Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Uma Introducao A Historia Do Direito Com
Uma Introducao A Historia Do Direito Com
ISBN 978-85-519-1322-2
IUS
COMMUNE
Gustavo César Machado Cabral
IUS
COMMUNE
Uma introdução à
história do direito
comum do Medievo
à Idade Moderna
Produção Editorial
Livraria e Editora Lumen Juris Ltda.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
C117i
Cabral, Gustavo César Machado
Ius Commune : uma introdução à história do direito co-
mum do medievo à idade moderna / Gustavo César Machado
Cabral. – Rio de Janeiro : Lumen Juris, 2019.
196 p. ; 21 cm.
Bibliografia : p. 155-179.
ISBN 978-85-519-1322-2
CDD 340
Lista de Abreviaturas...............................................................IX
1 - Situando o Ius Commune......................................................1
2 - Elementos............................................................................. 11
2.1 Ius civile...................................................................................... 12
2.2 Ius canonicum............................................................................. 27
2.3 A herança germânica.................................................................. 45
2.4 A ordem feudal........................................................................... 53
3 - Características..................................................................... 63
4 - Ius Patrium e Ius Commune .............................................. 77
4.1 O que foi o ius patrium............................................................... 77
4.2 Experiências nacionais................................................................ 90
4.2.1 França................................................................................... 91
4.2.2 Inglaterra.............................................................................. 98
4.2.3 Alemanha........................................................................... 106
5 - A essência do Ius Commune: A Opinio Communis..... 119
6 - Últimas palavras: derrocada do direito comum?............ 139
Anexo...................................................................................... 143
Referências.............................................................................. 155
Lista de Abreviaturas
D. Digesto
IX
X
Primeiras palavras
XI
Seja em textos específicos ou em trechos extensos de obras
mais longas, alguns dos mais destacados historiadores do direito
da Europa também cuidaram do tema. No primeiro grupo, pode-se
mencionar o livro L’Europa del diritto comune, de Manlio Bellomo,
cuja tradução para a língua inglesa contribuiu para a sua popu-
larização, e, no segundo, Cultura jurídica europeia: síntese de um
milênio, de António Manuel Hespanha, cujas traduções para as
línguas espanhola, francesa e italiana também colaboraram para
a sua difusão em outros meios acadêmicos além do lusitano. Mais
recentemente, Hespanha publicou Como os juristas viam o mun-
do (1550-1750): direitos, estados, pessoas, coisas, contratos, ações e
crimes, em que analisa o período sob a perspectiva da produção
doutrinária, e dois manuais importantes, um organizado por Mar-
ta Lorente e Jesús Vallejo (Manual de Historia de Derecho) e outro
escrito por Tamar Herzog (A short history of European Law: the last
two and a half millennia) também olham com cuidado para esse pe-
ríodo. Entre os livros de introdução ao Direito em que a História
exerce um papel estrutural, destacam-se Prima lezione di diritto, de
Paolo Grossi, Introduction historique au droit, de Alain Wijffels e,
mais recentemente, Instituição Histórica do Direito, de Bartolomé
Clavero; apesar de não dedicados exclusivamente ao período, em
ambos os livros o processo de formação do direito comum foi apre-
sentado como um componente essencial para a compreensão do
fenômeno jurídico como um todo.
Existindo uma produção bibliográfica muito significativa sobre
esse contexto, da qual são exemplares os títulos mencionados nos
parágrafos anteriores, o que justificaria uma nova obra monográ-
fica dedicada ao direito comum? Preencher uma lacuna na produ-
ção jurídica brasileira é uma das respostas. No crescente interesse
pela História do Direito no Brasil se percebe uma concentração da
pesquisa no período Imperial e, principalmente, na República, res-
tando poucos trabalhos dedicados ao período colonial – momento
XII
em que o direito comum exercia papel central na Europa. O afã de
entender as peculiaridades do fenômeno jurídico brasileiro fez com
que grande parte dos historiadores do direito brasileiro deixasse
de enxergar a profunda conexão entre a experiência da América
Portuguesa colonial e o que acontecia na Europa. Não se acredita,
em absoluto, nessa dissociação. Como já se demonstrou em textos
anteriores1, acredita-se que a América era parte do ius commune
tanto quanto a Europa. E por essas razões se justifica uma leitura
do tema pela historiografia jurídica brasileira, o que se pretende
fazer neste livro.
Por outro lado, utiliza-se uma estrutura que se diferencia dos
livros acima relacionados. Partindo de um exame das condições
sociais e políticas dos momentos de gestação do direito comum,
o trabalho concentra grande parte da sua atenção nas discus-
sões sobre o que se chamou de elementos constitutivos do direito
comum, que seriam o Direito Romano, o Direito Canônico, os
direitos germânicos e o direito feudal. Cada um deles contribuiu
com a formação de uma ordem cujo âmbito de validade esteve
circunscrito a um espaço amplo e difuso, o qual alcançou grande
parte da Europa e para além dela se expandiu com as conquistas
iniciadas no século XV. Compreendendo os elementos do direito
XIII
comum, facilita-se o entendimento das suas características essen-
ciais, bem como da forma como se relacionavam o direito comum
e os direitos pátrios.
Dentre essas características, enfatizou-se o papel da literatura
jurídica – a opinião dos doutores, figura central na sistemática do
direito comum. Como um direito de juristas, o estudo da produ-
ção doutrinária no longo período analisado se faz fundamental.
Optou-se por uma análise que não incluiu documentos da prática
processual, tal qual tem sido feito em obras recentemente publica-
das principalmente sobre o século XVIII, como o livro The Enli-
gtenment on Trial: ordinary litigants and colonialismo in the Spanish
Empire, de Bianca Premo, o que tenho feito, para uma história
do direito na América Portuguesa, em projetos em curso. Tem-se,
portanto, a consciência de que a vida jurídica prática, especial-
mente em áreas periféricas desse mundo jurídico de matriz crisã-
-europeia, oferece nuances e particularidades não necessariamente
captadas pelos autores. O foco do livro que aqui se apresenta ficou
na literatura jurídica, razão pela qual se acrescentou ao final do
texto um anexo relevante: uma lista não exaustiva com nomes de
juristas que publicaram obras na chamada era do direito comum,
constituindo-se ferramenta de consulta importante para conhecer
a produção jurídica do período e os seus atores.
Esclarecidos os pontos que compõem a estrutura do livro,
bem como a sua proposta, passa-se aos agradecimentos. A ideia
de publicar este texto como uma monografia surgiu quando da
minha submissão ao exame de qualificação de tese de doutorado
na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. A banca
examinadora composta pelos professores doutores Eduardo Toma-
sevicius Filho (orientador), Ignacio Maria Poveda Velasco e José
Reinaldo de Lima Lopes (examinadores) sugeriu que o capítulo da
tese que seria dedicado a explicar as principais características do
direito comum deveria ser publicado separadamente, a fim de que
XIV
eu me concentrasse na execução do que fosse realmente essencial
para o trabalho. Não obstante, sugeriu-se que os trechos apresen-
tados fossem publicados.
Percebi que a minha intenção de dedicar um capítulo inteiro às
características do direito comum era fruto da inexistência no Bra-
sil de trabalho com essa finalidade. Logo, a publicação desses tre-
chos como uma monografia supriria essa ausência. Esta publicação
acontece cerca mais de seis anos após a tarde em que aconteceu
o exame, quando já conclui a tese e tive oportunidades de discu-
tir algumas das questões aqui apresentadas em diversos centros,
destacando-se, pelo impacto no amadurecimento das ideias e dos
argumentos, o Max-Planck Insitut für europäische Rechtsgeschi-
chte, a Facultad de Derecho da Universidad Autónoma de Madrid
e a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará.
Além dos professores acima citados, agradeço aos professores
António Manuel Hespanha e Airton Cerqueira Leite Seelaender,
que participaram da defesa da tese de doutorado, fazendo suges-
tões e críticas preciosas que também foram aproveitadas para este
trabalho. No Instituto Max-Planck para a História do Direito Eu-
ropeu, agradeço a Thomas Duve, por ter me acolhido nas várias
oportunidades em que pude pesquisar, sempre com financiamento
do Instituto; a Douglas Osler, com quem pude discutir teses essen-
ciais para este trabalho; e aos amigos Belinda Rodríguez Arrocha,
Francesco de Chiara, José Luis Alcalter Guzmán e Óscar Santiago
Hernández, que colaboraram decisivamente com tantas conversas
sobre essas questões. Os debates que tive na primeira estadia no
Instituto, em 2013, foram fundamentais para o amadurecimento
deste trabalho. Na Universidad Autónoma de Madrid, onde fui
professor visitante no inverno de 2015, meus agradecimentos espe-
ciais a Laura Beck Varela, que me acolheu na condição de profes-
sor visitante, e a Javier Barrientos Grandón. Na Universidade Fe-
deral do Ceará, agradeço especialmente aos alunos do Programa
XV
de Pós-Graduação em Direito, com quem tive o privilégio de ler e
discutir pontualmente cada página deste livro, e aos meus orien-
tandos de iniciação científica, mestrado e doutorado, que com-
partilham muitas das inquietações que me fizeram dar contornos
finais a estas páginas. Os meus mais sinceros agradecidmentos.
XVI
1
Situando o Ius Commune
1
Gustavo César Machado Cabral
2
Ius Commune
3
Gustavo César Machado Cabral
8 Para uma história do Império Bizantino, cf., entre outros, WILLIAMS, Stephen.
The Rom that did not fall: the survival of the East in the fifth century. Londres:
Routledge, 1999; GIORDANI, Mário Curtis. História do Império Bizantino.
Petrópolis: Vozes, 1968; RUNCIMAN, Steven. Byzantine Civilization. Londres:
Methuen, 1961; BREHIER, Louis. Le monde byzantin: les institutions de l’empire
byzantin. Paris: Albin Michel, 1949; WICKHAM, Chris. The inheritance of Rome:
a history of Europe from 400 to 1000. Londres: Allen Lane, 2009, p. 255-278.
4
Ius Commune
5
Gustavo César Machado Cabral
12 Sobre Carlos Magno e o Império Carolíngio, cf., entre outros, HALPHEN, Louis.
Charlemagne et l’Empire carolingien. Paris: Albin Michel, 1995; MCKITTERICK,
Rosamond. Charlemagne: the formation of a European identity. Cambridge:
Cambridge University Press, 2009.
13 Cf. KOSCHAKER, Paul. Europa und das römische Recht. München: C.H. Beck,
1958, p. 2-5.
14 Sobre espaços jurídicos, cf. DUVE, ALBANI, Benedetta; BARBOSA, Samuel;
DUVE, Thomas. La formación de espacios jurídicos ibero-americanos (s. XVI-
XIX: actores, artefactos e ideas. Comentarios introductorios. Max Planck Institute
for European Legal History Research Paper Series, n. 7, 2014; MECCARELLI,
Massimo. The assumed space: pre-reflective Spatiality and doctrinal configurations
in juridical experience. Rechtsgeschichte, v. 23, 2015, p. 241-252.
6
Ius Commune
15 COING, Helmut. Die europäische Privatrechtsgeschichte der neuren Zeir als einheitliches
Forschungsgebiet: Probleme und Aufbau. Ius commune, v. 1, 1967, p. 1-33.
16 Von der Europäischen Rechtsgeschichte zu einer Rechtsgeschichte Europas in
globalhistorischer Perspektive. Rechtsgeschichte – Legal History, 20, 2012, p. 18-
71. No mesmo sentido, NUZZO, Luigi. Dall’Italia alle Indie. Um viaggio del diritto
comune. Rechtsgeschichte, v. 12, 2008, p. 102-124.
17 BIRR, Christiane. Dominium in the Indies. Juan López de Palacios Rubios’Libellus
de insulis oceanis quas vulgus índias appelat (1512-1516). Rechtsgeschichte, v. 26,
2018, p. 264-283.
7
Gustavo César Machado Cabral
18 VALLEJO, Jesús; VARELLA, Laura Beck. La cultura del derecho común (siglos
XI-XVIII). In: LORENTE, Marta; VALLEJO, Jesús (Org.). Manual de Históra del
Derecho. Valéncia: Tirant lo Blanch, 2012, p. 60-61.
19 Cf. VALLEJO, Jesús; VARELLA, Laura Beck, op. Cit., p. 61.
20 CALASSO, Francesco. Medio Evo del Diritto. I: le fonti. Milão: Giuffrè, 1954, p. 470.
8
Ius Commune
9
Gustavo César Machado Cabral
23 KOSCHAKER, Paul. Europa und das römische Recht. München: C.H. Beck,
1958, p. 165.
10
2
Elementos
24 Para uma visão mais restrita do ius commune, reduzindo o seu alcance ao direito
romano civil (ius civile Romanorum), cf. DECOCK, Wim. Theologians and
11
Gustavo César Machado Cabral
Contract Law: the moral transformation of the Ius commune (ca. 1500-1650).
Leiden/Boston: Martinus Nijhoff, 2013, p. 31-32.
25 Sobre o tema, cf. VELASCO, Ignácio Maria Poveda. História externa e interna do
direito romano. Revista de Direito Civil Imobiliário, Agrário e Empresarial. Ano
13, julho/setembro/1989, p.74-89.
12
Ius Commune
26 Especificamente sobre a História do Direito Romano, só para ficar em alguns dos mais
conhecidos, cf., DE MARTINO, Francesco. Storia della Costituzione Romana.
6 v. 2 ed. Napoli: E. Jovene, 1972-1974; ARANGIO-RUIZ, Vincenzo. Storia del
diritto romano. 7 ed. Napoli: Jovene, 1984; BONFANTE, Pietro. Storia del Dirirro
Romano. 2 v. 3 ed. Milão: Società Editrice Libraria, 1923; COSTA, Emílio. Storia
del diritto romano privato. 3 ed. Firenze: G. Barbèra, 1921; TALAMANCA,
Mario (Org.). Lineamenti di storia del diritto romano. Milão: A. Giuffrè, 1979;
GUARINO, Antonio. Storia del diritto romano. 2 ed. Milão: A. Giuffrè, 1954.
27 Sobre o conceito constitutio, cf. MOHNHAUPT, Heinz. Konstitutions, Status,
Leges fundamentales Von der Antike bis zur Aufklärung. MOHNHAUPT, Heinz;
GRIMM, Dieter. Verfassung: zur Geschichte des Begriffs von der Antike bis zur
Gegenwart. Berlin: Duncker & Humblot, 1995, p. 10-14.
13
Gustavo César Machado Cabral
28 Para dados biográficos de Triboniano, cf., entre outros, KUPISCH, B. Tribonian. In:
STOLLEIS, Michael (Org.). Juristen: ein biographisches Lexikon. Von der Antike
bis zum 20. Jahrhundert. München: C.H. Beck, 1995, p. 619-620.
29 Fundamento similar faz compreender as razões pelas quais o exercício da iurisdictio,
especialmente em última instância, passou, paulatinamente, à esfera imperial,
através da chamada cognitio extra ordinem. Sobre o tema, cf. CABRAL, Gustavo
César Machado. Do ordo à cognitio: mudanças políticas e estruturais na função
jurisdicional em Roma. Revista de Informação Legislativa, v. 49, n. 149, abr/jun.
2012, p. 227-239.
30 Calasso lembra a contraposição formada entre os conceitos de leges, basicamente
as constituições imperiais, e iura, que englobava as outras fontes do direito, um
complexo de direito antigo. CALASSO Francesco, op. cit., p. 43.
31 Sobre essa transição, especialmente sobre a Lex de Imperio Vespasiani, cf. DINIZ,
Marcio Augusto de Vasconcelos. O princípio da legitimidade do poder no Direito
Público Romano e sua efetividade no Direito Público moderno. Rio de Janeiro:
Renovar, 2006, p. 125-131.
32 Nesse sentido é a passagem de Ulpiano trazida no Digesto: “Quod principi placuit,
legis habet vigorem: utpote cum lege regia, quae de imperio eius lata est, populus ei et
in eum omne suum imperium et potestatem conferat. 1. Quodcumque igitur imperator
per epistulam et subscriptionem statuit vel cognoscens decrevit vel de plano interlocutus
14
Ius Commune
est vel edicto praecepit, legem esse constat. Haec sunt quas vulgo constitutiones
appellamus” (D. 1.4.1).
33 Sobre o Codex Gregorianus e o Codex Hermogenianus, cf. CALASSO Francesco,
op. cit., p. 46-47; STEIN, Peter. Roman Law in european history. Cambridge:
Cambridge University Press, 1999, p 24-29; SIRKS, Adriaan Johan Boudewijn. The
Theodosian Code: a study. Friedrichsdorf: Éditions Tortuga, 2007, p. 4-8.
15
Gustavo César Machado Cabral
16
Ius Commune
35 Cf., entre vários outros, SIRKS, Adriaan Johan Boudewijn, op. cit.; HARRIS,
Jill; WOOD, Ian N. The Theodosian Code: studies in the imperial law of late
antiquity. Londres: Duckworth, 1993; KROPPENBERG, Inge. Der gescheiterte
Codex: Überlegungen zur Kodifikationsgeschichte des Codex Theodosianus.
Rechtsgeschichte, n. 10, 2007, p. 112-126; COMA FORT, José María. Codex
Theodosianus: historia de un texto. Madrid: Dykinson, 2014.
36 Nesse sentido, cf. WICKHAM, Chris. The inheritance of Rome: a History of
Europe from 400 to 1000. Londres: Allen Lane, 2009, p. 31.
37 Para uma introdução ao Direito Bizantino, especialmente sobre as fontes e as
codificações pós-justinianéias, cf. LOKIN, Jan H.A.; STOLTE, Bernard H. (Org.).
Introduzione al diritto bizantino: da Giustiniano ai Basilici. Pavia: IUSS Press,
17
Gustavo César Machado Cabral
18
Ius Commune
40 Entre os críticos, está Santarelli, que não acredita num “renascimento” do Direito
Romano, porque “essendo manifestamente impossibile che um diritto rinaca nella sua
interezza, sai che questo diritto lo si voglia identificare com l’ordinamento, sia che ló si
consideri come esperienza giuridica l’uno e l’altra essendo realtà storiche non suscetibili,
certo, di resurrezioni forzose”. SANTARELLI, Umberto. L’esperienza giuridica Basso-
Medieval: lezioni introduttive. 2 ed. Torino: G. Giappicheli, 1986, p. 105.
19
Gustavo César Machado Cabral
20
Ius Commune
21
Gustavo César Machado Cabral
49 Nesse sentido, cf. STEIN, Peter, op. cit., p. 43-44; BELLOMO, Manlio, op. cit., p. 62-63.
50 Nesse sentido, cf. CALASSO, Francesco, op. cit., p. 513-515.
51 Dentre as universidades cujas reitorias eram ocupadas por estudantes escolhidos entre
eles próprios esteve o Estudo Geral de Portugal, até 1503, quando a Coroa passou a
indicar o reitor. Nesse sentido, MARQUES, José. Os corpos acadêmicos e os servidores.
In: História da Universidade em Portugal. Volume I. Tomo I (1290-1536). Coimbra:
Universidade de Coimbra/Fundação Calouste Gulbenkian, 1997, p. 115.
22
Ius Commune
52 Neste sentido, cf. ALONSO ROMERO, María Paz. Del “amor” a las leyes patrias
y su “verdadera inteligencia”: a propósito del trato con el derecho regio en la
Universidad de Salamanca durante los siglos modernos. Salamanca, escuela de
juristas: estudios sobre la enseñanza del derecho en el Antiguo Régimen. Madrid:
Universidad Carlos III, 2012, p. 165-189; VARELA, Laura Beck. Bártolo y “las
demás leyes del Reino”. La formación del jurista según el “Modo de pasar del Doctor
Bustos” (c. 1587). Annali di storia delle universita italiane, v. 20, 2016, p. 3-29.
53 É vasta a bibliografia sobre os glosadores. Cf., entre outros, CALASSO, Francesco,
op. cit., p. 522-555; CARAVALE, Mario, op. cit., p. 290-295; ASCHERI, Mario.
23
Gustavo César Machado Cabral
24
Ius Commune
58 “Namentlich Bartholus ist trotz seinem kurzen Leben – er starb mit 43 Jahren – zu
einem Gott der Juristen und des mos italicus geworden. Nemo jurista nisi bartolista. Die
Meinung des Bartolus galt geradezu als Gesetz, und zwar angesichts der europäischen
Stellung der Kommentatoren nicht bloß in Italien, wo an der Universität Padua ein
Lehrstuhl zur Kommentierung des Bartolus errichtet wurde; sondern in Spanien, (…)
weniger in Frankreich”. KOSCHAKER, Paul, op. Cit., p. 104-105.
59 Para o autor, ao se falar em “rinascita del diritto romano, non si vuol parlare di rinascita
del diritto romano, com’era stato sistemato nella compilazione giustinianea, nella pratica
della vita giuridica (che è di quelle rinascite che la storia non ha mai registrato), ma del
25
Gustavo César Machado Cabral
diritto romano come scienza o, se preferite, come oggeto di una autonomia consapevole
interpretazione e sistemazione scientifica”. CASSANDRO, Giovanni. Lezioni di
Diritto Comune I. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 1980, p. 16.
26
Ius Commune
27
Gustavo César Machado Cabral
62 Ainda que tenha havido divergências de tendências, pois havia forte presença
do arianismo entre os Visigodos na Espanha até o século VI, desde o reinado de
Leovigildo (569-586) foi estabelecida uma unidade religiosa sob padrões católicos.
Símbolo dessa unidade foram os Concílios, especialmente os realizados em Toledo,
reuniões de bispos com a presença do monarca. Sobre o tema, cf. WICKHAM,
Chris, op. cit., p. 130-140.
63 Como lembra Brian Tierney, até Constantino permitir o culto dos cristãos, “the
church could hope nothing from the state except, at best, freedom from persecution.
The whole situation was transformed, however, by the conversion of the emperor
Constantine in the fourth century and the subsequent spread of Christianity as
the official religion of the Roman Empire. The church had found a new champion.
The crucial question that arose at once was whether she had found a new master
too”. TIERNEY, Brian. The crisis of Church and State, 1050-1300. Toronto:
University of Toronto Press, 1992, p. 8.
64 Sobre essa relação e as suas raízes ligadas à religião oficial romana antes do
Cristianismo, cf. KÖLMEL, Wilhelm. Regimen Christianum: Weg und Ergebnisse
des Gewaltenverhältnisses und des Gewaltenverständnisses (8. Bis 14. Jahrhundert).
Berlin: Walter de Gruyter, 1970, p. 69-75.
28
Ius Commune
29
Gustavo César Machado Cabral
69 “These three men gathered the material for the structure of the Church’s freedom
and while building it up in the West carried the struggle to the East as well”.
RAHNER, Hugo, op. cit., p. 133.
70 O trecho mais importante da carta: “Absit, quaeso, a Romano principe, ut intimatam
suis sensibus veritatem arbitretur injuriam. Duo quippe sunt, imperator auguste, quibus
principaliter mundus hic regitur: auctoritas sacrata pontificum, et regalis potestas. In quibus
tanto gravius est pondus sacerdotum, quanto etiam pro ipsis regibus hominum in divino
reddituri sunt examine rationem. Nosti etinem, fili clementissime, quod licet praesideas
humano generi dignitate, rerum tamen praesulibus divinarum devotus colla submittis,
atque ab eis causas tuae salutis exspectas, inque sumendis coelestibus sacramentis eisque
ut competit disponendis, subdi te debere cognoscis religionis ordine potius quam praeesse,
itaque inter haec ex illorum te pendere judicio, non illos ad tuam velle redigi voluntatem”
(Epist. XII, 2). Para o seu conteúdo completo, cf. THIEL, Andreas (Org.). Epistolae
Romaroum Pontificum genuinae. Tomo I: a S. Hilario usque ad S. Hormisdam, ann.
461-523. Brunsbergae: Aedibus Eduardi Peter, 1868, p. 349-358.
71 Para uma noção geral do pensamento de Gelásio I, cf. CARLYLE, R. W.; CARLYLE,
A. J., op. cit., p. 184-193.
30
Ius Commune
72 NOBLE, Thomas F. X. The Republic of St. Peter: the birth of the Papal State,
680-825. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1991, p. 9-10.
73 Cf. NOBLE, Thomas, op. cit., p. 230-232.
74 Cf. NOBLE, Thomas, op. cit., p. 236-237.
31
Gustavo César Machado Cabral
32
Ius Commune
79 Nesse sentido, cf. DINIZ, Marcio Augusto de Vasconcelos, op. cit., p. 217. Partindo
da concepção de que a Igreja, desde esse período, parece guardar autonomia do
Império para assuntos referentes aos seus domínios territoriais, não se pode
concordar com esse posicionamento.
80 Sobre a questão das investiduras, cf. GOEZ, Werner. Kirchenreform und
Investiturstreit, 910-1122. Stuttgart, W. Kohlhammer, 2000, p. 119-180;
TELLENBACH, Gerd. Church, State and Christian society at the time of the
investiture contest. Trad. R. F. Bennet. Toronto: Univesity of Toronto Press, 1991,
p. 89-125. Tratando da questão e dos autores que, à época, escreveram sobre ela, cf.
KÖLMEL, Wilhelm, p. 107-143; CARLYLE, R. W.; CARLYLE, A. J. A History of
Mediaeval Political Theory in the West. Volume IV: the theories of the relation
of the Empire and the Papacy from the tenth century to the twelfth. Edinburgh and
London: William Blackwood & Sons, 1950, p. 49-164.
33
Gustavo César Machado Cabral
34
Ius Commune
35
Gustavo César Machado Cabral
89 BERMAN, Harold J. Law and Revolution: the formation of the Western Legal
Tradition. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press, 1997, p. 520.
90 “Revolutionary changes in State and Monarchy were the result of his beliefs.
Monarchical rule had in Christian times always been theocratic. God held the
king’s heart in His hands and guided it as He willed. The state had stood beside
the Church, which was ready to accept the State’s actions as a manifestation of the
divine providence. Conversely, it was the sacred duty of every Christian king to serve
the Church; the duty of obedience to God, Christ and the Church was never once
disputed by any party. If the pope reminded princes that they had a Lord over them,
and that it was right for a man whom God had set over so many thousands to be
himself the servant of God, none would contradict him. Conflicts only arose when
he used this truism to secure obedience for his own orders, when he presupposed a
certain identity of his commands with those of God, and seemed to lay claim to an
authority which no man had yet possessed”. TELLENBACH, Gerd, op. cit., p. 161.
91 “Un diritto costituito di norme scritte e di consuetudini, di organi ed anche di
specifiche sanzione, le quali non erano meno efficaci per il fatto di avere natura
36
Ius Commune
37
Gustavo César Machado Cabral
94 Sobre as coleções de normas conciliares, cf. GAUDEMET, Jean, op. cit., p. 51-54.
Para um período posterior, cf., entre outros, HARTMANN, Wilfried. Synoden
schaffen Räume: Metropolen, Diözesen und Pfarreien in den Synodalkanones des
9. Jahrhunderts. Rechtsgeschichte, v. 23, 2015, p. 174-184; DEUTINGER, Roman.
Recht und Raum in den Anfängen der karolingischen Reform: zu den fränkischen
Synoden 742-762. Rechtsgeschichte, v. 23, 2015, p. 110-118.
95 Sobre a legislação conciliária baixo-medieval, cf. GAUDEMET, Jean, op. cit., p.
381-386.
96 “In fati, κάνων in greco è una misura lineare, e, per traslato, regola: la Chiesa
adoperò la parola in questo senso, di norma di vita, confacente ai precetti di Gesù”.
CALASSO, Francesco. Medio Evo del Diritto. I – Le fonti. Milano: Giuffrè, 1954,
p. 171-172.
97 Trata-se de mais uma influência do Direito Romano no ordenamento jurídico da
Igreja, pois, como já se demonstrou, as constitutiones eram instrumentos normativos
emanados pelo Imperador. Como o papa era o soberano espiritual, tendo, portanto,
poderes análogos ao do imperador, só que em matéria espiritual, era plenamente
compreensível que possuísse também o poder de editar constitutiones.
98 CARAVALLE, Mario. Ordinamenti giuridici dell’Europa Medievale. Bologna: il
Mulino, 1994, p. 230-231.
38
Ius Commune
39
Gustavo César Machado Cabral
40
Ius Commune
Kirchenrecht 12. Wien, 1961, p. 177-191; CALASSO, Franceso, op. cit., p. 391-
399; GAUDEMET, Jean, op. cit., p. 393-399; BELLOMO, Manlio, op. cit., p. 65-68;
BRUNDAGE, James A., op. cit., p. 44-49.
105 CLAVERO, Bartolomé, op. cit., p. 19.
106 BERMAN, Harold J., op. cit., p. 202-204.
107 Sobre elas, cf. GAUDEMET, Jean, op. cit., p. 398-401; CALASSO, Francesco, op.
cit., p. 399-404; BRUNDAGE, James A., op. cit., p. 53-59. Mais modernamente, cf.
DUVE, Thomas. El corpus iuris canonici: uma introducción a su historia a la luz de
la reciente bibliografia. Prudentia iuris, v. 61, 2006, p. 71-100.
41
Gustavo César Machado Cabral
108 Sobre o Codex Iuris Canonici de 1917, cf. STUTZ, Ulrich. Der Codex iuris canonici
und die kirchliche Rechtsgeschichte. In: Zeitschrift der Savigny-Stiftung für
Rechtsgeschichte / Kanonistische Abteilung. 7, 1917, p. V – XVIII.
109 DUSSEL, Enrique (Org.). Historia general de la Iglesia en América Latina. Tomo
I.1: introducción general a la historia de la Iglesia en America Latina. Salamanca:
Sígueme, 1983, p. 472-473.
110 Para uma visão geral dos sínodos e concílios na Hispano-América, cf. DUSSEL,
Enrique (Org.). Historia general de la Iglesia en América Latina. Tomo I.1:
introducción general a la historia de la Iglesia en America Latina. Salamanca:
Sígueme, 1983, p. 472-516. Sobre os concílios provinciais, especialmente sobre o
Terceiro Concílio de Lima, cf. LISI, Francisco Leonardo. El tercer concilio limense
42
Ius Commune
43
Gustavo César Machado Cabral
44
Ius Commune
45
Gustavo César Machado Cabral
116 Para uma visão mais abrangente desse fenômeno, cf., entre outros, HALSALL, Guy.
Barbarian migrations and the Roman West, 376-568. Nova York: Cambridge
University Press, 1997; LE GOFF, Jacques. La civilization de l’occident medieval.
Paris: Flamarion, 1982, p. 11-32.
117 Como se verá nos próximos parágrafos, optou-se por concentrar as atenções
nos Visigodos e nos Francos. Para uma visão geral do direito dos Lombardos, cf.
CARAVALE, Mario, op. cit., p. 83-104.
46
Ius Commune
118 Há diversos trabalhos que abordam esses institutos entre os germânicos. Para uma
visão geral, cf. CALASSO, Francesco, op. cit., p. 125-137. Especificamente sobre
o direito visigótico, cf. MERÊA, Paulo. Estudos de Direito Visigótico. Coimbra:
Universidade de Coimbra, 1948; DREW, Katherine Fischer. The Lombard Laws.
Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1996, p. 1-38.
119 Inicialmente, o Direito Romano foi eminentemente costumeiro, realidade que só
se alterou na República; além da redução a escrito desses costumes, através da Lei
das XII Tábuas, as mudanças políticas transferiram essa capacidade legislativa para
outros órgãos, como os comícios, de onde emanava a lex, e as consilia plebis. Os
costumes foram, paulatinamente, perdendo o protagonismo.
120 A bibliografia sobre o conceito de lex em Roma é muito ampla. Cf., dentre muitos
outros, GRAWERT, Rolf. Gesetz. Geschichtliche Grundbegriffe: historisches
Lexikon zur politisch-sozialen Sprache in Deutschland. Tomo 2. Stuttgart: Klett-
Cotta, 2004, p. 465-467.
47
Gustavo César Machado Cabral
121 Como os povos germânicos não possuíam registros escritos sobre a sua história e a
sua organização social antes de terem abandonado o nomadismo para se fixar na
Europa, toda tentativa de descrição da vida social dos povos germânicos se baseia
em uma reconstrução a partir de fontes do período, como a Germania de Tacitus.
Para um esboço sobre o tema, cf. HALSALL, Guy, op. cit., p. 112-136.
122 Sobre a aplicação da justiça no Reino Franco, cf., entre outros, FOURACRE, Paul.
‘Placita’ and the settlement of disputes in later Merovingian France. In: DAVIES,
Wendy; FOURACRE, Paul. The settlement of disputes in Early Medieval Europe.
New York: Cambridge University Press, 1992, p. 23-43; NELSON, Janet L. Dispute
settlement in Carolingian West Francia. In: DAVIES, Wendy; FOURACRE, Paul.
The settlement of disputes in Early Medieval Europe. New York: Cambridge
University Press, 1992, p. 45-64.
123 CALASSO, Francesco, op. cit., p. 110.
48
Ius Commune
124 “Law became necessarily personal and local in its application”. VINOGRADOFF,
Paul. Roman Law in Medieval Europe. 2 ed. Oxford: Clarendon Press, 1929, p. 24.
125 OESTMANN, Peter. Rechtsvielfalt. In: JANSEN, Nils; OESTMANN, Peter.
Gewohnheit. Gebot. Gesetz: Normativität in Geschichte un Gegenwart: eine
Einführung. Tübingen: Mohr, 2011, p. 105-107.
126 “Trascorso un certo periodo dalla fondazione del regno (in genere dopo qualche
decennio, ma talora anche alquanto più tardi), il regime giuridico puramente
consuetudinario non fu più sufficiente”. PADOA-SCHIOPPA, Antonio. Il Diritto
nella storia d’Europa. Il Medioevo: parte prima. Padova: CEDAM, 1995, p. 66.
49
Gustavo César Machado Cabral
127 Sobre as leges langobardorum, cf., entre outros, MEYER, Christoph H. F. Maßstäbe
frühmittelalterlicher Gesetzgeber. Raum und Zeit in den Leges Langobardorum.
Jahrbuch des Historischen Kollegs 2007, 2008, p. 141-188; idem. Langobardisches
Recht nördlich der Alpen unbeachtete Wanderungen gelehrten Rechts im 12.-14.
Jahrhundert. Tijdschrift voor rechtsgeschiedenis, 71, 2003, p. 387-408.
128 Para uma visão geral das compilações visigóticas, sobre as quais há numerosa
bibliografia, cf. PADOA-SCHIOPPA, Antonio, op. cit., p. 66-72; ASCHERI, Mario.
Introduzione storica al diritto medievale. Torino: G. Giappichelli, 2007, p. 45-64.
129 GAUDEMET, Jean. Le Bréviaire d’Alaric et lês Epítome. In: Ius Romanum Medii
Aevi, Pars I. Milão, 1965, p. 9-15.
50
Ius Commune
51
Gustavo César Machado Cabral
133 XIII. De rapto ingenuorum uel mulierum e XVIII. De eo qui ingenuae mulieri manum
aut brachium extrinxerit.
134 XXIV. De homicidiis paruulorum, XXXV. De homicidiis seruorum uel expoliationibus,
XLI. De homicidiis ingenuorum, XLII. De homicidiis a contubernio factis e XLIII. De
homicidio in contubernio facto.
135 Olivier Guillot, ao tratar da função jurisdicional entre os Francos na dinastia
Merovíngia, fala da convivência, já durante o reinado de Clóvis, entre pelo menos
três ordenamentos: o do Direito Canônico, o do Direito Romano, em razão da
aplicação da Lex Romana Wisigothorum, e o sistema da Lex Salica. GUILLOT,
Olivier. La justice dans le royaume franc à l'époque mérovingienne. Arcana imperii
(IVe-IXe siècle): recueil d’articles. Paris: Pulim, 2003, 36-61.
136 Nesse sentido, cf. GAUDEMET, Jean. Survivances romaine dans le droit de la
monarchie franque du Ve au Xe siècle. In: Tijdschrift voor Rechtsgeschiedenis
XXIII. La Haye, 1955, p. 160-163.
52
Ius Commune
franco também era imperador romano. Era prática que remonta aos
Merovíngios137, mas que ganhou importância com Carlos Magno.
Desta forma, a contribuição dos povos germânicos para a for-
mação do ius commune pode ser percebida no direito costumeiro,
na formação e na relevância de órgãos de confiança dos reis e na
manutenção da aplicação dos preceitos de Direito Romano na Eu-
ropa, mesmo que por meio das leis bárbaras.
137 O Monumenta Germaniae Historica traz algumas capitulares emitidas pelos reis
merovíngios e pelo maior domus, mas a quantidade de emissões a partir de Pipino
e, especialmente, Carlos Magno é bem maior. Para uma comparação, cf. MGH,
LS II, T I, p. 1-22 (dinastia merovíngia e maior domus) e 44-186 (só no reinado de
Carlos Magno). Sobre as capitulares, cf. GANSHOF, François Louis. Was waren
die Kapitularen? Trad. Wilhelm A. Eckhardt. Darmstadt: Wissenschftl. Buchges.,
1961. Para uma visão geral do Direito Carolíngio na transição do século VIII para
o IX, cf. BERCOVICI, Milene Chavez Goffar Majzoub. Juízos de Deus e justiça
real no direito carolíngio: estudo sobre a aplicação dos ordálios à época de Carlos
Magno (768-814). São Paulo: Quartir Latin, 2015.
53
Gustavo César Machado Cabral
138 Nesse sentido, cf. ASTUTI, Guido. Feudo. Tradizione romanistica e civiltà
giuridica europea: raccolta di scritti. Tomo 1.III. Roma: Edizioni Scientifiche
Italiane, 1984, p. 2008.
139 BLOCH, Marc. La société féodale. Paris: Albin Michel, 1973, p. 209-217.
140 MITTEIS, Heinrich. Lehnrecht und Staatsgewalt: Untersuchungen zur
Mittelalterlichen Verfassungsgeschichte. Weimar: Hermann Böhlaus Nachfolger,
1958, p. 16.
141 “Erede, con molta probabilità sia del comes civitatis romano, sia del grafio germanico,
il conte merovingio era autorità militare competente su un gruppo di uomini
liberi stanziati in una regione e, come tale, aveva anche il compito di curare la
conservazione della pace all’interno di tale gruppo, presiedendo la corte di giustizia
incaricata di rimuovere gli ostacoli al funzionamento dei meccanismi della faida e
delle compositiones. La storiografia appare concorde nel rilevare che la competenza
del conte merovingio guardava non già un preciso distretto territoriale, ma una
comunità di persone a prescindere dalla zona del loro insediamento”. CARAVALLE,
Mario, op. Cit., p. 126. Sobre as funções militares dos vassalos
54
Ius Commune
55
Gustavo César Machado Cabral
56
Ius Commune
57
Gustavo César Machado Cabral
tenuerit vel hactenus iniuste perdidit, tam de nostris maioribus valvasoribus quam et eorum
militibus, sine certa et convicta culpa suum beneficium perdat, nisi secundum constitucionem
antecessorum nostrorum et iudicium parium suorum”. MGH, LS IV, T I, p. 90.
156 “Precipimus etiam, ut cum aliquis miles sive de maioribus sive de minoribus de hoc seculo
migraverit, filius eius beneficium habeat. Si vero fillium non habuerit et abiaticum ex
maculo filio reliquerit, pari modo beneficium habeat, servato usu maiorum valvasorum
in dandis equis et armis suir senioribus. Si forte abiaticum ex filio non reliquerit et fratrem
legittimum ex parte patris habuerit, si seniorem offensum habuit et sibi vult satisfacere et
miles eius effici, beneficium quod patris sui fui habeat”. MGH, LS IV, T I, p. 90.
157 “Habito igitur consilio episcoporum, ducum marchiorum et comitum, simul etiam
palatinorum iudicum et aliorum procerum, hac edictali lege Deo propitao perpetuo
valitura sanecimus: ut nulli liceat feudum totum vel partem aliquam vendere vel pignorare
vel quoquo modo alienare vel pro anima iudicare sine permissione maioris domini ad
quem feudam spectare dinoscitur” (§2º). MGH, LS IV, T I, p. 247.
158 “Preterea ducatus, marchia, comitatus de caetero non dividatur. Aliud autem feudum,
si consortes voluerint, dividatur, ita ut omnes, qui partem feudi habent iam divisi vel
dividendi, fidelitatem domino faciant. Ita tamen ut vassalus pro uno feudo plures dominos
habere non compellatur, nec dominus feudum sine voluntate vassalorum ad alium
transferat” (§6º). MGH, LS IV, T I, p. 248.
58
Ius Commune
159 Entre os comentadores do Libri feudorum podem ser mencionados, entre outros,
Jacques de Cujas ou Cujacius (1522-1590) e François Duaren ou Duarenus (1509-
1559), ambos representantes do mos galicus.
160 Sobre a penetração e a influência do Libri feudorum em uma das regiões onde o feudalismo foi
mais longevo, a Alemanha, cf. LEHMANN, Karl. Die Entstehung der Libri Feudorum.
Rostock: Commissionsverlag der Stiller'schen Hof- und Universitätsbuchhandlung, 1891,
p. 3-57. LEHMANN, Carolus. Consuetudines feudorum (libri feudorum, jus feudale
langobardorum). Gotttingae: Dieterichiana, 1892.
161 ASTUTI, Guido, op. cit., p. 2020-2021.
162 Sobre o procedimento formal de investidura no feudo, com as fases que o antecedem
e o sucedem, cf. DUARRENUS, François. Commentarius in consuetudines
feudorum. 2 ed. Coloniae Aggripinae: Ioannem Birckmannum & Theodorum
Baumium, 1570, p. 81-94 (Cap. VI).
59
Gustavo César Machado Cabral
60
Ius Commune
61
3
Características
63
Gustavo César Machado Cabral
166 “(…) todo el Derecho consiste en hecho, y qualquier pequeña variedad de hecho,
varia también el Derecho; pues para que en tal vtil y necessaria arte de diesen
preceptos certissimos, se reduxo el derecho no a reglas generales, sino à particulares
determinaciones de especies, de hecho (…)”. BERMUDEZ DE PEDRAZA,
Francisco. Arte legal para el estudio de la iurisprudencia. Madrid: Francisco
Martínez, 1632, p. 130 (Cap. XVII)
167 Neste sentido, são fundamentais os trabalhos de Victor Tau Anzoátegui. Cf.,
principalmente, TAU ANZOÁTEGUI, Victor. Causísmo y sistema: indagación
histórica sobre el espíritu del Derecho Indiano. Buenos Aires: Instituto de
Investigaciones de Historia del Derecho, 1992.
168 “Durch die Kombination von theoretischer Erkenntnis moralischer Prinzipien
(synderesis) mit der praktischen Anwendung dieser Normen auj die partikularen
Umstände des Tatbestandes (conscientia) gelangte di rechte Vernunft (recta ratio)zu
einem Schluss über das im kronkrete Fall das im konkreten Fall richtige Verhalten“.
BIRR, Christiane; DECOCK, Wim. Recht und Moral in der Scholastik der
frühen Neuzeit. Berlin/Boston: De Gruyter, 2016, p. 26.
64
Ius Commune
169 HERZOG, Tamar. Sobre la cultura jurídica en la América Colonial (siglos XVI-
XVIII). Anuario de historia del derecho español, v. 65, 1995, p. 903-911.
170 DECOCK, Wim. Theologians and Contract Law: the moral transformation of the
ius commune (ca. 1500-1650). Leiden/Boston: Martinus Nijhoff, 2013, p. 29.
171 Entre muitos outros, cf. WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno.
3 ed. Trad. António Manuel Hespanha. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
2004, p. 353-365.
172 Entre as matérias abordadas por Paul Laymann na sua Theologia Moralis, podem ser
encontrados, especialmente no Livro II, temas como justiça, obrigações contratuais,
crimes, benefícios eclesiásticos, casamento, entre outros. LAYMANN, Paul. Theologia
Moralis, in quinque libros. Bambergae: Joh. Martini Schönwetterei, 1699.
173 “Conscientia definitur, actus intellectus practici judicantes, liquid hic, & nunc
agendum esse, vei fuisse tanquam bonum honestum, vel fugiendum esse, aut fuisse
tanquam turpe & inhonestum, vel sic, Conscientia est judicium rationis practica circa
particularia, per ratiocinationem deductum ex principiis universalibus contentis in
synteresi”. LAYMANN, Paul, op. cit., p. 1 (Lib. 1, Tract. 1, Cap. II). Sobre os foros
de consciência, em especial a partir da Contra-Reforma, cf. PRODI, Paolo. Una
storia della giustizia: dal pluralismo dei fori al moderno dualismo tra coscienza e
diritto. Bologna: il Mulino, 2000, p. 265-331; PROSPERI, Adriano. Tribunali della
coscienza: inquisitori, confessori, missionari. Torino: Giulio Einaudi, 1996.
65
Gustavo César Machado Cabral
66
Ius Commune
178 Sobre esse tema, cf. MARAVALL CASESNOVES, José Antonio. El concepto de
España em La edad média. Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1997, p.
412-429 e 459-463
179 Tratou se lei aprovada em Cortes e reproduzida nas Ordenações de D. Afonso V,
relacionada ao direito subsidiário, tema que será tratado no capítulo seguinte. Sobre
essa medida de D. Dinis, cf. SILVA, Nuno J. Espinosa Gomes da, op. cit., p. 139-140.
180 “Als kaiserliches Recht erhob es Anspruch auf Geltung auch in den
westeuropäischen Ländern; es fand aus diesem Grund dort Opposition. Diese Idee
haben die Glossatoren aufgegriffen. Das imperium romanum war für sie niemals
untergegangen. Es lebte fort im christlichen Imperium des Abendlands, dessen
Recht das römische sein mußte. Wie es nur ein Imperium gibt, so auch nur ein
Recht, das in ihm gilt, nämlich das römische”. KOSCHAKER, Paul, op. Cit., p. 70.
181 Há vasta bibliografia sobre o tema, mas, para uma visão geral das discussões, cf.
PENNINGTON, Kenneth. The Prince and the Law, 1200-1600: sovereignty and rights
in the Westen Legal Tradition. Berkeley: University of California Press, 1993, 8-37.
67
Gustavo César Machado Cabral
68
Ius Commune
182 “Das römische Recht ist das beste der Welt”. KOSCHAKER, Paul, op. Cit., p. 80.
O autor critica comparações entre sistemas jurídicas como essa prática constante
dos autores medievais, mas reconhece como admirável a formação cultural e o
conhecimento dos juristas romanos. Cf. KOSCHAKER Paul, op. cit., p. 81.
183 ASCHERI, Mario, op. cit., p. 215-216. Ainda sobre o tema, cf. SCHRAGE, Eltjo
J. H. Non quia Romanum, sed quia ius: das Entstehen eines europäischen
Rechtsbewusstseins im Mittelalter. Stockstadt am Main: Keip, 1996.
184 Na primeira parte do Decretum (Concordia Discordantium canonum as primum
de iure naturae et constitutionis), são apresentadas diversas definições gerais de
temas oriundos do Direito Romano, como lex (DG. I, C.III), mos (DG. I, C.IV),
ius ciuile (DG. I, C.VIII), ius publicum (DG. I, C.XI), plebisscitum (DG. II, C.II),
senatusconsultum (DG. II, C.III), constitutio e edictum (DG.II, C.IV). Elas foram
muito importantes para preservar esses conceitos romanos.
185 Sobre o padroado, cf. LANDAU, Peter. Jus patronatus: Studien zur Entwicklung
des Patronats in Dekretalenrecht und der Kanonistik des 12. und 13. Jahrhunderts.
Köln: Böhlau, 1975.
69
Gustavo César Machado Cabral
186 Prova disso é a inclusão dos bispos ao lado de duques, marqueses e condes como
destinatários da Constitutio iure feudorum, conforme o trecho transcrito anteriormente.
187 WOLTER, Udo. Ius canonicum in iure civili: Studien zur Rechtsquellenlehre in
der neueren Privatrechtsgeschichte. Köln: Böhlau, 1975, p. 23-24.
188 No Digesto, a menção aos iura propria leva em consideração precisamente a relação
com um direito local: “Omnes populi, qui legibus et moribus reguntur, partim suo proprio,
partim communi omnium hominum iure utuntur. Nam quod quisque populus ipse sibi ius
70
Ius Commune
sendo esta uma das marcas mais fortes do direito medieval, como
já se pode perceber: o Estado não era a única fonte de normas
jurídicas. O período de que se trata aqui, marcado pelo que alguns
autores chamaram de “sociedade de estados”189, foi a era do plura-
lismo justamente porque o poder era oriundo de fontes diferentes
e se explica em sedes diferentes, “mais ou menos em concorrên-
cia entre elas, mais ou menos coordenadas entre si”190. Medievo e
Idade Moderna, assim, foram períodos em que predominaram as
fontes do direito com natureza extraestatal, a exemplo dos direitos
e costumes locais e senhoriais, o Direito Canônico, um direito co-
mercial de matrizes costumeiras191, entre outros.
Desses direitos próprios, o mais importante foi o que a literatu-
ra de hoje chama de ius patrium, cujo conceito e abrangência serão
averiguados logo a seguir. Nas monarquias modernas que se for-
maram a partir da Baixa Idade Média, o ius regnum, nos termos de
Italo Birocchi, foi progressivamente ocupando uma posição central
no ius patrium, ainda que tenha concorrido em importância com
outras jurisdições exercidas nos mesmos espaços jurídicos. Como
demonstrou António Manuel Hespanha para o caso de Portugal,
constituit, id ipsius proprium civitatis est vocaturque ius civile, quasi ius proprium ipsius
civitatis: quod vero naturalis ratio inter omnes homines constituit, id apud omnes peraeque
custoditur vocaturque ius gentium, quasi quo iure omnes gentes utuntur” (Gaio, D. 1, 1, 9).
189 É uma tradução literal da ständisch Gesellschaft ou, na linha de Otto Brunner,
altständische Gesellschaft. Esses estados seriam “o conjunto das pessoas que gozam,
em virtude da comum condição em que se encontram, da mesma posição no que
diz respeito aos direitos e aos deveres políticos”. SCHIERA, Pierangelo. Sociedade
“de estados”, “de ordens” ou “corporativa”. In: HESPANHA, António Manuel.
Poder e instituições na Europa do Antigo Regime: colectânea de textos. Lisboa:
Fundação Calouuste Gulbenkian, 1984, p. 147.
190 SCHIERA, Pierangelo, op. cit., p. 149.
191 Sobre o direito comercial, cf. BERMAN, Harold J., op. cit., p. 333-356; ROBINSON,
O. F.; FERGUS, T. D.; GORDON, W. M. European Legal History. 3 ed. London,
Edinburgh, Dublin: Butterworths, 2000, p. 91-106.
71
Gustavo César Machado Cabral
72
Ius Commune
73
Gustavo César Machado Cabral
74
Ius Commune
75
Gustavo César Machado Cabral
76
4
Ius Patrium E Ius Commune
201 LOPES, José Reinaldo de Lima. As palavras e a lei: direito, ordem e justiça na
história do pensamento jurídico moderno. São Paulo: 34/Edesp, 2004, p. 145.
202 “Omni populo iurisdictionem habenti, ius proprium statuere permittitur”.
BÁRTOLO. Com. ad. D. 1.1.9, nr. 1. “facere statuta est iurisdictio in genere
sumpta”. BÁRTOLO. Com. ad. D. 1.1.9, nr. 3.
77
Gustavo César Machado Cabral
203 “Et par ainsi nous conclurons que la première marque Du Prince souverain, c’est la
puissance de Donner loi à tous eb general, et chacun em particulier”. BODIN, Jean.
Les six livres de la République. Paris: Iacques du Pois, 1583, p. 221 (Liv. I, Chap. X)
204 “Die Theorie, daß allein der Wille des Gesetzgebers das Gesetz bilde, wird dabei zum
entscheidenden Fundament für den Machtanspruch des europäischen Herrschers
im Absolutismus”. MOHNHAUPT, Heinz. Potestas legislatoria und Gesetzesbegriff
im Ancien Régime. In: COING, Helmut (Org.). Ius Commune 4. Frankfurt am
Main: Vittorio Klosterman, 1972, p. 200.
205 MOHNHAUPT, Heinz, op. cit., p. 208.
206 Nesse sentido: “Quanto al ius patrium, fermo restando che l'espressione non di rado
nelle fonti si trova usata senza distinzione con quelle precedenti, di solito se ne parlava
non per designare questa o quell'altra fonte del diritto nuovo (la decisione di un Supremo
Tribunale o l'editto di un sovrano, ecc), bensì per designare il complesso unitario del
diritto dello specifico ordinamento”. BIROCCHI, Italo. Alla ricerca dell’ordine: fonti e
cultura giuridica nell’Età Moderna. Torino: G. Giappichelli, 2002, p. 54.
207 BIROCCHI, Italo. La formazione dei diritti patri nell’Europa Moderna tra política
dei Sovrani e pensiero giuspolitico: prassi ed insegnamento. In: BIROCCHI, Italo;
MATTONE, Antonello. Il diritto patrio tra diritto comune e codificazione.
Roma: Viella, 2006, p. 37.
78
Ius Commune
208 “Legis nostri regni sunt nobis ius commune”. CABEDO, Jorge de. Pract. Obs., Dec.
CCXI, I, 1, p. 207.
209 "Die Rechtslehre konstruierte deswegen ein ius commune in loco. Der Inhalt des
gemeinen Rechts war damit von Ort zu Ort verchieden, denn auch das gesetzte
Partikularrecht gehörte dazu. Der Richter, so war dies zu verstehen, sollte bei
seiner Tätigkeit also nicht nur das römisch-kanonische Recht, sondern etwa
auch städtische Statutenbüche kennen und von Amts wegen berücksichtigen".
OESTMANN, Peter. Rechtsvielfalt. In: JANSEN, Nils; OESTMANN, Peter.
Gewohnheit. Gebot. Gesetz: Normativität in Geschichte un Gegenwart: eine
Einführung. Tübingen: Mohr, 2011, p. 113.
79
Gustavo César Machado Cabral
210 Neste sentido, BIROCHI, Italo. La formazione dei diritti patri nell’Europa Moderna
tra política dei Sovrani e pensiero giuspolitico: prassi ed insegnamento. In:
BIROCCHI, Italo; MATTONE, Antonello. Il diritto patrio tra diritto comune e
codificazione. Roma: Viella, 2006, p. 39
211 Sobre os altos tribunais régios, cf., entre muitos outros, CABRAL, Gustavo César
Machado. Literatura jurídica na Idade Moderna: as decisiones no Reino de
Portugal (séculos XVI-XVII). Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017, p. 40-72.
212 HESPANHA, António Manuel. La economia de la gracia. La gracia del Derecho:
economía de la cultura en la Edad Moderna. Trad. Ana Cañellas Haurie. Madrid:
Centro de Estudios Constitucionales, 1993, p. 151-176.
213 É o caso de decisão tomada pela Casa da Suplicação em 28.02.1597, reconhecendo
como aplicável costume da cidade de Arronches. Cf. CABEDO, Jorge de. Pract.
Obs., Dec. CCV, I, p. 203.
80
Ius Commune
81
Gustavo César Machado Cabral
82
Ius Commune
216 Já se escreveu, anos atrás, um trabalho específico sobre o tema. Nele não estão
algumas idéias aqui defendidas, mas há vários argumentos apresentados nos próximos
parágrafos. Cf. CABRAL, Gustavo César Machado; DINIZ, Marcio Augusto de
Vasconcelos. As Cortes e a legitimidade do poder em Portugal (séculos XII-XVII).
In: Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito - CONPEDI; Centro
Universitário de Maringá - CESUMAR. (Org.). Anais do XVIII Encontro Nacional
do CONPEDI. 1 ed. Florianópolis: Fundação Boiteux, 2009, p. 5054-5081.
217 Nesse sentido, Heinz Mohnhaupt fala numa nítida bipartição da legisferação: de um
lado, o poder legislativo mais amplo, que ficaria com o rei, enquanto que, noutro,
ficava com os Stände o poder de outorgar impostos. MOHNHAUPT, Heinz, op.
cit., p. 192.
83
Gustavo César Machado Cabral
218 Das Cortes de Coimbra, em 1211, as leis possuíram transcrição com começo
semelhante ao seguinte: “Como elRey manda que nom leuem nemjgalha dos que
forem acusados en casos de treyçom”. SILVA, Nuno Espinosa Gomes da (Org.).
Livro de leis e posturas. Lisboa: Universidade de Lisboa, Faculdade de Direito,
1971, p. 10. Em lei oriunda das Cortes de 1272, o registro se deu em primeira pessoa
do singular: "Mando que assy sseia por mjm en todalas demandas como por eles
saluo as despesas que nom paguem a mjm nem eu a outrem". Idem, p. 25. Em outra,
já de 1322, o começo é bastante parecido com o dos atos legislativos dos séculos
seguintes: "Dom dinis pella graça de deus. Rey de portugal e do algarue. a uos
alvazijs de tauira". Idem, p. 86
84
Ius Commune
219 PENNINGTON, Kenneth. Roman Law, 12th Century Law and Legislation. In:
DROSSBACH, Gisela (Org.). Von der Ordnung zur Norm: Statuten in Mittelalter
und Früher Neuzeit. Wien: Ferdinand Schöningh, 2010, p. 17-20.
220 Como bem lembra Heinz Mohnhaupt, a referência de Bodin é à proibição de derrogar
a Lei Sálica, não usando a expressão “lois fondamentales”. MOHNHAUPT, Heinz.
Die Lehre von der „Lex Fundamentalis“ un die Hausgesetzgebund europäischer
Dynastien. Historische Vergleichung im Bereich von Staat und Recht:
gesammelte Aufsätze. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2000, p. 16-17.
Sobre as leis divinas: “Mais quant aux lois divines et naturelles, tous les Princes de la
terre y sont sujets, et n'est pas en leur puissance d'y contrevenir”. BODIN, Jean, op.
cit., p. 133 (Lib. I, Chap. VIII). Sobre a Lei Sálica: “Quant aux loix qui concernent
l'estat du Royaume, & de l'establissement d'iceluy, d'autant qu'elles sont annexees &
unies avec la couronne, le Prince n'y peut deroger, comme est la loy Salique: & quoy
qu'il face, tousiours le successeur peut casser ce qui aura esté fait preiudice des loix
Royalle, et sus lesquelles est appuyé et fondé la majesté souveraine". BODIN, Jean,
op. cit., p. 137 (Lib. I, Chap. VIII).
85
Gustavo César Machado Cabral
86
Ius Commune
87
Gustavo César Machado Cabral
229 "Ex Rex noster in suo regno potest facere legem contra ius commune". CABEDO,
Jorge de. Pract. Obs., Dec. CCXI, I, 3, p. 207.
230 “Unde quaecumque sit in Principe extraordinaria, & absoluta potestas, illa tantum uti
debet Princeps, ut possit statuere bono publico contra jus commune; imnio eriam contra
privatorum immunitatem; ut totum conservetur; multoties enim tales possunt indicere
casus, ubi si Princeps leges observaret, perperam Rempublicam administraret. Et sic, si
casus occurrerit, in quo fallus, & utilitas publica, necessitas, aut justitiae ratio expostulet,
absoluta potestate recte uti poterit, & bono communi consulere, negligendo leges, &
contra illas dispensando; imo, & jus ipsum naturale, seu gentium prudenti arbitrio limitare
poterit, & secundum aequitatem”. PORTUGAL, Domingos Antunes. Tractatus de
Donationibus Jurium et Bonorum Regiae Coronae. Tomo 2. Lugduni: Anisson
& Posuel, 1699, p. 127 (Liv. II, Caput II, §16).
231 É importante lembrar que as diferenças entre direito privado e direito, no contexto
do Antigo Regime, não seguiam os mesmos conceitos da diferença na realidade
contemporânea. Nesse sentido, IMMEL, Gerhard. Typologie der Gesetzgebung
des Privatrechts und Prozessrechts. In: COING, Helmut. Handbuch der Quellen
und Literatur der Neueren europäischen Privatrechtsgeschichte. Zweiter Band:
Neuere Zeit (1500-1800), das Zeitalter des Gemeinen Rechts. Zweiter Teilband:
Gesetzgebung und Rechtsprechung. München: C. H. Beck, 1976, p. 72-73.
88
Ius Commune
232 Sobre esse paralelismo institucional, cf. BARBAS HOMEM, António Pedro.
Judex perfectus: função jurisdicional e estatuto judicial em Portugal, 1640-1820.
Coimbra: Almedina, 2003, p. 373-374.
233 BARBAS HOMEM, António Pedro, op. cit., p. 157.
89
Gustavo César Machado Cabral
234 Sobre as decisiones, cf., entre outros, CABRAL, Gustavo César Machado. Literatura
jurídica na Idade Moderna: as decisiones no Reino de Portugal (séculos XVI-XVII).
Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2017, p. 73-121.
235 CASSANDRO, Giovanni, op. cit., p. 272.
236 “Il problema della formazione degli iura patria è dunque e concerne Il processo di
diversificazione dei vari ordinamenti, che avvenne in modo non retilíneo e ovviamente
secondo forme e tempi a loro volta specifici”. BIROCHI, Italo, op. cit., p. 34.
90
Ius Commune
4.2.1 França
91
Gustavo César Machado Cabral
239 “Le sustème était excellent, mais son efficacité dépandait de l'autorité pesonelle
du roi. Charlemagne en obtint de bons résultats; mais, à partir du règne de Louis
le Pieux, l'action des inspecteurs royaux perd de son efficacité; les missatica sont
confiés aux évèques et aux comtes de la régio. Dans la seconde moité du IXe
siècle, l'institution est en pleine décadence. L'indicispline des comtes s'accroit; ils
obtiennent leurs fonctions pour une durée illimitée, parfois même à titre héréditaire;
ils ne supportent plus de contrôle des inspecteurs royaux“. OLIVIER-MARTIN,
François, op. cit., p. 52.
240 Neste sentido, cf. GAUDEMET, Jean. Survivances romaines dans le droit de la
monarchie franque du Ve au Xe siècle. In: Tijdschrift voor Rechtsgeschiedenis
XXIII. La Haye, 1955, p. 149-206.
241 Sobre essa divisão, cf., entre outros, OLIVIER-MARTIN, François, op. cit., p 111-112.
242 CAVANNA, Adriano, op. cit., p. 394.
92
Ius Commune
93
Gustavo César Machado Cabral
244 Sobre o tema, cf. CAVANNA Adriano, op. cit., p. 394-397; OLIVIER-MARTIN,
François, op. cit., p. 120-122.
245 “In sostanza Filippo Il Bello prendeva atto della distinzione tra terre di diritto
consuetudinario e terre di diritto comune, ma riconduceva l’osservanza del diritto
comune ad um ato di volontà della monarchia, riconfermata quindi nella propria
indipendenza”. BIROCHI, Italo. Alla ricerca dell’ordine: fonti e cultura giuridica
nell’età moderna. Torino: G. Giappichelli, 2002, p. 106.
246 “On appele coutumier, dnas la langue moderne, un ouvrage rédigé à titre privé
par un jurisconsulte ou un praticien sur les coutumes de sa région ou des régions
voisines. Le coutumier n'a pas un caractère officiel et ses décision ne lient pas
le juge. Mais, s'il est l'oeuvre d'un bon jurisconsulte, il a pu acquérir une grande
autorité. En tout cas, il renseigne utilement sur le driot de la région et de son temps”.
OLIVIER-MARTIN, François, op. cit., p. 116.
247 Sobre o Codi, cf., entre outros, VINOGRADOFF, Paul, op. cit., p. 72-77.
94
Ius Commune
248 Entre as razões dadas por Beaumanoir para a elaboração da sua obra, o autor
menciona expressamente, no prólogo, a finalidade de fazer conhecer os costumes
da sua região: “La seconde [razão] si est, porce que noz puissons fere, à l'ayde de
Diu, aucune coze qui plese à nostre signeur le conte et à ceux de son conseil; que,
se Diex plest, par cest livre porra il estre enseigniez comment il devera garder et
fere garder les coustumes de se terre et de la conté de Clermont, si que si home et li
menus pueples puisse vivre en pes dessoz li; et que, par cest enseignement, li triceur
et li bareteur soint tout conneu en lor barat et en lor tricerie, et bouté ariere par le
droit et par le justice le conte”. BEAUMANOIR, Philippe de. Les coutumes du
Beavoisis. Tomo 1. Paris: Jules Renouard, 1843, p. 12.
249 MONTAZEL, Laurence. Beaumanoir, Philippe de. In: STOLLEIS, Michael (Org.).
Juristen: ein biographisches Lexikon, von der Antike bis zum 20. Jahrhundert.
München: C. H. Beck, 1995, p. 71-72.
250 Sobre os Coutumes, cf., entre outros, VINOGRADOFF, Paul, op. cit., p. 80-96.
251 BERMAN, Harold, op. cit., p. 467.
252 OLIVIER-MARTIN, François, op. cit., p. 345-346.
95
Gustavo César Machado Cabral
253 MOHNHAUPT, Heinz. Die Lehre von der „Lex Fundamentalis“ un die
Hausgesetzgebund europäischer Dynastien. Historische Vergleichung im
Bereich von Staat und Recht: gesammelte Aufsätze. Frankfurt am Main: Vittorio
Klostermann, 2000, p. 15-18.
254 OLIVIER-MARTIN, François, op. cit., p. 324-325.
255 Sobre essas primeiras codificações, cf. CAVANNA, Adriano, op. cit., p. 265-266;
BIROCHI, Italo, op. cit., p. 111-114.
96
Ius Commune
256 Sobre as ordonnances de Luís XIV, cf. BIROCHI, Italo, op. cit., p. 114-126;
CAVANNA, Adriano, op. cit., p. 269-276; OLIVIER-MARTIN, François, op. cit.,
p. 353-356.
257 Sobre a reforma dos estudos universitários na França, em 1679, cf. COING, Helmut.
Die juristische Fakultät und ihr Lehrprogramm. In: COING, Helmut. Handbuch
der Quellen und Literatur der Neueren europäischen Privatrechtsgeschichte.
Zweiter Band: Neuere Zeit (1500-1800), das Zeitalter des Gemeinen Rechts. Erster
Teilband: Wissenschaft. München: C. H. Beck, 1977, p. 56-58.
258 Sobre o tema, cf. CAVANNA, Adriano, op. cit., p. 402-405; OLIVIER-MARTIN,
François, op. cit., p. 421-426.
97
Gustavo César Machado Cabral
4.2.2 Inglaterra
259 Sobre o tema, cf., LOPES, José Reinaldo de Lima, op. cit., p.96-100, 119-121 e 176-
183; BIROCHI, Italo, op. cit., p. 126-157; KOSCHAKER, Paul, op. cit., p. 120-
124; TARELLO, Giovanni. Storia della cultura giuridica moderna: assolutismo e
codificazione del diritto. Bolonha: Il Mulino, 1993, p. 156-189.
98
Ius Commune
260 LYON, Bryce. A constitutional and legal History of Medieval England. New
York: Harper & Brothers, 1960, p. 11-18.
261 CRISCUOLI, Giovanni. Introduzione allo Studio del Diritto Inglese: le fonti. 3
ed. Milano: Giuffrè, 2000, p. 28-29.
262 CANATTA, Carlo Augusto; GAMBARO, Antonio, op. cit., p. 125.
263 CASSANDRO, Giovanni, op. cit., p. 171.
99
Gustavo César Machado Cabral
264 LOVELL, Colin Rhys. English Constitutional and Legal History: a survey. New
York: Oxford University Press, 1962, p. 17.
265 Sobre o sistema feudal normando, cf. LOVELL, Colin Rhys, op. cit., p. 52-61;
LYON, Bryce, op. cit., p. 127-137.
266 Nesse sentido, LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições
introdutórias. 2 ed. São Paulo: Max Limonad, 2002, p. 78.
267 POCOCK, J. G. A. The ancient constitution and the Feudal Law: a study of
English Historial thought in the seventeenth century. New York: Cambridge
University Press, 1990, p. 37-41.
268 CRISCUOLI, Giovanni, op. cit., p. 65.
100
Ius Commune
269 Maitland reconhece que, no século XIII, ainda não se falava em Common Law: “The
term common law is not as yet a term frequent in the mouths of our temporal lawyers”.
MAITLAND, Frederic William; POLLOCK, Frederick. The History of English
Law: before the time of Edward I. Volume I. 2 ed. Cambridge: University Press, 1923.
270 Sobre os Statutes de Eduardo I, cf. LOVELL, Colin Rhys, op. cit., p. 139-144.
271 Sobre o Parlamento medieval e até o século XVI, cf. LYON, Bryce, op. cit., p.
408-423; GOLDSWORTHY, Jerry. The sovereignty of Parliament: History and
Philosophy. New York: Oxford University Press, 2002, p. 22-77.
101
Gustavo César Machado Cabral
272 Para as diferenças quanto às fontes, cf. BUCKLAND, W. W.; MCNAIR. Arnold D.
Roman Law and Common Law: a comparison in outline. Cambridge: University
Press, 1936.
273 Sobre Vicariatus e o ensino do direito romano na Inglaterra entre os séculos XII e
XIII, cf. MAITLAND, Frederic William; POLLOCK, Frederick, op. cit., p. 117-124.
102
Ius Commune
274 Sobre essas obras, cf. LOPES, José Reinaldo de Lima. As palavras e a lei: direito,
ordem e justiça na história do pensamento jurídico moderno. São Paulo: 34/Edesp,
2004, p. 86-88; VINOGRADOFF, Paul, op. cit., p. 100-103; PLUCKNETT,
Theodore F. T. A concise history of the Common Law. 5 ed. Londres: Butterworth,
1956, p. 256-266; CRISCUOLI, Giovanni, op. cit., p. 495-499.
275 MAITLAND, Frederic William; POLLOCK, Frederick, op. cit., p. 207-211.
276 IBBETSON, David. Common law and ius commune. London: Seldon Society,
2001, p. 20-21.
277 Sobre os Inns of Court, cf., entre outros, MCGLYNN, Margaret. The royal
prerogative and the learning of the Inns of Court. Cambridge: Cambridge
University Press, 2003. Para uma discussão sobre a educação jurídica na Inglaterra
antes dos Inns of Court, cf. BRAND, Paul. Legal education in England before the
Inns of Court. In: BUSH, Jonathan A.; WIJFFELS, Alain (Org.). Learning the
law: teching and transmission of English Law, 1150-1900. London: The Hambledon
Press, 1999, p. 51-84.
103
Gustavo César Machado Cabral
104
Ius Commune
282 “It will be seen that we are in the presence of a transition between an earlier type
of jurisdiction which was more administrative than judicial, and based merely upon
the elementary duty of governments to maintain order through administrative
forms, and the more developed jurisdiction of classical equity based on the idea of
conscience”. PLUCKNETT, Theodore F. T, op. cit., p. 686.
283 Sobre o início e o desenvolvimento da equity, cf. MAITLAND, Frederic William.
Equity: a course of lectures. 2 ed. Cambridge: University Press, 1936, p. 1-22;
PLUCKNETT, Theodore F. T., op. cit., p. 675-677.
284 Depois de refutar a tese de que a Court of Chancery julgava com base nos casos
encontrados nos Year Books, Maitland refuta o julgamento baseado no direito romano:
"Nor do I believe that to any very large extent the Chancellors had borrowed from the
Roman law - this is a disputed matter, Mr. Spence has argued for their Romanism,
Mr Justice Holmes against it. No doubt through the medium of the canon law these
great ecclesiastics were familiar with some of the great maxims which occur in the
Institutes of the Digest. Once of the parts of the Corpus Juris Canonici, the Liber Sextus,
ends with a bouquet of these high-sounding maxims - Qui prior est tempore potior
est jure, and so forth, maxims familiar to all readers of equity reports. No doubt the
early Chancellor knew these and valued them - but I do not believe that we ought to
attribute to them much knowledge of Roman law or any intention to Romanize the
law of England”. MAITLAND, Frederic William, op. cit., p. 8.
105
Gustavo César Machado Cabral
4.2.3 Alemanha
285 Neste sentido, cf. IBBETSON, David, op. Cit., p. 3-9. Este argumento foi melhor
desenvolvido em CABRAL, Gustavo César Machado. Literatura jurídica na Idade
Moderna: as decisiones no Reino de Portugal (séculos XVI-XVII). Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2017, p. 15-121.
286 IBBETSON, David. Authority and precedent. In: GODFREY, Mark (Org.).
Law and authority in british legal history, 1200-1900. Cambridge: Cambridge
University Press, 2016, p. 60-84.
287 Cf. CABRAL, Gustavo César Machado Cabral, op. Cit., p. 40-72.
106
Ius Commune
288 WIEACKER, Franz. História do direito privado moderno. 3 ed. Trad. António
Manuel Hespanha. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2004, p. 97.
289 “Nihil ergo aliud restat, quam ut dicamus Germaniam esse irregulare aliquod corpus,
& monstro simile, siquidem ad regulas scientiae civilis exigatur”. PUFENDORF,
Samuel. Severini de Monzambano De statu imperii Germanici ad Laelium
fratrem líber. Utopiae [?] : Udonem Neminem, 1668, p. 115 (Cap. VI, §9).
290 “Der Adel ist im Rahmen der Gesamtgesellschaft besonders gekennzeichnet
durch den Besitz der potestas (…). Der Adelige ist der ‚Hausher‘, der dominus;
er übt Hausherrschaft – und im erweiterten Sinne Grundherrschaft - aus”.
STÖRMER, Wilhelm. Früher Adel: Studien zur politischen Führungschicht im
Fräkisch-Deutschen Reich von 8. bis 11. Jahrhundert. Volume 1. Stuttgart: Anton
Hiersemann, 1973, p. 27.
107
Gustavo César Machado Cabral
108
Ius Commune
nome. Por essa razão, ainda que se estivesse diante de uma monar-
quia eletiva, com um procedimento solene para a eleição295, com-
preende-se o porquê da formação de verdadeiras dinastias, como
os Otões (962-1024), os Sálicos (1024-1125), os Staufen (1155-
1250) e os Habsburgo (1440-1806)296. O fortalecimento de uma
família, geralmente ligado ao poder do seu território, ocasionou
disputas de poder, especialmente em casos de sucessão imperial.
Num primeiro momento, ser imperador significou ser deten-
tor de uma pretensão de poder temporal universal, situação que
durou até que os conflitos entre Império e Igreja se resolvessem
com o enfraquecimento daquele. Internamente, a mutilação de
qualquer tentativa de supremacia do poder imperial veio com a
Goldene Bulle, de 1356297, que estabeleceu as regras para a eleição
do imperador, conferindo direito de votar a apenas sete prínci-
pes eleitores (Kurfürsten), três espirituais – os arcebispos de Co-
lônia, Trier e Mainz – e quatro temporais – o Duque da Saxônia,
o Margrave de Brandemburgo, o Palatinado do Reno e o Rei da
109
Gustavo César Machado Cabral
110
Ius Commune
302 LANDAU, Peter. Über die Wiederentdeckung der Gesetzgebung im 12. Jahrhundert.
In: DROSSBACH, Gisela (Org.). Von der Ordnung zur Norm: Statuten in
Mittelalter und Früher Neuzeit. München: Ferdinand Schöningh, 2010, p. 14.
303 É o que se percebe, por exemplo, da longa introdução da Goldene Bulle, em cujo
começo se percebe a invocação do então imperador, Carlos IV, como se dele tivesse
partido a lei.
304 Nesse sentido, Heinrich Gehrke, em importante trabalho sobre a legislação
imperial, reconhece a inexistência de um repertório legislativo de natureza
puramente privada, a qual só apareciam quando mesclada com matérias de
ordem processual, em especial aos regimentos do Reichskammergericht. GEHRKE,
111
Gustavo César Machado Cabral
112
Ius Commune
113
Gustavo César Machado Cabral
311 O título do capítulo no qual Conring desmete a lenda é bem direto ao afirmar a
opinião do autor sobre a discussão: “Quod vulgo afferitur, Justinianeas leges in scholas
Lotharii jussu & auctoritate esse reductas, id non tantum incertum sed & falsum
esse”. Cf. CONRING, Hermann. De origine iuris Germanici. Helmstadt: Herm.
Daniel Hammii, 1720, Cap. XXI, p. 117-132. Sobre os estudos de Conring em história
do direito, cf. WILLOWEIT, Dietmar. Hermann Conring. In: STOLLEIS, Michael
(Org.). Staatsdenker in der frühen Neuzeit. München: C. H. Beck, 1995, p. 141-145.
312 WIEACKER, Franz, op. cit., p. 139-140; KOSCHAKER, Paul, op. cit., p. 161-164 e 223.
313 Sobre as universidades do Império no período que hora se analisa, cf. WIEACKER,
Franz, op. cit., p. 161-165; RASHDALL, Hastings, op. cit., p. 211-288.
114
Ius Commune
314 Sobre as redações de direitos municipais no período, cf. WIEACKER, Franz, op.
cit., p. 206-213.
315 Para uma visão geral dos direitos territoriais do Sacro Império entre os séculos XVI e
XVIII, o já mencionado estudo de Heinrich Gehrke indica vasta bibliografia relativa
à legislação de uma grande quantidade de Stände (Brandemburgo/Prússia, Holstein,
Braunschweig-Lüneburg, Saxônia, Eleitorados de Colônia, Trier e Mainz, Jülich e
115
Gustavo César Machado Cabral
116
Ius Commune
Personen vor oder nach dem Urteil zu eröffnen, die Rechtssachen aus unredlichen
Motiven nicht zu verzögern und überhaupt ohne jede böse Absicht zu handeln”
318 Cf., entre muitos outros, HAUG-MORITZ, Gabriela. Die kaiserliche Gerichtsbarkeit
in der Deutung der Protestanten der Reformationszeit. In: AUER, Leopold et all
(Org.). Höchstgerichte in Europa: Bausteine früheneuzeitlicher Rechtsordnung.
Köln/Wien: Böhlau, 2007.
319 Em trabalho anterior, este autor teve a oportunidade analisar o usus modernus
pandectarum com um pouco mais profundidade. Sobre o trabalho, cf. CABRAL,
Gustavo César Machado. Direito natural e iluminismo no direito português
do final do Antigo Regime. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Direito,
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2011, p. 95-99. Para uma visão geral
117
Gustavo César Machado Cabral
118
5
A essência do Ius Commune:
A Opinio Communis
119
Gustavo César Machado Cabral
120
Ius Commune
328 CORATIUS, Antonius Maria, op. cit., p. 79-139 (Lib. 1, Tit. 6).
329 CAVANNA, Adriano, op. cit., p. 152.
330 ASCHERI, Mario, op. cit., p. 231.
331 BRAGA DA CRUZ, Guilherme. O direito subsidiário na História do Direito
Português. Obras Esparsas. Volume II, 2ª parte: Estudos de História do Direito.
Direito moderno. Coimbra: Universidade de Coimbra, 1981, p. 367-369.
121
Gustavo César Machado Cabral
122
Ius Commune
333 LOPES, José Reinaldo de Lima. O direito na história: lições introdutórias. 2 ed.
São Paulo: Max Limonad, 2002, p. 135.
334 HOLTHÖFER, Ernst. Literaturtypen des mos italicus in der europäischen
Rechtsliteratur der frühen Neuzeit (16.-18. Jahrhundert). In: COING, Helmut (Org.).
Ius Commune 2. Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 1969, p. 133-134.
335 Sobre os comentários enquanto gênero literário, cf. KÄSTLE-LAMPARTER,
David. Welt der Kommentare: Struktur, Funktion und Stellenwert juristischer
123
Gustavo César Machado Cabral
124
Ius Commune
125
Gustavo César Machado Cabral
349 Ad primum Institutionum librum, et ad secundum super tit. de rerum divisione (Inst. 2.1) doctae
admodum et ius civile profiteri incipientibus utilissimae, cuja primeira edição é de 1570.
350 In quatuor Institutionum libros Commentarii (1555).
351 Notae priores ad quattuor libros Institutionum (1556), In libros quattuor Institutionum
Notae posteriores (1585), Commentari in iuris Justinianaei libros elementares hoc
elencho comprehensos (1590) e Ad libros quattuor Institutionum D. Justiniani notae,
priores et posteriores, nunc primum in unum corpus redactae (1592)
352 Commentatius in quatuor libros Institutionum juris civilis (1560).
353 Commentarii ad librorum Institutionum D. Justiniani (1566).
354 In quatuor libros Institutionum imperialium commentarius academicus et forenses
(1642). Sobre a obra de Vinnius, cf. VARELA, Laura Beck. Literatura jurídica y
censura: fortuna de Vinnius em España; Valencia: Tirant lo Blanch, 2013.
355 Lectura super VII, com primeira edição de 1560.
356 In tres posteriores Codicis Iustiniani annotationes, in quibus obter quamplurima aliorum
authorum explanantur (1513), Ad rescripta principum Commentarii (1530).
357 Commentarii in aliquot Codicis (1542).
358 Ad tres postremos libros Codicis Justiniani Commentarii (1562) e Paratitla in libros
novem Codicis Justiniani repetitae prelectionis (1579).
359 Commentarii ad aliquas Codicis Justinianei libri secundi, tertii, quarti, septimi, octavi
partes (1574), Commentarii absolutissimi ad secundum, tertium, quartum, sextum,
octavum librum Codicis Justiniani (1599-1602) e Commentarii absolutissimi ad
secundum, tertium, quartum, sextum, octavum librum Codicis Justinianei, tit. quintum
lib. XIX Dig. de praescriptis verbis, et tit. primum, lib. XLV (1622).
126
Ius Commune
127
Gustavo César Machado Cabral
128
Ius Commune
129
Gustavo César Machado Cabral
383 Singularis Lectura super omnibus sacris Constitutionibus Regnorum utriusque Siciliae
citra et ultra (1517), Laurea de Afflictis ad Constitutiones Neapolitanas (1535), In
primum librum Sacrarum Constitutionum Regni utriusque Siciliae Commentarii insignes,
cum fidelius quam usquam antea castigati, tum pluribus iisque doctis Adnotationibus
illustrati (1550) e In utriusque Siciliae Neapolisque Sanctiones et Constitutiones
novíssima praelectio (1556).
384 In Constitutionibus, Capitulis, et Pragmaticis Regni Neapolitani, et Ritibus Magnae
Curiae Vicariae Additiones, et Apostillae, quas tum ipse lucubrant tum ex aliquot
veterum et modernorum iurisconsultorum vigilis vivens congreserat (1562) e Apparatus
super Pragmaticis Regis Ferdinand I. cum ipsius Additionibus (1582).
385 Adnotationes super c.2. libri 6. Constitutionum Aegidianarum (1570).
386 Ordonnance, loix, statuts et édicts royaulx, de tous les Roys de France depouis le règne
de Sainct Loys, iusque au Roy Henry second de ce nom, digestes et reduictes à la forme
du droit imperial et civil em tiltres et rubriques de matières semblables, consecutives et
correspondentes (1547).
387 Commentaire sur l’Ordonnance du Roy François Ier en l’na 1539 (1637) e Commentarius
ad Edictum Henrici II. Regis Galliae contra parvas datas et abusus Curiae Romanae et
in antiqua edicta et senatus-consulta Franciae contra annatarum et id genus abusus,
multas novas decisiones iuris et práxis continens (1552).
388 Las Siete Partidas del Sabio Rey Alfonso et Nono nuevamente glosadas por Gregorio
López (1555), totalizando sete edições.
389 De tutelis minorum, deque officio et obligationibus tutorum ac curatorum… Tractatus ad
leges regias, tit. XVI. Partitae VI (1602).
390 Las Vegas de Toro glosadas (1527).
391 Opus praeclarum et Commentum super Legibus Tauri (1552) e Ad Leges Tauri
Coentarius (1591).
130
Ius Commune
392 Practicarum quaestionum circa Leges Regias Hispaniae, em sete tomos editados a
partir de 1589.
393 Copiosssimae Adnotationes ad Statuta cum civilia tum criminalia Civitatis Bononiae,
quae noviter miro quodam ordine sub suis titulis collocatae in lucem prodeunt (1561) e
Statuta civilia Civitatis Bononiae, multis Glossis, variis provisionibus, ac amplíssimo índice
novissime formata, quibus nunc primum accesserunt doctissimae Annotationes (1566).
394 Commentaria ad Statuta Urbi Romae (1645).
395 Consuetudines Neapolitane cum glosis Sebastiani Neapolitani (1546).
396 Praeletiones in Consuetudines Neapolitanas (1556).
397 Consuetudines generales Bituricensis, Turonensis, ac Aurelianensis praesidatuum, seu si
mavis bailliviatum, unico nunc etquidem praeclaro volumine redactae, cum fertillissimo
utilium ac saepius occurentium materiarum Glossemate, Consuetudines ipsas non parum
exornante (1520) e Consuetudines inclitae civitatis et septenae Biturigum (1508).
398 Le Grand Coustumier general, contenant toutes les coustumes generalles et particulières
du Royaume de Frances et des Gaulles (1567), a partir da qual foram desmembrados
os costumes locais de várias partes da França e publicadas separadamente, sob a
autoria de Dumoulin. Dos comentários sobre costumes locais, os mais importantes,
sem dúvida, são os Commentarii in Consuetudines Parisienses (1574).
399 Coutumes d’Orléans (1740).
400 Le droit civil, ou Coustume réformée et redigée par escrit de la ville prévosté et vicomté de Paris
(1582) e Coustumes de la ville, prévosté et vicomté de Paris, ou droit civil Parisien (1595).
131
Gustavo César Machado Cabral
132
Ius Commune
404 Para ter acesso aos dados completos, cf. HOLTHÖFER, Ernst, op. cit., p. 324-430.
405 Albertus Bolognettus (1538-1585), De lege, jure et aequitate disputationes, tam
jurisprudentiae quam philosophiae Aristotelica (1570); Jacobus de Puteo (1508-1563),
Tractatus de iure et aequitate (1580).
406 Petrus Faber (1540-1600), Ad 1.I. Dig. de iustitia et iure (D. 1.1.1.), itemque de origine iuris
(D.1.1.2) (1604); Cujacius, Recitationes ad titulum Digestorum de iustitia et iure (1595);
Jabocus Menochius (1532-1607), Recitationes ad tit. Inst. De iustitia et iure (I. 1.1.) (1595).
407 Cujacius, De origine iuris ad Pomponium Commentarius (1585).
408 Constantius Rogerius, Tractatus de iuris interpretatione (1549); Stephanus de
Federicis, Tractatus de interpretatione legum (1577).
409 Sebastianus Medici (-1595), Tractatus de legibus, statutis, et consuetudinibus (1569);
Antonius Scappius (1540-1610), Tratactus de iure non scripto, quod in utroque foro
observatur (1586).
410 Manuel da Costa, Commentaria ad 1. Cum tale § si arbitratu Dig. de conditionibus et
demonstrationibus (D. 35.1.72.4) (1548). Esta, de importante autor português, teve
sete edições.
411 Francisco Caldas Pereira Castro (1543-1597), Commentarius analyticus ad
celebratissimam 1. si curatorem habens Cod. de in integrum restitutione minorum (C.
2.21.3) (1583), com oito edições.
412 Alciatus, De quinque pedum praecriptione (1529); Cujacius, Πραγματετα de
diversis temporum praescriptionibus et terminis (1562); Pedro Barbosa (1530-1606),
Commentarii ad rubr. et leges Codicis de praescriptione triginta vel quadraginta annorum
(C. 7.39) (1627), com sete edições.
413 Julius Clarus (1525-1585), Tractatus de emphyteusi (1565); Álvaro Vaz ou Valasco
(1526-1593), Quaestionum iuris emphyteutici (1569), com treze edições; Francisco
Caldas Pereira e Castro, Syntagma tripartitum de iure universo emphyteutico (1585).
133
Gustavo César Machado Cabral
134
Ius Commune
135
Gustavo César Machado Cabral
136
Ius Commune
137
Gustavo César Machado Cabral
138
6
Últimas palavras: derrocada
do direito comum?
139
Gustavo César Machado Cabral
458 Sobre o período, cf. CABRAL, Gustavo César Machado. Direito natural e
iluminismo no direito português do final do Antigo Regime. Dissertação
(Mestrado em Direito). Faculdade de Direito, Universidade Federal do Ceará,
Fortaleza, 2011.
140
Ius Commune
141
Gustavo César Machado Cabral
461 COING, Helmut. Die europäische Privatrechtsgeschichte der neuren Zeir als
einheitliches Forschungsgebiet: Probleme und Aufbau. Ius commune, v. 1, 1967,
p. 1-33; MARTÍN, António Perez (Org.). España y Europa: un pasado jurídico
común. Múrcia: Universidad de Múrcia, 1986.
142
Anexo
143
Gustavo César Machado Cabral
Angelus Perusino
Anton Maria Corassius
Anton Matthaeus
Antonin Diana
Antonino Thesaurus
António Ayerbe de Ayora
António Ayerve de Ayora
António Cabreros de Avendaño
António Cardoso do Amaral
António da Gama
Antonio de Amato
António Gómez
Antonio Negri
António Padilla y Meneses
António Perez
Antonio Quesada
Antonius Capicius
Antonius de Butrio
Antonius Favre
Antonius Gabriel
Antonius Herengius (Anton Hering)
Antonius Negusantius
Antonius Rosellis
Aristóteles
Arnold Vinnius
Augustinus Berous
Azo
Baldo de Ubaldi
Balthazar Ayala
Barthélemy de Chasseneuz
Bartholomeu Caepolla
Bártolo
144
Ius Commune
Bartolomé de Humada
Bartolomé Felippe
Bartolomé Saliceto
Bartolomeu Socino
Belchior Febo
Benedictus Capra
Benedictus de Plumbino
Benedictus Egidius
Benedikt Carpzov
Benvenutto Straccha
Blasius Michalorius
Borgninus Cavalcaneus
Camillus Borellus
Camillus Visitarinus
Capella Tolosana
Cardeal Caetano (Tommaso De Vio)
Carlo Antonio Moccia
Carlo Pasquale
Carlo Ruini
Carolus de Grassalis
Carolus Molinaeus
Cesare Lambertini
Cino de Pistóia
Claudio Aquensis
Claudius Cantiuncula
Diego Covarruvias y Leiva
Diego de Simancas
Diego del Castillo de Villasante
Diego Valdez
Dinus Mugellanus
Diogo de Brito
Domenicus de Sancto Germiniano
145
Gustavo César Machado Cabral
Domingo de Soto
Domingos Antunes Portugal
Domingos Homem de Almeida
Egídio Bossi
Étienne Bertrand
Fabianus de Monte Sancti Sabini
Federico de Novellus
Federico de Senis
Felinus Sandeus
Fernando Rebello
Fernando Vázquez de Menchaca
Filippo Decio
Filippo Pasquale
Fortunius Garcia
Francesco Antonio Monaco
Francesco Ercolani
Francesco Negri Ciriaco
Francesco Niconisio
Francesco Vivio
Francisco Caldas Pereira
Francisco de Avilés
Francisco Milanese
Francisco Salgado
Francisco Sarmiento de Mendonza
Francisco Suárez
Franciscus Balduinus
Franciscus Becius
Franciscus Borsatus (Borsati)
Franciscus Curtius
Franciscus de Aretino
Franciscus de Marchis
Franciscus Mantica
146
Ius Commune
Franciscus Marcus
Franciscus Poleto
François de Connan
François Duarren
Fransciscus Merlinus
Fulvius Paccianus
Gabriel Mudeus
Gabriel Pereira de Castro
García de Gironda
Garcia Falcon
Garzia Mastrillo
Gaspar Baeza
Gaspar de Hermosilla
Gerónimo de Cevallos
Giacobo Mandello
Giacobo Menocchio
Giacomo Antonio Marta
Giasone del Maino
Gilles Bellemère
Giovanni Antonio Mangili
Giovanni Bolognetti
Giovanni Calderini
Giovanni Campeggi (Johannes Campegius)
Giovanni Cefali (Johannes Caephali)
Giovanni D'Anania
Giovanni de Amicis
Giovanni Diletto Durante
Giovanni Francesco Andreoli
Giovanni Francesco Balbo
Giovanni Francesco Porporato
Giovanni Nevizzano
Giovanni Stafileo
147
Gustavo César Machado Cabral
Girolamo Gabrielle
Giulio Claro
Giulio Ferretus
Giuseppe Mascardus
Gregorio López de Tovar
Guido Bossi
Guido de Baisio
Guido Pancirolus
Guido Papa
Guilelmus de Cugno
Guillaume Benoit (Guiliel. Benedict)
Guillelmus Cassador
Guillelmus Luduvel
Hartmann Hartmann
Henricus de Segusio (Cardinalis Hostiensis)
Hieronymus Cagnolus
Hieronymus de Monti
Hieronymus Gratis/Girolamo Grati
Hieronymus Laurentius
Hieronymus Magonius
Hieronymus Zanchus
Hieroymus de Monte
Hippolytus de Marsiliis
Hippolytus Riminaldi
Hugo Grossius
Hugues Doneau
Iacob Butrigarius
Iacob Butrio
Iacob Pérez
Iacobo de Arena
Iacobus (Jaime) Pérez de Valentia
Ignacio de Lassarte y Molina
148
Ius Commune
149
Gustavo César Machado Cabral
Johannes de Imola
Johannes Faber
Johannes Franciscus Ripa
Johannes Gutiérrez
Johannes Orosco
Johannes Petrus Surdus
Johannes Staphileus
Johannes Vincentius Hondedeus
Jorge de Cabedo
José Ramon
Josephus de Sesse
Josephus Ludovicus
Juan Arce de Otálora
Juan Azor
Juan Bautista Larrea
Juan Bautista Valenzuela y Velázquez
Juan Benito Guardiola
Juan Bernardo Díaz de Luco
Juan de Matienzo
Juan de Rojas
Juan García de Saavedra
Juan López de Palacios Rubios
Juan Martinez de Olano
Juan Pedro Fontanella
Lapus de Castellione
Laurentio Calcaneus
Laurentius Silvanus
Leonardus Lessius
Lluís de Peguera
Lodovico Postio
Lucas de Penna
Ludovico Bologninus
150
Ius Commune
Ludovico Cassanate
Ludovico Pontanus (Romanus)
Ludovico Rodolfini
Luís de Molina
Luis Gómez
Luís López
Luís Velázquez de Avendaño
Manuel Barbosa
Manuel da Costa
Manuel Mendes de Castro
Manuel Themudo da Fonseca
Marcantonio Bianchi
Marco Antonio Cucchi
Marco Antonio Natta
Marco Antonio Peregrino
Marcus Antonius Marcellus
Marcus Mantua Bonavites
Marcus Salón de Paz (Burgos de Paz)
Mariano Soccino
Mario Giurba
Marius Muta
Martín de Azpilcueta Navarro
Martino Bonacina
Martino Laudensis
Mathaeus de Afflictis
Matthaeus Mathesilanus
Matthias Berlich
Melchior Pelaez de Mieres
Miguel de Cifuentes
Miguel de Reinoso
Miguel Ferro Manrrique
Nellus de Sancto Germiniano
151
Gustavo César Machado Cabral
Nicolaus Boerius
Nicolaus de Matavel
Nicolaus de Ubaldi
Octavianus Cacherano d'Osasco
Octavius Simoncelli
Odofredus
Oldrado da Ponte
Paridis de Puteo/Paride del Pozzo
Paulo de Castro
Paulus Aemilius
Paulus Christianaeus
Paulus de Montepico
Paulus Zacchia
Pedro Agustin Morla
Pedro Barbosa
Pedro Diez de Ribadeneyra Noguerol
Pedro Jerónimo Cenedo
Pedro Núñez de Avendaño
Pedro Peralta
Pedro Plaza y Moraza
Petrus Belluga
Petrus de Ancharano
Petrus de Petra
Petrus Duenas
Petrus Nicolaus Mozius
Petrus Paulus Parisi
Petrus Pechius
Petrus Philippus Corneus
Petrus Tholosanus Gregorius
Philippo Franco
Pierre Rebuffi
Pietro Cavallo
152
Ius Commune
Prosperus Farinacius
Quintilianus Mandosius
Raphael Fulgosi
Raphael Raymundus (Cumanus)
Raphael Schilletu
Remigio de Gonni
Roberto Bellarmino
Roberto Lancellotti
Roberto Maranta
Rochus de Curte
Rodrigo Suárez
Rogerius
Rolando do Valle
Sebastiano Guazzini
Sebastianus Vantius/Sebastiano Vanzi
Segismundo Scaccia
Seraphinus Olivier (Cardeal)
Sforzia Odo
Simon de Praetis
Solórzano Pereira
Spino de Cáceres
Stephano Aufrerio/Etienne Aufreri
Stephanus Budeus
Stephanus Gratianus
Sylvester Aldobrandinus
Thomas Grammaticus
Thomas Parpalia
Thomas Valasco
Tiberio Deciano
Tomás de Aquino
Tomás Sánchez
Ubertino Zuccardi
153
Gustavo César Machado Cabral
Ulrich Zasius
Vicente de Franchis
Vincentius Paleottus
Vincentius Tancredus
Vitalis da Cambanis
154
Referências
Fontes Primárias
155
Gustavo César Machado Cabral
Fontes Secundárias
156
Referências
157
Gustavo César Machado Cabral
158
Referências
159
Gustavo César Machado Cabral
160
Referências
161
Gustavo César Machado Cabral
162
Referências
163
Gustavo César Machado Cabral
164
Referências
165
Gustavo César Machado Cabral
166
Referências
167
Gustavo César Machado Cabral
168
Referências
169
Gustavo César Machado Cabral
170
Referências
171
Gustavo César Machado Cabral
172
Referências
173
Gustavo César Machado Cabral
PRODI, Paolo. Una storia della giustizia: dal pluralismo dei fori
al moderno dualismo tra coscienza e diritto. Bologna: il Mulino,
2000.
174
Referências
175
Gustavo César Machado Cabral
176
Referências
177
Gustavo César Machado Cabral
178
Referências
WILLIAMS, Stephen. The Rom that did not fall: the survival of
the East in the fifth century. Londres: Routledge, 1999.
179