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Você me olha com esse rosto de "eu quero você agora" e depois,
depois sai de fininho com o olhar 46, porque 43 é pouco pra descrever.
Você me toca com essa mania de deixar marcas de saudade. Me beija e
depois sorri, me faz enlouquecer de amores e depois eu não te encontro
em lugar algum que não seja nos meus sonhos. Eu fico confusa e quero
te dizer, garoto, que está difícil, está ficando impossível não desejar você
aqui o tempo todo. Descomplica!
[SUA FOTO]
Ela teve muitas, não é? Eu sei que sim. Você a deixou escolher o
mundo, ou você esperou um poema que dissesse que você era o mundo,
mas ela não soube ser poesia, ela nunca foi. Perdoou e esperou, porque
quando a gente perdoa espera que as coisas se acertem. Foram vias,
foram chances, foram lagrimas e coração partido em mil pedaços. Eu
estava lá, eu estive sempre lá, eu era o objeto mal olhado, a cama
bagunçada ou o despertador chato. Eu estive lá e quando você cansou
de chorar, eu estava lá. Dentre as mil chances, só precisei de uma. Você
não notou.
[UMA DROGA PESADA]
Ainda tem você aqui em mim, tem você por todo lugar. Se eu vou
ao quarto você está lá, deitado com os lençóis todos revirados e
empacotados pelo quarto e teu cheiro incendeia meus instintos mais
tranquilos... ainda tem você no meu apelo, tem você nas minhas
melhores frases, nos versos mais sólidos, nas águas, nas extremidades
da minha vida. Ainda tem você no meu cheiro, tem você nos livros, tem
você na rua e está até mesmo nos meus olhares tristes e parados e o
carteiro que chama na porta se assemelha a você. Os olhos azuis do
meu vizinho me lembram os pretos dos teus cabelos... Isso não tem
sentido e tem. Você está em mim, mas você não está aqui.
[DUAS VIDAS NÃO SE CRUZAM POR ACASO]
Vai virar poesia sim, vai pegar esse machucado e vai fazer uma
poesia sim. Disseram-me que só era triste quem não escrevia poesia,
fiquei pensativa e sem entender muito bem a questão. Eu que escrevo
poesia desde os onze anos, não concordei, mas depois pude ver, quem
escreve poesia não é triste porque joga nos versos tudo que precisa
dizer, desabafa tudo que está preso lá dentro. A tristeza foge do poeta,
foge pela tinta no papel e o poeta sorri. Pode até doer, mas eu fiz uma
poesia. Nada é em vão.
[NEVE NO CALOR]
"Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida,
removendo pedras e plantando flores." - Cora Coralina
Depois que acaba você não entende nada, não entende as batidas
do coração que se confundem ao latejar da dor infernal que fica. Não
entende nada, não entende a cabeça que tudo associa a pessoa. Não
entende como todo mundo resolve de uma vez só usar todas as gírias e
o possuírem o mesmo cheiro... Ou será que a gente que fica meio louco
e não entende como isso aconteceu? E o tempo vai passando e as coisas
vão se acertando (ou não), talvez a gente sempre demore a permitir que
as coisas se ajeitem, como se pudéssemos comandar tudo e na verdade
não comandamos nem o nosso próprio eu, o próprio sentimento.
Quando a vida enfim passa para uma segunda etapa a gente
consegue entender, depois que deixou de ser assim tão importante,
depois de tudo, de chorar, espernear como um bebê, depois de aprender
a viver, você percebe. Não era pra ser e se tivesse sido teria sido tudo
errado. Seria sim. E você diz que aprendeu a lição, só fica quem deve
ficar, mas vem mais alguém e esse alguém vai e sabe a lição? A gente já
tem jogado fora. Calma, é a solução. Calma!
[VOCÊ NÃO ESTAVA LÁ]
Sabe quando você sente o mundo meio vazio, meio sem cor, meio
pelo meio, metade, sozinho? Sabe quando os rios parecem que pararam
de navegar, os barcos de velejar, as ondas de assustar? Quando você
parece sozinho em um mundo sem amor? Sabe quando tudo o que você
tem parece escorrer pelos dedos, pelos fios de cabelo, pelos pelos do
corpo, pela cor da sua pele? Quando você quer se jogar no abismo, mas
parece que o abismo não quer que você se jogue? Pois é... Ta pesando,
as pálpebras dos meus olhos estão pesando. E eu só queria não querer.
[JÁ SE PASSARAM SETE ANOS]
Estou ouvindo aquela música
Estou sentindo o seu cheiro, não sei de onde está saindo, mas eu
estou sentindo. Acho que é minha mente que não conseguiu parar de
pensar em você. Estou meio bêbada, ou seria melhor confessar que eu
estou pra lá de bêbada? Já dei PT e retornei duas vezes essa semana e
meu estômago não está gostando muito das novidades. Acho que minha
intensão é matar as borboletas que estão lá dentro, mas tem sido em
vão. Ignore-me, ignore e finja que eu não escrevi porque provavelmente
eu vá tentar fazer o mesmo quando o efeito do álcool passar, mas talvez
eu vá tomar mais uns goles pra remendar meu peito. A verdade é que
parece que tem seu nome escrito no gargalo e eu encosto-me a ele
sentindo o amargo de sentir seu cheiro, mas não ter você.
Desde cedo ouvi e tive que engolir que pessoas fortes não choram
e nem dizem o quanto estão doloridas por dentro. A fraqueza sempre me
tolheu, sempre me senti uma pessoa fraca por nunca conseguir sorrir
na hora da dor, por nunca segurar as lágrimas, nunca ser alguém que
ignora.
E então descobri que às vezes é preciso ser bem forte para
demostrar, para deixar que as lagrimem desçam, para que as pessoas te
olhem com cara de angústia, como se você fosse uma coitadinha. É
preciso muita força para se deixar ser si próprio. Eu ainda me sinto
uma menina fresca e mimada, e não sei mais se gosto da ideia de ficar
fingindo que não machuca pensar assim. As pessoas machucam, e eu
não gosto de ser machucada.
[UMA AMIGA ME INSPIROU]