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Centro Tecnológico
PROJETO
CONCEITUAL
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
E SUA IMPORTÂNCIA PARA A COMPETITIVIDADE
1.1 - INTRODUÇÃO
Qualidade
COMPETITIVIDADE
Custo Tempo
1.2 – PRODUTO
Num sentido amplo, produto pode ser um bem ou serviço resultante de qualquer
processo. Mais especificamente, o termo produto se refere a artefato1 concebido, produzido,
transacionado e usado pelas pessoas ou organizações, por causa das suas propriedades e
funções que podem desempenhar, satisfazendo desejos ou necessidades de um mercado.
Os produtos são constituídos de elementos básicos que formam um conjunto de
atributos básicos tais como: aparência, forma, função, material, embalagem, rótulo, cor, sabor
e aroma, marca, imagem (reputação), serviços pós-venda e garantias.
Um novo produto pode ser considerado como o desenvolvimento e a introdução de um
produto, não previamente manufaturado por uma empresa, no mercado ou a apresentação de
um produto já existente num novo mercado não previamente explorado pela empresa.
Novos produtos não necessariamente significam produtos originais, novos produtos
podem ser obtidos com melhorias e modificações em produtos existentes. Assim, um novo
tamanho e forma de um produto já existente podem representar um novo produto. Da mesma
forma, um produto já existente introduzido num novo nicho de mercado ou um novo mercado
geográfico pode ser considerado um novo produto. Um produto nunca antes visto é também
um novo produto, apesar de ser menos comum que os outros tipos. Os novos produtos podem
ser classificados em:
1
Artefato é um objeto produzido industrialmente
Vendas
Fluxo de caixa
Lucro
Tempo
Ocorre um aumento dos lucros durante a fase de crescimento e, geralmente poucas empresas
obtêm lucro antes desta fase. Na fase de maturidade tem-se uma estabilidade, melhor descrita
como um período sem crescimento e de estagnação do mercado. A maior parte dos lucros
com o produto é obtida nesta fase. Na fase seguinte, de declínio, ocorre uma diminuição nas
vendas causada por fatores tais como: aumento da concorrência com novos produtos, por
inovações e desenvolvimentos tecnológicos que levam o produto à obsolescência e a
mudanças de hábitos nos consumidores. Normalmente nesta fase, as empresas gradativamente
eliminam os canais de distribuição menos rentáveis para em seguida encerrar a produção do
produto. O abandono de produtos geralmente ocorre após a fase de declínio, mas é possível
em alguns casos que o produto vá diretamente da fase de crescimento para o declínio.
No segundo caso, mostrado na figura 1.3, ciclo de vida do produto significará a
seqüência de fases pelas quais se desenvolve o produto, desde a busca de oportunidades no
mercado, o projeto, a fabricação, o uso e a retirada. Dentro deste ciclo, tratar-se-á, na presente
disciplina, a fase ou processo de projeto, mais especificamente o as fases iniciais deste
processo que compreendem o Projeto Informacional e o Projeto Conceitual.
NECESSIDADE
PLANEJAMENTO DO PRODUTO
PROJETO
PLANEJAMENTO DO PROCESSO
PRODUÇÃO
PRODUTO
MARKETING
USO DO PRODUTO
RETIRADA
Fig. 1.3 - Ciclo de vida do produto segundo as atividades que o produto passa.
1.4 - PROJETO
escopo apropriado, fornecido no tempo certo, no custo certo e, boas especificações de função,
de fácil fabricação, de uso, segurança, confiabilidade, de fácil e econômica manutenção,
integrado ao meio ambiente, etc. Para conceitos tais como fácil e econômica fabricação, fácil
e econômica montagem, fácil e econômica manutenção, e tantos outros, serão usados os
termos fabricabilidade, montabilidade e mantenabilidade. Estas são qualidades que o produto
deverá apresentar.
Para desenvolver um produto com eficiência e eficácia, é necessário saber o que fazer,
para quem fazer, quando fazer, com que fazer, e como fazer. A esta organização, os
conhecimentos, métodos e ferramentas, utilizadas para o desenvolvimento, chamar-se-á de
metodologia de projeto ou metodologia de desenvolvimento de produtos. Outros termos
encontrados na literatura são engenharia do produto; projeto de engenharia e teoria de projeto.
Na literatura inglesa encontram-se termos tais como: engineering design; product design e
theory of design e na língua alemã encontram-se os termos de Methodisches Konstruieren e
Theorie der Konstruktionsprozesse.
Com a globalização da economia, os produtos devem apresentar alta qualidade, no mais
amplo sentido do termo, ou seja o produto deve ser competitivo. Para alcançar esta
competitividade o produto deverá ser desenvolvido de uma forma integrada, com
competências em múltiplas disciplinas, assim, não se pode mais falar em projetista, no
singular, e sim de uma equipe integrada de profissionais das diversas funções dentro de uma
empresa, ou que atua, simultaneamente, ao longo do processo de desenvolvimento do
produto.
A gerência é importante para que uma equipe de profissionais das mais diversas
competências – desenhistas industriais ou designers; de marketing; de custos; engenheiros
mecânicos, eletricistas, eletrônicos, de informática, de materiais, de confiabilidade; de
embalagens; assistência técnica; consumidores; fornecedores; etc – alcance bons resultados.
Esta ação de gerência é, genericamente, denominada e encontrada na literatura técnica sob os
termos de gestão ou gerenciamento de projetos. Nesta obra prefere-se usar o termo
gerenciamento, ou então mais especificamente, gerenciamento do desenvolvimento do
produto.
cada produto, e projetando para a efetiva manufatura, poucas mudanças serão necessárias
quando o produto for lançado, favorecendo a obtenção de padrões competitivos de qualidade.
Ou seja, um forte comprometimento do projeto com a produção, implica em que atrasos e
surpresas podem ser evitados.
Fig. 1.4 - Efeitos das diferentes fases do ciclo de vida sobre o custo do produto (Blanchard &
Fabrycky 1990).
Como já foi dito as figuras 1.2 a 1.4 mostram aspectos qualitativos de custo do
produto, na sua produção ou ao longo de todo o ciclo de vida, mas de forma semelhante pode-
se analisar sob uma ótica atual, considerando os conceitos de valor agregado, qualidade ou
competitividade do produto, onde estas características são introduzidas, se não,
fundamentalmente, no projeto e especialmente no projeto conceitual.
Fig. 1.5 - Visibilidade dos custos do ciclo de vida do produto, (Blanchard & Fabrycky, 1990).
Figura 1.6 -Influência sobre o custo do produto devido as tomadas de decisão referentes ao
projeto, material, mão-de-obra e instalações, (Smith & Reinertsen, 1991)
Lançamento
Produção
Custo de
mudança Protótipo
Projeto
10 100 1.000 10.000
Início
Estágios de desenvolvimento
Figura 1.7 - Efeito de escala de custos de mudanças do produto nas diversas fases de
desenvolvimento (Huthwaite & Schneberger , 1992).
Como se pode observar, as figuras 1.4, 1.6 e 1.7 mostram efeitos qualitativos da
atividade de projeto sobre o custo do produto, na sua produção ou ao longo de todo o ciclo de
vida. De forma semelhante pode-se analisar os efeitos do projeto de produto sob uma ótica
mais atual, considerando conceitos de valor agregado, qualidade ou competitividade do
produto.
Baseado nas observações anteriores verifica-se que, na atualidade, a competitividade
dos produtos é, fundamentalmente, dependente da atividade de projeto tendo em vista os
seguintes fatos:
- de 70% a 90% (Barton et. al., 2001) do custo do ciclo de vida do produto já estão
comprometidos com as decisões tomadas até o final do projeto do produto;
- que o projeto conceitual de um produto deve ser bem elaborado de início, para evitar os
elevados custos de modificações em estágios avançados do desenvolvimento (Huthwaite &
Schneberger , 1992);
- que a aplicação de metodologias ou procedimentos de desenvolvimento integrado do
produto ou de engenharia simultânea tem apresentado consideráveis vantagens nos seguintes
aspectos: redução de tempo de desenvolvimento do produto; redução de modificações do
projeto e aumento da qualidade sob os mais diversos aspectos.
De acordo com Dixon (1991) de um levantamento efetuado junto às empresas,
mundialmente reconhecidas como competitivas, incluindo a Xerox, Polaroid, Ford, Hewlett-
Packard, Carrier e a GE, as melhores práticas de desenvolvimento de produtos eram as
relacionadas a seguir:
- Mecanismo para obtenção e consideração, de novas e melhoradas idéias de
produtos e processos, de -consumidores, de colaboradores e de mercado. Este
processo era facilitado e apoiado por um contínuo fluxo de informações de novas
metodologias, materiais e tecnologias;
- Mecanismo para seleção de novas idéias para estudos preliminares relativos ao
projeto, potencial de mercado, fabricação, custos e estratégias da empresa;
Nos últimos anos tem-se publicado muito sobre pesquisas por métodos e metodologias
mais eficazes de desenvolvimento de produtos industriais e sobre experiências e métodos de
ensino, visando à capacitação em cursos convencionais de graduação e de pós-graduação,
bem como na capacitação continuada de profissionais, procurando encurtar o tempo de
formação e aumentar a produtividade e a eficácia de equipes que atuam em problemas de
desenvolvimento de produto.
Segundo experiências do NeDIP e de vários outros relatos, como por exemplo, Dixon
(1991) e Lovejoy & Srinivasan (2002), o curso deve apresentar um conjunto de disciplinas
genéricas básicas, conforme já discutido no item anterior, e uma atividade prática de
desenvolvimento de produto na forma, o mais próximo possível, do que ocorre num ambiente
de indústria.
Na graduação, além das disciplinas de seus cursos de formação, recomenda-se a
introdução de pelo menos quatro disciplinas, tais como: metodologia de projeto;
gerenciamento de projetos, noções de desenvolvimento integrado ou de engenharia simultânea
e de princípios básicos de custos e organização de negócios.
Na pós-graduação, como mestrado profissionalizante ou curso de especialização,
recomenda-se um elenco de disciplinas básicas cobrindo os seguintes aspectos: processo de
desenvolvimento de produtos; engenharia simultânea; gerenciamento do desenvolvimento de
1-9. REFERÊNCIAS
ASME REPORT. Goals and Priorities for Research on Design Theory and Methodology.
National Science Foundation, 1985.
BARTON, J. A.; LOVE, D. M.; TAYLOR, G. D. Design determines 70% of cost? A review
of implications for design evaluation. Journal of Engineering Design. vol. 12, n. 1, p. 47-
58. 2001.
DIXON, J. R. New Goals for Engineering Education. Mechanical Engineering. March 1991.
pp. 56 - 62.
DOWNEY, W. G. Development Cost Estimating. Report of the Steering Group for the
Ministry of Aviation. Inglaterra, 1969.
KRICK, E. V. An Introduction to Engineering and Engineering Design. John Wiley & Sons,
1965.
OTTO, K.; WOOD, K. Product Design: Techniques in Reverse Engineering and New Product
Development. New York: Prentice Hall, 2001.
PAHL, G. & BEITZ, W.. Série de 36 artigos. "Für der Konstruktions Praxis". Publicados na
revista Konstruktion de 1972 a 1974.
PAHL, G. & BEITZ W. Konstruktionslehre. Springer Verlag, 1977 (3ª edição 1993).
SMITH, P. G. & REINERTSEN, D. G. Developing Products in Half the Time. Van Nostrand
Reinhold, 1991.
VDI 2221. Methodik zum Entwickeln und Konstruieren Technischer Systeme und Produkte,
1985