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Constituição de 1824 e 1891

Primavera

2010
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^igurando um passo fundamental para a consolidação da independência


nacional, a formulação de uma carta constituinte tornou -se uma das grandes
questões do Primeiro Reinado. Mesmo antes de dar fim aos laços coloniais,
Dom Pedro I já havia articulado, em 1822, a formação de uma Assembléia
Constituinte imbuída da missão de discutir as leis máximas da nação. Essa
primeira assembléia convocou oitenta deputados de catorze províncias.

Uma das mais delicadas questões que envolvia as leis elaboradas pela
Assembléia, fazia referência à definição dos poderes de Dom Pedro I. Em
pouco tempo, os constituintes formaram dois grupos políticos visíveis: um
liberal, defendendo a limitação dos poderes imperiais e dando maior autonomia
às províncias; e um conservador que apoiava um regime político centralizado
nas mãos de Dom Pedro. A partir de então, a relação entre o rei e os
constituintes não seria nada tranqüila.

O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a estabelecer limites ao poder de


ação política do imperador. No entanto, essa medida liberal, convivia com uma
orientação elitista que defendia a criação de um sistema eleitoral fundado no
voto censitário. Outro artigo desse primeiro ensaio da Cons tituição estabelecia
que os deputados não poderiam ser punidos pelo imperador. Mediante tantas
restrições, Dom Pedro I resolveu dissolver a primeira Assembléia Constituinte
do Brasil.

Logo em seguida, o imperador resolveu nomear um Conselho de Estado


composto por dez membros portugueses. Essa ação política sinalizava o
predomínio da orientação absolutista e a aproximação do nosso governante
junto os portugueses. Dessa maneira, no dia 25 de março de 1824, Dom Pedro
I, sem consultar nenhum outro poder, outo rgou a primeira constituição
brasileira. Contraditoriamente, o texto constitucional abrigava características de
orientação liberal e autoritária.

O governo foi dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário.


Através do Poder Moderador, exclusivamente exercido por Dom Pedro I, o rei
poderia anular qualquer decisão tomada pelos outros poderes. As províncias
não possuíam nenhum tipo de autonomia política, send o o imperador
responsável por nomear o presidente e o Conselho Geral de cada uma das
províncias.
O Poder Legislativo era dividido em duas câmaras onde se agrupavam o
Senado e a Câmara de Deputados. O sistema eleitoral era organizado de
forma indireta. Somente a população masculina, maior de 25 anos e portadora
de uma renda mínima de 100 mil-réis anuais teriam direito ao voto.

Esses primeiros votavam em um corpo eleitoral incumbido de votar nos


candidatos a senador e deputado. O cargo senatorial era vita lício e só poderia
ser pleiteado por indivíduos com renda superior a 800 mil -réis.

A Igreja Católica foi apontada como religião oficial do Estado. Em contrapartida,


as demais confissões religiosas poderiam ser praticadas em território nacional.
Os membros do clero católico estavam diretamente subordinados ao Estado,
sendo esse incumbido de nomear os membros da Igreja e fornecer a devida
remuneração aos integrantes dela.

Dessa maneira, a constituição de 1824 perfilou a criação de um Estado de


natureza autoritária em meio a instituições de aparência liberal. A contradição
do período acabou excluindo a grande maioria da população ao direito de
participação política e, logo em seguida, motivando rebeliões de natureza
separatista. Com isso, a primeira constit uição apoiou um governo centralizado
que, por vezes, ameaçou a unidade territorial e política do Brasil.

Constituição completa no site:


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No ano de 1890, o presidente provisório, marechal Deodoro da ^onseca,


convocou eleições para que uma Assembléia Constituinte votasse a primeira
carta constitucional republicana do Brasil. Nesse instante, os representantes
das oligarquias das várias províncias brasileiras se organizavam para perfilar
as leis que organizariam a nação. Em suma, podemos notar que os in tegrantes
dessa assembléia estiveram fortemente influenciados pelas diretrizes liberais
norte-americanas.

A manifestação mais elementar dessa influência aparece no novo nome oficial


da nação: ³Estados Unidos do Brasil´. Além disso, a nova constituição pre via
que a nação se transformasse em uma república federativa formada por
Estados. Nesse âmbito, cada um destes Estados da federação poderia
organizar seus contingentes militares, arrecadar impostos, criar leis próprias e
contrair empréstimos no exterior. A intervenção militar federal só aconteceria
nos levantes de natureza separatista e invasões estrangeiras.

Nesse aspecto, podemos ver que a nova organização política concedia maior
autonomia aos governantes locais e, consequentemente, restringia a ação do
poder federal. Do ponto de vista prático, todas essas concessões abriam
caminho para que as oligarquias de cada Estado tivessem maior espaço para
garantir os seus interesses. Estranhamente, a ampliação das liberdades não
quis dizer que um número maior de cidadãos pudesse agir ativamente no
cenário político nacional.

Mesmo acabando com o Poder Moderador e implantando o sistema


presidencialista, o regime republicano sacramentou ainda mais o estigma da
exclusão política. Pela nova política eleitoral, analfabe tos, mendigos, mulheres,
soldados de baixa patente e religiosos não poderiam votar. Até a década de
1920, o eleitorado brasileiro não ultrapassava 10% da população total e se
restringia aos homens, maiores de 21 anos e que fossem alfabetizados.

Buscando uma natureza laica, a Constituição de 1891 estabeleceu a separação


entre a Igreja e o Estado. Paralelamente, a criação do casamento civil, do
atestado de óbito e da certidão de nascimento afastava a permanência de
antigas funções públicas antigamente reserv adas aos membros do clero
católico. Tais ações aparentavam o surgimento da liberdade religiosa no país.
Contudo, por diversas vezes, as autoridades republicanas censuraram as
manifestações religiosas de natureza afro -brasileira.
luerendo garantir sua per manência no poder, Deodoro da ^onseca conseguiu
que os constituintes estipulassem que a primeira eleição presidencial fosse
indireta. Ao fim da votação, o marechal assumiu o governo brasileiro ao lado do
vice ^loriano Peixoto, que tinha sido oferecido ao c argo pelos setores de
oposição. Dessa forma, a nação brasileira passava a estar sob a vigência de
seu primeiro presidente eleito.

Constituição completa no site:


http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao91.htm
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Constituição de 1824
Primeira Constituição do país, outorgada por dom Pedro I. Mantém os
princípios do liberalismo moderado.

Características: - ^orma de Estado: unitário.

- ^orma de governo: monarquia.

- Poderes do Estado: Legislativo; Executivo;


Judiciário.

Poder - Exercido pelo imperador, também titular do Poder


Moderador: Executivo.

Principais - ^ortalecimento do poder pessoal do imperador com


medidas: a criação do Poder Moderador acima dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário. As províncias
passam a ser governadas por presidentes nomeados
pelo imperador. Eleições indiret as e censitárias, com
o voto restrito aos homens livres e proprietários e
condicionado ao seu nível de renda.

Reformas: - Ato Adicional de 1834, que cria as Assembleias


Legislativas provinciais. Legislação eleitoral de 1881,
que elimina os dois turnos das eleições legislativas.
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Constituição de 1891
Promulgada pelo Congresso Constitucional que elege Deodoro da ^onseca
como presidente. Tem espírito liberal, inspirado na tradição republicana dos
Estados Unidos.

Características: - ^orma de Estado: federação.

- ^orma de governo: República.

- Poderes do Estado: Legislativo, Executivo e


Judiciário.

- Regime: presidencialista.

- ^onte imediata: Constituição dos Estados Unidos


(1787).

A reforma - Disciplinamento maior da intervenção federal.


de 1926:
- Criação do veto parcial.

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Principais medidas: - Estabelece o presidencialismo, confere maior


autonomia aos estados da federação e garante a
liberdade partidária.

- Institui eleições diretas para a Câmara, o Senado e


a Presidência da República, com mandato de quatro
anos. O voto é universal e não-secreto para homens
acima de 21 anos e vetado a mulheres, analfabetos,
soldados e religiosos. Determina a separação oficial
entre o Estado e a Igreja Católica e elimina o Poder
Moderador.

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