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Fundações Profundas – Capacidade de Carga Escola de Engenharia

Prof. Antônio M. L. Alves Universidade Federal do Rio Grande - FURG

CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS


Fundações Profundas – Capacidade de Carga Escola de Engenharia
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CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Qu

rs
Deslizamento

Rs, L
W
Distorção por
cisalhamento
e ruptura

Compressão,
distorção por rb
cisalhamento
e ruptura Rb

➢ Equilíbrio (na ruptura): Qu + W = Rs + Rb


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• Estimativa da resistência (estática) de estacas:

1. Métodos teóricos:

𝑅𝑏 = 𝑟𝑏 ∙ 𝐴𝑏

𝑅𝑠 = න 𝑟𝑠 ∙ 𝑈 ∙ 𝑑𝑧
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1.1 Resistência de ponta ou base: Teoria da Plasticidade.

− ABORDAGEM GERAL PARA


SOLOS GRANULARES
(enfoque em tensões efetivas):

➢ 𝑟𝑏 = 𝑁𝑞 ∙ 𝜎′𝑣𝑏

− ABORDAGEM GERAL PARA


SOLOS ARGILOSOS
(enfoque em tensões totais):

➢ 𝑟𝑏 = 𝑁𝑐 ∙ 𝑠𝑢

➢ L/B > 4 → Nc = 9,0 (SKEMPTON, 1951)

Fonte: Adaptado de USACE (2005)


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1.2 Resistência por atrito lateral:

− MÉTODO GERAL PARA SOLOS GRANULARES:

➢ 𝑟𝑠 = 𝐾𝑠 ∙ 𝜎′𝑣0 ∙ tan 𝛿

- Ks → função do estado de tensões iniciais do solo e do processo executivo:

Ks para estacas de deslocamento (BROMS, 1966)


Tipo de estaca Areia fofa Areia compacta - Estacas de substituição → 𝐾𝑠 ≤ 𝐾0
Aço 0,5 1,0
1,0 + 𝐾0
Concreto (cravada) 1,0 2,0 - Estacas injetadas → 𝐾𝑠 ≅
2
Madeira 1,5 3,0

d (AAS, 1966)
Tipo de estaca d
- d → função do material da estaca: Aço 20º - 30º
Concreto 3/4 f’
Madeira 2/3 f’
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− MÉTODOS PARA SOLOS ARGILOSOS:


➢ Método a ou Enfoque em Tensões Totais (TOMLINSON, 1957):

𝑟𝑠 = 𝛼 ∙ 𝑠𝑢

- su: medido antes da instalação da estaca (desconsiderando “set-up”)

Fonte: Adaptado de TOMLINSON (1957)


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➢ Método b ou Enfoque em Tensões Efetivas (CHANDLER, 1968, BURLAND, 1973):

𝑟𝑠 = 𝜎′ℎ ∙ tan 𝛿 = 𝐾𝑠 ∙ 𝜎 ′ 𝑣0 ∙ tan 𝛿 = 𝛽 ∙ 𝜎′𝑣0


- Hipóteses: antes do carregamento, os excessos de poropressão gerados na instalação da estaca estão
completamente dissipados; carregamento se dá em condições drenadas.
- b → função do processo executivo, do tipo de solo e do material da estaca
- 1-senf’ (argilas moles)  Ks  cos2f’/(1+sen2f’) (argilas rijas)

➢ Método l ou Enfoque Misto (VIAJAYVERGIYA E FOCHT, 1972):


𝑟𝑠 = 𝜆 ∙ 𝜎 ′ 𝑣0 + 2 ∙ 𝑠𝑢
- l → função do comprimento do trecho em argila (0,1 para estacas com La > 50 m a 0,3 para estacas com
La < 10 m)

➢ Método de Randolph & Murphy (1985): a = 1 em argilas NA.

𝑟𝑠 = 𝑠𝑢 Τ 𝜎 ′ 𝑣0 𝑁𝐴 ∙ 𝑠𝑢 ∙ 𝜎 ′ 𝑣0 → para su / s’v0 ≤ 1

0,75
𝑟𝑠 = 𝑠𝑢 Τ 𝜎 ′ 𝑣0 𝑁𝐴 ∙ 𝑠𝑢 ∙ 𝜎 ′ 𝑣0 0,25
→ para su / s’v0 > 1

Argilas normalmente adensadas (NA) → 𝑠𝑢 Τ 𝜎 ′ 𝑣0 𝑁𝐴 ≅ 0,25


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2. Métodos semiempíricos:

➢ Rs e Rb → f (resultados de ensaios de campo - CPT, SPT)

− Método de Aoki e Velloso (1975):

𝑞𝑐 ഥ𝑏
𝑘𝐴𝑉 ∙ 𝑁
➢ 𝑅𝑏 = 𝑟𝑏 ∙ 𝐴𝑏 = ∙𝐴 = ∙ 𝐴𝑏
𝐹1 𝑏 𝐹1

𝜏𝑐 𝛼𝐴𝑉 ∙ 𝑞𝑐 𝛼𝐴𝑉 ∙ 𝑘𝐴𝑉 ∙ 𝑁𝑆𝑃𝑇


➢ 𝑅𝑠 = ෍ 𝑟𝑠 ∙ 𝑈 ∙ ∆𝐿 = ෍ ∙ 𝑈 ∙ ∆𝐿 = ෍ ∙ 𝑈 ∙ ∆𝐿 = ෍ ∙ 𝑈 ∙ ∆𝐿
𝐹2 𝐹2 𝐹2

∆𝑅𝑠
➢ NSPT  50

➢ ഥ𝑏 → média entre o NSPT correspondente à profundidade da ponta da estaca, o imediatamente


𝑁
anterior e o imediatamente posterior.
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− Método de Aoki e Velloso (1975):

Danziger e Velloso (1986)


Parâmetros Originais Monteiro (1997)
TIPO DE SOLO Laprovitera (1988)
kAV (kPa) aAV (%) kAV (kPa) aAV (%) kAV (kPa) aAV (%)
Areia 1000 1,4 600 1,4 730 2,1
Areia siltosa 800 2,0 530 1,9 680 2,3
Areia silto-argilosa 700 2,4 530 2,4 630 2,4
Areia argilosa 600 3,0 530 3,0 540 2,8
Areia argilo-siltosa 500 2,8 530 2,8 570 2,9
Silte 400 3,0 480 3,0 480 3,2
Silte arenoso 550 2,2 480 3,0 500 3,0
Silte areno-argiloso 450 2,8 380 3,0 450 3,2
Silte argiloso 230 3,4 300 3,4 320 3,6
Silte argilo-arenoso 250 3,0 380 3,0 400 3,3
Argila 200 6,0 250 6,0 250 5,5
Argila arenosa 350 2,4 480 4,0 440 3,2
Argila areno-siltosa 300 2,8 300 4,5 300 3,8
Argila siltosa 220 4,0 250 5,5 260 4,5
Argila silto-arenosa 330 3,0 300 5,0 330 4,1
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− Método de Aoki e Velloso (1975):

Laprovitera (1988)
Parâmetros Originais Monteiro (1997)
TIPO DE ESTACA Benegas (1993)
F1 F2 F1 F2 F1 F2
Franki de fuste apiloado 2,3 3,0
2,5 5,0 2,5 3,0
Franki de fuste vibrado 2,3 3,2
Metálica 1,75 3,5 2,4 3,4 1,75 3,5
Pré-moldada de concreto
2,5 3,5
cravada a percussão
1,75 3,5 2,0 3,5
Pré-moldada de concreto
1,2 2,3
cravada por prensagem

Escavada 3,0 6,0 4,5 4,5 3,5 4,5

Strauss - - - - 4,2 3,9


Raiz - - - - 2,2 2,4
Hélice contínua - - - - 3,0 3,8
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− Método de Décourt e Quaresma (1978):

➢ ഥ𝑏 ∙ 𝐴𝑏
𝑅𝑏 = 𝑟𝑏 ∙ 𝐴𝑏 = 𝛼𝐷𝑄 ∙ 𝑘𝐷𝑄 ∙ 𝑁

➢ ഥ𝑏 → média entre o NSPT correspondente à profundidade da ponta da estaca, o imediatamente


𝑁
anterior e o imediatamente posterior.

ഥ𝑠
𝑁
➢ 𝑅𝑠 = ෍ 𝑟𝑠 ∙ 𝑈 ∙ ∆𝐿 = 𝛽𝐷𝑄 ∙ 10 ∙ +1 ∙𝑈∙𝐿 𝑈, 𝐿 → 𝑚
3 ቊ
𝑅𝑠 → 𝑘𝑁

➢ ഥ𝑠 → média dos valores de NSPT ao longo do fuste (excluídos aqueles valores utilizados para o
𝑁
ഥ𝑏 ).
cálculo de 𝑁

➢ ഥ𝑠 : 3  NSPT  50 (é comum adotar o limite superior de 50 golpes também no


Para o cálculo de 𝑁
ഥ𝑏 )
cálculo de 𝑁
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− Método de Décourt e Quaresma (1978) (também DÉCOURT, 2019):


Tipo de solo kDQ (kN/m2)
Argilas 120
Siltes argilosos (solos residuais) 200
Siltes arenosos (solos residuais) 250
Areias 400

aDQ
Estaca Escavada Escavada (com Hélice Injetadas (alta
Cravada (em geral) bentonita) contínua Raiz pressão)
Solo
Argilas 1,00 (+) 0,85 0,85 0,30 (*) 0,85 (*) 1,00 (*)
Solos intermediários 1,00 (+) 0,60 0,60 0,30 (*) 0,60 (*) 1,00 (*)
Areias 1,00 (+) 0,50 0,50 0,30 (*) 0,50 (*) 1,00 (*)

bDQ
Estaca Escavada Escavada (com Hélice Injetadas (alta
Cravada (em geral) bentonita) contínua Raiz pressão)
Solo
Argilas 1,00 (+) 0,80 0,90 (*) 1,00 (*) 1,50 (*) 3,00 (*)
Solos intermediários 1,00 (+) 0,65 0,75 (*) 1,00 (*) 1,50 (*) 3,00 (*)
Areias 1,00 (+) 0,50 0,60 (*) 1,00 (*) 1,50 (*) 3,00 (*)
(+) Universo para o qual a correlação original foi desenvolvida. (*) Valores apenas orientativos.
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• Estimativa da resistência estática de tubulões:

➢ Despreza-se a resistência por atrito lateral; resistência de base calculada por métodos teóricos
(FS = 3) ou semiempíricos; profundidade máxima de tubulões a céu aberto = 15 m (NR18).

➢ Método semiempírico de Albiero e Cintra (2019):

ഥ + 𝜎′𝑣𝑏
𝑞𝑎𝑑𝑚 = 20 ∙ 𝑁

➢ ഥ é a média dos valores de N


𝑁 SPT tomados na distância de 1,5 diâmetros abaixo da base, e

s’vb é a tensão vertical efetiva do terreno na profundidade da base.

➢ Berberian (2016) recomenda limitar s’vb a 40 kPa e o 𝑁


ഥ a 40 golpes.

➢ Recomenda-se também que qadm ≤ 600 kPa (ALBUQUERQUE E GARCIA, 2020).

➢ Fuste: tensão no concreto ≤ 5 MPa (para não ser armado, de acordo com a NBR 6122);
diâmetro ≥ 90 cm (NR18).
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• Orientações complementares:
➢ Área de ponta e perímetro de perfis metálicos: Área circunscrita
Área bruta

Deve-se adotar um critério de área e


perímetro para o cálculo de capacidade de
carga. A área de ponta pode ser a área bruta Perímetro Perímetro
de aço ou a área circunscrita. O perímetro “colado” circunscrito
pode ser o real (“colado”) ou o circunscrito.

➢ Corrosão em estacas metálicas:


NBR 6122 (item 8.6.7) → As estacas de aço que estiverem total e permanentemente enterradas,
independentemente da situação do lençol d´água, dispensam tratamento especial, desde que seja
descontada a espessura indicada na Tabela:

Classe Espessura mínima de sacrifício (mm)


Solos em estado natural e aterros controlados 1,0
Argila orgânica; solos porosos não saturados 1,5
Turfa 3,0
Aterros não controlados 2,0
Solos contaminadosa 3,2
a Casos de solos agressivos devem ser estudados especificamente.
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➢ Efeito de camada espessa de argila mole – estacas pré-moldadas:


NBR 6122 (item 8.6.5.1) → No caso de ocorrência de camada de argila mole, devem ser
utilizadas estacas com características estruturais mínimas em função dos
comprimentos cravados, considerados a espessura da camada de argila mole, a inércia
do elemento, o número de emendas, a linearidade do eixo e os momentos de segunda
ordem, obedecendo a:
Q

a) Menor momento resistente de


sua seção transversal → Wmin ≥
930 cm3;

b) Estacas com comprimentos


entre 20 m e 30 m → raio de Argila mole
giração i ≥ 5,4 cm;

c) Estacas com comprimentos Estaca esbelta


acima de 30 m → raio de
giração i ≥ 6,4 cm

Os menores momentos resistentes para as seções transversais das estacas, citados


nesta subseção, pretendem reduzir a possibilidade de ocorrência de instabilidade
dinâmica direcional (drapejamento) durante a cravação dessas estacas através de
camadas de argila mole.
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➢ Capacidade de carga a tração:

- Efeito de Poisson na estaca:

- Aproximadamente: 𝑅𝑠,𝑡𝑟𝑎çã𝑜 ≤ 0,8 ∙ 𝑅𝑠,𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜


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➢ Evolução no tempo da capacidade de carga de estacas cravadas em solos


argilosos (“set-up”):

100
90 YANG (1956)
YANG (1956)
80 SEED & REESE (1957)
HOUSEL (1958)
70 BJERRUM et al. (1958)
(%)
(%)

BJERRUM et al. (1958)


60 EIDE et al. (1961)
máx

McCLELLAND (1969)
50
𝒎á𝒙

McCLELLAND (1969)
Q/Q
𝑹

40
𝑹

30
20
𝐶ℎ ∙ 𝑡
10 𝑇ℎ =
0 𝐵Τ2 2
0,1 1 10 100 1000

Tempo decorrido desde a cravação (dias)


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➢ Embuchamento (“plugging”) em estacas vazadas:

Q Q

Rs (int)

Rs (ext) Rs (ext)

Rb (anel) Rb (cheia)

a) Estaca não-embuchada b) Estaca embuchada


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➢ Embuchamento (“plugging”) em estacas vazadas:

Estacas do TECON/RG (FAGUNDES, 2007)


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• Fatores de segurança de fundações profundas (NBR 6122):

➢ Resistência calculada por método semiempírico (Rse ) (item 6.2.1.2.1):

O fator de segurança global a ser utilizado para determinação da carga admissível é 2,0. Para se chegar à força
resistente de cálculo o ponderador deve ser 1,4. Quando se reconhecerem regiões representativas e se utilizarem
resultados de ensaios de campo nessas regiões, a determinação da resistência característica das estacas (Rk) por
métodos semiempíricos pode basear-se na expressão:
(Rse)med – resistência determinada
com base em valores médios dos
𝑅𝑠𝑒 𝑚𝑒𝑑 𝑅𝑠𝑒 𝑚𝑖𝑛 resultados dos ensaios de campo;
𝑅𝑘 = 𝑚𝑖𝑛 ; (Rse)min – resistência determinada com
𝜉1 𝜉2 base em valores mínimos dos
resultados dos ensaios de campo.

na 1 2 3 4 5 6  10
x1 b 1,42 1,35 1,33 1,31 1,29 1,27 1,27
x2 b 1,42 1,27 1,23 1,20 1,15 1,13 1,11
a n = número de perfis de ensaios por região representativa do terreno
b Os valores de x1 e x2 podem ser multiplicados por 0,9 no caso de execução de ensaios complementares à sondagem a percussão.

Quando utilizado o método de valores admissíveis, a carga admissível deve ser: Qadm = Rk / FS, com FS = 1,4.
Quando utilizado o método de valores de cálculo, a força resistente de cálculo deve ser: Rd = Rk / gm, com gm = 1,0.
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➢ Resistência obtida por provas de carga (Rpc ) executadas na fase de elaboração ou adequação
do projeto (item 6.2.1.2.2):

Para que se obtenha a carga admissível (ou carga resistente de projeto) de estacas, a partir de provas de carga, é
necessário que: a) a(s) prova(s) de carga sejam estáticas; b) as provas de carga sejam especificadas na fase de
projeto e executadas no início da obra, de modo que o projeto possa ser adequado para as demais estacas; c) as
provas de carga sejam levadas até uma carga no mínimo duas vezes a carga admissível prevista em projeto.
O fator de segurança global a ser utilizado para determinação da carga admissível é 1,6. Para se chegar à força
resistente de cálculo o ponderador deve ser de 1,14. Quando em uma mesma região representativa for realizado
um número maior de provas de carga, a resistência característica das estacas (Rk) pode ser determinada pela
expressão:
(Rpc)med – resistência determinada
𝑅𝑝𝑐 𝑚𝑒𝑑
𝑅𝑝𝑐 𝑚𝑖𝑛
com base em valores médios dos
resultados das provas de carga;
𝑅𝑘 = 𝑚𝑖𝑛 ; (Rpc)min – resistência determinada com
𝜉3 𝜉4 base em valores mínimos dos
resultados das provas de carga.

na 1 2 3 4 5
x3 1,14 1,11 1,07 1,04 1,00
x4 1,14 1,10 1,05 1,02 1,00
a n = número de provas de carga em estacas de mesmas características, por região representativa do terreno

Quando utilizado o método de valores admissíveis, a carga admissível deve ser: Qadm = Rk / FS, com FS = 1,4.
Quando utilizado o método de valores de cálculo, a força resistente de cálculo deve ser: Rd = Rk / gm, com gm = 1,0.
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➢ Estacas Escavadas e Hélice Contínua - NBR 6122 (item 8.2.1.2):

- O projeto de estacas escavadas com estabilização das paredes auxiliada por fluido estabilizante,
bem como de estacas hélice contínua, deve, sempre que considerar a contribuição da resistência
de ponta, fazer menção explícita a esse critério. O executor deve, antes da execução, assegurar
que são cumpridos os procedimentos executivos mínimos especificados, de forma a obter o
contato efetivo entre a ponta da estaca e o solo competente ou rocha. Nessas condições, na
verificação do ELU a resistência da ponta terá como limite superior o valor da resistência de atrito
lateral:
𝑅𝑏 + 𝑅𝑠
𝑅𝑏 ≤ 𝑅𝑠 𝑄𝑎𝑑𝑚 =
𝐹𝑆
- Caso o contato efetivo entre o concreto e o solo firme ou rocha não possa ser assegurado pelo
executor, o projeto deve ser revisto: os comprimentos das estacas devem ser ajustados, na
verificação do ELU, à condição de resistência nula na ponta:

𝑅𝑠
𝑅𝑏 = 0 𝑄𝑎𝑑𝑚 =
𝐹𝑆
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• Mobilização das resistências por atrito lateral e na base:

Q
Rs Ry Rb R Q

wy
qs

Qs L
W
wlim
Qb
Qs
Qb + Qs
w
Qb

➢ A resistência por atrito lateral é totalmente mobilizada para movimentos relativos muito pequenos entre
estaca e solo (da ordem de 1% do diâmetro da estaca). Já a resistência de ponta só é totalmente
mobilizada para deslocamentos muito maiores (da ordem de 10% do diâmetro da estaca). Assim,
tradicionalmente, adota-se como hipótese para o carregamento de trabalho: Qs ≈ Rs,; Qb < Rb.
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• Efeito de grupo em estacas e tubulões:


➢ Grupos → decorrência (a) de Q
cargas elevadas nos pilares,
em relação à carga de trabalho B
das estacas ou tubulões
disponíveis, e (b) de esforços
nas fundações, tais que a L
utilização de um grupo de
estacas inclinadas ou em
cavaletes oferece uma melhor
maneira de absorver os
esforços.

Bd
➢ Quando as estacas e os
tubulões trabalham em grupo 4 estacas contribuem para as tensões nesta zona

(ligadas em seu topo por um 3 estacas contribuem para as tensões nesta zona
bloco de coroamento), a t 2 estacas contribuem para as tensões nesta zona
capacidade de carga e os
Um espaçamento adequado reduz as zonas de
recalques do grupo podem ser superposição e o número de estacas contribuindo
para qualquer zona.
diferentes do comportamento
t
de uma estaca isolada →
EFEITO DE GRUPO. Adaptado de BOWLES (1997)
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➢ De uma forma geral, elementos de fundação executados muito próximos comportam-se em


bloco, juntamente com o solo aprisionado entre eles. Não há mobilização de atrito lateral nas
estacas internas. Este comportamento em bloco não é desejável, pois reduz a eficiência (h )
do estaqueamento. Assim, um espaçamento mínimo entre estacas deve ser obedecido.

Solo aprisionado

𝑅𝐺
𝜂=
σ𝑅

Estacas rompendo
individualmente

Fonte: VELLOSO E LOPES (2010)


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➢ Estacas de deslocamento em solos argilosos: Para um espaçamento menor do que


cerca de 2 diâmetros de estaca, ocorre o comportamento em bloco, caracterizado por
uma eficiência baixa. A partir desse espaçamento, a eficiência cresce e fica próxima de
1.

➢ Estacas de deslocamento em solos arenosos: Estacas pouco espaçadas em areias


fofas têm um efeito benéfico pela cravação de estacas vizinhas. Este efeito é máximo
para espaçamentos da ordem de 2 vezes o diâmetro das estacas, e diminui para
espaçamento crescente, voltando a uma eficiência igual a 1 para espaçamentos de
cerca de 6 diâmetros. Em areias compactas, a cravação de estacas próximas pode
causar redução de eficiência e dano nas estacas já executadas.

➢ Estacas de substituição e tubulões: Estacas de substituição e tubulões que transmitem


carga pelo fuste não têm o efeito benéfico da compactação, e a proximidade entre
estacas apenas cria o efeito de bloco. Nos tubulões que trabalham apenas por base, o
efeito de grupo não é marcante.

➢ Deve-se adotar um espaçamento mínimo da ordem de 2,5 a 3 diâmetros (entre


eixos de estacas), para que se tenha um comportamento individual pleno das
estacas, do ponto de vista de capacidade de carga.
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− Estimativa da eficiência de estaqueamentos:

➢ Regra de Feld: consiste em descontar 1/16 da eficiência de cada estaca, para cada estaca
vizinha a ela. O método de Feld não leva em consideração a distância entre as estacas. A
eficiência média do estaqueamento será igual à média das eficiências das estacas.

𝑡 𝑛𝑥 + 𝑛𝑦 − 2 0,3
➢ Equação de Seiler-Keeney: 𝜂 = 1 − 0,479 ∙ ∙ +
𝑡 2 − 0,093 𝑛𝑥 + 𝑛𝑦 − 1 𝑛𝑥 + 𝑛𝑦

- nx = no. de estacas na direção x; ny = no. de estacas na direção y; t = espaçamento em m.

𝑛𝑥 − 1 ∙ 𝑛𝑦 + 𝑛𝑦 − 1 ∙ 𝑛𝑥
➢ Equação de Converse-Labarre: 𝜂 = 1 − ∙𝜃
90 ∙ 𝑛𝑥 ∙ 𝑛𝑦
- q (graus) = arctan (B/t), B = diâmetro das estacas.

➢ NBR 6122 (item 8.3): “A carga admissível ou força resistente de cálculo de um grupo de
estacas ou tubulões não pode ser superior à de uma sapata hipotética definida da seguinte
forma: a sapata teria contorno igual ao do grupo e estaria apoiada numa cota superior à da
ponta das fundações, sendo a diferença de cotas igual a 1/3 do comprimento de penetração
das fundações na camada de suporte. Essas considerações não são válidas para blocos
apoiados em fundações profundas com elementos inclinados”.
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• Dimensionamento geométrico (em planta) de blocos de


coroamento sobre estacas:

𝑡 = 2,5 𝑎 3 𝐵

t0
𝑡0 ≥ 𝐵
t0
l
pilar
B Distância entre a divisa do
terreno e o eixo da estaca:
t depende das dimensões do
equipamento de execução.
Mínimo: 1,5 B.
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⚫ BIBLIOGRAFIA:

➢ AAS, G., Baerceevne av peler l frisksjonsjordater, NGI Forening Stipendium, Oslo, 1966.

➢ ABNT NBR 6122, Projeto e Execução de Fundações, 2019.

➢ ALBIERO, J.H., CINTRA, J.C.A., Análise e Projeto de Fundações Profundas – Tubulões e caixões,
FUNDAÇÕES: TEORIA E PRÁTICA, 3ª. Edição, Ed. PINI, São Paulo, pp. 297 – 322, 2019.

➢ ALBUQUERQUE, P.J.R., GARCIA, J.R., Engenharia de Fundações, LTC, 2020.

➢ AOKI, N., VELLOSO, D.A., An approximate method to estimate the bearing capacity of piles, 5th
PANAMERICAN CONFERENCE ON SOIL MECHANICS AND FOUNDATION ENGINEERING, Buenos
Aires, V. 5, pp. 367 – 374, 1975.

➢ BENEGAS, H.Q., Previsão para a curva carga-recalque de estacas a partir de SPT, Dissertação de
Mestrado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 93 p., 1993.

➢ BERBERIAN, D., Engenharia de Fundações.

➢ BOWLES, J.E., Foundation Analysis and Design, McGraw-Hill, 1997.

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