Propriedades funcionais e aplicações de materiais cerâmicos – Professor: Oscar Peitl
Gabriel Saraiva Porto – RA: 744382
Resumo das aulas de propriedades químicas e bioquímicas
Resumo – aula 14/05
Em relação as propriedades químicas dos vidros e vitrocerâmicas, dentre as
características principais do vidro destaca-se sua elevada resistência química, que salvo algumas exceções, como boratos, fosfatos e silicatos alcalinos, esse material é considerado insubstituível para diversas aplicações práticas. A solarização é um processo em que é vista ação do UV através da alteração de cor do material. Isso ocorre pois é alterada a valência de alguns elementos do vidro, como por exemplo, a mudança do estado de oxidação do MnO para o MnO2. Um dos benefícios decorrentes desse fenômeno é a obtenção das lentes transitions, que possui Ag. A Ag0 possui uma estrutura coloidal que dispera a luz (lente fica escura), enquanto a Ag+ se agrega a estrutura do vidro (lente fica transparente). O intemperismo está associado ao efeito do pH da solução. Quando um vidro reage com uma solução aquosa, mudanças estruturais e químicas ocorrem na superfície do vidro. Além disso, enquanto a corrosão ocorre, produtos de corrosão que são acumulados causam alterações na composição química e no pH da solução. Assim, essa reação deve ser considerada em dois estágios. O estágio 1 é um processo que envolve troca de íons entre os íons de sódio do vidro e os íons de hidrogênio da solução, enquanto os constituintes do vidro que sobraram não são alterados. Ou seja, neste estágio a solução doa H+ para a superfície e recebe do vidro Ca+ e Na+ (resultado da lixiviação). O estágio 2 do ataque é um processo em que ocorre quebra da estrutura da sílica (quebra de ligações Si-O-Si) e dissolução progressiva da superfície por causa dessas quebras de ligações, além da formação de novos grupos Si-OH. O efeito da razão As/V está relacionada a severidade do ataque químico, sendo que um volume muito alto (V ^^^) não possui íons suficientes para alteração do pH. Hench desenvolveu na década de 60 os biovidros, sendo que eles podem ser classificados em 5 tipos. No tipo 1, o vidro é considerado inerte, em que uma pequena reação ocorre (discreta). No tipo 2, ocorre uma lixiviação seletiva e a formação de um filme protetivo. No tipo 3, o filme duplo protetivo de alumina e fosfato de cálcio é formado. No caso do vidro do tipo 4, um valor de pH alto rompe as ligações Si-O-Si, perdendo parte da superfície, ou seja, há formação de um filme não protetivo (forma, mas não é suficiente). No tipo 5, há dissolução total e os vidros são chamados de vidros solúveis.
Resumo – aula 21/05
No estudo de biocerâmicas para implantes, é necessário entender que esses
materiais devem ter uma boa aderência a tecidos, compatibilidade química e que eles não sejam rejeitados pelo corpo. Dentre as formas dos biomateriais, podemos citar os pós, que têm a função de preencher espaços, regenerar tecidos e tratamento terapêutico; os recobrimentos garantem a união de tecido e proteção contra corrosão; formas densas podem substituir partes funcionais ou tecido ósseo; fios metálicos e poliméricos podem ter a função de suturas, selos e estimulação elétrica; além de existirem formas de fibras cerâmicas que atuam como reforços. Pode-se classificar também os tipos de interface, ou seja, as respostas possíveis da interface de um material com o tecido. A interface pode ser tóxica, o que é indesejável, pois as células tentam consumir esse material e acabam morrendo; bioativa, que vem sendo estudada desde a década de 60, onde ocorre uma atividade biológica (tecido forma ligação interfacial com o implante); próximo a inerte, em que o tecido forma cápsula fibrosa não aderente circundando o implante; reabsorvível, em que o material entra em contato com o tecido hospedeiro e a interface progride até terminar, gerando um tecido novo e regenerado (processo lento). Em relação ao tipo de fixação, ela pode ser morfológica, como no caso da alumina e zircônia, fixadas por parafuso, cimento ou pressão mecânica; porosa, considerada biológica, pois há crescimento do tecido para dentro dos poros do implante; bioativa, em que as reações superficiais ligam quimicamente tecidos ao implante; reabsorvível, na qual os materiais são lentamente substituídos pelo tecido ósseo. No caso da reatividade de diversos implantes, o índice de bioatividade IB pode ser definido como a relação entre 100/T, em que T é o tempo para que mais de 50% da superfície seja ligada ao tecido ósseo. O tempo de implante está relacionado a evolução da interface entre o material e o tecido ósseo. O material 45S5 é aquele que apresenta maior bioatividade e possui uma conexão de interface alta. Alguns problemas que levam a falha dos implantes são: a estabilidade da interface implante-tecido ósseo e a proteção contra a tensão do tecido ósseo. Estes problemas levam ao desgaste por cominuição e inflamação crônica, afrouxamento do implante, deterioração óssea, fratura, dor e, em alguns casos, a necessidade de cirurgia reparatória. Para a proteção contra tensão (stress shielding), como o implante e o tecido ósseo tem um módulo de Young diferente, suas deformações também são diferentes. Quando se aplica uma força no implante, há sobrecarga de tensão no mesmo. Sem essa carga semelhante no tecido-ósseo (deformação menor do tecido) ele fica deficiente em nutrientes e mais frágil. Há também uma sobrecarga na interface, que pode se soltar eventualmente. Os implantes bioinertes, como alumina, aços inoxidáveis e ligas de Ti, apresentam um módulo elástico superior a 100 GPa. e o osso humano possui um módulo de aproximadamente 30 GPa. Além disso, também podem ser citados os implantes bioativos (hidroxiapatita, vitro-cerâmica A/W) que possuem um módulo acima de 100 GPa também. O biovidro 45S5 se destaca por possuir um módulo de Young semelhante ao do osso humano. Os materiais bioativos podem ser diferenciados em duas classes. Os materiais da classe A apresentam um índice de bioatividade maior que 8, além de promoverem a ósteocondução e osteoindução, ou seja, ligação com ossos e tecidos macios (cartilagem). Já os materiais da classe B promovem somente a oesteocondução (índice de bioatividade de 3 a 6).