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ANALÍTICO
entre esses sintomas e nós, analistas, até que façamos parte do sintoma.
Esse gênero de conexão é o índice maior da transferência e, segundo
Násio (1999), temos que nos introduzir no sofrimento do outro e só
podemos fazê-lo se entramos na cena, no roteiro, nos detalhes, na
pontuação do discurso. É o que Lacan chama de semblante, o que
significa fazer uma tábula rasa de qualquer ideia, sentimento, até se
tornar uma superfície virgem de inscrições. O analista deve ser o vazio
em si e fingir esquecimento . Trata-se, portanto, de uma atitude
subjetiva, interna do analista, que desencadeia, abre, institui e inaugura,
verdadeiramente, o discurso analítico. Cesarotto (1987) contribui
dizendo que o semblante consiste em suportar o que não se conhece,
sem demonstrá-lo e que esta é a função do analista e condição de
escuta.
O analista garante, que tudo o que o analisando faz serve para
alguma coisa, mesmo que não se saiba o quê. O sujeito suposto-saber
não é o analista que sabe tudo, mas aquele em que o paciente confia,
que o que é dito não é feito em vão, não se fala à toa.
Quinet (1991) adverte que o cliente pode se apresentar ao
analista para se queixar de seu sintoma e até pedir para ele se
desvencilhar, mas isso não basta. É preciso que essa queixa se
transforme em uma demanda endereçada àquele analista e que o sintoma
passe do estatuto de resposta ao estatuto de questão, para que o cliente
seja instigado a decifrá-lo. Nesse trabalho preliminar, o sintoma será
questionado pelo analista que procurará saber a que esse sintoma está
respondendo, que gozo esse sintoma vem delimitar. Em termos
freudianos: o que fez fracassar o recalque e surgir o retorno do
recalcado para que fosse constituído o sintoma.
A constituição do sintoma analítico é correlata ao
estabelecimento da transferência que faz emergir o sujeito suposto-
saber, pivô da transferência. O sintoma, ao ser transformado em
questão, ele aparece como a própria divisão do sujeito e, ao encontrar
o endereço certo que é o analista, se torna o sintoma propriamente
analítico. Lacan chama isso de: o analista completa o sintoma. Com
esse sintoma, o sujeito se dirige ao analista com uma pergunta: o que
isso quer dizer? O que significa isso? Tal posição inclui um saber, pois
REFERÊNCIAS