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Competências do profissional

do futuro
Como a única constante é a mudança em si, não basta se preparar para aquelas que estão em curso. É preciso
levar em conta que outras, ainda desconhecidas, acontecerão no futuro. Por isso, mesmo que não se saiba com
exatidão quais são os desafios pela frente, equipar-se corretamente é a melhor maneira de superar situações de
incerteza.

Nesse contexto, o Fórum Econômico Mundial destacou 10 aprendizados úteis para qualquer profissional de alta
performance, não importa em qual indústria, nível ou função atue. Justamente por serem socioemocionais e de
raciocínio lógico, muitos deles se conectam entre si – e aprimorar-se em um significa aprimorar-se também em
outro.
 

Colaboração
Essa competência melhora a empatia e torna o trabalho em equipe mais fácil, ágil e eficaz. Ao colaborar e
coordenar nossas ações com as ações de outros, garantimos que tudo esteja funcionando bem em um projeto.

Ela não depende de posição hierárquica, nem do tamanho do time. Ao priorizar a comunicação e a compreensão
da necessidade alheia, permite que interações problemáticas ou pouco produtivas sejam substituídas
naturalmente. Munidos desse conhecimento, os próprios indivíduos identificam ruídos e desenvolvem novos
métodos ou ferramentas para se coordenar, sem precisar de interferência externa.
 
 

Inovação
Já existem inteligências artificiais capazes de criar obras de arte, mas sua criatividade está baseada na criatividade
humana. Inovar nas empresas é essencial para se manter vivo e conectado com as necessidades do mercado,
fazendo parte das responsabilidades de todos os profissionais que desejam liderar e crescer.

Fortalecer sua capacidade de inovação significa abrir espaço para novas ideias, oportunidades e soluções para
problemas, algo que claramente beneficia qualquer tipo de trabalho – especialmente em meio a mudanças rápidas
e constantes. Na prática, significa se abrir para perspectivas diferentes, identificar padrões e criar soluções
verdadeiramente inéditas. A criatividade, vale destacar, é inata ao ser humano. É preciso apenas permitir que ela
apareça.

Flexibilidade cognitiva
A flexibilidade cognitiva é a capacidade de pensar de uma maneira diferente em busca de soluções menos óbvias,
ou seja, é o “pensar fora da caixa”.

Uma competência que une criatividade, raciocínio lógico e sensibilidade para problemas, a flexibilidade cognitiva
permite que uma pessoa consiga responder ao que acontece em diferentes contextos ao alavancar seus
conhecimentos anteriores, mesmo que eles não estejam diretamente conectados com aquela situação.

Fundamentalmente, esta é uma capacidade adaptativa, informada por aprendizados e feedbacks passados e
múltiplas perspectivas. Conforme ela é fortalecida, a flexibilidade cognitiva também aprimora a comunicação
efetiva com diferentes interlocutores, facilitando a criação de argumentos mais precisos para cada um.
Liderança
O bom líder deve direcionar esforços para identificar e desenvolver os pontos fortes e fracos de seus
colaboradores e, dessa forma, auxiliá-los a entregar seu melhor. Isso significa compreender genuinamente suas
motivações, alinhá-las com os objetivos do negócio e traçar planos conjuntos que resultem na expansão de seu
potencial profissional.

A liderança não é um aspecto burocrático do trabalho de um gestor, mas sim uma oportunidade para conhecer o
outro e se autoconhecer, criando laços mais fortes, confiáveis e produtivos no processo. Essa transformação faz
parte do novo tipo de liderança esperado hoje, uma competência humana que envolve empatia, diálogo, co-
criação, coerência e transparência e vai além da conquista de metas e indicadores numéricos de sucesso.

Inteligência emocional
A inteligência emocional é uma competência que abriga diversas habilidades socioemocionais sob seu guarda-
chuva. Entre as mais importantes estão: preocupação com o outro (entender suas necessidades e sentimentos),
cooperação (ser uma pessoa fácil de se trabalhar), sociabilidade (saber trabalhar com e se conectar com outros) e
percepção social (reconhecer e entender as reações alheias).

A comunicação entre seres humanos pode ser cheia de detalhes e emoções – e isso pode ter um impacto real no
sucesso e na produtividade de um negócio. Comunicar com empatia constrói relações de confiança e cooperação.

Quem possui um alto índice alto de inteligência emocional sabe identificar e lidar com suas próprias condições
emocionais e aquelas de seus amigos, colegas e clientes. Em seguida, consegue adaptar seu tom de voz, gestos e
postura geral de acordo com aquela situação específica para obter o melhor resultado. Desenvolvê-la
(especialmente em líderes e gestores) pode transformar positivamente comportamentos e resultados.

Julgamento e tomada de decisão


Trata-se da competência que julga os custos e benefícios relacionados com potenciais ações e a escolha do melhor
caminho (a tomada de decisão). Claramente, essa é uma característica valiosa a qualquer momento.

Embora o poder de tomar decisões seja inerente, visto que é constantemente exercido – ao escolher o melhor
caminho para se chegar ao trabalho ou defender uma estratégia de marketing e não outra, por exemplo –, utilizá-
lo ao máximo para analisar uma situação e entender suas implicações exige prática, disciplina e foco.

Considerando a vasta quantidade de dados gerada pela tecnologia (e que só deve crescer), saber julgar e tomar
decisões de forma inteligente é peça-chave para ter insights que não sejam superficiais, mas realmente capazes de
transformar o negócio.

Negociação
Negociar significa fazer um acordo de troca ou cooperação entre os envolvidos. Quando os interesses de cada
parte são discordantes, o líder capaz de gerenciar conflitos e determinar prioridades conseguirá reconciliar estas
diferenças e chegar a uma decisão comum.
Para negociar bem – sobre verbas, prioridades, projetos –, é preciso ter clareza sobre a situação atual e aquela que
se quer atingir. Sobre essa base, constrói-se uma argumentação sólida, capaz de traçar uma rota entre as duas
pontas e genuinamente levar em conta desejos e anseios do outro lado.

Não é preciso apostar em um jogo de soma-zero e antagonismos. Em seu cerne, negociar com destreza significa
construir uma compreensão mútua sobre um dado ponto de conflito e encontrar maneiras de facilitar sua solução,
não em como impor obstáculos.

Orientação para servir


Quem domina essa competência está sempre ativamente buscando maneiras de ajudar os outros, de clientes a
parceiros. Tê-la fortalecida significa identificar quais são as dores e as demandas do público e assim antecipá-las ou
atendê-las mais rapidamente – seja através de novos produtos e serviços ou da adaptação do que já existe.

Especialmente em setores muito competitivos, é o serviço que frequentemente se destaca, fideliza um cliente e
pode torná-lo um defensor da marca. Para tanto, é preciso empregar a empatia ao analisar uma dada situação ou
obstáculo, evitar respostas prontas ou rotineiras e desenhar soluções personalizadas para aquele momento ou
stakeholder.

Pode parecer excessivamente trabalhoso, mas não é: é uma mentalidade. Orientar-se levando em conta as
necessidades do outro já é algo que fazemos no dia a dia, sem nem pensar, com colegas, amigos e familiares. Além
de utilizar um dos principais pontos fortes das relações entre seres humanos, essa capacidade pode render insights
transformadores para o negócio.

Pensamento crítico
Enquanto a tecnologia toma conta daquilo que pode ser automatizado (sejam tarefas repetitivas ou que já foram
testadas e comprovadas), as pessoas que raciocinam de maneira crítica se destacam ao questionar suposições e
diversificar seu jeito de pensar, angariando fatos, provas e múltiplas perspectivas para ter seus insights.

Especialmente útil na era dos dados, o pensamento crítico usa lógica e razão para identificar fraquezas e fortalezas
de conclusões. É verdade que algoritmos realizam análises cada vez mais complexas, porém não conseguem levar
em conta aspectos essencialmente humanos, como a ética e a ambiguidade.
Quanto mais conhecimento você tiver – em sua vida pessoal ou profissional, vale destacar –, mais insumos terá
para pensar criticamente. Por isso, trata-se de uma competência que cresce com a experiência, pois vive de
conexões entre vivências diversas.

Solução de problemas complexos


Essa competência identifica quais são as questões de difícil resolução, leva em conta as informações relacionadas e
avalia as opções e a implementação de soluções de acordo com o mundo real. Na era da tecnologia, é algo
fundamental. Dados podem apontar possibilidades com rapidez, mas, quanto mais complexo ou inédito for o
problema, mais importante será a capacidade humana de transformar estes dados em inteligência.

Segundo o Fórum Econômico Mundial, 36% dos trabalhos em todas as indústrias vão requerer a capacidade de
resolver problemas complexos em 2020. Faz sentido: quando há transformações de grande porte para serem
feitas, especialmente se envolvem múltiplas opções ou cenários, ainda é o ser humano que consegue pensar de
trás para frente e enxergar novos caminhos.
Por que construir
a equipe do futuro
O desenvolvimento de habilidades é o desafio-chave dessa era. Ao criar uma cultura de aprendizado contínuo, as
empresas estarão implementando a mudança de mentalidade e as condições de desenvolvimento necessárias para
ter sucesso neste século.

O Institute for the Future, que criou um relatório sobre habilidades em alta em 2020 3 em parceria com a
Universidade de Phoenix, destaca o papel do setor empresarial, em especial de times de recursos humanos. Em
meio às disrupções digitais, ter uma estratégia para desenvolver a equipe de forma aliada aos objetivos do negócio
“deveria ser um dos resultados mais críticos de profissionais de RH e envolver colaborações com universidades
para adereçar o lifelong learning”.
De acordo com a Organização Mundial do Comércio4, a importância de corporações nesse momento é ainda mais
ampla e impactante. Caso nações em desenvolvimento como o Brasil consigam fazer os investimentos requeridos
nessa nova fase (em especial formando líderes com habilidades de empreendedorismo e gestão), elas serão
capazes de aproveitar as oportunidades oferecidas pelas tecnologias digitais para fechar a lacuna com nações
avançadas. Trata-se de ajudar a construir, junto com o time, o futuro de um país.
 

Paulo Fernando

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