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REGISTRO DE CANDIDATOS

Processo de registro

Introdução

O registro de candidaturas é o ato da Justiça Eleitoral que determina quem, em


caráter oficial, será candidato nas eleições.
Segundo Silva (2006, p. 378), “o procedimento eleitoral visa selecionar e
designar as autoridades governamentais, especialmente os membros do Congresso
Nacional, das Assembleias Legislativas, das Câmaras Municipais e Chefes de Poderes
Executivos”.
Compete à Justiça Eleitoral evitar que candidatos que não reúnam as condições
de elegibilidade ou estejam inseridos em causas de perda ou suspensão dos direitos
políticos alcancem cargos públicos (art. 3º do CE, art. 1º da LC nº 64/90 e art. 15 da
CF).
Para viabilizar o registro das candidaturas no tempo hábil, a Justiça Eleitoral
desenvolveu minucioso procedimento com base no Código Eleitoral (arts. 87 a 102) e
na Lei nº 9.504/97 (arts. 10 a 16-A).1
Primeiramente, é necessário lembrar que, antes do registro, não há candidatos,
logo, só se pode falar em pré-candidaturas, já que, a partir da escolha, os filiados
adquirem o direito de ter seus nomes indicados pelo partido. Costa (2009, p. 275) ensina
que “após a escolha do filiado que será indicado como candidato a cargo eletivo, já
surgem em sua esfera jurídica alguns efeitos importantes, como direitos subjetivos
oponíveis a outros filiados, que poderiam pleitear essa condição”.
Uma vez definidas as candidaturas no âmbito partidário, o pedido de registro já
pode ser apresentado, devendo ser subscrito pelo presidente do diretório do partido, ou
da respectiva comissão diretora provisória, ou por representante autorizado. Na hipótese
de coligação2, o pedido de registro dos candidatos deverá ser subscrito pelos presidentes

1
Resolução TSE nº 23.373/11, que dispõe sobre a escolha e o registro de candidatos para as eleições de
2012 e Resolução TSE nº 23.221/10, referente ao pleito de 2010.
2
Coligação é a união de dois ou mais partidos com vistas à apresentação conjunta de candidatos a
determinada eleição.
dos partidos políticos coligados, ou por seus representantes3, ou pela maioria dos
membros dos respectivos órgãos executivos de direção (Lei nº 9.504/97, art. 6º, § 3º, II).
Com o requerimento de registro, o partido político ou a coligação fornecerá,
obrigatoriamente, o endereço completo nos quais receberá intimações e comunicados e,
no caso de coligação, deverá indicar, ainda, o nome da pessoa designada para
representá-la perante a Justiça Eleitoral.4

Competência

Os pedidos de registro dos candidatos a presidente e vice-presidente da


República serão apresentados no Tribunal Superior Eleitoral; os dos candidatos a
senador, deputado federal, governador e vice-governador e deputado, nos Tribunais
Regionais Eleitorais; e os dos vereadores, prefeito e vice-prefeito, nos Juízos Eleitorais.

Prazo

O prazo para que os partidos e coligações solicitem à Justiça Eleitoral o registro


de seus candidatos é até as 19 horas do dia 5 de julho do ano em que se realizarem as
eleições (art. 11 da Lei nº 9.504/97).

Procedimento

O pedido de registro deve ser acompanhado dos seguintes documentos:

Cópia da ata da convenção partidária de indicação;


Autorização do candidato, por escrito;
Prova de filiação partidária;
Declaração de bens, assinada pelo candidato;
Cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de
que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou
transferência de domicílio no prazo de um ano antes da eleição;

3
Os partidos integrantes da coligação devem designar um representante que terá atribuições equivalentes
às de presidente de partido político no trato dos interesses e na representação da coligação, no que se
refere ao processo eleitoral (art. 6º, § 3º, inciso III da Lei nº 9.504/97).
4
Os representantes da coligação perante a Justiça Eleitoral são denominados delegados e podem ser em
número de até cinco, perante o TSE; quatro, perante os TREs, e três, perante o Juízo Eleitoral.
Certidão de quitação eleitoral;
Certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça
Eleitoral, Federal e Estadual;
Fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da
Justiça Eleitoral;
Propostas defendidas pelo candidato a prefeito, a governador de estado e
a presidente da República.

Para otimizar os processos de registro, a Justiça Eleitoral desenvolveu um


sistema denominado Sistema de Candidaturas – CAND, que deve ser usado
obrigatoriamente pelos partidos. O sistema pode ser obtido na página do Tribunal
Superior Eleitoral e dos Tribunais Regionais Eleitorais, ou, diretamente, nos próprios
Tribunais Eleitorais ou nos Cartórios Eleitorais.
O pedido de registro, uma vez protocolado, deve seguir os seguintes passos:

Os pedidos de registro são recebidos em meio magnético diretamente no


CAND e, em seguida, a Justiça Eleitoral providenciará a publicação de
edital5, contendo os nomes dos candidatos para ciência dos interessados.
A partir da publicação do edital, passa a correr o prazo de 48 horas para
que o filiado escolhido em convenção, que tenha verificado que o partido
não apresentou seu nome, requeira individualmente seu registro, bem
como o prazo de cinco dias para a impugnação dos registros requeridos
pelos partidos políticos e coligações.
Decorrido o prazo de 48 horas para os pedidos individuais, novo edital
será publicado, passando a correr, para esses, o prazo de impugnação.
Encerrado o prazo para impugnação, os autos irão para apreciação do
juiz, que, verificando haver ainda alguma irregularidade sanável,
concederá o prazo de 72 horas ao interessado.6

5
Essa publicação se dará, preferencialmente, no Diário de Justiça Eletrônico, ou no cartório eleitoral.
6
Podemos citar como uma irregularidade sanável o caso de descumprimento do percentual mínimo de
30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo (Lei nº 9.504/97, art.10, § 3º). Conforme Gomes
(2012, p. 262), a quota eleitoral de gênero, “conquanto se aplique indistintamente a ambos os sexos, [...]
foi pensada para resguardar a posição das mulheres, que tradicionalmente não desfrutam de espaço
relevante no cenário político, em geral controlado por homens”.
Estando o pedido de registro instruído com todos os documentos
necessários e não havendo vício na candidatura ou impugnação, o feito
será julgado e o candidato será declarado registrado.
Todos os documentos que acompanham o pedido de registro são públicos e
podem ser livremente consultados por interessados, que poderão, inclusive, obter cópias
(desde que às suas expensas).

Quantidade de candidatos

Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados, Câmara
Legislativa, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais até 150% do número de
lugares a preencher. Já a coligação, independentemente do número de partidos que a
integrem, poderá registrar candidatos até o dobro do número de lugares a preencher.
Nos estados em que o número de cadeiras para a Câmara dos Deputados não
exceda 20, cada partido poderá registrar candidatos a deputado federal e a deputado
estadual ou distrital até o dobro das respectivas vagas. E, no caso de coligação, esses
números poderão ser acrescidos de até 50%.

Registro de variações nominais

O candidato às eleições proporcionais deverá indicar, além de seu nome


completo, as variações nominais com que deseja ser registrado (até o máximo de três
opções), mencionando em que ordem de preferência deseja registrar-se. Poderão ser
indicados prenome, sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é
mais conhecido, desde que não estabeleçam dúvida quanto à identidade do candidato,
não atentem contra o pudor e não sejam ridículos ou irreverentes.
Se acontecer de serem registrados nomes iguais, a Justiça Eleitoral decidirá
conforme as regras a seguir:
Havendo dúvida, poderá exigir do candidato prova de que é conhecido
por dada opção de nome, indicada no pedido de registro;
Ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, esteja
exercendo mandato eletivo ou o tenha exercido nos últimos quatro anos,
ou que nesse mesmo prazo tenha se candidatado com um dos nomes que
indicou, será dada preferência;
Ao candidato que, pela sua vida política, social ou profissional, seja
identificado por um dado nome que tenha indicado, será deferido o
registro com esse nome;
Não se resolvendo a homonímia pelas regras mencionadas acima, a
Justiça Eleitoral deverá notificar os interessados para que, em dois dias,
cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a serem usados;
Não havendo acordo, a Justiça Eleitoral pode registrar cada candidato
com o nome e sobrenome constantes do pedido ou, aplicando a Súmula
nº 4 do TSE, deferir o registro da variação nominal ao primeiro que a
tenha requerido.7
Ao final, a Justiça Eleitoral organizará e publicará, até 30 dias antes da eleição,
as seguintes relações:

A primeira, ordenada por partidos, com a lista dos respectivos candidatos


em ordem numérica, com as três variações de nome correspondentes a
cada um, na ordem escolhida pelo candidato;
A segunda, ordenada por nomes e organizada em ordem alfabética, nela
constando o nome completo de cada candidato e cada variação de nome,
também em ordem alfabética, seguidos da respectiva legenda e número.

Identificação numérica

A Lei nº 9.504/97 dispõe sobre a identificação numérica dos candidatos da


seguinte forma:

Os candidatos aos cargos majoritários concorrerão com o número


identificador do partido ao qual estiverem filiados;
Os candidatos à Câmara dos Deputados concorrerão com o número do
partido ao qual estiverem filiados, acrescido de dois algarismos à direita;

7
Súmula nº 4.
O TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, usando das atribuições que lhe confere o art. 23, XV, do
Código Eleitoral, resolve editar a seguinte súmula:
Não havendo preferência entre candidatos que pretendam o registro da mesma variação nominal, defere-
se o do que primeiro o tenha requerido.
Os candidatos às Assembleias Legislativas e à Câmara Distrital
concorrerão com o número do partido ao qual estiverem filiados,
acrescido de três algarismos à direita;
O Tribunal Superior Eleitoral baixará resolução sobre a numeração dos
candidatos concorrentes às eleições municipais.8

É assegurado aos partidos o direito de manter os números atribuídos à sua


legenda na eleição anterior e, aos candidatos, nesta hipótese, o direito de manter os
números que lhes foram atribuídos na eleição anterior para o mesmo cargo.

Referências

BRASIL. Código Eleitoral. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_


03/leis/l4737.htm>. Acesso em 30 set 2013.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 30 set
2013.

BRASIL. Glossário Eleitoral. Disponível em:


<.http://www.tse.jus.br/eleitor/glossario/termos-iniciados-com-a-letra-c#coligacao-
eleitoral>. Acesso em: 30 set 2013.

BRASIL. Lei nº 9.504/97. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/leis/l9504.htm>. Acesso em: 30 set 2013.

BRASIL. Resolução TSE nº 23.373/11. Disponível em:


<http://www.justicaeleitoral.jus.br/arquivos/tse-resolucao-tse-no-23-373-eleicoes-
2012>. Acesso em: 30 set 2013.

BRASIL. Resolução TSE nº 23.221/10. Disponível em:


<http://www.tse.jus.br/eleicoes/eleicoes-anteriores/eleicoes-2010/arquivos/norma-em-
vigor-23.221-eleicoes-2010>. Acesso em: 30 set 2013.

COSTA, Adriano Soares. Instituições de Direito Eleitoral. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed.
Lumen Juris, 2009.

GOMES, José Jairo. Direito Eleitoral. 8. ed. – São Paulo: Atlas, 2012.

SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 27. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2006.

8
Nas eleições de 2012 o TSE dispôs que os candidatos ao cargo de Vereador concorreriam com o número
do partido ao qual estivessem filiados, acrescido de 3 algarismos à direita (Art. 17 da res. TSE nº
23.373/2011).

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