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17/05/2018 60 anos da Bossa Nova

Capítulos Linha do tempo

60 anos da Bossa Nova

comece

Foto: Reprodução / "Filme Copacabana Palace", de 1962

Final dos anos 1950, zona sul do Rio de Janeiro. Um ritmo musical se esparrama pelos tapetes dos
apartamentos e auditórios de universidades da cidade, para então, no início da década de 1960, ganhar o
Brasil e o mundo. Símbolo de modernidade e trilha sonora da boemia daquela época, a bossa nova
completa 60 anos em 2018.

Trecho extraído do programa Caminhos da


Reportagem: Caminhos de Tom

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Vista aérea de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro - Foto: acervo


da Fundação Biblioteca Nacional | Divulgação do livro 'Copacabana:
A trajetória do samba-canção'

A primeira aparição do novo ritmo musical aconteceu no disco Canção do Amor Demais, onde a cantora
Elizeth Cardoso interpreta composições da dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. A bossa nova
desponta especi camente em duas faixas, com acompanhamento ao violão feito pelo baiano João
Gilberto, que traz pela primeira vez a batida do violão que se tornaria característica do estilo. “É clássico e
de nitivo momento de parto [da bossa nova]”, considera o crítico e historiador Ricardo Cravo Albin.

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Capítulos
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Canção do Amor Demais


Gravado em abril e lançado em maio de 1958, o disco Canção do Amor Demais teve uma prensagem de 2
mil cópias. A produção foi feita pelo selo literário Festa, mantido pelo jornalista Irineu Garcia.

Capa do disco Canção do Amor Demais gravado em 1958 por Elizeth


Cardoso

O catálogo do selo tradicionalmente reunia discos em que poetas e cronistas liam suas obras. Com
Vinicius de Moraes, no entanto, foi diferente: em vez da leitura de poemas, Irineu sugeriu produzir um
álbum com as composições ainda pouco conhecidas que ele havia feito, em parceria com Jobim, para a
peça Orfeu da Conceição.

Tom Jobim já tinha feito arranjos para o primeiro disco de Elizeth Cardoso Canções à meia luz, gravado
em 1955 e Vinicius se encantou com a voz da Divina, apelido cunhado por ele ao ouvir Canção de Amor na
voz da cantora, nas proximidades do Porto de Santos, quando voltava ao Brasil depois de anos
trabalhando como diplomata em Paris. Ligada ao samba-canção, gênero musical que predominava até
então no Brasil, Elizeth aprendeu as canções da dupla no apartamento da Rua Nascimento Silva 107, em
Ipanema, onde Tom Jobim morou entre 1953 e 1962.

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Apesar de reconhecida como a
maior cantora brasileira de
sua época, o que pesou em sua
escolha por Tom e Vinicius,
Elizeth jamais foi uma
recordista em vendagem de
discos. Contudo suas
gravações alcançavam uma
permanência só comparável a
poucas cantoras brasileiras,
como é o caso desse LP
lançado pela gravadora Festa,
especializada em discos de


poesia e cuidadosamente
dirigida por Irineu Garcia

Zuza Homem de Mello em Copacabana: a trajetória do samba-


canção (Editora 34, 2017)

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A cantora Elizeth Cardoso - Foto: Fundo Última Hora, Arquivo Público


do Estado de São Paulo

A participação de João Gilberto estava prevista em cinco faixas, mas se concretizou em apenas duas:
Outra Vez, composição de Tom que já havia sido gravada em 1954, e Chega de Saudade, parceria dele
com Vinicius feita em 1956, que permanecia inédita até então.
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Outra vez, mais do que Chega
de Saudade, está, em Canção
do amor demais, bem próxima
do estado de espírito bossa-
nova [...]. Quanto a Chega de
Saudade, seu registro é um
laboratório do que seria a


famosa gravação de João, dali
a seis meses

Walter Garcia em Bim Bom: a contradição sem con itos de João


Gilberto (Paz e Terra, 1999)


A música Outra Vez é anterior
à bossa nova. O João colocou
o ritmo de bossa nova e
seguiu com a orquestra. Eu
tinha gravado com o Dick
Farney, era um samba-canção
[...] gravada pelo João, a
música ficou com uns espaços,
enquanto o ritmo vai correndo


solto, e as frases melódicas
aparecem de vez em quando

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy Callado e


Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

Chega de Saudade
Tom Jobim fez a parte musical de Chega de Saudade quando estava no sítio de sua família em Petrópolis.
Assim que voltou para o Rio de Janeiro mostrou a canção para Vinicius, que estava de malas prontas para
reassumir seu posto de diplomata em Paris, mas adiou a viagem em alguns dias para terminar a letra da
canção.

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Assista aqui à íntegra


do programa Caminhos de Tom


O Vinicius fez a letra de
Chega de Saudade do meu lado.
Ele não gostava de trabalhar


sozinho. Preferia trabalhar
ao lado do piano

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy Callado e


Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

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Tom Jobim toca piano ao lado do poeta Vinicius de Moraes - Foto:


Divulgação / A Música Segundo Tom Jobim
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O encontro de Tom e Vinícius


Vinicius já conhecia Tom Jobim de vista, das noites no Clube da Chave em 1952, mas foi apresentado
pessoalmente ao pianista pelo crítico e historiador Lúcio Rangel em 1956. O encontro aconteceu no Bar
Villarino, no Rio de Janeiro.


Conheci o Vinicius mais ou
menos em 1953, mais de obas e
olás. Em novembro de 1956,
começamos a parceria. A
verdadeira apresentação ao
Vinicius foi feita pelo Lúcio
Rangel. Foi aí que começamos


o trabalho no Orfeu da
Conceição

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy Callado e


Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

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Estréia da peça Orfeu da Conceição - Foto: Fundo Última Hora /


Apesp
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Jobim estava com 29 anos e trabalhava como pianista no Bar Azul, em Copacabana. Vinicius apresentou
ao músico o projeto de sua peça Orfeu da Conceição e o convidou para musicá-la. Em entrevista para o
programa Ensaio da TV Cultura, resgatado para o especial sobre o poeta feito pelo Caminhos da
Reportagem da TV Brasil, Vinicius lembra desse encontro:

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Assista a íntegra do programa Poesia,


música, paixão: Vinicius de Moraes, do
Caminhos da Reportagem


A parceria com Antonio Carlos
Jobim, iniciada sob a
gerência espiritual de Orfeu,
serve de marca definitiva
para uma virada na carreira
do poeta. O inspirado Tom
desloca a atenção de Vinícius
do silêncio e da atmosfera
reservada própria à poesia e
a dirige para o ambiente mais


amplo e arejado da música
popular

José Castello em Vinícius de Moraes: O Poeta da Paixão (Cia das


Letras, 1997)

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Veja também o especial Vinicius de Moraes


Depois que encontrei o
Vinícius e fiz o Orfeu da
Conceição, percebi que
poderia ser um bom músico.
Antes, na adolescência, eu
subia o morro do Cantagalo e
ia lá pra cima olhar o mar.


Pensava na música, pensava em
ser músico”.

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy Callado e


Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

Veja também o especial Tom Jobim

João Gilberto reencontra Tom

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No início de 1955 João
Gilberto havia chegado ao seu
fundo do poço no Rio. Estava
sem dinheiro, sem trabalho e
quase sem amigos. O orgulho
flechado por todos os lados


fizera sua autoestima
despencar a zero

Ruy Castro em Chega de Saudade: a história e as histórias da Bossa


Nova (Companhia das Letras, 1990)

Após passar dois anos em diferentes cidades (Porto Alegre, Diamantina, Juazeiro e Salvador), João
Gilberto retorna ao Rio em 1957, então com 26 anos, e traz na bagagem os elementos fundamentais para
a consolidação da bossa nova: a batida do violão e a forma de cantar.

João Gilberto na época da gravação de seu primeiro disco - Foto:


Divulgação / Francisco Pereira

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Capítulos Linha do tempo
As saudades da minha família
eram grandes. Procurei minha
irmã, que se casara e residia
numa cidade mineira. E daí
fui rever os meus pais, de
quem eu estava afastado havia
seis anos[...] Meus planos
eram recuperar-me dos
insucessos. Quando vim
novamente para o Rio, estava
apto para lutar em situação
de igualdade com muita gente.


O sofrimento havia-me dado a
necessária experiência

João Gilberto em entrevista concedida para a Revista do Rádio em


23/01/1960.

Se Tom e Vinicius já haviam estabelecido a parceria de letra e música que serviu de base para o gênero
musical, o elemento detonador desse processo foi o reencontro de Tom Jobim e João Gilberto, que já se
conheciam anteriormente das madrugadas nas boates cariocas.

Estimulado por Chico Pereira, fotógrafo da gravadora Odeon, onde Jobim exercia a função de diretor
artístico, João procurou o maestro no seu apartamento em Ipanema e apresentou a ele duas
composições próprias: Bim-bom e Hô-ba-la-lá.

Tom se impressionou com a batida do violão do músico baiano e pensou nas composições em que
estava trabalhando. Escolheu Chega de Saudade, parceria com Vinicius feita após a temporada de Orfeu
da Conceição, que permanecia guardada.

O samba de João Gilberto

Tudo é samba. Esse espaço que aproveito,


Mas isso, essa tinha no samba. Foi tirado do
bossa, é outra samba. A prova que tinha, é
coisa: é samba e que tem. É um contratempo que
não é samba é do samba

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Essas falas foram destacadas de depoimentos dados por


Capítulos LinhaJoão Gilberto em outubro de 1990,
do tempo
selecionadas pela pesquisadora Edinha Diniz em João Gilberto (Cosac Naify, 2012), organizado por Walter
Garcia.

Ao acompanhar Elizeth Cardoso, João Gilberto inova na forma de cadenciar o ritmo, acentuando os
tempos fracos, de forma a realizar uma síntese da batida do samba ao violão.


A síntese realizada pelo
violão de João Gilberto é uma
redução da batucada do samba.
Uma estilização produzida a
partir de um dos instrumentos


de percussão (o tamborim) em
detrimento dos demais

Walter Garcia em Bim Bom: a contradição sem con itos de João


Gilberto (Paz e Terra, 1999).

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A maneira como ele trabalha o
samba faz com que a música
dele acabe sendo samba e não
sendo ao mesmo tempo. Eu
cheguei a essa conclusão


analisando o ritmo, a batida
do João Gilberto ao violão

Walter Garcia, em entrevista ao Portal EBC.

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Capítulos Linha do tempo

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João parte do samba para
retornar a ele: então, o que
ele faz é samba; e não é:
pois sua batida não permanece
no samba, ela vai e volta
impulsionada por aquilo que o
baiano acrescenta, aquilo que
se convencionou chamar de


bossa e que, formalmente são
os procedimentos jazzistas

Walter Garcia em Bim Bom, a contradição sem con itos de João


Gilberto

Meses depois de Canção do Amor Demais chegar às lojas, João Gilberto conclui a gravação de seu
próprio disco 78 rotações, contendo de um lado a canção Chega de Saudade e de outro Bim Bom,
composição própria.

Tom Jobim já havia apresentado para Aloysio de Oliveira, que assumiria como diretor-geral da Odeon, um
acetato com João Gilberto cantando e tocando Chega de Saudade apenas em voz e violão. Oliveira não se
impressionou com o que ouviu, mas foi convencido depois por André Midani e Dorival Caymmi, que se
juntaram a Tom para convencê-lo.

Jobim simpli cou o arranjo que havia feito para o disco de Elizeth para Chega de Saudade e também para
Bim Bom, que seria gravada pela primeira vez.


O samba sempre teve muito
acompanhamento, muita
batucada - às vezes sofria de
excesso de acompanhamento,
inclusive. Você tocando tudo
ao mesmo tempo [...] não
deixa os espaços. Você acaba
criando uma zoeira que mais
parece um mar de ressaca. O
que nós fizemos ali com o
João foi tirar as coisas,


criar espaço, dissecar,
despojar, economizar
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Tom Jobim em entrevista a Jorge Carvalho Pereira da Silva citado


Capítulos Linha do tempo
no artigo Eu mesmo mentindo devo argumentar, de José Miguel
Wisnik.

Nesse trabalho autoral, onde de nitivamente se consolidou o que seria chamado de bossa nova, aparece
outra faceta de João Gilberto: a forma de cantar o samba. Para Walter Garcia, dizer que João Gilberto
canta “baixinho”, ou que seu canto se aproxima do modo de falar, é contemplar apenas uma parte desse
processo.

“Existe também uma percussividade na forma de cantar de João Gilberto e alguns pesquisadores apontam
que seu canto se aproxima da sonoridade de um instrumento de cordas e da articulação de um saxofone”,
acrescenta.

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Ruy Castro levanta uma possível in uência na forma de cantar de João Gilberto: a cantora Sylvia Telles,
que já havia gravado a canção Foi a Noite, de Tom Jobim, em um disco gravado em 1956 - antes do
retorno de João Gilberto ao Rio de Janeiro.


Lembre-se que os dois foram
namorados em 1952, quando
João ainda usava amídalas à
Orlando Silva e a acompanhava
todo dia ao violão. Não se
pode ter certeza de como ela
cantava naquele tempo, mas,
desde os seus primeiros 78s a
partir de Foi a Noite em 1956
Sylvinha já era a mesma
cantora que em 1959 gravaria
Amor de gente moça. Ela não


havia mudado; João Gilberto,
sim.

Ruy Castro em Chega de Saudade: a história e as histórias da Bossa


Nova (Companhia das Letras, 1990)

Em uma rara entrevista, concedida a Tárik de Souza e publicada na revista Veja em 12/05/1970, João
Gilberto comentou sobre sua forma de cantar: capa

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“Uma das músicas que despertaram, que me mostraram que podia tentar
uma coisa diferente foi Rosa Morena, do Caymmi. Sentia que aquele
prolongamento de som que os cantores davam prejudicava o balanço
natural da música. Encurtando o som das frases, a letra cabia certa
dentro dos compassos e ficava flutuando. Eu podia mexer com toda a
estrutura da música, sem precisar alterar nada. Outra coisa com que eu
não concordava era as mudanças que os cantores faziam em algumas
palavras, fazendo o acento do ritmo cair em cima delas para criar um
balanço maior. Eu acho que as palavras deveriam ser pronunciadas da
forma mais natural possível, como se estivesse conversando. Qualquer
mudança acaba alterando o que o letrista quis dizer com seus versos.
Outra vantagem dessa preocupação é que, às vezes, você pode adiantar
um pouco a frase e fazer às vezes com que caibam duas ou mais num
compasso fixo. Com isso, pode-se criar uma rima de ritmo. Uma frase
musical rima com a outra sem que a música seja artificialmente
alterada”

João Gilberto em entrevista a Tárik de Souza

Caymmi toca violão em uma boate carioca. Autor de sambas-


canção na década de 1950, ele teve músicas regravadas por João
Gilberto com a batida de violão da bossa nova - Foto: Fundo Última
Hora, Arquivo Público do Estado de São Paulo capa

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A forma inovadora de tocar e cantar o samba, unida às harmonias de Tom Jobim e à guinada do poeta e
diplomata Vinicius de Moraes como letrista de música popular, encontrou ressonância imediata entre os
músicos que buscavam na noite carioca novas abordagens para o samba. Muitos deles eram
in uenciados pelo jazz norte-americano.

Transição
“A música brasileira de onde eu vim é a música do perdedor, perdedor nato [...]. A coisa da bossa nova, a
coisa do Vinicius, ele começa a dizer uma porção de coisas a rmativas, ele fala ‘eu sei que vou te amar’, ele
fala um troço positivo”, a rmou Tom Jobim em uma entrevista recuperada pela Rádio Nacional. Ouça o
trecho da entrevista:

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A bossa nova surgiu no momento em que o samba-canção era o gênero musical que dominava o
mercado fonográ co brasileiro. Ricardo Cravo Albin considera que Chega de Saudade, gravada por João
Gilberto, foi a manifestação concreta do movimento e um grito ao samba-canção.

“O samba-canção não era se não um samba lento, muitas vezes com um cheiro de bolero, que foi o
grande momento da venda de discos nos anos 1950. Era o samba-fossa, o samba dor de cotovelo”,
aponta o crítico e historiador.

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Capítulos Linha do tempo
Chega de Saudade, como diria
pitorescamente o maestro
Rogério Duprat, fora ‘uma
pernada na era boleral’.
Aquele novo jeito de cantar e
tocar de João Gilberto
ensolarava tudo - muito mais
do que ‘Copacabana’, com Dick


Farney, tinha feito 12 anos
antes

Ruy Castro em Chega de Saudade: a história e as histórias da Bossa


Nova (Companhia das Letras, 1990)

Trio de jazz de Dick Farney tocando no Peacock Alley do hotel


Waldorf Astoria, em Nova York, em 1957 - Crédito: Fundo Última
Hora / Apesp

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Para o crítico musical Zuza Homem de Mello, autor de Linha


Capítulos Copacabana: a trajetória do samba-canção, a bossa
do tempo
nova foi uma evolução dessa forma de fazer samba, que representou um momento de transição no
processo de modernização da música brasileira iniciado no nal da década de 1940.

“O samba-canção vinha dando ares de modernidade à Música Popular Brasileira, devido a compositores que
deram à música melodias e harmonias muito mais avançadas do que as que havia até então”, considera.

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Aproveitando os avanços musicais, a bossa nova se consolidou com a nova forma de ritmar o samba, e a
batida de violão de João Gilberto representou o ápice desse processo de modernização. “A bossa nova
também é um samba, não nos esqueçamos disso, só que um samba criado ou recriado pela batida de João
Gilberto”, pontua Cravo Albin.


O grande salto do samba-
canção para bossa nova foi
essa batida do João. Essa
batida do João está
incorporada. O universo todo
conhece. Eu tinha uma série
de sambas-canção de parceria
com Newton Mendonça mas a
chegada do João abriu novas
perspectivas: o ritmo que o
João trouxe. A parte
instrumental - harmônica e


melódica - essa já estava
mais ou menos estabelecida

Tom Jobim em Tons sobre Tom, de Márcia Cezimbra, Tessy Callado e


Tárik de Souza (Editora Revan, 1995)

No livro Verdade Tropical, Caetano Veloso exempli ca a transição do samba-canção para a bossa nova ao
comparar duas gravações da música Caminhos Cruzados, composição de Tom Jobim: a versão de
Maysa, gravada como samba-canção, e a de João Gilberto, como bossa nova. Ele conclui que a segunda
revela “o samba-samba que estava escondido num samba-canção”.

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Capítulos Linha do tempo
A interpretação de João é
mais introspectiva que a de
Maysa, e também violentamente
menos dramática; mas, se na
gravação dela os elementos
essenciais do ritmo original
do samba foram lançados ao
esquecimento quase total pela
concepção do arranjo e,
sobretudo, pelas inflexões do
fraseado, na dele chega-se a
ouvir - com o ouvido interior
- o surdão de um bloco de rua
batendo com descansada
regularidade de ponta a ponta
da canção. É uma aula de como
o samba pode estar inteiro
mesmo nas suas formas mais
aparentemente
descaracterizadas; um modo
de, radicalizando o
refinamento, reencontrar a
mão do primeiro preto batendo


no couro do primeiro atabaque
no nascedouro do samba.

Caetano Veloso em Verdade Tropical (Companhia das Letras, 2017)

Onde está João Gilberto?

A bossa nova chega à terceira idade com seu principal ícone fora de
atividade há dez anos: a última vez que João Gilberto pisou em um
palco foi em 2008, por ocasião das comemorações dos 50 anos desse
gênero musical. Em São Paulo, os shows aconteceram no auditório do
Ibirapuera e o apresentador foi o crítico musical e amigo pessoal de
João, Zuza Homem de Mello.

“Estive com ele pessoalmente, sempre com aquela amizade intensa de


parte a parte, numa situação muito amorosa, muito respeitosa e da
minha intensa admiração sobre aquele que é o mestre para a música capa

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popular”, recorda Melo. Capítulos Linha do tempo


A memória que guarda daquela apresentação é de uma platéia “totalmente
fascinada, num silêncio sepulcral”.

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Foi a última vez que ele esteve na presença do músico e lamenta sua
ausência dos palcos no momento em que o movimento musical alavancado
por ele chega aos 60 anos.

“É uma grande pena a gente não ter mais o João Gilberto podendo cantar
e tocar em público. Certamente ele deve estar cantando e tocando no
apartamento onde vive”, reflete.

Houve uma expectativa de que João voltasse aos palcos em novembro de


2011, em uma turnê nacional com o show João Gilberto 80 anos - Uma
vida Bossa Nova. Mas a primeira apresentação que seria realizada na
capital paulista foi cancelada por motivos de saúde por parte do
músico e a turnê terminou cancelada.

João Gilberto foi visto cantando e tocando violão pela última vez em
2015: ele aparece em vídeos postados na rede social Facebook por
Claudia Faissol, mãe de Luisa, filha caçula do cantor. João estava de
pijama, tocava e cantava Garota de Ipanema ao lado da filha.

“Mas em público é diferente, ele tem que se preparar para isso. A


razão disso [ausência dos palcos] é que ele não está preparado para se
apresentar em público. Há que se respeitar João Gilberto”, ressalta
Mello.

Devido a problemas financeiros e de saúde, sua filha Bebel Gilberto


conseguiu na Justiça a interdição do músico no último dia 15 de
novembro. O processo corre em segredo na 5ª Vara de Orfãos e Sucessões
do Rio de Janeiro.

Pesquisador da obra de João Gilberto, Walter Garcia sintetizou a complexidade do trabalho do músico
baiano como uma “contradição sem con itos”.

“O difícil do João Gilberto é que a obra dele está sempre equilibrando contrastes e antagonismos, embora
na aparência seja uma obra que não tem contradição nenhuma. Ela é toda atravessada de contradições
capa
mas elas são apresentadas como se não houvesse o con ito”, explica em entrevista à Portal EBC.
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Ele quali ca como “imensa” a contribuição do músico baiano


Capítulos para
Linha do música, a arte e a cultura brasileira,
tempo
mas ressalta que “estamos longe de compreender essa contribuição” e considera que, apesar de ter sido
bastante difundida, a obra de João “aos poucos foi deixando de ser escutada como deve ser”.

“Ela é colocada numa espécie de pedestal e aí ca difícil você escutar a obra e compreender exatamente o
que ela está tentando transmitir, o que está tentando expressar”, ressalta.

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Para Zuza Homem de Melo, o aspecto mais difícil para a compreensão da obra de João Gilberto é a
necessidade de uma audição muito concentrada em duas sonoridades diferentes, voz e violão, que se
complementam.

“Uma audição do João Gilberto não é uma audição de um cantor se acompanhando ao violão. Ouvir o João
Gilberto é uma audição de voz e violão ao mesmo tempo, é diferente, as pessoas precisam se exercitar para
ouvir as duas coisas ao mesmo tempo”, a rma.

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A grande contribuição rítmica
da bossa nova é que quando o
João cantava, havia um jogo
rítmico entre o violão, a voz
e a bateria [...]No Bim Bom
por exemplo, você vê a
dissociação entre o que ele
faz no violão e o que ele
canta, gerando essa terceira


coisa que eu acho
importantíssima

Depoimento de Tom Jobim a Zuza Homem de Mello, citado no livro


Bim Bom: a contradição sem con itos de João Gilberto (Paz e Terra,
1999).

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Walter Garcia destaca ainda outro aspecto do canto deLinha


Capítulos João:do
“ele controla o corpo de quem está ouvindo a
tempo
canção”. Isso implica em dois aspectos. Ao mesmo tempo que caracteriza uma obra de arte moderna em
termos autonomia da obra, do artista e por consequência da platéia “até certo ponto”, João Gilberto age,
segundo ele, como um “mandão esclarecido”.

“Como um coronel que ao dar ordens não grita, ele fala cada vez mais baixo, mas ao falar cada vez mais
baixo impõe que a pessoa silencie e que no limite ela não se mova. Isso eu observei em vários shows do
João Gilberto”, aponta.

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Bossa Nova e Tropicália

“Um cara que eu considero realmente um gênio, que extrapolou uma


posição no terreno da pesquisa cultural de pessoas informadas, para
uma influência total na música brasileira”. É dessa forma que Caetano
Veloso se referiu a João Gilberto, em uma entrevista concedida em
dezembro de 1967 para a Rádio Cultura de São Paulo.

“Ele assimilou toda a gama de informação que se tinha verbalmente e


também de uma maneira muito especial pela sensibilidade singular do
João. Ele engoliu tudo com uma violência terrível e conseguiu
transformar a maneira de se ouvir no Brasil até o fundo”, afirmou
Caetano na ocasião.

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A declaração foi feita por Caetano quando estava à frente do movimento


tropicalista, que retomava na música popular elementos que haviam sido
deixados de lado pela bossa nova.

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Capítulos Linha do tempo

João Gilberto convidou Caetano - que estava


no exílio em Londres - para participar com
ele e Gal Costa da gravação de um programa
para a TV Tupi em 1971. - Reprodução TV Tupi

Quase dez anos após o surgimento desse gênero musical, Caetano


considerava que, ao passar por um processo de vulgarização comercial,
a bossa nova perdia seu vigor enquanto manifestação cultural.

“Essa palavra pra mim não tem o sentido necessariamente pejorativo. A


vulgarização que eu falo é a transformação das conquistas do João
[Gilberto] em êxitos, em coisas comerciais”, afirmou Caetano. Ele
avaliou naquele momento que, ao passar por um processo de
comercialização sem conseguir fazer frente à outros tipos de música
comercial como o rock e o iê-iê-iê, a bossa nova passou a ser “uma
espécie de defesa da música brasileira contra a influência da música
vulgar internacional” e assim a se afastar de “um processo real”.

Veja também o especial da Tropicália

“Eu sentia que o que eu fazia era uma coisa muito mais ligada à morte
do que à vida e resolvi quebrar com as amarras a certas idéias
abstratas de cultura, de nacionalidade e de pureza, entende? Para capa

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conseguir me expressar de Capítulos


uma maneiraLinha
mais rica e mais viva”, afirmou
do tempo
na ocasião sobre a guinada na sua carreira musical no momento da
Tropicália.

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Cerca de um ano antes do surgimento do movimento tropicalista, o


próprio João Gilberto já havia feito um diagnóstico bastante próximo
ao de Caetano, durante uma passagem de quatro meses pelo Brasil antes
de voltar aos EUA, onde residia. Quanto ao iê-iê-iê, que cada vez mais
deixa o nosso samba em segundo plano no mercado brasileiro, João diz
que não é contra ele, pois é uma música muito “inocente”, enquanto a
bossa nova que “os meninos estão fazendo hoje, esta sim é que
prejudica o nosso desenvolvimento musical, porque é pretensiosa, sem
autenticidade e sem espontaneidade”, afirmou a Armando Aflalo na
reportagem “João Vê Tudo Errado na Bossa Nova”, publicada no Caderno B
do Jornal do Brasil em 24/04/1966.

“Não foi à toda que eles retomavam como mestre João Gilberto. Eles
impediram que se enterrasse o João Gilberto prematuramente”, afirmou
Décio Pignatari em relação ao movimento tropicalista, em entrevista
para a Rádio Cultura de São Paulo em maio de 1968.

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Diferente do Tropicalismo, que “foi mais uma ideia, um conceito e não


tinha uma forma definida”, a bossa nova se tornou permanente por ter
sido um movimento que mudou a estrutura da música popular brasileira,
na avaliação de Tárik de Souza.

“Qualquer pessoa hoje sabe o que é bossa nova, porque ela realmente
criou um padrão musical, tem uma forma musical definida. Ela ficou
característica e até hoje está por aí. Não vou dizer que ela faz
sucesso, mas ela existe, está na corrente sanguínea da música
brasileira”, afirmou em entrevista para a Portal EBC.

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Capítulos Linha do tempo

Gravadora Elenco
Como diretor artístico da Odeon, Aloysio de Oliveira foi o responsável pela gravação, em 1958, dos dois
primeiros discos 78 rpm de João Gilberto, além dos primeiros LPs do músico baiano: Chega de Saudade
(1959) e O amor, o sorriso e a or (1960). Ele deixou a Odeon depois que a gravadora demitiu Sylvia Telles
e Lúcio Alves, artistas que tinham sido contratados a seu pedido. Levou ambos para a gravadora Philips,
mas ali permaneceu por apenas um ano.

Depois de passar o ano de 1962 produzindo shows na casa Au Bon Gourmet, fundou sua própria
gravadora: Elenco.

Durante os três anos de atividade com Aloysio no comando (1963-1966), a Elenco lançou mais de 60 LPs
de músicos ligados à bossa nova. Além do time de músicos que integrava, a gravadora cou conhecida
também pela identidade visual de suas capas, que caram a cargo do fotógrafo Chico Pereira e do diretor
de arte César Villela.

“O Aloysio de Oliveira tem um papel fundamental [para a bossa nova] e ele criou a gravadora Elenco
justamente pra essas pessoas que estavam meio fora do sistema que as gravadoras queriam”, pontua
Tárik de Souza.

Con ra abaixo alguns artistas lançadas pela gravadora Elenco:

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Capítulos Linha do tempo

Linha do Tempo

1946

Gravação da música Copacabana por Dick


Farney

Dick Farney nos anos 40 -


Foto: Fundo Última Hora /
Apesp

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Capítulos Linha do tempo

Tom Jobim começa a trabalhar como


pianista da noite em bares e boates da Zona
Sul do Rio de Janeiro.

1950

Aos 19 anos, João Gilberto se muda para o


Rio de Janeiro para tentar a carreira musical
e passa a integrar o conjunto Garotos da
Lua.

Foto: Divulgação

1952
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Capítulos Linha do tempo

João Gilberto grava seu primeiro disco de 78


rotações

Foto: Reprodução

Tom Jobim começa a trabalhar como


arranjador na gravadora Continental

Johnny Alf é contratado como pianista da


recém-inaugurada Cantina do César.

Três músicas dele são gravadas pela Rainha do Rádio


Mary Gonçalves em seu disco Convite ao Romance:
Estamos sós, O que é amar e Escuta.

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1953

Marisa Gata Mansa grava a composição


Você Esteve com Meu Bem?, de João
Gilberto

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Capítulos Linha do tempo

Foto: Reprodução

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Tom Jobim tem suas primeiras músicas


gravadas

Em abril, o cantor Mauriey Moura grava Incerteza, parceria


com Newton Mendonça. Em junho, Ernâni Filho grava
Pensando em Você e Faz uma semana, de autoria de
Jobim e Juca Stockler

O violonista e compositor Laurindo de


Almeida grava com o saxofonista Bud Shank
três discos chamados Brazilliance, em uma
tentativa de unir a música brasileira ao jazz

Foto: Reprodução

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1954 capa

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Capítulos Linha do tempo

A música Tereza da Praia, parceria de Tom


Jobim e Billy Blanco, é gravada pelos
cantores Dick Farney e Lúcio Alves.

Foto: Reprodução

Também em parceria com Blanco, Jobim


inicia a gravação do LP Sinfonia do Rio de
Janeiro

Foto: Reprodução

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Capítulos Linha do tempo

1955

Sem sucesso em sua carreira artística, João


Gilberto deixa o Rio de Janeiro.

Luís Bonfá grava seu primeiro LP com a


música Minha Saudade, de João Donato,
acordeonista do disco que tem Tom Jobim
como pianista

Foto: Reprodução

A composição Minha Saudade ganhou letra de João


Gilberto e foi gravada por Donato em 1958. Con ra a
entrevista de João Donato para a Rádio MEC:

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Com a morte de Carmem Miranda em


agosto de 1955 nos EUA, Aloysio de Oliveira
resolve desfazer o Bando da Lua, conjunto
que acompanhava a cantora.

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Capítulos Linha do tempo

Carmen Miranda (ao centro)


durante intervalo das
lmagens do lme, Springtime
in the Rockies), por volta de
1942. - Foto: Domínio Público

1956

Aloysio de Oliveira retorna ao Rio de Janeiro,


onde se torna diretor artístico da gravadora
Odeon

Sylvia Telles lança Foi a Noite, parceria de


Jobim com Newton Mendonça

Vinicius de Moraes encontra Tom

Tom e Vinicius compõe Chega de Saudade

1957

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João Gilberto retorna ao Rio de Janeiro
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Capítulos Linha do tempo

1958

O disco Canção do amor demais, de Elizeth


Cardoso, é lançado em maio

Tom Jobim e Newton Mendonça compõem


“Desa nado”

Considerada um dos manifestos do movimento musical


que estava surgindo naquele momento, a música traz o
verso “isso é bossa nova, isso é muito natural”, antes que
o termo fosse utilizado para batizar o novo ritmo.

Em julho, João Gilberto lança o disco que


passa a ser considerado como o marco do
nascimento da bossa nova

Foto: Reprodução

O disco 78 rotações trazia de um lado Chega de Saudade,


composição de Tom e Vinicius, registrada ainda como
samba-canção, e do outro, Bim Bom, composição de João
Gilberto.

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Capítulos Linha do tempo

Show no auditório do Grupo Universitário


Hebraico reúne músicos in uenciados por
João Gilberto e Tom Jobim

A apresentação teria sido divulgada por seu organizador,


o jornalista Moysés Fuks, como “uma noite bossa nova”

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Em novembro, sai o segundo disco 78


rotações de João Gilberto

Foto: Reprodução

O disco traz contendo no primeiro lado a música


Desa nado, composição de Tom Jobim e Newton
Mendonça e no lado B outra música autoral de João
Gilberto: Hobalalá.

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1959

João Gilberto lança pela Odeon seu primeiro


LP: Chega de Saudade

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Capítulos Linha do tempo

Foto: Reprodução

Em janeiro de 1959 Tom Jobim convenceu Aloysio de


Oliveira a gravar o primeiro LP de João Gilberto, Chega de
Saudade, contendo 12 músicas.

Foto: Reprodução

Lenita Bruno grava o disco Por toda a minha


vida ,

O disco de Lenita traz a face característica de Tom e


Vinicius, Com músicas como Canta, canta mais; Cai a
tarde, Eu não existo sem você, As praias desertas e Eu sei
que eu vou te amar.

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Capítulos Linha do tempo

Foto: Reprodução

Sylvia Telles grava Amor de gente moça,


dedicado às composições de Tom Jobim

Foto: Reprodução

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O lme Orfeu Negro, adaptação da peça de


Vinicius, ganha a Palma de Ouro, em Cannes

Na mesma época, é lançado na França o disco de mesmo


nome, com composições como A Felicidade, O nosso
amor e Frevo.

1960
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Capítulos Linha do tempo


Faculdade de Arquitetura do Rio de Janeiro
recebe o show A Noite do Amor, do Sorriso e
da Flor

Foto: Reprodução

O show de bossa nova trouxe pela primeira vez a


presença de João Gilberto, que se apresentou ao nal do
espetáculo ao lado de sua mulher Astrud. Também
tocaram na ocasião Johnny Alf, precursor da bossa nova,
Os Cariocas, Vinicius de Moraes e Elza Soares.

Morre, aos 33 anos, Newton Mendonça

João Gilberto lança seu segundo disco, O


amor, o sorriso e a or

Foto: Reprodução

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No disco, além de Samba de uma nota só, aparecem as


Capítulos
canções Meditação e Discussão, da parceria entre Tom Linha do tempo
Jobim e Newton Mendonça, além de Outra Vez e Só em
teus braços, apenas de Jobim.

1962

Tom, Vinicius e João Gilberto se apresentam


juntos

Em 2 de agosto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João


Gilberto dividem o palco pela primeira vez,
acompanhados do conjunto vocal Os Cariocas.

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No show na casa de shows Au Bon Goumert, no Rio de


Janeiro, foi apresentada pela primeira vez a canção
Garota de Ipanema. Também foram tocadas em primeira
mão Só danço samba e Samba do avião.

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Show no Carnegie Hall apresenta a bossa


nova

Em novembro, o consulado brasileiro - em uma ofensiva


de propaganda - promove um show no Carnegie Hall, em
Nova York, para mostrar a bossa nova. Entre os músicos
estão Tom Jobim, João Gilberto, Luís Bonfá, Oscar Castro
Neves, Sérgio Mendes, Carlos Lyra e Chico Feitosa.

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Versão instrumental de Desa nado é


gravada nos EUA

O compacto, lançado pelos músicos de jazz Stan Getz


(saxofone) e Charlie Byrd (guitarra), vende um milhão de
cópias.

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Capítulos Linha do tempo

Foto: Reprodução

1963

Tom Jobim estreia em disco solo nos EUA

Aos 36 anos, o maestro grava The composer of


Desa nado plays, com orquestrações do maestro alemão
Claus Ogerman.

Foto: Reprodução

Aloysio de Oliveira abre sua própria gravadora: Elenco

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Capítulos Linha do tempo

Foto: Reprodução

1964

João Gilberto, Astrud Gilberto e Stan Getz


lançam o álbum Getz/Gilberto

Foto: Reprodução

O disco vende mais de dois milhões de cópias e projeta


internacionalmente a música The girl from Ipanema. Ele
permanece durante 96 semanas em segundo lugar na
lista dos mais vendidos da revista Billboard, atrás apenas
de A Hard Day’s Night, dos ingleses The Beatles.

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Capítulos Linha do tempo

Expediente

Reportagem e produção:
Leandro Melito

Edição:
Ana Elisa Santana e Nathália Mendes

Imagens do vídeo A batida de João Gilberto:


Jorge Monforte

Design e implementação:
Daniel Dresch

Gerência Executiva de Web

Os áudios disponibilizados na linha do tempo são programetes produzidos e cedidos pela rádio MEC, do Rio de Janeiro

Pesquisa, roteiro e produção:


Adriana Ribeiro

Locução:
Raquel Ricardo

Gerente Rádio MEC:


Thiago Regotto

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