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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR JOSÉ FLÁVIO DE ALMEIDA,

PRIMEIRO VICE-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS

Recurso Especial 1528868-13.2019.8.13.0000


Recorrente: Unimed Divinópolis Cooperativa de Trabalho Médico Ltda.
Recorrida: Maria Clara Ribeiro Eloi

UNIMED DIVINÓPOLIS COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO


LTDA., já qualificada, inconformada com a decisão que INADMITIU o Recurso
Especial, vem, respeitosamente, por sua procuradora signatária, com
fundamento no artigo 1.042 do Código de Processo Civil, interpor AGRAVO,
escudada nos fatos e fundamentos jurídicos articulados nas razões anexas,
requerendo que o recurso seja recebido e processado na forma legal,
remetendo-se os autos ao Superior Tribunal de Justiça.

O presente recurso é próprio, uma vez que visa a reforma da


decisão proferida pelo d. Desembargador 1º Vice-Presidente do Tribunal de
Justiça de Minas Gerais, que negou seguimento ao Recurso Especial.

É tempestivo, nos termos do § 5º do artigo 1.003 do CPC, visto


que o sistema registrou a leitura da intimação em 31/05/2021. A contagem
do prazo de 15 (quinze) dias para interpor o presente recurso iniciou-se no
dia 01/06/2021, findando em 23/06/2021, em virtude do feriado municipal
de Corpus Christi de 03/06/2021, nos termos do artigo 1º da Lei Municipal nº
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1.327/67 anexa (doc.1) e do inciso I do artigo 2º da Portaria Conjunta nº
1196/PR/2021 do TJMG (doc.2), bem como da suspensão do expediente em
04/06/2021, conforme parágrafo único do artigo 2º da Portaria Conjunta nº
1196/PR/2021 (doc.2) e inciso I do artigo 1º da Portaria Conjunta nº
1.127/PR/2021 (doc.3), ambas do TJMG.

Dispensado o recolhimento do preparo, nos termos do CPC, art.


1.042, §2º.

Termos em que, respeitosamente,


pede deferimento.

Belo Horizonte/MG, 21 de junho de 2021.

LORENA DOURADO OLIVEIRA


OAB/MG 105.506

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AGRAVO DE INSTRUMENTO

Origem: Tribunal de Justiça de Minas Gerais


Agravante: Unimed Divinópolis Cooperativa de Trabalho Médico
Ltda.
Agravada: Maria Clara Ribeiro Eloi

RAZÕES DA AGRAVANTE

Egrégio Tribunal.
Colenda Câmara.
Eminentes Ministros.

I – BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto em face da decisão


proferida nos autos do processo 0137842-34.2019.8.13.0223, em trâmite
perante a Vara da Infância e Juventude da Comarca de Divinópolis, a qual
determinou que a ora Agravamte “implemente as providências, sobretudo custeio,
se o caso, de especialidades quais sejam: o FORNECIMENTO DE 01 LEITOR DE FORMA
DEFINITIVA E 02 SENSORES MENSAIS DE FORMA ININTERRUPTA EM CONFORMIDADE COM A
INDICAÇÃO MÉDICA, com o fornecimento de todos os itens, materiais, medicamentos,
insumos, os quais deverão ser prestados de acordo com as orientações e prescrições
médicas, à menor MARIA CLARA RIBEIRO ELOI, NO PRAZO DE ATÉ 05 DIAS ÚTEIS, sob pena
de multa”.

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Ao deferir a tutela de urgência, o d. Juiz de 1ª Instância
entendeu que “os documentos acostados à exordial, mormente os relatórios médicos,
atestam a gravidade do transtorno comportamental da menor”. O Magistrado
consignou ainda que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais “já consolidou o
entendimento de que configura recusa injusta a não autorização do procedimento em
casos de emergência e urgência, não sendo lícito à operadora de plano de saúde negar o
seu atendimento”.

A Unimed Divinópolis, ora Agravante, alega nas razões do Agravo


de Instrumento que o contrato de plano de saúde da Recorrida exclui
expressamente da cobertura o fornecimento de próteses, órteses e seus
acessórios não ligados ao ato cirúrgico, além dos procedimentos não
integrantes do rol da ANS. Assevera ainda que o contrato foi redigido em
conformidade com a Lei 9656/98, notadamente com o inciso VII e o § 4º do
artigo 10. Demonstra a inexistência de evidência científica de que o aparelho
Freestyle é mais efetivo do que o glicosímetro fornecido pelo SUS.
Sucessivamente, pede que seja autorizada a cobrança de coparticipação
prevista em contrato sobre os serviços prestados em regime ambulatorial.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais NEGOU PROVIMENTO ao


Agravo de Instrumento, ao argumento de que, “por ser imprescindível ao
tratamento de doença não excluída da cobertura contratual, é abusiva a negativa da
operadora do plano de saúde em custear o medidor”. No que tange à cobrança de
coparticipação, argumentou que “a validade da cláusula de coparticipação depende
das circunstâncias do caso concreto, sendo necessário aferir se ela acarreta
desvirtuamento da livre escolha do segurado ou desmedida restrição ao acesso aos
serviços”, o que demanda maior dilação probatória.

Em face do acórdão, a Agravante interpôs Embargos de


Declaração, a fim de que o Tribunal Estadual se manifestasse
especificamente quanto ao inciso VII e ao § 4º do artigo 10 da Lei 9656/98
c/c inciso III do artigo 4º da Lei 9961/2000, os quais foram alegados nas

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razões recursais, mas não foram impugnados no acórdão, que julgou a lide
exclusivamente com base no Código de Defesa do Consumidor. A Agravante
requereu ainda que a Turma Julgadora se manifestasse quanto ao artigo 35-G
da Lei 9656/98, segundo o qual a norma consumerista aplica
subsidiariamente aos contratos entre usuários e operadoras de planos de
saúde.

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais REJEITOU os embargos de


declaração ao argumento de que o acórdão “apontou, com precisão, as razões de
seu convencimento”, salientando o entendimento do acórdão, com base na
legislação consumerista, de que é “abusiva a negativa da operadora do plano de
saúde em custear insumos imprescindíveis ao tratamento de doença não excluída da
cobertura contratual”.

Inconformada com o acórdão do Tribunal de Justiça de Minas


Gerais, que contrariou e negou vigência aos artigos 10, inciso VII e § 4º, e 35-
G, ambos da Lei 9656/98, e ao artigo 4º, inciso III, da Lei 9961/2000; bem
como contrariou o disposto no inciso IV do § 1º do artigo 489, e inciso II do
artigo 1022, ambos do Código de Processo Civil; além de dar às Leis 9656/98
e 9961/2000 interpretação divergente daquela que lhe atribuiu o Superior
Tribunal de Justiça, a Agravante interpôs Recurso Especial.

Em análise de admissão do recurso, o d. Desembargador 1º Vice-


Presidente do TJMG o inadmitiu sob os seguintes argumentos: primeiro, “a
Turma Julgadora deliberou sobre as questões que lhe foram apresentadas, encontrando-se
o acórdão fundamentado de forma a não ensejar dúvidas a respeito das razões de ordem
jurídica que lhe deram sustentação”; e, segundo, em conformidade com o
disposto na Súmula 735 do STF, “via de regra, não é cabível recurso especial para
reexaminar decisão de deferimento ou indeferimento de medida liminar ou antecipação
de tutela, em razão da natureza precária da decisão, sujeita a modificação a qualquer
tempo, devendo ser confirmada ou revogada pela sentença de mérito”.

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Com efeito, laborou em equívoco o ilustre Desembargador 1º
Vice-Presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, conforme será
demonstrado a seguir.

II – DOS FUNDAMENTOS DO AGRAVO

II.1 – OMISSÃO E PREQUESTIONAMENTO - VIOLAÇÃO AO ARTIGO 489, § 1º,


INCISO IV, E AO ARTIGO 1.022, INCISO II, AMBOS DO CPC

O d. Desembargador 1º Vice-Presidente do TJMG, ao inadmitir o


Recurso Especial, pontuou que “a Turma Julgadora deliberou sobre as questões que
lhe foram apresentadas, encontrando-se o acórdão fundamentado de forma a não ensejar
dúvidas a respeito das razões de ordem jurídica que lhe deram sustentação”. Citou, na
sequência, um julgado do Superior Tribunal de Justiça segundo o qual “não há
falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva
adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que
entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte” (AgRg nos EDcl
no AREsp nº 764.782/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe de 13/05/2016)”.

Acontece que o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, ao negar


provimento ao Agravo de Instrumento interposto pela ora Agravante, não
aplicou a legislação específica que dispõe sobre planos privados de
assistência à saúde, qual seja, a Lei 9656/98, apesar de ter sido instado a
fazê-lo nas razões do Agravo de Instrumento e, posteriormente, em sede de
Embargos de Declaração.

Conforme se infere da leitura do trecho do acórdão transcrito na


decisão recorrida, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais decidiu a lide
exclusivamente com base no Código de Defesa do Consumidor, deixando
de enfrentar os argumentos deduzidos pela Agravante nas razões do Agravo
de Instrumento, os quais são capazes de infirmar a conclusão adotada pelo
acórdão.

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Assim, muito embora a Agravante reconheça que a Turma
Julgadora pode solucionar a controvérsia com a aplicação do direito que
entende cabível à hipótese, é dever do Julgador justificar a não aplicação
dos dispositivos invocados pela parte Recorrente, os quais são efetivamente
capazes contornar a conclusão do acórdão.

É importante ressaltar que a própria Lei 9656/98 estabelece


textualmente no artigo 35-G que a aplicação do Código de Defesa do
Consumidor aos contratos de planos de saúde é subsidiária à aplicação da Lei
9656/98. Não se pode admitir, portanto, que seja considerada devidamente
fundamentada uma decisão proferida no julgamento de um Agravo de
Instrumento que discute o fornecimento de materiais de uso domiciliar para
uma beneficiária de plano de saúde, a qual considera exclusivamente o
Código de Defesa do Consumidor, desconsiderando o disposto na Lei
9656/98.

Verifica-se, por todo o exposto, que o acórdão não deliberou


acerca de todas as questões necessárias à solução da lide, razão pela qual se
faz necessário que este Egrégio Tribunal, reconhecendo a violação ao artigo
1.022, inciso II, c/c artigo 489, § 1º, inciso IV, ambos do CPC, conheça o
Recurso Especial e lhe dê provimento, nos termos ali pleiteados.

II.2 – DA NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 735 DO STF

O Desembargador 3º Vice-Presidente do TJMG afirmou, na


sequência, que, “o Superior Tribunal de Justiça, em conformidade com o disposto na
Súmula nº 735 do Supremo Tribunal Federal, entende que, via de regra, não é cabível
recurso especial para reexaminar decisão de deferimento ou indeferimento de medida
liminar ou antecipação de tutela, em razão da natureza precária da decisão, sujeita a
modificação a qualquer tempo, devendo ser confirmada ou revogada pela sentença de
mérito”.

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Acontece que a situação dos autos justifica o conhecimento e
provimento do Recurso Especial, devendo ser afastada a aplicação da Súmula
735 do STF, senão vejamos.

A decisão liminar obriga a Unimed Divinópolis, ora Agravante, a


fornecer à Agravada o aparelho de medição de glicose Freestyle Libre, bem
como dois sensores mensais, de forma ininterrupta. Assim, trata-se de uma
decisão liminar que continua produzindo seus efeitos, mês a mês, até que
seja proferida uma sentença de mérito no processo principal, o que ainda
não ocorreu.

O aparelho de medição de glicose e os sensores mensais que a


Agravante é obrigada a fornecer, mensalmente, à Agravada são materiais e
medicamentos de uso domiciliar os quais não constam no Rol de
Procedimentos e Eventos da ANS. Assim, a decisão agravada viola
frontalmente os artigos 10, inciso VII e § 4º, e 35-G, ambos da Lei 9656/98, e
ao artigo 4º, inciso III, da Lei 9961/2000 – dispositivos sobre os quais não se
manifestou o TJMG -, além de contrariar o mais recente entendimento do
Superior Tribunal de Justiça acerca da matéria.

Assim, considerando que a decisão agravada continua produzindo


efeito até que seja proferida sentença de mérito no processo principal,
obrigando a Agravante a adquirir mensalmente materiais e medicamentos de
uso domiciliar e não incluídos no Rol da ANS, necessário se faz que o Superior
Tribunal de Justiça analise a matéria, a despeito do que estabelece a Súmula
735 do STF.

Conforme acertadamente pontuou o Desembargador 1º Vice-


Presidente do TJMG na decisão ora recorrida, o Superior Tribunal de Justiça
entende que, via de regra, não é cabível Recurso Especial para reexaminar
decisão de deferimento ou indeferimento de tutela de urgência.

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A situação dos autos, no entanto, deve ser analisada por este E.
Tribunal, uma vez que a decisão agravada viola, mês a mês, os dispositivos
legais citados no Recurso Especial ao obrigar que a Agravante continue
adquirindo e disponibilizando os materiais e medicamentos de uso domiciliar
e não incluídos no Rol da ANS.

Pelo exposto, requer seja conhecido e provido o presente


Agravo, a fim de seja afastada a incidência da Súmula 735 do STF, bem como
seja conhecido e provido o Recurso Especial interposto pela ora Agravante.

III – CONCLUSÃO

Ante ao exposto, e reiterados os argumentos defendidos nas


razões do recurso especial, requer seja CONHECIDO E PROVIDO O PRESENTE
RECURSO para REFORMAR A DECISÃO AGRAVADA, DETERMINANDO O
CONHECIMENTO E PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL.

Termos em que, respeitosamente,


pede deferimento.

Belo Horizonte/MG, 21 de junho de 2021.

LORENA DOURADO OLIVEIRA


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