Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1) Objetivo
Verificação da segurança das estruturas usuais da construção civil, critérios de quantificação das ações e das
resistências.
2) Referência normativa
NBR 7808:1983 - Símbolos gráficos para projetos de estruturas - Simbologia.
3) Definições
Estados limites (EL): estados a partir dos quais a estrutura apresenta desempenho inadequado às finalidades da construção.
Estados limites últimos (ELU): estados que determinam a paralisação, no todo ou em parte, do uso da construção.
Estados limites de serviço ou utilização (ELS): estados que causam efeitos estruturais que infringem as condições
especificadas para o uso normal da construção, ou que comprometem sua durabilidade (durabilidade, conforto e estética).
Ações: causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas (forças são ações diretas e deformações impostas ações
indiretas).
Ações permanentes: ações que variam muito pouco durante praticamente toda a vida útil da estrutura. Diretas: peso pŕoprio
da estrutura, elementos construtivos permanentes, pesos de equipamentos, empuxos de terra. Indiretas: protensão, recalques
nos apoios e retração dos materiais.
Ações variáveis: ações que variam significativamente durante a vida útil da estrutura. Normais: grande probabilidade de
ocorrência (obrigatório considerar). Especiais: devidas a fenômenos naturais (sismos frequentes, chuva, neve) ou de
intensidade especial.
Ações excepcionais: ações raras de duração muito curta mas que devem ser consideradas (explosões, choques de veículos,
incêndios, enchentes, sismos excepcionais). OBS: incêndios, em vez de considerar como excepcional, podem ser considerados
minorando a resistência dos materiais.
Cargas acidentais: ações variáveis que atuam em função do uso (pessoas, automóveis, mobiliário, equipamentos).
4) Requisitos gerais
4.1 - Estados Limites: estados limites últimos e estados limites de serviço. Os EL dependem dos tipos de materiais de
construção empregados e são especificados pelas normas específicas dos materiais.
4.1.1 - ELU:
a) perda de equilíbrio total ou parcial tratada como corpo rígido (e.g. tombamento, arrancamento);
b) ruptura ou deformação plástica excessiva (e.g. aço 10/1000 domínio 2, concreto 3,5% domínios 3);
c) transformação da estrutura em sistema hipostático (e.g. rotulação de viga por deformação plástica);
d) instabilidade por deformação (e.g. flambagem);
e) instabilidade dinâmica (e.g. ressonância);
4.1.2 - ELS:
a) danos que comprometam o aspecto estético ou a durabilidade da estrutura (e.g. trincas que implicam em corrosão da
armadura).
b) deformações excessivas que afetem a utilização normal ou seu aspecto estético (flechas e deslocamentos
horizontais).
c) vibração excessiva (desconforto).
4.2 - Ações
4.2.2 - Valores representativos das ações
As ações são quantificadas por seus valores representativos.
4.2.2.1 - Valores representativos para ELU
4.2.2.1.1 - Valores característicos
Os valores característicos F k dependem da variabilidade de suas intensidades. Para ações que variam com o tempo
considera-se um período convencional de referência de 50 anos, admitindo independentes valores extremos de diferentes
origens. Os valores característicos das ações variáveis correspondem a valores que têm de 25% a 35% de probabilidade de
serem ultrapassados no sentido desfavorável durante um período de 50 anos. As ações variáveis que produzem efeitos
favoráveis não são consideradas com atuantes na estrutura. Os valores característicos das ações permanentes correspondem à
variabilidade existente num conjunto de estruturas análogas (valor médio correspondente ao quantil de 50% tanto para
efeitos favoráveis quanto para desfavoráveis).
4.2.2.1.2 - Valores característicos nominais
Ações que não tenham sua variabilidade expressa por distribuições de probabilidades, os valores característicos
são substituídos por valores nominais escolhidos. Para ações com pouca variabilidade, valores característicos superior e
inferior próximos, adotam-se os valores médios como característicos.
4.2.2.1.3 - Valores reduzidos de combinação
Considera-se que a probabilidade de ocorrência simultânea dos valores característicos de duas ou mais ações
variáveis de diferentes naturezas é pequena. Os valores reduzidos de combinação são determinados por ψ 0 F k e empregados nos
ELU para ações variáveis de diferentes naturezas. Em vez de adotar um ψ0 em função das ações que vão atuar
simultaneamente, por simplicidade, admite-se um único valor para cada ação a ser considerada no projeto. Quando
consideradas ações conjuntas com ações de período de duração muito curtos, adotam-se para ψ 0 os valores de ψ 2 .
4.2.2.1.4 - Valores convencionais excepcionais
Valores arbitrados para ações excepcionais. Devem ser estabelecidos entre o proprietário da construção e as
autoridades governamentais que nela tenham interesse.
4.2.2.2 - Valores representativos para ELS (utilização)
4.2.2.2.1 - Valores reduzidos de utilização
Valores reduzidos de utilização são devidos a ações que se repetem muitas vezes ψ 1 F k (frequentes) e ações de
longa duração ψ 2 F k (quase permanentes).
4.2.2.2.2 - Valores raros de utilização
Quantificam as ações que podem acarretar estados limites de serviço mesmo que com duração muito curta.
4.2.3 - Valores de cálculo das ações (F d = γf F k )
4.2.3.1 - Coeficientes de ponderação para os ELU
Coeficiente de ponderação: γ f = γ f 1 γ f 2 γ f 3
γ f 1 : variabilidade das ações.
γ f 2 : combinações de ações.
γ f 3 : erros de avaliação dos efeitos das ações (defeitos construtivos, aproximação do modelo).
Pode-se usar as representações: γg (ações permanentes), γq (ações diretas variáveis), γ p (protensão) e γ ε
(deformações impostas). Ver 5.1.3. para combinações últimas.
4.2.3.2 - Coeficientes de ponderação para os ELS
Em ELS γ f = 1, 0 , salvo exigência de norma específica.
4.3 - Tipos de carregamento e critérios de combinação
4.3.1 - Generalidades
Um carregamento é especificado pelo conjunto das ações que têm probabilidade não desprezível de ocorrência
simultânea sobre a estrutura, durante um período pré-estabelecido. Em cada carregamento as ações devem ser combinadas
diferentes maneiras a fim de se determinar os efeitos mais desfavoráveis para a estrutura. Devem ser verificadas todas as
combinações necessárias para a verificação de segurança em relação a todos os EL da estrutura.
4.3.2 - Tipos de carregamento
4.3.2.1 - Carregamento normal
Decorre do uso previsto para a construção. Pode ter duração igual ao período de referência da estrutura. Sempre
deve ser considerado na verificação da segurança em ELU e ELS.
4.3.2.2 - Carregamento especial
Decorre de ações variáveis de natureza ou efeitos especiais, cujos efeitos superam os efeitos devidos ao
carregamento normal. O tempo de duração é curto em relação ao período de referência da estrutura. Em geral são usados na
verificação dos ELU. Cada carregamento especial corresponde a uma única combinação última especial de ações.
4.3.2.3 - Carregamento excepcional
Decorre de ações que podem provocar efeitos catastróficos. O carregamento excepcional tem duração extremamente
curta. Verifica-se apenas ELU por uma única combinação de ações.
4.3.2.4 - Carregamento de construção
Considerado apenas quando há possibilidade de ocorrência dos EL já na fase de construção. Devem ser consideradas
tantas combinações de ações quantas forem necessárias para verificação da segurança.
4.3.3 - Critérios de combinação das ações
4.3.3.1 - Critérios gerais
Para a verificação da segurança em relação aos EL deve-se considerar todas as combinações de ações a fim de
encontrar os efeitos mais desfavoráveis em seções críticas. As ações permanentes são sempre consideradas enquanto que as
variáveis apenas quando provocarem efeitos desfavoráveis. As ações incluídas em cada combinação devem ser consideradas com
seus valores representativos multiplicados pelos respectivos coeficientes de ponderação.
4.3.3.2 - Critérios para combinações últimas
a) Ações permanentes devem estar em todas as combinações.
b) Ações variáveis na combinações últimas normais: em cada combinação, uma é considerada principal atuando com seu
valor característico F k e as demais, secundárias, atuando com seus valores reduzidos de combinação ψ 0 F k .
c) Ações variáveis nas combinações últimas especiais: quando existir, cada ação variável especial é considerada com
seu valor representativo e as demais com valores correspondentes a uma probabilidade não desprezível de atuação
simultânea com a variável especial.
d) Ações variáveis nas combinações últimas excepcionais: quando existir, cada ação variável excepcional é considerada
com seu valor representativo e as demais com valores correspondentes a uma grande probabilidade de atuação
simultânea com a variável especial.
5) Requisitos específicos
5.1 - Requisitos de segurança
5.1.1 - Requisitos construtivos
Exigências referentes à construção e materiais empregados (normas específicas, e.g.
NBR 14931 - Execução de estruturas de concreto).
5.1.2 - Requisitos analíticos
Decorrem da análise estrutural. Os requisitos de segurança relativos a cada E.L. pode ser expresso por:
θ(F d , f d , ad , μd , C ) ≥ 0
onde:
F d representa os valores de cálculo das ações.
f d representa os valores de cálculo das propriedades dos materiais.
ad representa os valores de cálculo das medidas geométricas.
μd representa os valores de cálculo dos coeficientes que cobrem as incertezas do método utilizado.
C representa as constantes empregadas, incluindo as restrições preestabelecidas no projeto.
A ocorrência dos estados limites é expressa por θ(F d , f d , ad , μd , C ) = 0 .
As condições de segurança devem ser verificadas em relação a todos os tipos de carregamento especificados para o tipo de
construção considerada.
5.1.2.1 - Condições usuais relativas aos ELU
Condições de segurança:
θ(S d , Rd ) ≥ 0
onde
S d = S (F d , aSd , μSd , C S ) representa os valores de cálculo dos esforços atuante.
Rd = R(f d , aRd , μRd , C R ) representa os valores de cálculo dos esforços resistentes.
Quando a segurança é verificada isoladamente em relação a cada um dos esforços atuantes, as condições de segurança
tomam a forma Rd ≥ S d . Para a determinação de S considera-se apenas o carregamento normal, salvo quando exigido em norma
específica ou quando exigido pelo proprietário ou cliente.
Se o cálculo do esforço atuante for feito em regime elástico linear, o coeficiente γ f pode ser aplicado tanto à
ação característica quanto ao esforço característico: S d = S (γ f F k ) ou S d = γ f S k = γ f S(F k ).
Se o cálculo do esforço atuante for feito por processo não linear: S d = S (γ f F k ) . Diz-se que não há linearidade
geométrica quando o comportamento deixa de ser linear devido a alteração na geometria. Quando for considerada não
linearidade geométrica, o coeficiente γ f pode ser desdobrado em seus coeficientes parciais da seguinte forma:
S d = γ f 3 S(γ f 1 ψ 0 F k ) . ( γ f 1 : variabilidade das ações, γ f 2 = ψ 0 : combinações das ações, γ f 3 : erros de avaliação dos efeitos das
ações, seja por questões construtivas ou imprecisão do modelo de cálculo.)
5.1.2.2 - Condições usuais relativas aos ELS
As condições usuais de verificação da segurança relativas aos estados limites de utilização são expressas por
desigualdades do tipo S d ≤ S lim onde S d representa os valores de cálculo dos efeitos estruturais de interesse, calculados
com γ f = 1, 0 ; S lim representa os valores limites adotados para esses efeitos.
5.1.3 - Combinações últimas das ações
5.1.3.1 - Combinações últimas normais
As combinações últimas normais são dadas por:
m
F d = ∑ γ gi F Gi,k + γ q
i=1
[ n
F Q1,k + ∑ ψ 0j F Qj,k
j=2
]
onde F Gi,k é o valor característico das ações permanentes, F Q1,k é o valor característico da ação variável considerada como
ação principal para a combinação, ψ 0j F Qj,k é o valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações variáveis.
5.1.3.2 - Combinações últimas especiais ou de construção
São dadas pela seguinte expressão:
m
F d = ∑ γ gi F Gi,k + γ q
i=1
[ n
F Q1,k + ∑ ψ 0j,ef F Qj,k
j=2
]
onde F Gi,k são os valores característicos das ações permanentes, F Q1,k é o valor característico da ação variável especial
transitória considerada, ψ 0f ,ef é o fator de combinação efetivo de cada uma das demais variáveis que podem agir
concomitantemente com a ação principal F Q1 durante a situação transitória. O fator ψ 0j,ef é igual ao fator ψ 0j adotado nas
combinações normais, salvo quando a ação principal F Q1 tiver um tempo de atuação muito pequeno, caso em que ψ 0j,ef pode ser
tomado com o correspondente ψ 2j .
5.1.3.3 - Combinações últimas excepcionais
São dadas pela seguinte expressão:
m n
F d = ∑ γ gi F Gi,k + F Q,exc + γ q ∑ ψ 0j,ef F Qj,k
i=1 j=1
5.1.4.5 - Valores dos fatores de redução para combinação frequente aplicável à verificação da fadiga
5.1.5 - Combinações de utilização (de serviço) das ações
Nas combinações de utilização ou de serviço são utilizados todas as ações permanentes, inclusive as deformações
impostas permanentes, e as ações variáveis correspondentes a cada um dos tipos de combinações a seguir.
5.1.5.1 - Combinações quase permanentes de serviço
Nas combinações quase permanentes de serviço todas as ações são consideradas com seus valores quase permanentes
ψ 2 F Qk :
m n
F d,uti = ∑ F Gi,k + ∑ ψ 2j F Qj,k
i=1 j=1
6) Verificação de segurança
6.1 - Critério geral
A segurança das estruturas deve ser verificada em relação a todos os possíveis estados que são admitidos como
limites para a estrutura considerada.
6.2 - Verificação das condições de segurança
A segurança em relação aos estados limites é verificada tanto pelo respeito às condições analíticas quanto pela
obediência às condições construtivas.
6.2.1 - Verificação das condições analíticas