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SEMINÁRIO NACIONAL DE MANUTENÇÃO NO SETOR ELÉTRICO

25 A 27 DE JUNHO DE 2001
Belo Horizonte / MG

IDENTIFICAÇÃO DOS AUTORES


Nome Luiz Nei Olinto de Castro
Autor 1 Cargo Engenheiro
Empresa Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG
Nome Lúcio de Souza Andrade
Autor 2 Cargo Técnico de Manutenção Elétrica
Empresa Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG
Nome
Autor 3 Cargo
(ou mais) Empresa
Nome Luiz Nei Olinto de Castro
Cargo Engenheiro
Autor Empresa Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG
Responsável Endereço Rua Santo Inácio de Loyola nº 56 Bairro Vila Mariana
CEP 35012-120 Cidade Governador Valadares UF MG
Telefone 0xx 33 32792522 Fax 0xx 33 32792524
E-mail lnoc@cemig.com.br

IDENTIFICAÇÃO DO TRABALHO
Título do Trabalho APLICAÇÃO DO CABO PÁRA-RAIOS COMO CABO CONDUTOR
EM MANUTENÇÕES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
Área do Trabalho (vide item 2.7) Distribuição
Tema do Trabalho (vide item 2.7) Linha Viva

RESUMO

Utilizando técnicas de LINHA VIVA, o Departamento de Engenharia de Distribuição Leste da CEMIG, com
sede em Governador Valadares MG, desenvolveu um trabalho visando a aplicação dos cabos pára-raios de
aço galvanizado e já instalados nas estruturas, como cabos condutores de energia elétrica, em manutenções
preventivas e corretivas de linhas de transmissão.

Em função do Sistema Elétrico do Leste do Estado de Minas Gerais possuir características


predominantemente radiais, as manutenções preventivas em cabos condutores envolviam desligamentos
das linhas de transmissão, muitas vezes com longa duração. Para diminuir esses tempos, em alguns casos
eram necessárias construções provisórias de trechos de linhas, que eram desmanchados após a execução
dos serviços. Como conseqüência tínhamos uma grande perda de materiais e um grande tempo de
indisponibilidade das equipes de manutenção e consequentemente um alto custo de atendimento .

Com o apoio das equipes de campo, credenciadas para serviços em linha viva, o trabalho foi colocado em
prática por três vezes, com grande êxito, para manutenção programada em linhas de transmissão de
34,5 kV e 69 kV.

O trabalho já foi testado e aprovado para substituições , reparos, reesticamentos ou transferências de cabos
entre estruturas e inserções de estruturas em vãos que necessitam de seccionamento dos cabos.

Esta metodologia permitiu que muitas manutenções preventivas em linhas de transmissão, passassem a
serem feitas com recursos existentes nas próprias linhas, evitando interrupções no fornecimento de energia
elétrica e aumentando o grau de satisfação dos nossos clientes, além de uma redução nos custos dos
serviços.

Ocorrências com rompimento de cabos são muito comuns. Os tempos de restabelecimento normalmente são
elevados em função das linhas de transmissão apresentarem: cabos finos, vãos longos, relevos muito
acidentados, dificuldades de acessos, travessias sobre rios e matas nativas. A aplicação deste trabalho
nessas condições o tornará ainda mais relevante, diminuindo em muito os tempos de restabelecimento das
linhas de transmissão e ainda preservando o meio ambiente .

1
APLICAÇÃO DO CABO PÁRA-RAIOS COMO CABO CONDUTOR
EM MANUTENÇÕES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

LUIZ NEI OLINTO DE CASTRO - CEMIG


LUCIO DE SOUZA ANDRADE - CEMIG

1. APRESENTAÇÃO

A CEMIG foi criada em 22 de Maio de 1952, com o nome de Centrais Elétricas de Minas Gerais S/A.
No começo a sua preocupação principal era com a geração de energia elétrica, aproveitando o potencial
hidráulico do Estado de Minas Gerais, para promover o desenvolvimento industrial e iluminar as cidades.

No final da década de 50, começou a diversificar a sua área de atuação, aumentando a sua participação na
distribuição de energia elétrica a um maior número de localidades mineiras.
Em setembro de 1984, trinta e dois anos após a sua fundação a CEMIG se transforma em Companhia
Energética de Minas Gerais, passando a explorar outras fontes de energia como o gás, a energia solar e
energia eólica.

Ela é hoje uma das maiores empresas do setor elétrico do país, responsável pela operação da maior rede
de distribuição da América Latina com mais de 285 mil quilômetros de extensão, 15.800 quilômetros de
linha de transmissão e 397 subestações.

Com suas 34 usinas hidrelétricas, a CEMIG está presente em 694 municípios mineiros, atendendo a mais
de 5.200.000 clientes.

Na conjuntura atual da empresa, as nossas principais atribuições no Departamento de Engenharia de


Distribuição da Regional Leste - DL/ED, com sede em Governador Valadares – MG são :

• Gerenciar o desempenho de linhas de transmissão, redes de distribuição e subestações;


• Desenvolver e implantar novos métodos e técnicas de manutenção;
• Supervisionar a operação da malha regional;

Dentro da atribuição de desenvolver e implantar novos métodos e técnicas de manutenção foi desenvolvido
o nosso trabalho de “APLICAÇÃO DO CABO PÁRA – RAIOS COMO CABO CONDUTOR EM
MANUTENÇÕES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO”.

A nossa área de atuação dentro do Estado de Minas Gerais é mostrada nos mapas do anexo 1 e abrange
uma área de 125.303 km2 ( 22% da área do Estado ), 213 municípios, 834.600 consumidores ligados, e
uma população de aproximadamente 3.600.000 habitantes.

O Gerenciamento de Manutenção da Malha Regional Leste compreende 53 subestações ( 24


automatizadas ), 2.670 km de linhas de transmissão e 57.700 km de redes de distribuição de energia.

2. HISTÓRICO

A “APLICAÇÃO DO CABO PÁRA – RAIOS COMO CABO CONDUTOR EM MANUTENÇÕES DE LINHAS


DE TRANSMISSÃO” surgiu da preocupação da Superintendência Regional de Distribuição Leste e em
especial dos dois autores deste trabalho com:
• Os altos tempos de restabelecimento do sistema elétrico quando de ocorrências com rompimento de
cabo condutor.
• As interrupções no fornecimento de energia provocadas por desligamentos programados no sistema
elétrico para manutenção em cabos condutores.
• A insatisfação dos clientes com os desligamentos no sistema elétrico;
• O alto custo das manutenções;
• Os impactos ambientais resultantes dos atendimentos em emergências .

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Ocorrências com danos ou rompimentos de cabos condutores ainda são muito comuns na CEMIG, sendo
os tempos de restabelecimentos elevados, em função de muitas linhas de transmissão apresentarem cabos
finos, com bitola menor que 4/0 AWG.
Os cabos condutores normalmente podem romper por fadiga, ponto quente ou devido a esforços
provocados por ventos fortes.

Normalmente quando rompem por esforços de vento, os cabos são arremessados a grandes distâncias,
entrelaçando em obstáculos (árvores, outras linhas de transmissão ou redes de distribuição paralelas, etc)
fora da faixa de servidão da LT.

Os tempos de restabelecimento tornam-se elevados em função das linhas de transmissão apresentarem,


em muitos casos, vãos muitos extensos, relevos acidentados, dificuldades de acessos, além de
atravessarem rios e matas nativas.

As manutenções preventivas em cabos condutores até então, sempre envolviam interrupções no


fornecimento de energia elétrica para grupos de até 80.000 clientes, em muitas vezes eram de longa
duração em função das linhas de transmissão do sistema elétrico do Leste do Estado de Minas Gerais
possuírem características predominantemente radiais.

Essas características radiais exigiam das equipes de operação e de manutenção uma agilidade ainda maior
no restabelecimento do sistema elétrico.

Para diminuir esses tempos, em alguns casos, eram necessárias construções de trechos de linhas
provisórios (variantes de madeira), que eram energizados e posteriormente desmontados, após as
manutenções nos cabos . Essas construções e desmontagens sempre resultavam em uma grande perda de
materiais e de mão de obra das equipes de manutenção . Além disso, para utilização dessas variantes
eram necessários, pelo menos, dois desligamentos, no sistema elétrico, sendo um para energizar e outro
para retornar a LT às condições originais.

Como os cabos pára-raios já se encontram lançados e regulados ao longo de praticamente todos os vãos
das linhas de transmissão, não precisaremos montar estruturas, mas simplesmente isolá-los e prepará-los
para serem energizados.

3. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Para um melhor entendimento do trabalho desenvolveremos a seguir algumas considerações, que


julgamos serem de muita importância para sua colocação em prática nos serviços programados ou em
emergências.

3.1 CABOS PÁRA-RAIOS

Os cabos pára-raios destinam a interceptar descargas atmosféricas e desviá-las para o solo, evitando que
causem danos ou interrupções no sistema elétrico.

São instalados nas partes mais altas das estruturas de tal forma a proporcionar um ângulo de blindagem em
relação aos cabos condutores, que varia de acordo com a tensão de operação da linha de transmissão e
com a natureza das estruturas (metálica, madeira, etc).

Normalmente são cabos de aço, de alta resistência elétrica, do tipo HS, HSS ou SM, galvanizados e cujos
diâmetros variam de 1/4” ( 6,35 mm) a ½” ( 12,70 mm).

Na maioria das linhas da CEMIG, com tensão até 138 kV é utilizado o cabo 5/16” HS, com diâmetro de
7,94mm e resistência elétrica de 4,8258 0hm/km.

Com esse trabalho os cabos pára-raios passam a ser utilizados temporariamente como cabos condutores.
Para que isso possa ocorrer é imprescindível seguir os procedimentos básicos descritos no item 5.

3.2 SEGURANÇA DA EQUIPE EXECUTANTE

Todos os trabalhos foram executados por eletricistas devidamente treinados e capacitados para serviços
utilizando técnicas em LINHA VIVA .

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Em todas as etapas foram obedecidas as distâncias mínimas de segurança (75cm em 34,5 KV e 90cm em
69 KV).

Ainda para uma maior segurança da equipe o RA (religamento automático) da LT foi bloqueado e os cabos
pára-raios, nos trechos adjacentes aos trechos que estavam sendo trabalhados foram eficientemente
aterrados.

3.3 SEGURANÇA DO SISTEMA ELÉTRICO

A integridade dos equipamentos e das instalações bem como a segurança operacional do sistema elétrico
foi mantida através de uma boa coordenação entre os órgãos de operação e manutenção.

O trabalho só é iniciado após a autorização do Centro de Operação Regional.

Se durante os trabalhos com a LT em serviço ocorrer a sua desenergização, o seu religamento somente
poderá ser efetuado após contato do Centro de Operação com o supervisor do serviço.

3.4 BASTÕES ISOLANTES

Todos os bastões isolantes utilizados são especificados com isolamento elétrico de 100 kV/30cm.

Os comprimentos dos bastões utilizados foram em função da classe de tensão da linha de transmissão, de
tal forma que os serviços fossem executados, obedecendo as distâncias mínimas de segurança indicadas
no item 3.2

3.5 CABOS CONDUTORES ( “JUMPERS” E “FLY – TAPS” )

Todos os cabos utilizados na confecção dos jumpers e fly-taps tinham as seguintes características
principais:
• Bons condutores de eletricidade;
• Flexibilidade;
• Material cobre ou alumínio;
• Comprimento adequado para cada serviço executado;
• Capacidade para suportar esforços mecânicos criados pelas correntes de curto, sem se desprender
das conexões, nem se romper;
• Conduzir a máxima corrente de curto pelo tempo necessário à atuação do sistema de proteção da LT.

Para a determinação das bitolas dos cabos condutores a serem utilizados nos jumpers e fly-taps foram
consideradas:
• A capacidade nominal de corrente dos cabos;
• A corrente de curto-circuito da LT .

3.6 GRAMPOS / CONECTORES.

Foram utilizados conectores tipo “ T ” e grampos do tipo multi-angular presos nas pontas dos bastões
isolantes, para facilitar a conexão com linha viva em todas os ângulos.

3.7 ISOLADORES POLIMÉRICOS

Para o isolamento de cabos pára-raios nas estruturas foram utilizados isoladores do tipo polimérico, classe
mecânica 80 kN, para linhas de transmissão de até 69 KV .
Esses isoladores apresentam as seguintes vantagens em relação aos isoladores tradicionais (vidro ou
porcelana) :
• Menor peso;
• Maior grau de flexibilidade;
• Grande resistência aos impactos;
• Facilidade de manuseio.

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4. CONSIDERAÇÕES PARA MANUTENÇÃO EM LINHAS DE TRANSMISSÃO.

Toda manutenção programada em linhas de transmissão é executada com base nas informações obtidas
através das inspeções, com exceção de pequenas anormalidades encontradas que são reparadas durante
as próprias inspeções.

Os dados sobre as manutenções executadas são registrados e levam em consideração a detecção da


anormalidade, a programação/execução de serviços e o registro de históricos de manutenção.

Para a manutenção em linhas são utilizados três métodos, descritos as seguir:


• LV – LINHA VIVA - caracteriza-se por serviços executados nas LT's, com as mesmas energizadas, com
utilização de ferramentas especiais isoladas;
• LE – LINHA ENERGIZADA - Caracteriza-se por serviços executados nas LT’s, com as mesmas
energizadas, sem utilização de ferramentas especiais isoladas;
• LM – LINHA MORTA – Caracteriza-se por serviços executados nas LT’s, com as mesmas
desenergizadas e aterradas.

As manutenções poderão ser de caráter corretivo ou de caráter preventivo sendo que a diferenciação entre
manutenção corretiva para preventiva é que a corretiva ocorre sempre que a LT se torna indisponível para
operação, de forma não programada.

5. PROCEDIMENTOS BÁSICOS PARA APLICAÇÃO DOS CABOS PÁRA – RAIOS COMO CABOS
CONDUTORES EM LINHAS DE TRANSMISSÃO.

Apresentaremos a seguir alguns procedimentos básicos que são imprescindíveis para a aplicação dos
cabos pára-raios como cabos condutores nas manutenções programadas e nas manutenções corretivas de
emergência, que se rigorosamente obedecidas contribuirão para a execução dos serviços.

5.1 APLICAÇÃO EM MANUTENÇÕES PROGRAMADAS

5.1.1 PARA SECCIONAR E ISOLAR OS CABOS PÁRA – RAIOS.

Após a liberação de linha para a execução dos serviços pelos órgãos de operação, deverá ser obedecida a
seguinte seqüência de trabalho:
a) Seccionar os cabos pára-raios e colocar isoladores em todas as estruturas do tramo a ser trabalhado;
b) Conectar os dois fly-taps nos cabos pára-raios utilizando conectores tipo “ T “. Um dos fly-taps será
conectado no lado posterior da primeira estrutura e o outro no lado anterior da última estrutura.
c) Nesta etapa os cabos pára-raios deverão permanecer aterrados.

5.1.2 PARA ENERGIZAR OS CABOS PÁRA - RAIOS

Após verificar o estado de conservação de todos os cabos, conectores e grampos, que deverão ter suas
superfícies de contato devidamente limpas, deverá ser obedecida a seguinte seqüência de trabalho:
a) Prender as pontas dos dois fly-taps a um grampo multi-angular fixadas a bastões isolantes;
b) Retirar o aterramento dos cabos pára-raios e manter os fly-taps afastados das partes aterradas das
estruturas;
c) Conectar o fly-tap do cabo pára-raios à fase do cabo condutor que será trabalhada no lado anterior na
primeira estrutura do tramo.
d) Conectar o fly-tap do cabo pára-raios à fase do cabo condutor que será trabalhado no lado posterior na
última estrutura do tramo.

5.1.3 PARA DESENERGIZAR OS CABOS CONDUTORES.

Obedecer a seguinte seqüência de trabalho:


a) Desconectar o jumper lado anterior da primeira estrutura do tramo, utilizando bastões isolantes,
mantendo-o afastado das partes aterradas.
b) Desconectar o jumper lado posterior da última estrutura do tramo, utilizando bastões isolantes.

5.1.4 PARA SUBSTITUIR OU REPARAR OS CABOS CONDUTORES.

a) Aterrar os cabos condutores que foram desenergizados, na malha de aterramento em ambas as


estruturas.
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b) Descer os cabos ao solo e efetuar a manutenção.
c) Manter os cabos condutores aterrados enquanto estiverem sendo trabalhados.

5.1.5 PARA REENERGIZAR OS CABOS CONDUTORES.

Obedecer a seguinte seqüência de trabalho:


a) Elevar os cabos condutores.
b) Nivelar e grampear os cabos condutores.
c) Manter os jumpers afastados das duas estruturas, através de bastões isolantes.
d) Retirar os aterramentos dos cabos condutores.
e) Fechar o jumper do condutor no lado anterior da primeira estrutura do tramo.
f) Fechar o jumper do condutor no lado posterior da última estrutura do tramo.

5.1.6 PARA DESENERGIZAR OS CABOS PÁRA – RAIOS.

Obedecer a seguinte seqüência:


a) Desconectar o fly-tap dos cabos condutores no lado anterior na primeira estrutura do tramo, mantendo-
os afastados das partes energizadas.
b) Desconectar o fly-tap dos cabos condutores no lado posterior na última estrutura do tramo.

5.1.7 PARA NORMALIZAR OS CABOS PÁRA – RAIOS.

Em ambas as estruturas deverá ser obedecida a seguinte seqüência:


a) Aterrar os cabos pára-raios utilizando os conjuntos de aterramentos temporários.
b) Desconectar os fly-taps dos cabos pára-raios.
c) Retirar os isoladores poliméricos dos cabos pára-raios.
d) Conectar os cabos pára-raios diretamente nas estruturas.
e) Aterrar os cabos pára-raios.

5.2 APLICAÇÃO EM MANUTENÇÕES CORRETIVAS DE EMERGÊNCIAS.

As manutenções corretivas de emergência se caracterizam pelas indisponibilidades, não programadas e


que exigem o pronto atendimento, independentemente se ocorreu ou não a interrupção de consumidores.

Para a aplicação em manutenções corretivas de emergências, quando ocorrer o rompimento de cabo(s)


condutor(es) deverão ser obedecidos os seguintes procedimentos básicos.

5.2.1 PARA SECCIONAR E ISOLAR O(S) CABO(S) CONDUTOR(ES) ROMPIDO(S).

a) Aterrar todos os cabos condutores da linha de transmissão, utilizando os conjuntos de aterramentos


temporários;
b) Seccionar o(s) cabo(s) condutor(es) danificado(s) e colocar isoladores no vão (tramo) a ser trabalhado;
c) Estaiar o(s) cabo(s) condutor(es) mantendo-o(s) afastado(s) das partes aterradas das estruturas.

5.2.2 PARA SECCIONAR, ISOLAR E CONECTAR O(S) CABO(S) PÁRA-RAIOS NA LT.

a) Seccionar o(s) cabo(s) pára-raios e colocar isoladores no vão (tramo) a ser trabalhado;
b) Conectar os dois fly taps no(s) cabo(s) pára-raios utilizando conectores tipo “T” . Um dos fly -taps será
conectado no lado posterior da primeira estrutura e o outro no lado anterior da última estrutura. Esses
fly-taps deverão ser mantidos afastado(s) das partes aterradas das estruturas;
c) Conectar os fly taps do(s) cabo(s) pára-raios à(s) fase(s) do(s) cabo(s) condutor(es) que será (ão)
trabalhada(s) no lado anterior na primeira estrutura e no lado posterior da última estrutura do tramo.
d) Nesta etapa o(s) cabo(s) pára-raios deverá(ão) permanecer(em) aterrado(s).

5.2.3 PARA REENERGIZAR A LINHA DE TRANSMISSÃO.

• Retirar os aterramentos provisórios dos cabos pára-raios e dos cabos condutores e liberar a LT para ser
reenergizada.

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6. APLICAÇÕES PRÁTICAS

A aplicação dos cabos pára-raios como cabos condutores foi colocado em prática por três vezes, em linhas
de transmissão da Malha Regional Leste, em tensões de 34,5 kV e 69 kV, evitando com isso três
desligamentos no sistema elétrico.

Os serviços realizados foram previamente programados, junto aos Centros de Operação Regionais .

Para a execução dos serviços contamos com um grande apoio dos órgãos centralizados de engenharia,
construção, operação e manutenção, além das equipes de manutenção de campo das diversas Unidades
de Negócio da Superintendência Regional de Distribuição Leste .

Apresentaremos a seguir um resumo descritivo, para cada uma dessas aplicações.

6.1 LT 34,5 KV PEÇANHA – SÃO JOÃO EVANGELISTA (OUTUBRO / 1998)

6.1.1 CARACTERÍSTICAS DA LT

A LT possui 89 estruturas de madeira, cabos condutores de bitola 2 AWG e dois cabos pára-raios diâmetro
5/16” (7,94mm), de aço galvanizado, tipo HS.

A linha tem um comprimento total de 22,2 km, e o tramo trabalhado, que compreende as estruturas de
números 6 a 8, tem 797 metros de comprimento.

6.1.2 SERVIÇO EXECUTADO.

Esse foi o primeiro serviço executado e teve a finalidade de inserir uma estrutura de madeira, do tipo
ancoragem, no vão entre as estruturas 6 e 7, para permitir a continuidade da construção de uma nova linha
de transmissão de 69kV , que cruzava sobre a nossa LT de 34,5kV.

Consistiu basicamente em seccionar e isolar os cabos pára-raios nas estruturas 6 e 8 do tipo ancoragem ,
além de isolar os mesmos cabos na estrutura nº 7 do tipo suspensão ( vide fotos no anexo 2 ) .

Foram energizados os dois cabos pára-raios para possibilitar o rebaixamento e a ancoragem dos cabos
condutores na estrutura inserida.

6.1.3 IMPACTOS EVITADOS.

Foi evitado um desligamento programado no sistema elétrico de aproximadamente 10(dez) horas para uma
população aproximada de 24300 habitantes, nos municípios de São João Evangelista e Paulistas .

6.2 LT 69 KV GOVERNADOR VALADARES 2 - CENTRAL DE MINAS - MANTENA (JULHO / 2000)

6.2.1 CARACTERÍSTICAS DA LT.

A LT possui 259 estruturas metálicas, cabos condutores de bitola 2 AWG e um cabo pára-raios diâmetro
5/16” (7,94mm), de aço galvanizado, tipo HS.
A linha tem o comprimento total de 110 km, e o vão trabalhado, que compreende as estruturas de
ancoragem, de números 206 e 207, tem 850 metros de comprimento.

6.2.2 SERVIÇO EXECUTADO.

Esse serviço, tinha por finalidade substituir o cabo condutor de fase A, bitola 2AWG com comprimento de
850 metros, sem desligar os consumidores .

A essa LT foi dado um tratamento todo especial pois se tratava do pior desempenho entre as linhas da
Malha Regional Leste no ano de 1999 , com quase 44 (quarenta e quatro) horas de interrupção no
fornecimento de energia aos seus consumidores.
Para que o serviço pudesse ser executado foi simulada a energização do cabo pára-raios através de uma
análise de transitórios, para a condição de carga no circuito da LT, que é a situação normal e para a
condição sem carga (LT a vazio).
Em ambas as condições o cabo pára-raios entra nas simulações como uma pequena carga capacitiva.
7
Na primeira condição foi considerada uma carga equivalente a 60 Ampères.
No instante do fechamento podemos verificar uma ligeira distorção na curva de tensão na fase A, onde
conecta-se o cabo pára-raios (vide figuras 1a, 1b e 1c).

Figura 1.a Figura 1. b Figura 1.c

Na segunda condição considera-se a LT sem carga (ligada a vazio).


No instante do fechamento percebe-se uma distorção um pouco mais acentuada que a anterior na curva de
tensão, vide detalhes nas figuras 2a, 2b e 2c.

Figura 2.a Figura 2.b Figura 2.c

Os resultados obtidos nessas simulações estão mostrados nos anexos 3 e 4.

No anexo 5 são mostradas algumas fotos relativas ao serviço executado .

A temperatura do cabo pára-raios energizado foi monitorada durante todo o serviço através de um
termovisor PRISM-DS e os resultados encontram-se indicados no anexo 6.

A variação da temperatura foi muito pequena em todos os momentos, mostrando que a corrente era baixa
quando comparada com a corrente nominal dos cabos .
Foi observado ainda que o cabo pára-raios energizado, em nenhum momento apresentou aquecimentos
anormais quando comparado com o cabo condutor .

6.2.3 IMPACTOS EVITADOS.

Foi evitado um desligamento programado no sistema elétrico de aproximadamente 03 (três) horas para uma
população aproximada de 59.100 habitantes nos municípios de Mantena e São João do Manteninha.

6.3 LT 69 KV SÃO PEDRO DO SUAÇUI – SANTA MARIA DO SUAÇUI ( MARÇO / 2001 )

6.3.1 CARACTERÍSTICAS DA LT.

A LT 69 KV São Pedro do Suaçui - Santa Maria do Suaçui, possui 67 estruturas metálicas, cabos
condutores de bitola 336,4 MCM e um cabo pára-raios diâmetro 5/16” (7,94mm) de aço galvanizado, tipo
HS.

8
A linha tem comprimento total de 30,4 km, e o vão trabalhado, que compreende as estruturas de
ancoragem, de números 36 e 37 , tem 950m de comprimento.

6.3.2 SERVIÇO EXECUTADO.

Este serviço teve como finalidade a colocação de reparo no cabo condutor fase “C”, que estava com varias
espiras rompidas, sem desligar consumidores. O terreno é muito acidentado, de difícil acesso e tem sob os
cabos uma mata nativa e uma nascente de água ( vide fotos anexo 7 ) .

Para que o consumidor não fosse interrompido foi utilizado o cabo pára-raios como cabo condutor,
temporariamente.

6.3.3 IMPACTOS EVITADOS.

Foi evitado um desligamento programado no sistema elétrico de aproximadamente 05(cinco) horas para
uma população aproximada de 38.300 habitantes, nos municípios de Santa Maria do Suaçui, Água Boa,
José Raydan e São Sebastião do Maranhão.

7 CONCLUSÃO.

As aplicações bem sucedidas dos cabos pára-raios como cabos condutores de energia elétrica
proporcionaram resultados práticos de extrema importância para o futuro das manutenções em linhas de
transmissão na CEMIG.

Os resultados obtidos são também importantes para que os órgãos de projetos de linhas de transmissão
possam fazer uma avaliação técnica e econômica dos atuais critérios de projeto no sentido de passar a
utilizar, mesmo que seja parcialmente, cabos de aço com menores impedâncias no lugar dos cabos pára-
raios de aço galvanizados.

Esses cabos de menor impedância, em condições especiais, poderão funcionar como a “Quarta-fase”,
ampliando em muito as aplicações desse trabalho.

Como foi concebido, o trabalho poderá ser aplicado para inserções ou substituições de estruturas, reparos,
restabelecimentos ou substituições de cabos condutores e em transferências de cabos para outras
estruturas.

É importante lembrar que para cada caso onde serão aplicados os cabos pára-raios como cabos condutores
deverá ser feito uma análise criteriosa levando-se em conta os limites de carga dos cabos pára-raios,
comprimento dos tramos, queda de tensão, aquecimentos dos cabos e flechas máximas permitidas.

Essa metodologia, aplicada aos recursos já existentes nas próprias linhas de transmissão, permitirá:

• Reduzir os tempos de atendimento às ocorrências;


• Evitar um grande número de desligamentos no sistema elétrico para manutenções preventivas em
cabos condutores, utilizando técnicas de trabalho em linha viva;
• Reduzir expressivamente os custos para reparos em cabos condutores;
• Reduzir os impactos ambientais resultantes dos atendimentos em emergência;
• Aumentar a satisfação dos clientes ao evitar desligamentos no sistema elétrico.

Os sucessos dessas aplicações asseguram que estamos trabalhando em consonância com os valores da
cultura organizacional da CEMIG que permeiam a sua ideologia central, suprindo uma energia segura,
limpa, confiável e efetiva em termos de custos, contribuindo desta maneira para o desenvolvimento
econômico e social, gerando serviços para o bem estar e prosperidade dos clientes, acionistas,
empregados, fornecedores e sociedade.

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8. BIBLIOGRAFIA

• Abertura e Fechamento de Jumpers em LT’s Energizadas de 34.5 a 138 kV.


Autores Helder Lara Ferreira, Francisco de Assis Almeida Silva e Luiz Carlos de Deus
Belo Horizonte – Outubro 1995.

• Critérios para Manobras de Circuitos Energizados Utilizando Chaves Seccionadoras:


Autor: Helder Lara Ferreira
Belo Horizonte – Setembro/1996.

• Transitórios Elétricos e Coordenação de Isolamento – Aplicação em Sistemas de Potência de Alta


Tensão – Furnas.
Autores: Ary D’Ajuz e outros
Rio de Janeiro 1996.

• Projetos Mecânicos das Linhas Aéreas de Transmissão.


Autores: Rubens Dario Fuchs e Márcio Tadeu de Almeida

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ANEXO 1

REGIÃO LESTE

Área – 125.303 km²


( 22% do Estado de Minas Gerais )
Nº de Municípios – 213
Nº de consumidores faturados 834.600
População – 3.600.000

MALHA REGIONAL LESTE - PARCIAL

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ANEXO 2
LT 34,5 kV PEÇANHA / SÃO JOÃO EVANGELISTA

ISOLAMENTO DOS CABOS PÁRA-RAIOS

CABOS PÁRA-RAIOS ISOLADOS

12
ANEXO 3

RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES


LT 69 KV GOVERNADOR VALADARES - CENTRAL DE MINAS – MANTENA

11 2

3 44

13
ANEXO 4

RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES


LT 69 KV GOVERNADOR VALADARES - CENTRAL DE MINAS – MANTENA

5 6

7 8

14
ANEXO 5
LT 69 kV –GOVERNADOR VALADARES 2 –
CENTRAL DE MINAS - MANTENA
ISOLAMENTO DO CABO PÁRA-RAIOS
ESTRUTURA Nº 206 ESTRUTURA Nº 207

ENERGIZAÇÃO DO CABO PÁRA-RAIOS

ESTRUTURA Nº 206 ESTRUTURA Nº 207

DESENERGIZAÇÃO DO CABO CONDUTOR

ESTRUTURA Nº 206 ESTRUTURA Nº 207


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ANEXO 6

Imagem antes do
início do serviço

Termograma 01

Ave Min Max S.D Emissivity


R1 12.42°C 3.83°C 17.05°C 3.19°C 0.75
R2 10.69°C 4.75°C 17.52°C 3.59°C 0.75

Imagem durante a
conexão do cabo
pára-raios ao cabo
condutor

Termograma 02

Ave Min Max S.D Emissivity


R1 4.93°C 3.64°C 18.33°C 1.08°C 0.75
R2 5.97°C 4.56°C 18.67°C 0.82°C 0.75
R3 5.57°C 4.39°C 19.35°C 0.85°C 0.75

Imagem uma hora


após a conexão

Termograma 03

Ave Min Max S.D Emissivity


R1 15.99°C 14.30°C 21.11°C 0.76°C 0.75
R2 13.78°C 5.25°C 20.81°C 3.59°C 0.75
16
ANEXO 7
LT 69 KV SÃO PEDRO DO SUAÇUÍ
SANTA MARIA DO SUAÇUÍ

ISOLAMENTO DO CABO PÁRA-RAIOS

ESTRUTURA Nº 36 ESTRUTURA Nº 37

ENERGIZAÇÃO DO CABO PÁRA-RAIOS

ESTRUTURA Nº 36 ESTRUTURA Nº 37
VISTA DO VÃO

VÃO ENTRE AS ESTRUTURAS 36 E 37 ( MATA NATIVA )

17

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