Perde de sensibilidade ao tato

➢ Diminuição da capacidade auditiva

➢ Alteração do olfato e do paladar

➢ Perda de memória

➢ Redução da eficiência respiratória

➢ Mudanças no sistema nervoso

➢ Tempo de reação torna-se mais lento

Principais desenvolvimentos:

➢ As mulheres entram na menopausa;

➢ Ocorre certa deterioração da saúde física e declínio da resistência e perícia;

➢ Sabedoria e capacidade de resolução de problemas práticos são acentuadas;


capacidade de resolver novos problemas declina;

➢ Senso de identidade continua a desenvolver-se;

➢ Dupla responsabilidade de cuidar dos filhos e pais idosos pode causar stress;

➢ Partida dos filhos tipicamente deixa o ninho vazio;

➢ Para alguns, sucesso na carreira e ganhos atingem o máximo para outros ocorre um
esgotamento profissional

➢ Busca do sentido da vida assume importância fundamental;

➢ Para alguns, pode ocorrer a crise de meia-idade.

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Alguns aspetos visíveis:

➢ Rugas;

➢ Cabelos brancos;

➢ Redução da agilidade;

➢ Redução da força física;

➢ Falta de firmeza nas mãos e pernas;

➢ Perda de sensibilidade no tato;

➢ Diminuição da capacidade de audição;

➢ Diminuição da capacidade de visão;

➢ Alterações no olfato e paladar;

➢ Voz torna-se mais fina;

Aspetos psicológicos

➢ As mudanças biológicas têm influência a nível psicológico modificando a autoimagem /


autoconceito, assim como o ajustamento ao meio envolvente.

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Aspetos demográficos do envelhecimento


Dados recentes revelam que cerca de metade da população portuguesa vive em situação de
menor qualidade de vida. E, nalguns casos, mesmo de pobreza. Um estudo da OCDE evidencia
que Portugal é um dos países onde existe maior desigualdade na distribuição do rendimento.
A pergunta é se, efetivamente, há (ou não) uma corelação entre pobreza e desigualdade. A
pobreza é já, também, uma forma de exclusão social, o que significa que não existe pobreza
sem exclusão social. Pese embora, o contrário não seja verdade. Existem formas de exclusão
social que não implicam pobreza. O exemplo mais visível é o do isolamento social a que os
idosos são remetidos, resultante não necessariamente da pobreza, mas da estrutura
organizativa da sociedade, que desvaloriza o estatuto e o papel social da pessoa idosa. Mas
disso falaremos outra hora. A pretexto de a economia familiar não permitir a atenção devida,
opção feita entre os estudos dos filhos/netos. Ou de a harmonia familiar sair lesada com a
convivência eventualmente conflituosa de gerações. Ou de, simplesmente, os filhos não terem
a estrutura moral/educacional devida para devolver a dedicação prestada.

A incidência da pobreza diminui à medida que a densidade populacional aumenta,


dizem os especialistas. No meio rural, a incidência de pobreza é consideravelmente
maior relativamente às áreas mais urbanizadas, fator em parte devido ao elevado grau de
envelhecimento populacional de algumas zonas de baixa densidade. O mundo em que vivemos
depara-se com grandes problemas suscitados pelo envelhecimento populacional, desde o
declínio da população ativa, ao envelhecimento da mão-de-obra, à pressão sobre os regimes
de pensão e as finanças públicas, à premência de se criarem redes formais de prestação de
cuidados e serviços aos idosos. Mas não esqueçamos, ainda, aliado a tudo isto, situações de
maus-tratos infligidos em contexto familiar e institucional. Estudos recentes da Associação
Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apontam para uma primeira sociografia da vítima
(mulher, entre os 65 e 75 anos, reformada, a residir no meio urbano) e do agressor (cônjuges,
filhos do sexo masculino entre os 35-45 anos).

A definição do conceito de abuso de idosos não é consensual, nem social nem sequer
juridicamente, mas é, pelo menos, certo que se trata de um comportamento destrutivo
dirigido a um adulto idoso num contexto de confiança e cuja frequência (única ou regular)
provoca sofrimento físico, psicológico e emocional: Para além de constituir uma séria violação
dos direitos humanos. Esta é uma definição adotada pelo Conselho de Europa e pelas Nações

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Unidas. O conceito integra vários tipos de mau trato, do abuso físico, psicológico, material e
financeiro, à negligência ativa e passiva. Todos igualmente preocupantes e reprováveis.

Os idosos tendem, na incompreensão das atitudes a que são vetados mas na tentativa de
as aceitar, minimizando as expetativas de um culminar de vida com o sossego merecido, a
inculcar atitudes de culpa, de baixa autoestima, de isolamento social, de comportamentos
depressivos, reforçando as suas dependências e agravando o estigma social que sentem
gerado à sua volta.

Os maus-tratos às pessoas idosas são, diria que são essencialmente, um problema de


Direitos Humanos. O que deve chamar a nossa atenção para essa violência, camuflada ou
percetível, do dia-a-dia, explicando ao idoso que nada nem ninguém tem o direito de infligir
na sua honra ou na sua pessoa qualquer tipo de destrato, negligência ou menosprezo. E
denunciando à comunidade, e, sendo caso disso, às autoridades competentes, situações deste
tipo.

Um país mede-se pela sua atitude para com as crianças, mas é bom que não nos esqueçamos
que se mede, igualmente, pela sua atitude para com os mais velhos. A quem devemos, nada
mais nada menos que a vida. Ou seja, muito do somos. A seu tempo, trataram-nos com enlevo
e dedicação. Hoje, chegou a nossa vez de retribuir. É um género de justiça distributiva de
afetos.

A via das políticas sociais é claramente insuficiente, importa pensar em políticas


económicas que, em paralelo com as políticas redistributivas, potenciem a interrupção do
ciclo persistente da vulnerabilidade e da exclusão social. Parece, a final, relativamente
evidente que, em Portugal, existe uma forte relação entre desigualdade social e pobreza. A luta
contra a pobreza e pela solidariedade global não pode ser travada sem primeiro se reconhecer
que, independentemente dos avanços civilizacionais no desenvolvimento social e humano, a
pobreza, a exclusão e as desigualdades sociais se agravaram em todo o mundo nos últimos 50
anos. Combater a pobreza e a exclusão social implica tomar consciência deste fenómeno

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complexo e multidimensional ponderando as principais causas que levaram à atual crise
económica, financeira e social. É preciso reconhecer que a institucionalização de uma vida
consumista e sem uma orientação clara e ética da economia para as pessoas contribuiu para
esta grande disparidade, agravada pela atual crise, entre muitos ricos e muito pobres, e em
que os idosos estão confrontados, como nunca, com condições de subsistência não
experimentadas por gerações anteriores.

Em prejuízo do princípio da transparência e da verdade, os agentes económicos, sociais e


políticos acomodaram-se num comportamento aparente em que, por detrás de uma ilusória
saúde de status quo, se escondia uma realidade que é, hoje e sê-lo-á, cada vez mais, uma
doença crónica. Esta cedência fácil à aparência e à ilusão em nada ser viu o combate à
pobreza, à exclusão e às desigualdades sociais, mas limitou-se a servir prémios de gestão e a
uma redistribuição injusta do rendimento disponível, num círculo vicioso de agravamento das
desigualdades sociais e da coesão económica e social.

O grande, grave, e talvez, maior, problema destes tempos críticos é ter permitido, em
termos globais, que as sociedades, nomeadamente, as gerações dos tais “filhos” se
endividassem face ao estímulo de um consumo incentivado pelo crédito fácil e que redundou
em enormes sacrifícios para as atuais e para as gerações vindouras. Com os idosos a sofrer de
permeio. Esta globalização (mercantil e não humana) agravou as desigualdades sociais,
orientada numa perspetiva agressiva de mercado, e, que se tendeu – muitas vezes,
conscientemente - a esquecer a pessoa humana como principal destinatária e centro principal
do progresso económico e social.

Foi sobretudo a partir da segunda metade do século XX que emergiu um novo fenómeno
nas sociedades desenvolvidas − o envelhecimento demográfico, ou seja, o aumento
significativo do número de pessoas idosas. Com isto, surgiu a necessidade, a nível
internacional, de caracterizar o fenómeno, de repensar o papel e o valor da pessoa idosa, os

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seus direitos e as responsabilidades do Estado e da sociedade para com este grupo específico
da população.

Como disse Kofi Anam (2002): “A expansão do envelhecer não é um problema. É sim uma das
maiores conquistas da humanidade. O que é necessário é traçarem-se políticas ajustadas para
envelhecer são, autónomo, ativo e plenamente integrado. A não se fazerem reformas radicais,
teremos em mãos uma bomba relógio a explodir em qualquer altura”.

A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que as intervenções se façam


prioritariamente, nas seguintes áreas:

➢ Pessoas idosas e desenvolvimento;

➢ Promoção da saúde e do bem-estar da pessoa idosa; e

➢ Ambientes propícios e favoráveis à pessoa idosa.

Esta proposta, internacionalmente assumida, visa gerar ações que garantam e defendam o
direito que as pessoas idosas têm em envelhecer com segurança, protegidos da discriminação
e violência crescentes que lhes têm sido dirigidas. Esta missiva da ONU procura ainda
contribuir para o reconhecimento da importância do papel da pessoa idosa no seio da família
e da comunidade, e de alertar para a necessidade de combater os fatores determinantes de
doença e dependência.

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O envelhecimento ativo é um aspeto central, devendo ser promovido quer a nível individual,
quer a nível coletivo.

Individualmente, o envelhecimento ativo pode ser entendido como o conjunto de atitudes e


ações que podemos ter no sentido de prevenir ou adiar as dificuldades associadas ao
envelhecimento. As alterações físicas e intelectuais que ocorrem com o envelhecimento
variam de pessoa para pessoa e dependem das características genéticas e hábitos tidos
durante a vida. É sempre oportuno salientar a alimentação saudável, a prática adequada de
desporto, uma boa hidratação, repouso e exposição moderada ao sol, não esquecendo as
consultas de seguimento do médico assistente. O bem-estar psíquico e intelectual (memória,
raciocínio, boa disposição) − fundamentais no envelhecimento ativo e saudável − também
de protegem e promovem com cuidados permanentes: leitura regular, participação ativa na
discussão dos assuntos do quotidiano, realização de jogos que estimulam raciocínio,
manutenção de atividades dentro e fora de casa (passeios, visitas, voluntariado…),
participação em tarefas de grupo ou eventos de associativismo, entre outros.

Mas o investimento individual da pessoa idosa (e respetivas famílias), carece obviamente de


políticas e infraestruturas comunitárias. O PNSPI prevê o envolvimento dos serviços de saúde
mas dá especial ênfase ao estabelecimento de parcerias e o bom aproveitamento dos todos
recursos comunitários existentes e concorrentes para os objetivos do programa: autarquias,
instituições de ação social, estabelecimentos de ensino, entidades privadas, etc.

Em vários países da Europa (Espanha, Holanda, Reino Unido, Suécia, entre outros) estas
orientações têm sido implementadas, com particular relevo de programas de natureza inter-
geracional. Também em Portugal é defendida a importância destas iniciativas, sendo que as
escolas têm um papel importante a este nível. Há investigadores nacionais que defendem até a

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necessidade de “educar para a velhice” desde as idades mais precoces. Com efeito, na
abordagem da terceira idade, o encontro e convivência das várias gerações através de eventos
comemorativos de datas especiais, envolvimento no processo de pesquisa sobre as tradições,
costumes, depoimentos de memórias, transmissão de conhecimentos práticos (gastronomia,
artesanato, profissões em vias de extinção, saberes agrícolas…). Acima de tudo, há que
assumir e transmitir que a pessoa idosa tem uma vida de trabalho, experiência e sabedoria,
que não pode ser negligenciado e desperdiçado, em benefício da própria sociedade. Por outro
lado, educam-se os mais jovens para os afetos e valores de respeito, dignidade, solidariedade e
responsabilidade para com os mais vulneráveis. Um dia, também eles serão pessoas idosas −
necessariamente diferentes! − mas sempre iguais no valor de pessoa humana.

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A diversidade cultural do envelhecimento


O que significa ser velho hoje? Sentir-se visto como um indivíduo operativo, aceite,
valorizado, integrado ou o inverso? Sentir-se e ser considerado de forma substancialmente
diferente das crianças, jovens e adultos mais jovens? Ser avaliado ou avaliar-se positivamente
ou negativamente? Enfim, haveria uma resposta única a essa questão?

Para Aurélio Buarque de Holanda, VELHO é uma pessoa muito idosa; de época remota; algo
antigo; os velhos tinham outros costumes; que tem muito tempo de existência; gasto pelo uso;
antiquado; obsoleto. Já Fraiman, diz que velho é "aquele que tem muitos anos de idade e uma
grande experiência acumulada que o diferencia dos demais".

A resposta a qualquer tipo de questão sobre velho e velhice depende a quem e como ela
é feita. Não existe uma resposta única, porque o próprio fenómeno da velhice tem muitos
significados contextualizados por fatores individuais, grupais e socioculturais. O
conhecimento científico, também contextualizado por esses fatores, desempenha um papel
fundamental na atribuição de significados a esses objetos, à medida que justifica, explica e
legitima determinadas práticas e atitudes em relação à velhice.

Embora sejam relativamente claras as distinções conceituais entre envelhecimento, velho


e velhice, devidamente contextualizados por dimensões espácio-temporais, não é nada fácil
discriminar essas distinções na literatura gerontológica. Nas interpretações pouco
parcimoniosas, dados sobre perceções individuais ou de grupos determinados são
generalizados para o nível social e vice-versa. TUCKMAN e LORGE (1953) fizeram
advertências a várias levas de pesquisadores, que parecem ter sido ignoradas, sobre atitudes
em relação à velhice, um conjunto de crenças e opiniões sobre a predominância de
predisposições negativas nos indivíduos e na sociedade.

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O velho carrega, atualmente, como parte inerente à sua condição, estereótipos e classificações
pouco reveladoras da sua real condição; a sociedade tende a encará-lo como uma estrutura
rígida de personalidade, frente a qual nos paralisamos, e codificá-lo como "RABUGENTO,
CRIANÇA, ULTRAPASSADO, CHATO, CAQUÉTICO, etc.".

A falta de crédito em relação ao idoso faz parte de nossa cultura, onde tudo de bom é
para o jovem e o de mau é só para o velho. Quando algum idoso consegue sair do "padrão"
estipulado pela sociedade, as pessoas levam o caso com uma mistura de repulsa e
encantamento, geralmente reservadas só para o extraordinário e o bizarro.

O desenvolvimento humano não deveria ser dividido ou visto por fases ou etapas, mas
sim como próprio e contínuo do indivíduo, como um processo. Essas colocações feitas
implicam em novas conceções sobre a velhice e o processo de envelhecimento devem ser
amplamente divulgadas. É fundamental que seja feita a ampliação do currículo escolar, que se
pense e se proponha uma reforma na alteração curricular, onde sejam incluídas questões
relativas ao envelhecimento.

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Dificuldades económicas, sociais, culturais e


psicológicas do idoso
No Portugal de hoje a velhice surge na nossa sociedade como um problema inédito que se
coloca às famílias, em tantos anos de história. A velhice atual é um centro de preocupações
devido à dependência tida pelos mais idosos relativamente aos filhos, netos ou familiares.

Ideias do senso comum face á velhice_Imagem de um idoso:

➢ Não são úteis, só estorvam

➢ São curvados e usam bengala

➢ Doentes e Reformados

O envelhecimento demográfico das populações é um fenómeno irreversível das nossas


sociedades modernas. Os impactos que se têm vindo a fazer sentir, entre os quais sobressai a
sustentabilidade financeira dos sistemas de reformas, interferem nos equilíbrios individuais e
coletivos, relativos às idades da vida e ao ciclo de vida ternário. Velhos e reformados são
agora duas categorias sociais, dois conceitos que tendem a demarcar-se. A velhice surge
então associada às dificuldades decorrentes da aquisição gradual de incapacidades. A família,
as solidariedades intergeracionais e as políticas sociais debatem-se com este desafio,
procurando encontrar as melhores soluções e as respostas mais adequadas à diversidade dos
problemas.

Reconhecimento, perspetiva e reflexão sobre problemas que se colocam à pessoa idosa


na atualidade

O fenómeno do envelhecimento da população é um processo complexo e mutável,


claramente determinado por uma determinada época e sociedade (Dias, 2005).

As dificuldades que o idoso enfrenta e a forma como envelhece, com maior ou menor
valorização, deve-se em muito ao estatuto que determinada sociedade lhe confere.

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Se em tempos mas longínquos o velho era considerado como um arquivo de saberes e
experiencias cuja transmissão era imprescindível para a sobrevivência da comunidade, hoje,
passamos a questionar o sentido, os custos deste aumento da longevidade (Barreto, 2005).

O envelhecimento social está de um modo geral associado a alterações no status do


indivíduo. Existe uma transição da categoria de ativo à de reformado (65 anos), esta
desocupação de papéis sociais é percecionada como uma perda de utilidade e poder social.
Com a ausência de um horário laboral, o indivíduo tem que se adequar a novos papéis o que
nem sempre é um processo fácil.

É com esta mudança que alguns projetos de vida ficam comprometidos. Existem idosos que
apresentam dificuldades neste processo de adaptação e que iniciam um ciclo de perdas
diversas que vão desde a condição económica ao poder de decisão, à perda de parentes e
amigos, da independência e da autonomia; de contactos sociais, da autoestima, à perda da sua
identidade.

A situação no princípio do século e a velhice e o pós-guerra

O estudo da velhice e dos fatores associados ao envelhecimento cresce de forma sem


precedentes após a 2ª Guerra Mundial, com o aumento das populações idosas e com o
envelhecimento de pesquisadores que se interessavam em investigar as fases iniciais do curso
de vida. No entanto, a velhice já era objeto de reflexão por filósofos e sociedades da idade
antiga. Cícero (106-42 antes de Cristo), cidadão e filósofo grego, no manuscrito Senectude,
levanta inúmeros dilemas sobre a velhice, abordando os estereótipos e a heterogeneidade
dos anciãos em relação ao convívio social, a manutenção da capacidade física e mental. Para o
filósofo, já idoso, a disciplina e as atitudes diante da vida eram conceitos importantes para se
envelhecer bem. A velhice, nesse contexto, não remetia necessariamente a um quadro de
decrepitude e senilidade. Mesmo com a redução das habilidades físicas e mentais ainda era
possível adaptarem-se, continuar socialmente comprometidos e participar de contextos de
aprendizagem.

Ao longo da idade média e idade moderna a velhice é tratada por estudiosos que se
propunham a descrever os processos associados às doenças, à anatomia, à fisiologia do
organismo dos adultos idosos. O conhecimento acumulado nesse período reuniu suposições
que embasaram pesquisas e estudos posteriores.

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Segundo Segundo Papaleo Netto:

➢ O envelhecimento é um processo;

➢ A velhice é uma fase da vida;

➢ E o velho ou idoso é o resultado final.

➢ O envelhecimento é um processo;

➢ A velhice é uma fase da vida;

➢ E o velho ou idoso é o resultado final.

A representação da velhice como processo contínuo de perdas - em que os indivíduos


ficariam relegados a uma situação de abandono, de desprezo, de ausência de papéis sociais -
acompanha o processo de socialização da gestão da velhice. Essa representação é responsável
por uma série de estereótipos negativos em relação aos velhos, o idoso por não se constituir
em mão-de-obra apto para o trabalho, é desvalorizado e abandonado pelo Estado e pela
sociedade. A miséria e exclusão que acompanham vastos segmentos da população tornam-se
mais amargas na velhice. Uma prova de descaso com que o velho é tratado pela sociedade é o
menosprezo pelos mais jovens de sua contribuição social mais preciosa - a experiência e a
memória, ignorada por um país sem memória que despreza seu passado. Os idosos ficam
numa situação de extrema vulnerabilidade em decorrência do declínio da família extensa,
combinado com um Estado incapaz de resolver os problemas básicos da maioria da
população. Os mecanismos tradicionais de amparo à velhice desfazem-se, sem que novos
mecanismos de proteção social tenham sido desenvolvidos. Além disso, os problemas
próprios do envelhecimento se somam aos problemas de uma população cuja experiência,
ao longo de todas as etapas da vida, foi marcada por condições de vida amplamente
desfavoráveis que tendem a se agravar na velhice. A pobreza, a miséria da população
brasileira em geral se torna, então, pragmáticas na velhice. Num país em que os direitos
básicos do cidadão são tão desrespeitados, a universalização do direito à aposentadoria,
mesmo não sendo mais que um salário mínimo, significou uma conquista social importante,
reforçando o direito à cidadania, constrói a imagem do velho português como a vítima
privilegiada do sofrimento, um ser discriminado, empobrecido, isolado, dependente da família
ou do Estado, em crise de identidade, com um atestado prematuro de óbito físico e social.

A situação familiar das pessoas nesta fase da vida reflete o efeito acumulado de eventos
sócio-econômico-demográficos e de saúde ocorridos em etapas anteriores ao ciclo vital.
Eventos diversos ao longo do tempo, que podem colocar o idoso, do ponto de vista emocional

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e material, em situação de segurança ou de vulnerabilidade. Neste sentido é de extrema
importância conhecer em que estruturas familiares estão inseridos os idosos. Dado o fato de
que as relações do gênero marcam de forma distinta a trajetória de vida. Ficando evidenciado
em diversos estudos, que a maior incidência de abusos e/ou violência contra idosos ocorre na
própria família.

O modo de vida das pessoas de idade - As condições de vida - A satisfação


de viver

Para manter a saúde a qualidade de vida na terceira idade, é muito importante que o
envelhecimento seja acompanhado por condições que levem ao bem-estar físico, mental,
psicológico e emocional, além de relacionamentos sociais, saúde e educação.

Algumas dicas podem contribuir:

➢ Alimentação equilibrada que auxilia na prevenção de várias doenças;

➢ A prática regular de atividades físicas que contribui para a conservação da saúde;

➢ Saber usufruir de todos os momentos de lazer, assim como compartilhar as


experiências vividas, possibilita uma boa relação com as pessoas;

➢ Estar de bem com a vida, cuidar da sua autoestima e realizar várias atividades que
tragam alegria e bem-estar;

➢ Acreditar em algo e cultivar a espiritualidade também auxilia a manter a saúde


emocional.

Sendo assim, através de um modo de vida saudável, praticado por atitudes simples, o idoso
poderá manter sua saúde.

A reforma

➢ Reforma: marco fundamental

➢ Marco social: assinala a passagem da meia-idade para a velhice.

➢ Marco ocupacional: marca o fim do período ativo e o início de um período de relativa


inatividade.

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A reforma enquanto acontecimento:

➢ A reforma é um acontecimento que marca um ponto de transição/ritual de passagem


(almoço/oferta);

➢ Acontece ± aos 65 anos (relacionar c/ expectativa de vida – tendência para aumentar);

➢ É um acontecimento sem um significado social preciso - tem essencialmente um


significado pessoal e familiar.

A reforma é uma alteração social importante, mas não significa necessariamente uma crise
psicossocial grave;

O significado da reforma reflete uma gama complexa de fatores sociais e culturais


associados à situação de cada indivíduo assim como à sua perceção do significado social da
reforma.

Coabitação/conflito de gerações

Ninguém escapa de, com o passar dos anos, envelhecer.

Toda a gente sabe disso, mas parece que, quando se está na chamada "flor da idade", muitas
vezes, este facto é esquecido. Também não há quem não deseje ter as suas próprias
experiências, rejeitando pautar a sua vida com base no que os outros já viveram. A
convivência entre gerações diferentes, por isso mesmo, geralmente é repleta de
conflitos, que, talvez, fossem menores se existisse mais compreensão de ambas as partes.

Segundo a psicoterapeuta Olga Inês Tessari, os conflitos acontecem porque gerações


diferentes têm visões de mundo distintas. "Os de mais idade, com toda a experiência de vida
acumulada, e por causa disso, querem sempre poupar os mais jovens de experiências
desagradáveis,, mas eles esquecem-se de que aprendemos a viver vivendo, tendo experiências
boas e más", diz a especialista em dificuldades de relacionamento.

Os mais velhos, quando na condição de pai ou mãe, consideram sempre os filhos como
crianças inexperientes. Na opinião de Olga, "é muito difícil, para eles, aceitarem que os filhos
crescem e, ao se tornarem adultos, podem ter a opção de seguir caminhos diferentes dos pais,
ou experimentarem tudo aquilo que foi uma experiência má para os pais".

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O diálogo é sempre o mais recomendado quando os conflitos aparecem. "Ele não impede que
os jovens procurem, apesar da experiência dos mais velhos, fazerem o que desejam, mas, pelo
menos, faz com que reflitam sobre o conhecimento que lhes é passado e, muitas vezes, que
sigam os conselhos dados. Mesmo que os jovens reconheçam e ouçam o que os idosos dizem,
isso não os impede de questioná-los e seguir seus próprios caminhos.

Haverá sempre mudanças e elas serão cada vez mais aceleradas. Quanto mais a idade avança,
mais difícil é mudar, porque os hábitos, que são a segunda natureza do homem, estão muito
mais arraigados e profundamente instalados. Os jovens, então, por assimilarem as mudanças
mais rapidamente do que os idosos, terão sempre o conceito de que estes estão
ultrapassados."

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Bibliografia
Ramilo Teresa, Manual de psicologia do idoso, Instituto Monitor, 2000

Manual do formador: Apoio a idosos em meio familiar – Maria do Carmo Cabêdo


Sanches e Fátima João Pereira, Projecto Delfim, s.d.

Psicologia do adulto e do idoso – Helena Marchand, 2005

Psicologia do envelhecimento do idoso – José H. Barros de Oliveira, Legis Editora, 2005

Psicologia do idoso – Ana Castanho, Soforma – formação profissional, 1999

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